Mulheres são os seres mais machos que eu conheço. Não é brinquedo, não! Inimigos, vá lá, mas inimigas, Deus nos sempre livre!
Estava em mourejada redação de jornal quando apontaram Maria Luíza Fontenele e a Rosa da Fonseca. A Rosa, ao sorrisão largo, tascou-me no peito um panfleto onde propagava em alvo no negro, como se lhe costuma: “O Mundo do Macho Acabou!”. Ri-me: — Rosinha, acabou mesmo, mas faz é tempo, viu? Esse mundo em que a gente vive, se engane não, é fêmeo!
Ela protestou, claro, assim não fosse não seria a Rosa, e sim, o cravo, sabido na cantiga imemoriável quem nesta batalha se deu mal. Da mesma forma, aconteceu com o Adão, rascunho divino, desmoralizado perante Autarquia celeste, porque deu ouvidos à costela dominante em troca de noite festiva no paraíso, e já por saber, à sabedoria do Criador, que se ter uma mulher aborrecida ao lado é um inferno! Entre Adão e a serpente, obviamente, ouvia ela à rastejante, modelo que deu origem à atual “ahmiga...”, aquela que não larga do pé de sua esposa e que faz o possível para que ela não esqueça nem perdoe as suas menores falhas, além de vitimá-la, em cada telefonema, da felicidade improvável antecipada à provável traição.
Quem sempre decide são elas — não é à toa que Machado e Alencar as conferiam vulto em suas obras, por sabê-las “formadoras (tomadoras) de opinião”, como ainda hoje elas o são — mas botam a culpa em nós, machos, sexos frágeis e abestados, destinados à escassez e pré-extinção — alguns de nossos representantes também querem ser mulheres e algumas representantes delas também querem “pegá-las”. Só nos é permitida a existência porque as conservadoras não se acostumaram, ainda, com a ideia do sexo não ortodoxo. Aliás, com o rumo da tecnologia genética, o homem está para perder seu status procriante. Há quem se vanglorie por não mais precisar do incômodo de se deitar com um monótono macho para garantir a perpetuidade.
Alguns homens — benditas “havaianas” —, sabemos, só não são chutados de casa porquanto existem baratas, “ser temível e enorme” que, conforme as proféticas conjeturas, sobreviverão por toda eternidade ao holocausto, à guerra nuclear e à humanidade. Assim, longevo se dará o matrimônio, criação humana (provavelmente feminina), pelo “barato”, criação do onipotente.
Fez-me lembrar, agora, uma história de caserna: Um bando de soldados desorganizava-se num pátio quando o sargento gritou para que se alinhassem em duas filas. Na primeira, os homens viris que dominavam as suas mulheres e, na segunda, os pobres diabos que por elas eram dominados. Qual não foi a surpresa do militar — e a nossa, não soubéssemos o quanto esses seres são ingênuos — ao perceber que na primeira fila havia apenas um soldado, enquanto que, na segunda, disciplinadas, as criaturas verdes, nas pontinhas de dedos, cobriam-se (no exército “cobrir” é questão de ordem unida, sem maldade...). Indignado, berrou: — Seus frouxos, vocês não honram nem as calças que vestem! Que vergonha! Ainda têm a coragem de se dizerem homens? Há apenas um, um único macho nesse regimento... — e apontando para o bravo paladino, exigiu: — Soldado, dê-nos o seu exemplo. Diga-nos agora como fez para conquistar a honra de estar nesta fila!
O indivíduo, mais solitário que uma tênia, deu com ombros e respondeu murcho como uma flor de janela: — Eu não sei, não, senhor... minha mulher mandou que eu ficasse aqui...
Raymundo Netto que prefere estar, por todos os motivos, com mulheres a homens.
Contato: raymundo.netto@uol.com.br
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