sexta-feira, 27 de maio de 2011

Lançamento "A alma do lázaro", de José de Alencar, no Museu do Ceará (27.5)


A alma do lázaro

(Expressão Gráfica e Editora)

de José de Alencar

apresentação de Zilda Maria Menezes Lima

— ganhador do Prêmio Literário para Autor (a) Cearense

Prêmio Otacílio de Azevedo, de REEDIÇÂO, da SECULT/CE —


Data: 27 de maio de 2011 (sexta-feira)

Horário: a partir das 18h

Local: Museu do Ceará (Rua São Paulo, 51, Centro)

Apresentação da Obra: Zilda Maria Menezes Lima

Preço promocional de lançamento: R$ 5,00


Sobre a Obra: A alma do lázaro, um dos primeiros escritos do Autor, mas que foi publicado anos depois em 2º volume de Alfarrábios (1873), juntamente com O ermitão da Glória, narra as desventuras de Francisco, vítima da lepra em pleno século XVIII, na cidade de Olinda, Pernambuco, nordeste brasileiro.

O desprezo e a segregação impostos pela sociedade da época aos portadores de uma moléstia tida como incurável, um misterioso diário que ressurge do escuro da terra e a sombra de um amor impossível constituem a história, praticamente desconhecida do grande público, apesar de seu autor: José de Alencar.

A genialidade de Alencar mais uma vez está explícita no registro de um tempo, no suspense sombrio de seu enredo e no desfecho surpreendente da trama.


Sobre a Apresentadora: Zilda Maria Menezes Lima é licenciada em História (Universidade Federal do Ceará/UFC), especialista em Teoria e Metodologia da História (Universidade Estadual do Ceará/UECE), mestre em História do Brasil e doutora em História Social (Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ). Autora de Uma enfermidade à flor da pele: a lepra em Fortaleza (1920 - 1937), publicada na coleção Outras Histórias. Atualmente, desenvolve pesquisa no campo da História da Saúde e das Doenças.


Apoio Cultural

Secretaria da Cultura do Estado do Ceará

Museu do Ceará

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Lançamento: "Inventário de Segredos", de Socorro Acioli, na Livraria Cultura (26.5)


Lançamento do livro "Inventário de Segredos", de Socorro Acioli

Ilustrações de Mateus Rios, publicado pela Editora Biruta, de São Paulo

Participação especial: grupo Breculê, com o show "Inventário de Segredos", cantando músicas inspiradas nos poemas do livro.


Data: 26 de maio de 2011, às 19 horas

Local: Auditório da Livraria Cultura (Shopping Varanda Mall na Av. Dom Luís)

Entrada: um quilo de alimento não-perecível em prol da Casa do Sol Nascente


Sobre a Obra: O cordel "Inventário de Segredos", décimo quinto livro da escritora Socorro Acioli, é uma narrativa em versos que revela os mistérios, embustes, mentiras e paixões mais arrebatadores da pequena cidade de Urupemba. Quem conta as estórias é um narrador secreto, revelado ao final do livro, que antes de deixar a cidade decide escrever um inventário onde tudo é descoberto e anunciado à população.

Publicado em 2010 pela Editora Biruta, de São Paulo, o cordel "Inventário de Segredos" foi escolhido para representar o Brasil na Feira de Bologna (Bologna Children´s Book Fair) de 2011, Recebeu o Selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e foi selecionado pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola - PNBE, do Ministério da Educação, que distribuirá o livro pelas bibliotecas escolares espalhadas pelo Brasil.

Depois de ter sido lançado no Rio de Janeiro e em São Paulo, o "Inventário de Segredos" será lançado em Fortaleza com a participação especial do grupo Breculê, que musicou 10 poemas do livro e fará uma apresentação única e inédita por ocasião do lançamento. Uma noite imperdível!


Sobre a autora: Socorro Acioli é jornalista, com mestrado em Literatura Brasileira pela UFC e Doutoranda em Estudos de Literatura pela Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro. Foi aluna de Gabriel García Márquez na oficina de roteiro "Como contar um conto", em Cuba, no ano de 2006.

Por seus livros infanto-juvenis já recebeu diversas premiações como o Selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil - FNLIJ, Prêmio de Literatura da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, finalista do Prêmio João de Barro da Prefeitura de Belo Horizonte e Prêmio Ceará de Cinema e Vídeo pelo argumento da adaptação do livro "A bailarina fantasma" para o cinema.


Sobre o Breculê: formado por Pedro Fonseca (violão e voz), Fabrício Rocha (violão e voz), Milton Ferreira (baixo) e os três percussionistas, Fábio Marques, Tulio Bias, e Igor Caracas. O Breculê desenvolve um trabalho dedicado à música brasileira, em sua diversidade instrumental, ritmica, harmônica e poética, com composições transversadas em uma linha contemporânea de experiência criativa. Criado em 2007, o grupo se pauta pelo som de seu duo de violões, baixo e trio percussivo – contando ainda com um time de apoio de trompete, violino e piano – para trafegar entre harmonias dissonantes e sobreposições ritmicas, explorando timbres e combinações instrumentais, que resultam em belas composições e arranjos ousados.

"Mudanças", crônica de Pedro Salgueiro para O POVO (25.5)


De vez em quando, e sem o menor motivo, chego a alguma conclusão totalmente inútil; distraído pensando sobre um assunto qualquer, um contratempo no trabalho, a final do campeonato de futebol, certa conversa com um amigo, e de súbito me baixa um pensamento vadio – se desprende não se sabe de onde e vem à tona:


– Mudo bastante de residência, a cada ano o endereço é outro, a vizinhança nova. E divago sobre o assunto – enumero as vantagens: a paisagem da janela sempre diferente, novos amigos (pra mim, que sou tão arredio a novas amizades), etc. e tal; desvantagens também várias: a casa sempre desarrumada, os livros encaixotados a maior parte do ano (e como perco tempo procurando às vezes um autor querido, e que parece encantado, eu estando doido pra lê-lo); além do enorme incômodo de ficar comunicando a todos a nova morada.


Até já criei hábito de tirar um dia no mês para passar nos endereços antigos pegando a correspondência. No fundo, chego à conclusão, causa mais incômodo que vantagens; ou não!?

Deixo as conclusões de lado e passo a contar mentalmente os locais em que já morei – susto: vinte e um endereços em trinta e poucos anos de cidade. Percebo que o caso é sério, foge dos padrões normais.


Dias depois converso com minha irmã sobre o assunto, descubro estarrecido que o assunto já faz parte da crônica familiar, e que todos um dia já comentaram o assunto – alguns com simpatia, outros com uma ponta de malícia; pois é, um assunto que nunca me preocupou há muito faz parte dos comentários dos mais íntimos. Desde então, e com certa frequência, ando matutando sobre o caso; também descubro que na família, muito pratrasmente, outros parentes tinham esta mesma mania: o avô materno não sossegava no mesmo canto, um tio que morava em outro Estado se mudava às vezes mais de uma vez por ano – daí penso em determinismos genéticos e outras bobagens, em sangue cigano no passado da família –; e como sempre (e sobretudo) nunca chego a conclusões definitivas. O máximo que tenho são verdades provisórias, como a em que ando pensando ultimamente: de que a causa de tantas mudanças não é nada mais do que pura insatisfação comigo mesmo, e já que não mudo eu – mudo então de casa.


E pronto, ponto.

"Prazer do Ócio", Tércia Montenegro para OPINIÃO de O POVO (25.5)

Sempre recebo sugestões para ocupar horas vagas com atividades extras, algo rentável, imperdível ou fora de série. E houve um tempo – não distante – em que eu de fato acumulava tarefas profissionais. Durante meses, não vivia; simplesmente funcionava. Perdia a consciência do corpo, pensando na saúde como se ela fosse um mero combustível para que a máquina em que eu me transformara pudesse continuar. Obedecia ao relógio, sentindo imensa culpa com atrasos, e esperava o domingo para soltar um pouco o fôlego. Mesmo assim, lembrava que a diversão gerava compromissos acumulados, com mais pressa e menos descanso nos dias seguintes.

O que aconteceu para que eu percebesse que essa mecanização era absurda e nada compensava o lazer perdido? Será que estive numa fronteira perigosa, correndo riscos sérios por algum motivo, e nessa ocasião iluminei-me? Ou, ao contrário, fui na direção oposta da espiritualidade, com uma mudança guiada pelo dinheiro, uma loteria súbita que me permitisse recusar qualquer renda extra? Nenhum desses extremos foi a causa. Simplesmente enxerguei o abismo que havia entre o período de férias e o resto do ano. Numa etapa eu era feliz; na outra, não.

Claro que chegar a esse dualismo não foi fácil. Nos momentos de lazer, eu tinha uma espécie de abstinência do trabalho e me sentia vazia ou – pior – impregnada de uma auto-rejeição, como se desenvolvesse uma paranóia de me sentir inútil. O meu valor estava atrelado à eficiência, à produção, aos resultados que nasciam com o trabalho... Ora, mas existe um limite para o molde que a sociedade impõe ao sujeito! Nunca quis ser um produto, número ou peça de qualquer coisa. Queria, antes, satisfazer aquela emoção que experimentava durante as férias: a descoberta do ócio. O ócio de uma criança que brinca sem prazo para terminar. O ócio de um bicho, de um pássaro com seus trinados que são só beleza, e não subsistência.

Há quem pense que hora livre é sinônimo de tédio e o moto-contínuo do trabalho serve para driblar os pensamentos ou a necessidade de tomar decisões. Pois a esses eu digo que o ócio não é ficar sem fazer nada; ao contrário, é fazer o que se quer, na hora em que dá vontade. Lógico que existem pessoas que não sabem o que querem e desconhecem as próprias vontades. O trabalho, então, automatiza, afasta o mistério de olhar para si mesmo – e, quem sabe, assustar-se. Para essas criaturas, talvez não exista saída: condenaram-se à própria falta de criatividade.

Mas relaxar pode ser tão simples! Tomar um sorvete, ir ao cinema por impulso, telefonar para um amigo, ler um livro, passear... Para desfrutar dessas coisas, não é preciso grande empenho. O ócio funciona espontaneamente, semelhante a alguém que mergulha num cochilo, sem se dar conta, sem preparo. O prazer que daí surge parece óbvio, mas é difícil de se conseguir, nestas épocas de urbanidade. Ficar à toa, sem remorsos, chega a ser uma dádiva – algo muito próximo da felicidade.


Tércia Montenegro (escritora, fotógrafa e professora da UFC)

sábado, 21 de maio de 2011

Listagem completa dos autores em "O Cravo Roxo do Diabo": o conto fantástico no Ceará, organizado por Pedro Salgueiro


Autores dos CONTOS Fantásticos

(por ordem cronológica de nascimento)

JUVENAL GALENO

PÁPI JÚNIOR

OLIVEIRA PAIVA

LOPES FILHO

TOMÁS LOPES

CRUZ FILHO

AMÉRICO FACÓ

GUSTAVO BARROSO

OTÁVIO LOBO

HERMAN LIMA

CARLYLE MARTINS

PIMENTEL GOMES

EDIGAR DE ALENCAR

MARTINS D’ALVAREZ

MARTINS CAPISTRANO

FLORIVAL SERAINE

RACHEL DE QUEIROZ

FRAN MARTINS

JOÃO CLÍMACO BEZERRA

MOREIRA CAMPOS

R. BATISTA ARAGÃO

RUBENS DE AZEVEDO

SINVAL SÁ

EDUARDO CAMPOS

ARTUR EDUARDO BENEVIDES

JOSÉ ALCIDES PINTO

LÚCIA FERNANDES MARTINS

NONATO DE BRITO

FRANCISCO CARVALHO

JOSÉ COSTA MATOS

ZORRILLO DE ALMEIDA SOBRINHO

CAIO PORFÍRIO CARNEIRO

GERALDO MARKAN

JOSÉ MURILO MARTINS

JORGE TUFIC

MÁRIO PONTES

ARY ALBUQUERQUE

JUAREZ BARROSO

ALCIDES MATOS

GENUÍNO SALES

LUSTOSA DA COSTA

NATÉRCIA CAMPOS

SÂNZIO DE AZEVEDO

BARROS PINHO

GISELDA MEDEIROS

GLÓRIA MARTINS

HELOISA BARROS LEAL

MARIA THEREZA LEITE

FRANCISCO SOBREIRA

BEATRIZ ALCÂNTARA

LOURDINHA LEITE BARBOSA

CLÁUDIO AGUIAR

INEZ FIGUEIREDO

ANGELA GUTIÉRREZ

HAROLDO FELINTO

LUCINEIDE SOUTO

NILTO MACIEL

GERALDO JESUÍNO

SÉRGIO TELLES

RAY SILVEIRA

REGINE LIMAVERDE

ÍTALO GURGEL

AIRTON MONTE

BATISTA DE LIMA

GILMAR DE CARVALHO

JOYCE CAVALCCANTE

NILZE COSTA E SILVA

RONALDO CORREIA DE BRITO

ANA MIRANDA

CRISTIANO REYS

ADRIANO ESPÍNOLA

ASTOLFO LIMA SANDY

MARIA HELENA PINHEIRO

VALDEMIR MOURÃO

PAULO VERAS

DURVAL AIRES FILHO

PAULO DE TARSO PARDAL

CARLOS EMÍLIO CORRÊA LIMA

ROSEMBERG CARIRY

FLORIANO MARTINS

SILAS FALCÃO

EUGÊNIO LEANDRO

CARLOS NASCIMENTO

ISA MAGALHÃES

JULIO LIRA

CARLOS GILDEMAR PONTES

FERNANDO SIQUEIRA PINHEIRO

MÔNICA SILVEIRA

RINALDO DE FERNANDES

JORGE PIEIRO

CLAUDER ARCANJO

GLAUCO SOBREIRA

JESUS IRAJACY COSTA

RUY VASCONCELOS

ALDIR BRASIL JR.

DIMAS CARVALHO

LUIS MARCOS DA SILVA

MAJELA COLARES

PEDRO SALGUEIRO

RICARDO KELMER

TÚLIO MONTEIRO

AÍLA SAMPAIO

JOAN EDESSON

ASSIS LIMA

BRENNAND DE SOUSA

DEMITRI TULIO

CARLOS ROBERTO VAZCONCELOS

RAYMUNDO NETTO

NAPOLEÃO SOUSA JUNIOR

EDWILSON SOARES FREIRE.

LUCIANO BONFIM

CERONHA PONTES

CLÁUDIO PORTELLA

VICENTE JR.

MANOEL CARLOS FONSECA

EDUARDO FIÚZA FILHO

TÉRCIA MONTENEGRO

PAULA IZABELA

LÉO MACKELLENE

LIA TERCEIRO

NATÉRCIA PONTES

CHERLANYO BARROS

CARMÉLIA ARAGÃO

SÉRGIO REBOUÇAS

SÉRGIO MAGALHÃES

ALAN SANTIAGO

ÂNGELA CALOU

ROBSON RAMOS

Autores dos POEMAS Fantásticos

(por ordem cronológica de nascimento)

JUVENAL galeno

BARBOSA DE FREITAS

lopes filho

ANTONIO SALES

padre antônio tomás

LÍVIO BARRETO

alf. castro

júlio olímpio

bonfim sobrinho

RAIMUNDO VARÃO

JOSÉ ALBANO

CRUZ FILHO

CARLOS GONDIM

beni carvalho

PADRE VALDEVINO

SERRA AZUL

OTACÍLIO DE AZEVEDO

CARLYLE MARTINS

jÁder de carvalho

MARTINS D’ALVAREZ

CHICO BAGRE

PATATIVA DO ASSARÉ

ANTONIO GIRÃO BARROSO

moreira campos

gerardo mello mourão

aluízio medeiros

otacilio colares

OSVALDO PIRES DE HOLANDA

ARTUR EDUARDO BENEVIDES

JOSÉ ALCIDES PINTO

nonato de brito

caetano ximenes aragão

FRANCISCO CARVALHO

josé costa matos

JORGE TUFIC

HORÁCIO DÍDIMO

sânzio de azevedo

linhares filho

BEATRIZ ALCÂNTARA

marly vasconcelos

aNGELA GUTIÉREZ

oswald barroso

MÁRIO GOMES

REGINE LIMAVERDE

airton monte

BATISTA DE LIMA

maria helena pinheiro cardoso

VIRGÍLIO MAIA

carlos augusto viana

diogo fontenelle

dimas macedo

márcio catunda

majela colares

DIMAS CARVALHO

cARLOS NÓBREGA

ROUXINOL DO RINARÉ

CARLOS VAZCONCELOS

FREDERICO RÉGIS

o poeta de meia-tigela

AYLA ANDRADE

Autores dos ROMANCES (recortes) Fantásticos

(por ordem cronológica de nascimento)

BEZERRA DE MENEZES

RODOLFO TEÓFILO

EMÍLIA FREITAS

GERARDO MELO MOURÃO

JOSÉ ALCIDES PINTO

MOACIR C. LOPES

NATÉRCIA CAMPOS

MARLY VASCONCELOS

TEOBERTO LANDIM

ANGELA GUTIÉRREZ

NILTO MACIEL

AUDIFAX RIOS

AIRTON MARANHÃO

ANA MIRANDA

CARLOS EMÍLIO CORRÊA LIMA

NATALÍCIO BARROSO

DENIS MOURA DE LIMA

quarta-feira, 18 de maio de 2011

"Coisas Engraçadas de Não se Rir IX: Amadamante", crônica de Raymundo Netto para O POVO


Nem sei como ainda existem homens que conseguem manter relacionamento amoroso, ao mesmo tempo, com duas mulheres. Eu, que tenho apenas 2 pen-drives, já desorganizei de todo a minha vida!


Domingo, na fila de um self-service, vi a moça da balança informar a um cliente: “Pois avise à sua esposa que quando vier se servir, para que eu possa fechar a sua conta, me fale o nome do senhor: Moacir”. O homem, o tal Moacir — “filho da dor”, cearense legítimo —, vidrou o olhar, esticou o pescoço no colarinho e, gesticulando o prato coberto de folhas, ofendeu-se: “Olhe, minha filha, não é por não transarmos mais que ela já se esqueceu do meu nome, não, ouviu?


Ora, até parece, pois que um senhor recebia visita e, de sua poltrona, fazia seguidos pedidos à esposa, sempre acompanhados por um afetuoso “meu bem”. “Meu bem, traz isso”; “Meu bem, cadê aquilo?”; meu bem, meeeu bem. O visitante, impressionado com o trato carinhoso devotado àquela mulher inda pós tantos anos de bodas, acusou-o em observação simpática, quando o marido riu-se displicente: “Que carinho que nada... Tu achas que ainda me lembro o nome dessa doida? O jeito é chamar de meu bem, mesmo.”


O amantismo, todos sabem, é apenas uma das mazelas do matrimônio, este, engenho decerto de mulheres (vem de “mater”, mãe), assim como o divórcio — em 70% dos casos, a pedido das mulheres —, pois que elas fazem de tudo bem feito. Começam-no e terminam-no, independentemente de consulta ao companheiro, ciente atavicamente do que significa ter ao lado uma mulher insatisfeita. Puro Inferno!


Há quem diga: fiel só Deus e a torcida Corintiana. A verdadeira fidelidade, para mim, só existe quando não se tem, sem esforço, desejo do outro. Alguns não traem o cônjuge, não por ausência de desejo, mas de coragem. Assim, defendo: se houver a menor resistência que seja a infidelidade está feita e você, também, é um de nós. E acredite: em certos casos, a maior traição que se pode fazer ao outro é continuar casado.


A razão de toda a crise conjugal se deve, além do excessivo egoísmo humano bem disfarçado sobre a capa do “respeito à individualidade”, à longa duração do acordo. Essa história de “até que a morte os separe”, deveria compreender enquanto “morte”, aquela em vida, ou seja, a morte da vontade de estar junto, e não necessariamente a morte corporal, aquela que traz, muitas vezes nesses casos, o merecido descanso.


E o que acaba um casamento? A sinceridade, por exemplo, eu sei que acaba. Creia pelamordedeus: não é a mentira que acaba o casamento, e sim, a verdade. Não a conte nunca! E, aos homens, há de se ter mais cuidado no manejo do banheiro, palco preferido para as maiores justificativas da crise.


Claro que há casamentos que podem dar certo, sobreviver a todo tipo de adversidade, seja por amor, por conveniência, ou por preguiça apenas, mas esses não têm a menor graça. Bom mesmo é casamento que ultrapassa as calçadas, enrolados em bóbis ou em tocas de alumínio nas cabecinhas de olhos na “Caras”; que ribombam às paredes geminadas das vilas; que se misturam entre panelas e grampos, ornamentados por quizílias estrepitosas, com choros, chuvas de arroz, e lágrimas nos olhos da mocinha, feito tisne, ao pé do portão; e com finais trágicos, como a tal prova de amor à bala, democratizando a tragédia passional. Por pensar assim, no bar, perguntaram-me: “Raymundo, se você se separasse, casaria de novo?” Nem pisquei — quem me conhece sabe como é difícil isso acontecer — para dizer que “Ora, é lógico que não... Nunquinha mesmo... Quer dizer, a não ser que eu me apaixonasse, é claro...”


Raymundo Netto que acredita que “perder a cabeça” não é privilégio de quem se vai à guilhotina.

Contato: raymundo.netto@uol.com.br