sábado, 25 de julho de 2015

"Literatura Cearense? Manda vir do Piauí!", de Raymundo Netto para O POVO


Criança, me cantavam sobre a morte do boi, mandando logo a maninha buscar outro lá do Piauí. Nunca entendi por que buscar o bicho num lugar tão distante – sempre me deram a entender ser o Piauí do outro lado do mundo – mas veja como esse mundo dá voltas...
Enquanto aqui, no obscuro arquipélago federal das letras universitárias, a literatura cearense continua em repetida toada de grilo “Tem, mas tá faltando”, conseguindo estranha adesão da outrora resistente congênere estadual, que colocou a disciplina obrigatória como optativa – PÂNICO! –, do Piauí me chega um boi, ou quase isso, em forma de manchete a invejar: “Alunos da Universidade Estadual do Piauí, em Parnaíba, lançarão livro sobre Literatura Piauiense”. Hein? Estranhei. E existe literatura piauiense? Pois por aqui uma série de desorientados em crise de identidade insistem, até quase convencer, que não existe uma cearense, o que implica não existir também uma brasileira, ciente de que o todo só existe por suas partes.
Mas deixando esse tédio de cá de lado, o certo é que os alunos do curso de letras do Piauí decidiram organizar e publicar um livro: “uma produção acadêmica para além da síntese biobibliográfica, mirando na crítica literária e formando um panorama que abarca boa parte do espectro de nossa literatura”. E dizem mais: “tentamos resgatar a riqueza literária piauiense que nem sempre é valorizada. [...] Através da poesia e da prosa, de uma linguagem própria, do jeito simples dos personagens, do amor, da saudade, do canto da natureza local e de seu espaço geográfico, vemos surgir a literatura piauiense e alma de um povo.”
Penso que devem ter lido o francês Marc Augé, aquele que afirma: “o imaginário e a memória coletivos consti­tuem uma totalidade simbólica em referência a qual um grupo se define e por meio da qual ele se reproduz de um modo imaginário ao longo das gerações”. Devem daí compreender o seu berço “enquanto um sistema simbólico coletivamente compartilhado”, na certeza de que quando brigamos pela nossa identidade, exigimos o nosso direito de sermos diferentes!
Então, vejo com alegria nas redes sociais, ou por meio de amigos que escaparam do calabouço escuro acadêmico, gritarem em nome da literatura baiana, paraibana, pernambucana, brasiliense, mineira, piauiense... e a cearense.

Pois é, mói, enquanto o boi não chega, ficamos por aqui, olhando de longe para a torre do Benfica, cercada por espinhos e dragões, iluminada apenas por “aliterações” e alguns alunos mais ousados que dizem querer conhecer esse mistério indesvendável que é a literatura cearense, bela e adormecida, filha do príncipe morto, que deveria ser ensinada e fomentada nas carteiras de sala de aula, mas não são. Passam sânzios, batistas, anos e anos e onde se espera encontrar uma LUZ, só nos resta o silêncio ressentido das TREVAS! 

quinta-feira, 23 de julho de 2015

140 anos de Quintino Cunha no Museu do Humor Cearense (24.07)


O Museu do Humor Cearense e o Ponto de Cultura “Humor no Ponto” resolvem comemorar os 140 anos do poeta Quintino Cunha, cearense, nascido em Itapajé.
Foi rábula, advogado, jornalista, escritor e poeta, embora seja mais lembrado no imaginário cearense pela sua veia de humor, por conta de suas “tiradas” e oratórias.
Para comemorar a data, o Museu do Humor Cearense promove a Exposição “Acunha, Quintino!”
Na ocasião da abertura haverá uma roda de conversa sobre a vida de Quintino, com poesias, causos e piadas. Participarão da conversa o humorista Jader Soares, diretor do Museu, os escritores Arievaldo Viana e Raymundo Netto. Detalhe: quem estiver presente pode dar pitaco, contar causo, afinal, será uma festa quintiniana.
A hora é de falarmos da poesia, da graça e da irreverência de um dos pioneiros do humor cearense. Se aprocheguem!
Serviço
Exposição ACUNHA, QUINTINO!
De 24 de julho a 24 de agosto de 2015 (de segunda a sábado – das 9 às 19h)
Entrada para a abertura da Exposição (GRATUITA): 24 de julho, às 19h
Local: Museu do Humor Cearense (Av. da Universidade, 2175, Benfica)

Entrada na Exposição a partir do dia 25 de julho:
Inteira: R$: 10,00
Meia: R$: 5,00
Informações: (85) 3252.3741 | 99991.0460
www.museudohumorcearense.com.br



segunda-feira, 20 de julho de 2015

Sobre a Caravana das Artes e a Programação de Debates em Cultura (dia 21 de julho)

Ceará é o primeiro estado a receber a Caravana das Artes da Funarte

Em parceria com a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), a Fundação Nacional das Artes (Funarte) realiza na próxima terça-feira, dia 21, em Fortaleza, o primeiro encontro da Caravana das Artes no País. A ação envolve uma série de debates que o Ministério da Cultura (MinC) e a Funarte farão nas 27 unidades da Federação, com o objetivo de coletar contribuições da sociedade civil para a construção da Política Nacional das Artes (PNA). Na capital, serão realizados ao longo dia encontros específicos para levantar e debater propostas de políticas públicas para as artes visuais, dança, circo, literatura, música e teatro.
A abertura do evento será às 10h, no Teatro Dragão do Mar. A solenidade de abertura contará com a presença do presidente da Funarte, Francisco Bosco, do diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, Leonardo Lessa, de representantes das secretarias estadual e municipal de Cultura e de outras autoridades locais. O artista plástico Yuri Firmeza foi convidado para fazer uma palestra sobre os desafios da política para as artes contemporâneas. 
Francisco Bosco explicará como está sendo desenvolvido o processo participativo da elaboração da PNA, que parte dos estudos e discussões realizados nos últimos 10 anos pelos Colegiados Setoriais, formados por técnicos do Ministério da Cultura (MinC) e representantes da sociedade civil. A PNA deverá se constituir em um conjunto de políticas atualizadas, fundamentadas e duradouras para as artes no país. 
No período da tarde, das 14 às 18h, serão realizadas seis reuniões separadas com artistas e produtores culturais, para debater propostas para as seis linguagens artísticas. As discussões serão conduzidas por um grupo de articuladores escolhidos pelo MinC pela competência e atuação profissional na articulação e no debate político no campo de suas respectivas linguagens. São eles:  Cacá Machado (música), Jacqueline Medeiros (artes visuais), Júnior Perim (Circo), Marcelo Bones (Teatro), Rui Moreira (Dança) e Sérgio Cohn (Literatura). 
"Cada articulador do PNA será responsável por coordenar os encontros, as rodas de conversa que vão discutir, a partir dos planos setoriais de cada área, as propostas e necessidades das artes contemporâneas", informou a articuladora Jacqueline Medeiros, que atua e conhece o cenário cultural cearense. 
Nas próximas edições da Caravana das Artes, além dois seis articuladores escolhidos pelo MinC, também estarão presentes seis consultores, que estão sendo selecionados por meio de edital da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Em função do grande número de inscritos, a seleção dos consultores ainda está em processo.  
Além das caravanas, a participação da sociedade civil se dará ainda nas contribuições via internet na plataforma www.culturadigital.br/pna, nos encontros setoriais e nos seminários temáticos que farão parte da construção da Política Nacional das Artes. 
SERVIÇO:
Caravana das Artes no Ceará

 Abertura:10h 
Local: Teatro do Centro Dragão do Mar
 Reuniões para debater propostas para as linguagens artísticas - 14h às 18h 
 Artes Visuais
Local: Cento Cultural Banco do Nordeste (Rua Conde D'eu, 560, Centro)
 Circo
Local: Casa Juvenal Galeno (na Rua Gen. Sampaio, 1128)
 Dança
Local: Vila das Artes (Rua 24 de Maio, 1221, Centro)
Local: Espaço Estação, na Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel (Rua 24 de Maio, 60, Centro)
 Música
Local:  Museu da Indústria (Rua Dr. João Moreira, 143 – Centro)
Teatro

Local: Teatro Carlos Câmara (Rua Senador Pompeu, 454 - Centro)

terça-feira, 14 de julho de 2015

Lançamento "Romeu na Estrada", de Rinaldo de Fernandes, no Dragão do Mar (15.07)


Lançamento
Romeu na Estrada, de Rinaldo de Fernandes
Data: 15 de julho de 2015, às 19h
Local: Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

Sobre a obra: Romeu na Estrada narra, no seu plano principal, uma noite de viagem de Romeu num ônibus. Nessa viagem o protagonista vai recordando dos dois grandes amores de sua vida, Sofia e Ângela, e da relação dele com os familiares, especialmente com o afetuoso e humorado avô, após ter perdido o pai. Um caso de paixão misterioso, perverso, envolvendo duas pessoas próximas de Romeu e marcando decisivamente o destino do protagonista, é deixado para ser revelado no final. Mais uma vez, como em Rita no Pomar, o aplaudido romance anterior de Rinaldo de Fernandes, finalista do Prêmio São Paulo de Literatura de 2009, há no desfecho uma peripécia que altera os rumos da história, surpreendendo o leitor.
Romeu é um professor universitário de Música que mora em São Paulo. Um membro importante de sua família foi, nos anos 70, no Recife, um implacável torturador. Um dos capítulos chega a narrar, do ponto de vista do protagonista, o famoso Atentado dos Guararapes, no qual uma bomba foi detonada no dia em que chegaria ao Recife o general Costa e Silva. Por causa da bomba, o general foi obrigado a descer no aeroporto de João Pessoa e seguir por terra para o Recife. 
Embora com esse fundo histórico, Romeu na Estrada é, antes de tudo, uma dilacerante história de amor. Ou um livro sobre a paixão e suas penúrias. Ou ainda sobre a solidão e seus desassossegos. E lança as questões: Toda traição é igual? Há um tipo de traição pior do que a traição amorosa?
O posfácio de Luciano Rosa, doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, ajuda a iluminar elementos importantes deste romance que, se desenvolvendo a partir de dois núcleos principais, tem uma forma fragmentada e original: a atraente mas sofrida história de Ângela, paixão da juventude de Romeu, alternando-se, a partir de certo momento, com a de Sofia, amor da maturidade do protagonista, configura uma “narrativa em abismo” (“mise en abyme”), ou seja, uma segunda história posta numa primeira; a história de Ângela espelha, em certos aspectos aos quais o leitor deve ficar atento para melhor capturá-los, os sentidos da história de Sofia, numa articulação sutil e magistral do romancista.
Enfim, um romance denso, muito inteligente, incisivo, poético.
Luciano Rosa escreve no posfácio: “Interpolando penúria e estabilidade financeira, vida mambembe e solidez profissional, investimentos amorosos e falências afetivas, aconchego familiar e conluio perverso, a trama alegoriza o que há de aleatório e imponderável em nossas aventuras e desventuras particulares”.


Sobre o Autor: Rinaldo de Fernandes é escritor premiado, doutor em Teoria e História Literária pela UNICAMP e professor de literatura da UFPB. Publicou os livros de contos O perfume de Roberta (Rio de Janeiro: Garamond, 2005), O professor de piano (Rio de Janeiro: 7Letras, 2010) e Confidências de um amante quase idiota (Rio de Janeiro: 7Letras, 2012) e os romances Rita no pomar (Rio de Janeiro: 7Letras, 2008 – finalista do Prêmio São Paulo de Literatura e do Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon) e Romeu na estrada (Rio de Janeiro: Garamond, 2014). Organizou as coletâneas O clarim e a oração: cem anos de Os sertões (São Paulo: Geração Editorial, 2002), Chico Buarque do Brasil: textos sobre as canções, o teatro e a ficção de um artista brasileiro (Rio de Janeiro: Garamond/Fundação Biblioteca Nacional, 2004), Contos cruéis: as narrativas mais violentas da literatura brasileira contemporânea (São Paulo: Geração Editorial, 2006), Quartas histórias: contos baseados em narrativas de Guimarães Rosa (Rio de Janeiro: Garamond, 2006), Capitu mandou flores: contos para Machado de Assis nos cem anos de sua morte (São Paulo: Geração Editorial, 2008), 50 versões de amor e prazer (São Paulo: Geração Editorial, 2012) e Chico Buarque: o poeta das mulheres, dos desvalidos e dos perseguidos – ensaios sobre a mulher, o pobre e a repressão militar nas canções de Chico (São Paulo: LeYa, 2013). Já participou de antologias de contos como Futuro presente: dezoito ficções sobre o futuro (Rio de Janeiro: Record, 2009 – org. Nelson de Oliveira), 90-00: cuentos brasileños contemporáneos(Lima: PetroPeru/Ediciones Cope, 2009 – org. Maria Alzira Brum Lemos e Nelson de Oliveira), Tempo bom (São Paulo: Iluminuras, 2010 – org. Sidney Rocha e Cristhiano Aguiar), entre outras. Seu conto “Beleza”, concorrendo com cerca de 1.200 textos de todo o país, obteve o primeiro lugar no Prêmio Nacional de Contos do Paraná (2006), um dos mais tradicionais de nossa literatura. Entre os ensaístas e pesquisadores que já abordaram a sua ficção, podem ser destacados Silviano Santiago, Silvia Marianecci (Itália) e Regina Zilberman. Atualmente é colunista do jornal de literatura Rascunho, de Curitiba, e do Correio das Artes, de João Pessoa.

domingo, 5 de julho de 2015

Resenha de Raymundo Netto para "Brincando com Poesia", de Dimas Carvalho


“Para que afinal serve a poesia? Para transformar em alegria a tristeza, para moldar melodias com os sons da natureza, para conferir beleza ao que chega aos olhos e... para brincar!”
Essa provocação, descrita na quarta capa de Brincando com poesia, de Dimas Carvalho, ilustrado como em azulejos por Ramon Cavalcante, diz bem a que veio a obra destinada aos pequenos leitores, os iniciantes no letramento, aliás, é essa a estreia do poeta e contista na literatura infantil.
Uma dezena de poemas singelos, lúdicos e elaborados para fazer pensar, numa linguagem simples e ao mesmo tempo desafiadora, marcada por uma imagética própria da criatividade de criança: “A tartaruguinha/ Parece uma pedra com pés.”
Ora, a poesia é um gênero quase natural para a infância. O pensar de criança é colorido, metafórico, livre, ao contrário do pretensioso pensar daquele que se diz adulto, orgulhoso de ser podado pelos dogmas dos costumes, da razão engessada, da coisa igual de todos e de todos os dias iguais.
Com poesia se molda, se brinca, se faz pensar. Apenas com poesia seria possível imaginar um infinito namoro entre estrelas e vaga-lumes, a brincadeira de pula-carniça entre números, a história de um papagaio sabido ou de um sapo saltador, ou mesmo pensar: “A manhã/Amanheceu/Ontem.//A manhã/Amanhece/Hoje.// A manhã/ Amanhecerá/Amanhã?
Num exercício de indagações, Dimas Carvalho incentiva a criança-leitora a gostar da palavra, ao som por ela produzido, a pendurar-se no pescoço dela e a buscar o sentido do mundo em sua própria imaginação, transformando o seu livro num brinquedo atrativo e encantador, afinal, os pais e professores devem cultivar a leitura e a audição de poesia, desenvolvendo a sensibilidade não apenas no que se refere à língua, mas à vida.
Dimas Carvalho nasceu no Acaraú, Ceará, em 1964. Licenciado em Letras pela Universidade Federal do Ceará, é professor de Teoria da Literatura na Universidade Vale do Acaraú, em Sobral. Membro da Academia Sobralense de Estudos e Letras, tem, entre seus títulos em poesia, Poemas (1988), Flauta Ruda, Agreste Avena (1993), Mínimo Plural (1998) e Marquipélogo (2004). Estreou no gênero conto em 1993 com Itinerário do Reino da Barra. Mais tarde, em 2000, publicou Histórias de Zoologia Humana e, em 2003, Fábulas Perversas (ganhador do Prêmio Ideal Clube de Literatura e do Prêmio Otacílio de Azevedo de reedição, em 2010, pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará). Foi contemplado em diversos prêmios, além dos já anteriormente citados, entre os quais: Prêmio Literário Cidade do Recife (1996 e 2002), Prêmio Ideal Clube de Literatura (2001 e 2002) e Prêmio Literário Cidade de Fortaleza (2001, 2003 e 2004). Colaborou com textos para as revistas Literapia, Almanaque de Contos Cearenses, Continente Multicultural, Literatura: revista do escritor brasileiro, Caos Portátil: um almanaque de contos, Para Mamíferos e da Antologia do Conto Cearense.

Serviço
Brincando com poesia, de Dimas Carvalho
Ilustrador: Ramon Cavalcante
Número de páginas: 24
Formato: 20 x 20,5 cm
Acabamento: Brochura
Publicação: 2013
Investimento: R$ 23,90
Visite a Livraria Virtual da FDR e conheça outros títulos: livraria.fdr.com.br


"II Feira Literária Granjense", dias 10 e 11 de julho de 2015


Com o objetivo de promover o encontro do público com autores locais, regionais e nacionais por meio de palestras, oficinas, debates e lançamentos de livros, criando uma integração entre pessoas das diversas áreas de atuação e em todas as faixas etárias pela valorização da literatura brasileira, a Associação dos Artistas Granjenses (ArtGran), realizará nos dias 10 e 11 de julho (sexta e sábado) a II Feira Literária Granjense.
Aberto a público GRATUITAMENTE a ação acontecerá nas dependências da Escola Estadual de Educação Profissionalizante Professor Emmanuel Oliveira de Arruda Coelho, na cidade de Granja, terra natal de Lívio Barreto, um dos fundadores da Padaria Espiritual e autor do livro maior do simbolismo no Ceará: Dolentes.
A abertura será na sexta, às 19h30, com a participação da Cia Criando Arte, da cidade de Varjota, com a peça “O menino e o espantalho”, seguida por uma mesa redonda com Luciano Bonfim, Raymundo Netto, Maílson Furtado e Ana Paula Peixoto que falarão sobre o tema: “Identidade Regional em Tempos de Globalização: o regionalismo na literatura pós-moderna.”
Na ocasião, Luana Brito, uma das organizadoras e poeta, lançará Relicário de uma lua.
No sábado, a partir das 8h30, oficinas de fanzine, desenho HQ e robótica. Também está previsto o encontro de blogueiros e comunicadores sociais, bem como minicursos sobre filosofia e música nordestina, com Santiago Figueiredo; Literatura de cordel e sua influência na produção atual, ministrado por Maílson Furtado; e Geração Beat, cujos palestrantes serão Luana Brito e Ícaro Félix.
A Feira tem a parceria da Prefeitura de Granja, por meio de sua Secretaria Municipal de Cultura, e do Instituto José Xavier (IJX).

Para participar das oficinas e minicursos, o interessado(a) deverá se inscrever gratuitamente na sede do IJX, das 8h às 12 e das 14h às 18h, duranye os dias do evento, ou pelas redes sociais, na página da Feira: 
https://www.facebook.com/events/1627944310777253/


Lançamento de "Romãzeira das Fábulas", de Valdemar Neto Terceiro (8.7)


Data: 08 de julho de 2015
Horário: a partir das 19h
Local: Bar e Restaurante D. Chica (av. da Universidade)
Investimento: R$ 30,00
Para degustação:
http://media.wix.com/ugd/79482a_49663331313d444d84146248975d32f9.pdf

Sobre a obra: Ao fabularmos, ou seja, ao contarmos uma história, o que mais sobe à superfície é a própria história ou o modo como a contamos? Para um bom narrador, como Valdemar Neto Terceiro, em seu livro Romãzeira das fábulas, os dois elementos são fundamentais e igualmente importantes, por isso atravessa todas as vinte narrativas que compõem o livro, versando sobre as nossas maiores inquietações como a morte e o nada. Matheus Arcaro destaca um fragmento de Valdemar Neto: “Descubro que vou morrer neste exato momento, seria a maior descoberta humana? Talvez o que seja mais humano do que morrer é saber desse fato”. O livro, que tem a capa assinada por Lily Oliveira, é a mais nova obra do catálogo da Editora Substânsia, que entra no seu segundo ano de existência.
Sobre o autor: Valdemar Neto Terceiro, de Ipu, Ceará, é escritor e professor de literatura. Lançou em 2013 Ipumirim Soberbo, um pequeno versar sobre a terra de seus pais. O autor mantém um blog em que discute alguns temas relacionadas a arte contemporânea.


Lançamento da antologia "Escritos ao Sol", de Adriano Espínola


A editora Record e a Livraria da Travessa convidam para o lançamento da antologia poética Escritos ao Sol, do poeta e escritor cearense Adriano Espínola, autor de Táxi (1986) e Praia Provisória (2006), entre outros, reunindo o melhor de sua produção poética.
Para quem não for ou não estiver no Rio de Janeiro, a obra, no entanto, já pode ser adquirida por apenas R$ 28,00 (vinte e oito reais) pela Livraria Virtual da Record:
http://www.record.com.br/livro_comentarios.asp?id_livro=28743
Data: 16 de julho de 2015
Horário: 19h
Local: Livraria da Travessa (Av. Afrânio de Melo Franco, 290, Leblon)

Sobre Adriano Espínola: Professor de Literatura da Universidade Federal do Ceará, lecionou também na Université Stendhal Grenoble III e na Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autor de seis livros de poesia, além de contos e também ensaios importantes sobre Gregório de Matos e Sousândrade. Táxi foi traduzido para o inglês por Charles A. Perrone e publicado pela Garland Publishing (1992), na coleção World Literature in Translation, com calorosa recepção crítica. 

"Festa na Serra", de Ana Miranda para O POVO


Quando digo por aí que no Ceará temos serras altas, cobertas de Mata Atlântica com suas típicas bromélias, orquídeas e samambaias, relvas de marias-sem-vergonha, neblinas densas pela manhã, fios d’água e clima frio, as pessoas se admiram, às vezes até descrentes. Mesmo eu me maravilhei esses dias, na verdejante, agradável, calma e fresca serra de Guaramiranga. Não dava para acreditar que era o mesmo Ceará das praias e coqueiros, ou o dos sertões de caatinga. Parecia um sonho.
A Rachel de Queiroz dizia que o nome Guaramiranga, que significa pássaro vermelho, veio de um sítio fundado por seu bisavô, e ainda no século 19 acabou batizando o vilarejo, quando tinha só duas ruas que se cruzavam: uma da porteira do sítio até a igrejinha de Lourdes, no alto; e outra, do Monte-flor para o Macapá. Ali ela passava suas férias de menina, numa casa alugada pelo pai no alto da Matriz. Rachel contava que uns jornalistas, professores, artistas, subiam de Fortaleza e se reuniam com a inteligência local, para programar peças de teatro, conferências, recitais. No final do ano, todos se juntavam para montar um “drama”, uma espécie de teatro de revista nascido dos rituais de colheita dos antigos lavradores.
Moças vestidas de deusas declamavam, bailavam, cantavam, exaltando o clima, as águas, as flores e frutas, as riquezas do café e da cana-de-açúcar. A Rachel ainda se lembrava de uma valsa tocada num desses dramas, chamada Princesinha dos dólares: “Sou a cana jovial / do café a doce irmã...”
Aquela serra pertencia a índios, só eles conseguiam viver num lugar tão inacessível; ali habitavam os Canindé, quando chegaram os missionários, até que as terras foram desbravadas por fazendeiros dos sertões vizinhos que ocupavam as partes cada vez mais altas das encostas. Os índios, agora escravos, foram trabalhar nas plantações e construíram algumas das casas senhoriais que ainda vemos por lá. Com as grandes secas dos anos setecentos, sertanejos eram empurrados para a serra em busca de água. Não tardou a surgir em torno de uma capela o povoado de Conceição, que depois se tornou a freguesia de Nossa Senhora da Conceição. No século 19 o lugar ficou rico, com as plantações de café e de cana-de-açúcar. E veio o nome Guaramiranga.
Numa caminhada pela serra, ali perto de Forquilha, eu avistava alguns pontinhos vermelhos no meio da mata; eram frutos de café, talvez remanescentes dos tempos dos grandes plantios cafeeiros. Tudo em Guaramiranga tinha relação com a lavoura de cana e a de café que se espalhavam pelas encostas. Naqueles pomares, roçados e canaviais os lavradores descansavam fazendo versos, cantorias. Nas imensas cozinhas dos sítios as nativas ouviam e cantavam cantigas aprendidas com senhoras portuguesas ou holandesas.
Dizem que foi dessas cantigas de cozinha que nasceram os dramas lembrados pela Rachel. Quando os trabalhadores festejavam a colheita, apresentavam seus poemas em dramas e reisados. Primeiro entre si, depois para senhores e suas famílias, nos faxinais dos sítios. Os senhores forneciam as roupas de cena, os cenários, cediam os lampiões que iluminavam a faxina, convidavam o povo das redondezas, e davam de graça a cachaça. Contam que no sítio Arábia se apresentavam noitadas de dramas com mais de cinquenta e três números diferentes. Eles chamavam os números de “operetas”, que eram diálogos cantados. Os sítios ficavam cheios de gente em suas roupas domingueiras, comendo e bebendo, divertindo-se com entusiasmo.
Algum padre entendeu que aquele júbilo poderia animar as cerimônias da padroeira, aumentando a arrecadação das quermesses, e incorporou a festividade às festas de igreja. Assim foi que Guaramiranga criou seu espírito de artes, a partir de dramas, de mestres do reisado, de músicos e poetas populares, das festas religiosas, das rezadeiras com suas preces, dos balaieiros que fabricavam peças minuciosas... Com o fim das atividades cafeeiras, os lavradores se foram daquelas serras, e a festa de dramas passou a fazer parte do pequeno centro urbano. Nos domingos à noite. Uma história bucólica, um passado alegre.
Como Rachel, também tenho as minhas lembranças líricas de infância na serra. Mas era a de Maranguape, onde meus pais alugavam um sítio para nossas férias. Minha lembrança é apenas uma névoa, uma ou outra imagem sem história, pois eu era muito pequenina, tinha apenas dois anos de idade: uma piscina imensa, águas escuras cobertas de pinceladas de prata, a vegetação por trás, o vulto de uma casa, um telhado vermelho...


quinta-feira, 2 de julho de 2015

Dedicatória do Poeta de Meia-Tigela


Dedicatória do amigo Poeta de Meia-Tigela
para Miravilha: liriai o campo dos olhos


Raymundo Netto?
Dos FitoManos?
É meu Hermano:
Tenho-lhe afeto

Do seu tamanho!
Cara correto
Sem "Não" e "Exceto",
Quase... espartano!

Raymundo-Américo,
No mundo-entérico
De morais pebas,

Acangapebas
Somos: bandalhos...
Nós, Espantalhos