terça-feira, 31 de março de 2015

Exposição "Fortaleza: cores da cidade", no Dragão do Mar, de 2 a 26 de abril


Fortaleza: cores da cidade é uma exposição em homenagem a Fortaleza, no seu mês de aniversário. A exposição conta com a participação cerca de trinta telas de artistas, como Fernando França, Vando Figueiredo, Carlos Macêdo, Cláudio César, Lia Sanders, Mano Alencar e João Marcelo Pereira que “resgatam paisagens e personagens, oferecendo novos tons a cenários já invisíveis de tão familiares”.

Período/Local: de 2 a 26 de abril de 2015, na Multigaleria do
Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

Visitação: terça a sexta, das 9h às 19h (com acesso até as 18h30);
sábados, domingos e feriados, das 14h às 21h (com acesso até as 20h30).


Gratuito.


Inscrições abertas para os Editais Culturais do Dragão (até 24 de abril de 2015)


Inscrições para os Editais Culturais do Dragão

De 26 de março a 24 de abril de 2015

Os Editais Culturais 2015/2016 são os novos editais de ocupação do Dragão do Mar. 
Serão 194 projetos selecionados em nove linguagens artísticas – Música, Teatro, Dança, Literatura, Performance, Artes Visuais, Fotografia, Cinema e Circo – e ainda na categoria Pontos no Dragão, que selecionará projetos de Pontos de Cultura.
Juntos, os 194 projetos contemplados formarão a nova Temporada de Arte Cearense do Dragão. Serão 438 ações culturais ao longo deste e do próximo ano. 
O investimento total é de R$ 1,3 milhão.

Confira no site www.dragaodomar.org.br o documento completo e seus anexos. 
Qualquer dúvida pode ser dirimida pelo email edital@dragaodomar.org.br ou pelo telefone 3488.8600.

sábado, 28 de março de 2015

"Boi de Piranha", de Raymundo Netto para O POVO


É preciso muita coragem para se entrar numa guerra. Mas é preciso de muito mais para sair dela.
O povo do mundo é uníssono, todo parecidinho, nem sei por que de tanta inveja. Entre nós cresce a globalização, sinal de desindividualização, da descriatividade, de privilégio à produção (pensamento e ação) em massa, em detrimento à inteligência. As pessoas “griffadas” ouvem, veem, falam e gostam das mesmas coisas, aquilo que vende muito, não por coincidência, o que os jornais, rádios, revistas, outdoors e televisão insistem ser fenômeno, ser bonito, ser o melhor. Para se viver, adotamos patrocinadores. Enquanto consumimos, somos consumidos. É o sistema que abraçamos, enquanto ele nos crava as unhas nas costas.
O dinheiro, grande olho da providência — deus maior da (des) humanidade a se render ao seu credo (ou crédito) — convencido de controlar a todos e a tudo, a destruir vidas, sentimentos, laços familiares, a corromper até os grandes sacerdotes e pôr abaixo os ideais aguerridos, cada vez mais concentrado — se existem mais ricos é porque nós estamos cada dia mais pobres —, aumenta a selvageria entre os iguais numa sociedade desigual onde o custo de vida e a desesperança se tornam cada vez maiores.
A escola pública, possível no passado, foi desmoralizada, juntamente com seus agentes, para que a escola privada — tabletizada e ipadizada — nos provasse todos os dias que a sua irmã pobre é uma perdedora, destinada a não chegar à universidade, não fosse escada proúnica levantada, por favor, pelo governo. A Saúde Pública, com o tempo, adoeceu, e nos convenceram de que a vida não seria possível sem ter o tal plano de saúde — plano este que, basta precisar dele para se adoecer gravemente... de raiva! — e, agora, a medrosa segurança pública que não existe, claro, nem nunca vai existir, pois não precisamos de mais leis, mais cadeias, nem de mais policiais, além do que, quanto mais se criam leis, constroem cadeias e se contratam policiais, mais teremos confirmada a inferioridade de nosso povo e a incompetência de nosso governo. Para se ter segurança, precisamos investir em Educação (não apenas de mais escolas ou de mais professores, mas de formação continuada, de qualidade e de recursos bem geridos), Cultura (reconhecimento de nossos artistas, de nosso patrimônio, de nossa identidade e aprender a olhar de frente para a nossa gente), Saúde (menos tecnologia, mais humanidade, saneamento básico, maior salário e condições de moradia digna), Justiça (menos juízes, menos advogados, menos privilégios, mais rigor e honestidade) e Lazer (precisamos formar e investir nos talentos locais, pois dá para fazer um bocado de coisa com os cachês astronômicos pagos a artistas “de fora” ou aos “artistas” que servem unicamente ao poder da vez).
Temos que aprender a olhar para baixo. De ônibus, pelas janelas, a cidade feia como nunca, e, pior, tomada pela miséria (estética e funcionalmente). Famílias inteiras morando nas ruas, crackando nas calçadas e até roubando à luz do dia. Percebe-se: o cerco está se fechando. A miséria — não os pobres — e a violência estão chegando à nossa porta. Nosso egoísmo, ignorância e covardia, nossa ruminante inutilidade de gado, alimentam o monstro que um dia emergirá da lagoa, tão horroroso e cruel, penso, que não poderemos suportar.
Nesse mundo, quem acredita, quem ainda sofre de indignação pela injustiça alheia, quem de fato se solidariza com a dor do outro — e não apenas repete lamentos vazios de “gente boazinha e religiosa” ou discursos naftalínicos de ideologias de palanque — esse é como “boi de piranha”, escolhido ao sacrifício para que a manada toque em frente. A guerra, para ele, sem “pasta”, púlpito nem paletó, será a sua ruína. Cansado, com “a leve impressão de que já vai tarde”, encaixota a voz e o coração, e tira sabe Deus de onde a coragem para dizer que “chega!”


quinta-feira, 26 de março de 2015

"Memórias Sonhadas": Pedro Salgueiro sobre "A Lança de Nzambi", de Manuel Casqueiro

O escritor guineense Manuel Casqueiro,
membro da Academia Afro-cearense de Letras

Quando li Muzungu Pululu: homem branco transparente, do guineense radicado no Ceará, Manuel Casqueiro, fiquei tão impressionado que saltei imediatamente da última página para a primeira: o livro – misto de memória e ficção (que, a meu ver, andam sempre, ou quase, de mãos dadas) – exigia uma leitura mais apurada, de leitor que não quer saber apenas da história contada, mas dos detalhes escondidos – dos, pedantemente digamos, subterrâneos da escrita. Reli com “olhos frios” e descobri, além do poderoso contador de histórias vividas, um fino estilista, que buscou linha a linha, texto a texto, a forma literária mais propícia para narrá-las.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Rádio AlmanaCULTURA: "Você Abusou", de Antonio Carlos e Jocafi


Para ouvir a música, acesse o link: Música para ouvir

Você abusou.
Tirou partido de mim, abusou.
Você abusou.
Tirou partido de mim, abusou.
Tirou partido de mim, abusou.
Tirou partido de mim, abusou.

Mas não faz mal
É tão normal ter desamor.
É tão cafona é sofredor
Que eu já nem sei
Se é meninice ou cafonice o meu amor.
Se o quadradismo dos meus versos
Vai de encontro aos intelectos
Que não usam o coração como expressão.

Você abusou.
Tirou partido de mim, abusou.
Tirou partido de mim, abusou.
Tirou partido de mim, abusou.

E me perdoe se eu insisto nesse tema,
Mas não sei fazer poema ou canção
Que fale de outra coisa que não seja o amor,
Se o quadradismo dos meus versos
Vai de encontro aos intelectos
Que não usam o coração como expressão.

Você abusou.

Tirou partido de mim, abusou.

Tirou partido de mim, abusou.

Tirou partido de mim, abusou.

Grupo de Estudos de Psicologia Analítica e Literatura, com Filipe Jesuíno


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A ideia é aliar estudo de textos de psicologia analítica relacionados à literatura (e à arte em geral) e de obras das literaturas nacional e universal.

Além do estudo sistemático em conjunto, a proposta inclui orientação de produções individuais ou em pequenos grupos e se dirige a interessados de qualquer área. Contatos telefônicos e eletrônico, VER CARTAZ.

Responsável: Filipe Jesuíno

domingo, 22 de março de 2015

CONVOCAÇÃO GERAL: Lançamento de "Crônicas Absurdas de Segunda", de Raymundo Netto


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Crônicas Absurdas de Segunda é, em sua maioria, uma seleção de textos publicados, entre 2007 e 2010, no caderno “Vida & Arte” do jornal O POVO. Neles, eu visito e apresento a cidade, a reconheço e a provoco por meio da fala (e dos sentimentos) de seus escritores, principalmente os cronistas, contemporâneos ou não, que encontro em bancos de praça, nos ônibus, em parques, nas casas mutiladas, cemitérios ou em meio a desastres e hecatombes de proporções aparentemente absurdas.
A obra, ganhadora do Edital de Incentivo às Artes da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, é edição comemorativa dos meus 10 anos de publicação de Um Conto no Passado: cadeiras na calçada, de meu ingresso na literatura e de 8 anos que escrevo para o jornal.
Assim, gostaria de contar com a participação de todos os amigos, colegas e leitores que me acolheram nesses 10 anos de muitas histórias. Curtam e compartilhem. Com abraço do Raymundo Netto.


***

Na obra, a participação especial de: Rachel de Queiroz, José de Alencar, Quintino Cunha, Demócrito Rocha, Antônio Sales, Milton Dias, Francisco Carvalho, Ciro Colares, Eduardo Campos, Moreira Campos, Clóvis Beviláqua, Lívio Barreto, Raimundo de Menezes, Juca Fontenelle, Clarice Lispector, Gregório de Matos, Gonçalves Dias, Carlos Câmara, Lustosa da Costa, Ramos Cotoco, José Alcides Pinto, Lúcia Dummar, Airton Monte, Narcélio Limaverde, Audifax Rios, Nirez, Christiano Câmara, Douvina Câmara, Nice Firmeza, Estrigas, Marciano Lopes, Zenilo Almada, Ana Miranda, Sânzio de Azevedo, Augusto Pontes, Mário Gomes, Nilto Maciel, Pedro Salgueiro, Socorro Acioli, Horácio Dídimo, Adísia Sá, Tércia Montenegro, Oswald Barroso, Jorge Pieiro, Carlos Vazconcelos, Júlio Lira, Ary Sherlock, Grupo Comédia Cearense, Poeta de Meia-Tigela, Carlos Nóbrega, Astolfo Lima Sandy, entre outros.
Serviço
Crônicas Absurdas de Segunda
Ilustrações de Capa e Miolo: Valber Benevides
Ilustrações originais das edições em jornais: Carlus Campos e Guabiras
Apresentação e Introdução do livro (respectivamente): Ana Miranda e Sânzio de Azevedo
Posfácio: Pedro Salgueiro
Data e horário: 11 de abril (sábado), a partir das 17 horas.
Apresentação do autor: Fabiano dos Santos, secretário adjunto da Cultura do Estado do Ceará.
Local: Espaço O POVO de Cultura & Arte (av. Aguanambi, 282 - anexo ao jornal O POVO) - estacionamento gratuito ao lado do jornal.

Preço especial de Lançamento: R$ 30,00

E, em seguida, às 19h, show com a cantora Teti.

EM BREVE na Livraria Virtual: www.livraria.fdr.com.br


Inscrições abertas: XXII Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga (até 11 de maio)


As inscrições para as mostras Nordeste e Universitária do Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga estão abertas desde o último dia 17 e seguem até o dia 11 de maio. Para realizar a inscrições, os grupos interessados têm que acessar o edital do evento no site da Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga.

Edital Mostra Nordeste

Edital Mostra Universitária

Anexos
http://www.agua.art.br/fnt2015.php


sábado, 21 de março de 2015

"O Velho Poeta", conto de Pedro Salgueiro para O POVO


O velho poeta se angustiava com a falta de leitores, não especificamente leitores de sua própria “obra literária”, como sempre dizia, dando uma ênfase quase religiosa ao termo; mas se ressentia da falta de leitores de maneira geral. Quando tocava no assunto – e essa lamentação cada dia mais fazia parte de suas conversas –, citava de memória as últimas estatísticas; de sua boca deslizavam dados precisos para mostrar ao interlocutor que sua queixa não se tratava de uma visão “mesquinha”, personalista, que apenas desejasse estilar as lamúrias de um escritor gasto, cansado; na verdade (fazia questão de frisar) não queria justificar seu fracasso como “escritor de província”; termo que, aliás, detestava, combatia – diria até que perdia a calma quando o escutava. (LEIA MAIS)

Marília Lovatel, sobre "Os Acangapebas" de Raymundo Netto


De poesia, solidão e gatos 
Eles passeiam no livro. Em passos de pisar em pano caminham pelas folhas de papel reciclado. Das histórias, verdes olhos brilhantes espreitam quem lê. Olhar conhecedor do que está guardado no volume, onde moram. Olhar cúmplice de tantas solidões. Os gatos são espectadores da vida que passa. O tempo parece não afetá-los. Se cansam de existir, somem. Sabe disso quem teve tias velhas solteironas em casas estreitas e compridas, os bichanos por companhia. A impressão de um bocejo preguiçoso revelador de rósea língua e finos dentes. Imagem saltada das entrelinhas ou da memória. Que vontade de permanecer nessas páginas... Com essa gente que se revelou tão minha. O cheiro do café, as cadeiras na calçada, as canções. Quase esquecera que existiu um mundo sem pressa. Sem pressa termino a leitura de Os Acangapebas. E hesito em devolver a poesia tomada de empréstimo aos felinos guardiães das crônicas e dos contos de Raymundo Netto. Nos cantos dos olhos, surpreendem-me lágrimas de uma emoção boa de sentir. Com a palma da mão repito na capa o último gesto de carinho: "(...) Lindo!"
Marília Lovatel, escritora e educadora,
ganhadora do Prêmio Nacional Jovem escritor (1988), coautora (com o filho Matheus Lovatel Pena) de Templária: cidade entre mundos (Novo Século) e autora de Sala de Aula e outros contos (Scipione), indicado para o Catálogo de Bolonha.

"Inventário de Segredos: o espetáculo", adaptação da obra de Socorro Acioli, em cartaz, até 31 de março


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O “Inventário de Segredos: o espetáculo”, uma adaptação da obra de Socorro Acioli, se desenvolve sobre o palco do Teatro Sesc Senac Iracema hoje, às 16 horas, apresentada pela Sincero Teatral Companhia. A peça, que tem acesso gratuito, fica em cartaz até o dia 31 deste mês. O elenco é composto por seis atores, com direção de Bruce Gomlevsky, produção geral de William Mendonça, adaptação de Denise Crispun e direção musical de Marcelo Alonso Neves.
Socorro Acioli acredita que “adaptar é recriar um universo” e espera que a peça “seja uma experiência de deleite artístico, que emocione, que encante e que faça rir, pois emocionar deve ser o propósito principal da arte”, enfatiza a autora. (Fragmento de texto de O POVO)

Serviço 
Inventário de Segredos: o espetáculo
Quando: Hoje, às 16h. E também nos dias 22, 28 e 29 às 16h. Nos dias 30 e 31, às 19h30.
Onde: Teatro Sesc Senac Iracema (rua Boris, 90C - Praia de Iracema).
Entrada GRATUITA.
Telefone: 3046 2477 e 3252 2215.

Editais Culturais do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (lançamento)


Depois de intenso trabalho e diálogo com membros de nove linguagens artísticas e dos pontos de cultura do Ceará, o Dragão do Mar lançará os Editais Culturais 2015/2016, na próxima terça-feira, 24 de março.

O documento regulamenta o processo seletivo dos projetos que comporão a nova Temporada de Arte Cearense. A programação terá início às 18h, com sarau literário em homenagem a Mario Gomes e aos poetas malditos; tributo ao letrista cearense Brandão (show com Marcus Caffé, Paulo Belim e Marta Aurélia, sob direção de Mimi Rocha); o projeto Achados & Perdidos; e apresentação do espetáculo de dança Mulara, com Wilemara Barros. O encerramento ficará por conta do projeto Fertinha. 

quarta-feira, 18 de março de 2015

"Domingo na Praça: jardim do samba", dia 22, na praça dos Leões


No próximo domingo, 22 de março, o Movimento Cultural Domingo na Praça abre seu planejamento para construção e participação junto a sociedade civil.
Após três edições realizadas na Praça dos Leões, também conhecida como Praça General Tibúrcio (nome oficial), essa quarta edição vem trazendo a narrativa da construção coletiva e colaborativa das ações de conscientização dos espaços públicos, manutenção e ocupação política social e cultural.
Desde o dia 11 de janeiro, diversos produtores culturais, estão juntos pensando em diversas propostas de programações que retratam o valor histórico que permeia toda a praça, local que recebe apenas uma pequena manutenção de limpeza, vinculado à grande movimentação do gente no centro da Cidade. Só que além de lixos casuais a Praça precisa de uma limpeza mais especializada pois é usada como banheiro pela população noturna que vive nas praças adjacentes. Além disso não existe nenhuma ação voltada para o jardim, nem manutenção das estrutura do passeio, pintura do coreto e escadas que contornam a Praça.
Histórico
No dia 11 de janeiro foi realizado a primeira edição do Domingo na Praça com as apresentações do Coletivo Maloqueria, Dub Foundation Sound System e o Dub Movement. Cerca de 500 pessoas presentes no entorno.
A segunda edição trouxe ao público o desejo de cuidarmos do espaço e envolvermos os transeuntes na participação do evento com a “Lavagem do Coreto” e logo em seguida a programação contou com a apresentação do grupo de Samba, formando por amigos.
Continuando ocupando e debatendo o fator histórico da Praça dos Leões, a terceira programação não poderia de pautar e trazer a relação histórica dos negros com a igreja Nossa Senhora do Rosário: “Domingo na Praça, Brincantes do Rosário”. A programação contou com a apresentação do Maracatu do Solar e com a discotecagem do Dj Amado (Cabo Verde), além do debate “Movimentos de Ocupação dos espaços Públicos em Fortaleza” que teve como convidados representantes do poder público entre produtores e culturais.
Objetivo
A Praça é um local privilegiado do cidadão fortalezense com inestimável valor histórico e patrimonial pelos prédios ao seu entorno, lindo espaço bucólico resistente numa cidade que escandalosamente vem depredando o patrimônio e seus ambientes.
A convivência com a dinâmica da Praça nos levou a propor com outras entidades, empresas e cidadãos comuns o desenvolvimento de um Laboratório de Ocupação de Espaço Público, tendo como foco principal a Praça General Tibúrcio. Com isso criamos a ação cultural DOMINGO NA PRAÇA.
Serviço
Domingo na Praça - Jardim do Samba
Horário: das 10h às 16h
Local: Praça dos Leões - Centro 
Mais informações: domingonapracace@gmail.com

Rádio AlmanaCULTURA: "Foi Você", de Márcio Greick



Para ouvir a música, acesse:



Foi você
a causa, o meio e o fim do nosso amor.
Os meus momentos de alegria e dor,
o vento que varreu as minhas ilusões.

Foi você
que me mostrou o mundo uma vez,
me fez perder o rumo que eu tomei
deixando em cada coisa, coisas de você.

Eu dei de mim
o que você pediu.
Levou embora os meus sonhos.
Deixou comigo a saudade.

E pra você, eu era apenas um amor a mais,
coisas passadas que a lembrança trás
que a gente finge até que já se esqueceu.
Foi você.

Foi você...

"Lição de Liberdade", crônica de Carlos Roberto Vazconcelos


Um amigo me contou que seu pai, ao vir passar uns dias com ele na capital, comentou mais ou menos assim: “Meu filho, eu não gosto daqui porque a vista da gente termina cedo, bate num muro, ou numa casa, parece que quer voltar para dentro dos olhos. No interior não, tudo é a perder de vista!”. O interior de que ele fala é propriamente o campo, nicho primitivo do homem, onde terra e céu parecem dar as mãos, onde as retinas não encontram obstáculos para a sua liberdade.
E foi pensando em liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que a explique, e ninguém que não entenda, como disse Cecília Meireles, que compreendi perfeitamente a queixa do pai do meu amigo. A liberdade começa pela vista, ou melhor, pelo alcance da vista. É por isso que amamos o mar. Mar é sinônimo de liberdade, é antítese de limite. Uma vez à beira-mar, já nos sentimos viajantes. O segredo é levantar os olhos. Antigos marinheiros, mui amantes da liberdade, inconformados com o infinito, achando pouco o imensurável, atiraram-se por oceanos nunca dantes navegados e foram além da Taprobana ou do Bojador. Para eles, liberdade e felicidade eram mais do que uma rima. Estava criada a expressão além-mar.
Comparo cidade sem mar com casa sem quintal. Limita os movimentos, suscita a claustrofobia. Toda cidade deveria possuir pelo menos muitas praças e, se possível, um bosque. Tudo isso traduzido chama-se liberdade, muito embora liberdade não seja apenas isso.
Nas décadas de 1960 e 1970, filmes de faroeste faziam grande sucesso. Homens montados em cavalos viviam as mais bravas aventuras, soltos pelas pradarias, montanhas e vales, sempre a divisar um rio valente ou uma planície sem fim.
Por que razão tais películas exerciam tão mágico efeito sobre os espectadores? Acredito que um dos motivos era exatamente a tal liberdade. Já observaram como a paisagem do Velho Oeste é ampla? Quem não gostaria de estar na pele do herói, solitário ou não, a varar o mundo sem preocupação com horário, tempo bom ou ruim? Mesmo sabendo que nem tudo é bonança na vida do caubói, o público se identifica com a sua liberdade. O caubói é o sujeito mais livre do mundo e só tem na vida três compromissos: manter-se vivo, municiar sua arma e alimentar seu cavalo. O resto vem de sobeja: algumas belas mulheres, o frescor do riacho de águas límpidas, um novo sol a cada dia e, principalmente, a paisagem infinita a perder de vista.
Já escafandristas e astronautas não me remetem à liberdade. São monitorados, controlados, assistidos e dependem de indumentária complicada. Para respirar, necessitam de aparelhos de oxigênio e de alguém que os controle. Na maioria das vezes sua paisagem é monótona e seus movimentos restritos. Não, definitivamente, isso não é liberdade. Só a paisagem a perder de vista faz a alma se encontrar.
O homem construiu sacadas, torres e mirantes, inventou binóculos e lunetas, porque entende que a liberdade entra pelos olhos. Mesmo olhos incapazes de reter a luz flertam, intimamente, com o infinito que traduz a grande libertação, vislumbre do “reino de Deus” que mora dentro de nós. 
Um dia, a humanidade descobrirá, por certo, que a tão decantada liberdade só frutifica quando semeada no solo da alma. Quando todo homem aprender essa lição de liberdade, poderá voar “das cristas do Himalaia aos píncaros dos Andes” (como disse Castro Alves) e repetir com Chaplin estas palavras do discurso final de O Grande Ditador:
“Levanta os olhos, Hannah! A alma do homem recebeu asas e finalmente começou a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Levanta os olhos, Hannah! Levanta os olhos!”.

terça-feira, 17 de março de 2015

Concurso Ziraldo para crianças, alunos das escolas públicas e privadas do Brasil


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Alunos de ensino fundamental de escolas públicas e privadas podem concorrer a ilustrações feitas pelo cartunista Ziraldo. Para isso, os estudantes têm que preencher balões de texto em branco em uma história do Menino Maluquinho disponível no site do programa ABZ do Ziraldo. O cartunista criará um desenho para os vencedores em cada edição do programa, transmitido pela TV Brasil. 
Para participar do concurso, o diretor da escola deve acessar o site e inscrever a instituição de ensino. Após fazer o download da história e escrever nos balões de texto, o aluno participante deve enviar uma cópia dos desenhos para a TV Brasil por e-mail ou pelo correio, informados no site. Os quatro vencedores do concurso serão anunciados no dia 15 de cada mês, a partir de abril, na página do programa.

O Ziraldo precisa de ajuda para completar os balões de uma
história do Menino Maluquinho.

Você e sua escola podem ajudar!
A(O) diretor(a) da escola deve seguir os seguintes passos:
1. Acessar o link http://ebcnare.de/1M9GNRD e fazer o download da história.
2. Pedir aos alunos para completar a obra do Ziraldo.
3. Preencher a inscrição aqui e enviar os desenhos.
4. No dia 15 de cada mês, a partir de abril de 2015, anunciaremos os quatro vencedores aqui no site. 
5. O aluno ganha o original e a escola uma cópia do desenho que o Ziraldo fez no programa.


ATENÇÃO: Podem participar escolas públicas e privadas, de ensino fundamental e somente o(a) diretor(a) ou coordenador(a)


Exposição "Jacarecanga: histórias e memórias de uma bela época"


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Que tal começar a semana voltando algumas décadas e revivendo o período da Belle Époque na capital cearense? A Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho está aberta à visitação de segunda a sexta, com a exposição "Jacarecanga: histórias e memórias de uma bela época", que descreve, em detalhes precisos, um pouco da história de um dos bairros mais tradicionais de Fortaleza, o antigo Fernandes Vieira, hoje Jacarecanga.
Não perca essa exposição. Faça uma visita!
GRATUITO
A escola fica na av. Francisco Sá, 1801, Jacarecanga

(quase ao lado do Liceu)

sábado, 14 de março de 2015

"Amores (se) vãos", crônica de Raymundo Netto para O POVO


"Depois de te perder, te encontro, com certeza,
talvez num tempo da delicadeza,
onde não diremos nada; nada aconteceu.
Apenas seguirei, como encantado, ao lado teu." (Chico)

A primeira garota a me despertar o sentimento de esquecer de mim tinha nome de flor, entretanto, nada de peitos, nem bunda, as pernas eram finas e os cabelos escureciam o rosto alvo, decorado em sardas, de quase não ver os olhos acastanhados. Ora, ela contentava apenas 9 anos! Nem sei como se deu, nem como começou. Lembro apenas de seu sorriso e do inocente desinteresse pela minha figura esquálida, repleta de apelidos, protegida dos colegas moleques pela irmã mais velha.
No ano seguinte, mudando de escola, encantei-me por outra garota, mais madura, com 10 anos, que habituava cobrir as mechas negras em gorro de crochê azul. Eu, nos finais de semana, por não suportar-me em saudades, ia ao mercadinho em frente à sua casa, com a desculpa de comprar biscoitos, mastigados com a lentidão da espera de a qualquer momento vê-la — e apenas isso — passar por trás do muro baixo.
Com o fiar dos anos, a adolescência, percebi: passava à calçada uma, apaixonava-me. Cruzava por ali outra, também. E assim se movia a torcicolos o coração de menino para lá e para cá, enamorando-se intensamente, sempre de súbito, por estranhas das quais nunca foi merecedor sequer de descuidoso olhar.
Aos 13, num esboço de reflexão prematura, pensei: alguma coisa está errada! Desconfiei se não constatava ali a promessa de um tarado, um pervertido. Promessa essa, decerto, não cumprida ao longo de uma vida sempre muito solitária, ensimesmada e pensativa. Na época, ironicamente, o desejo de seguir a carreira sacerdotal, a Bernardo Guimarães — eu gênio e a cidade proibida, Margarida —, nada de envolvimentos que pudessem atrapalhar o destino já escolhido. Ainda assim, entre os intervalos dos serviços de igreja, passava horas infindas da mais pura adolescência ouvindo músicas melosas, gastando-me em sinceras e bizarras quadrinhas apaixonadas. Que sacrilégio, hoje sei, com tanto que já se disse em completude sobre o amor... Talvez, por isso, quando um candidato a poeta mostra-me seus versos, dá-me logo a vontade de dizer-lhe: “Desista enquanto há tempo! A boa poesia é sempre muito difícil. O descuido, assim como ao violino, é imperdoável”.
Não surpreende então que meu primeiro beijo tenha chegado em uma tarda noite aos 20 anos — por iniciativa de uma garota de ideias cacheadas e com nome de pintura —, e durado dois anos de um tempo que no próprio se encerrou, deixando-me largo ensinamento: a melhor coisa do fim de um primeiro amor é descobrir ser possível ter início um segundo, assim como também concluí-lo e partir para um terceiro ou a um quarto. Tudo é questão de decisão. Para os mais românticos, os quase religiosos, isso é demasiadamente herético, cabendo um protesto megatômico de eu não saber de fato o que é amar ou ser amado. Sim, considero a possibilidade de me caber tal maldição do egoísmo, do desamor profundo e da esterilidade de um coração ateu, embora compreenda que grande fosse esse amor não caberia nele a vaidade ou afetação. Sabe-se lá se “l'amour n'est pas pour moi”, como apontava-me uma amiga aos gritos de uma canção. É-se possível o maior amor do mundo ser aquele do momento, sem tempo de mágoa, remorso ou ressentimento, apenas brilho no peito livre de um tudo, mesmo de não caber na memória o rosto da amada, posto que chama viniciana, a levar, como sonho, por poucas horas, um dia ou dois, ou tão contrário a si mesmo, como amor camoniano, por uma vida inteira. Para mim, o amor anda de mãos dadas e é no beijo perfeito que devora o seu espírito. Agora, sentado à janela a emoldurar um imenso céu estrelado que não existe em minha vida, trago na pele o que vem de Drummond, o mesmo que me matou em desastre: “Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor à procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa, amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.”