sábado, 31 de maio de 2014

Um Mês de Saudade de Nilto Maciel


Um mês se passou, foi em 30 de abril de 2014, desde que chegou a Palma e ao mundo adjacente a notícia do encantamento do escritor e guerreiro de Monte-Mor Nilto Maciel.
Muito se falou sobre isso. Como as pessoas, muitas delas, não o conheciam além das fronteiras de páginas de suas obras, deram a pensar em um certeiro suicídio, pois era escritor e morava sozinho, como se esses elementos se bastassem para justificar o ato.
Outros pensaram e até comentaram sobre a negligência da família em "largar" aquele "grande escritor" sozinho, à própria sorte, o que deixou a sua família, naturalmente já desolada com a perda e a forma inesperada como se deu, ainda mais abalada.
Quero, então, aproveitar o momento para dizer o que digo a todos:
Nilto Maciel foi um afortunado. Viveu como escolheu viver. Mesmo com a insistência da família em levá-lo a Brasília, onde a esposa e a maior parte das filhas (são quatro) residiam, ele OPTOU em ficar no Ceará, terra onde foi gerado, inclusive literariamente, onde reconhecia seu chão. Morava só, porque precisava da solidão para compor, a qualquer tempo e hora, o que quisesse, não estando preso a nenhum compromisso doméstico, ou a coisa alguma. Rejeitou a proposta da família de ter uma doméstica em casa, pelo mesmo motivo. Assim como também recebia a poucas pessoas, e o fazia quando elas traziam conversas sobre literatura, seu mundo particular. Mesmo dessa forma, geralmente, não gostava de "visitas surpresa".
Costumava dizer que, por vezes, sentia um comichão de ver pessoas (por isso era encontrado tomando cafés e comendo tapiocas em shoppings centers, quando aproveitava para realizar suas operações financeiras), mas logo era tomado de uma "saudade de si" e corria para a sua casa.
Para quem não sabe, saía pouco à noite, não bebia nem fumava há anos, sua alimentação era regrada e não fugia dos horários. Dizia não sair à noite para não esquecer de tomar seus medicamentos (não gostava quando a diarista mexia nos remédios e trocava as caixas de lugar, pois tinha medo de tomar remédio por engano) e, nas últimas semanas, estava comemorando: sua médica o havia elogiado pelos resultados dos exames de rotina. Ele, como sempre, respondia: "E a senhora está achando que foi de graça, é? Tenho me esforçado bastante!"
A seguir, alguns trechos de e-mails de abril de 2014, que mostram que o amigo Nilto estava numa fase ótima, entusiasmado em abrir o evento de literatura fantástica em Sobral, muito feliz com seus últimos lançamentos, cheio de ideias e de planos para o futuro (já havia encomendado mais duas coletâneas de artigos, planejava mais uma Fortuna Crítica, além da reedição de A Rosa Gótica e de inéditos), que a sua família, felizmente para todos nós, contribuirá para concretizar-se.

"Na verdade, sempre pensei em ser vagabundo (desde menino). Era meu sonho. Mas não consigo viver sem fazer nada. Vejo as pessoas rezando, fazendo crochê, vendo TV, passeando pelas ruas, sentadas nos bancos, sem nada a fazer, tristes. E é verdade, elas não sabem mesmo o que fazer da vida, do tempo. Tenho muita pena delas. Mas eu não sou assim. Estou sempre muito ocupado, a cabeça fervilhando de ideias para livros." (Nilto Maciel, sobre a sua correria do dia a dia)

"A Literatura é cachaça que não faz mal. Abraço de um cachaceiro viciado desde menino e que vem se mantendo vivo por isso." (Nilto Maciel, para um leitor)

"Se pudesse, viajaria até Brasília. Mas com medo de avião (agora tenho mais, depois de saber de mortes ocultadas de passageiros com problemas de coração, em voos).
Não quero morrer no ar. Não quero na terra. Não quero morrer na água. Não é justo morrer, como dizia Gabriel García Márquez [morto em 17 de abril de 2014]. Tenho tanto a pensar, a escrever, a ler, a viver!" (dia 21 de abril, menos de 10 dias de sua passagem)

Biobliografia Breve

Nilto Fernando Maciel nasceu em Baturité, Ceará, em 1945.
Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará em 1970. Criou, em 76, com outros escritores, a revista O Saco. Mudou-se para Brasília em 1977, tendo trabalhado na Câmara dos Deputados, Supremo Tribunal Federal e Tribunal de Justiça do DF, ano em que organizou, com Glauco Mattoso, Queda de Braço – Uma Antologia do Conto Marginal (Rio de Janeiro/Fortaleza, 1977)..
Regressou a Fortaleza em 2002. Editou a Literatura: revista do escritor brasileiro, de 1992 a 2008.
Obteve primeiro lugar em alguns concursos literários nacionais e estaduais: Secretaria de Cultura e Desporto do Ceará, 1981, com o livro de contos Tempos de Mula Preta; Secretaria de Cultura e Desporto do Ceará, 1986, com o livro de contos Punhalzinho Cravado de Ódio; “Brasília de Literatura”, 1990, categoria romance nacional, promovido pelo Governo do Distrito Federal, com A Última Noite de Helena; “Graciliano Ramos”, 92/93, categoria romance nacional, promovido pelo Governo do Estado de Alagoas, com Os Luzeiros do Mundo; “Cruz e Sousa”, 1996, categoria romance nacional, promovido pelo Governo do Estado de Santa Catarina, com A Rosa Gótica; VI Prêmio Literário Cidade de Fortaleza, 1996, Fundação Cultural de Fortaleza, CE, com o conto “Apontamentos Para Um Ensaio”; “Bolsa Brasília de Produção Literária”, 1998, categoria conto, com o livro Pescoço de Girafa na Poeira; "Eça de Queiroz", 1999, categoria novela, União Brasileira de Escritores, Rio de Janeiro, com o livro Vasto Abismo, além do Edital de Incentivo às Artes da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, com Luz Vermelha que se Azula e A Fina Areia das Dunas (último livro de contos, no prelo, pelo Armazém da Cultura).
Participa de diversas coletâneas, entre elas Quartas Histórias: contos baseados em narrativas de Guimarães Rosa, org. por Rinaldo de Fernandes (Ed. Garamond, Rio de Janeiro, 2006); 15 Cuentos Brasileros/15 Contos Brasileiros, edición bilingüe español-português, org. por Nelson de Oliveira e tradução de Federico Lavezzo (Córdoba, Argentina, Editorial Comunicarte, 2007); Capitu Mandou Flores, org. por Rinaldo de Fernandes (Geração Editorial, São Paulo, 2008), "O Cravo Roxo do Diabo": o conto fantástico no Ceará, org. Pedro Salgueiro (Expressão Gráfica, Fortaleza, 2011) e Sonetos de Bolso: antologia poética, org. por Jarbas Júnior e João Carlos Taveira (Thesaurus Editora, Brasília, 2013), dentre outros.
Publicou estudos sobre o conto cearense, dentre eles Contistas do Ceará: d'A Quinzena ao CAOS Portátil (1998), referência para pesquisa no gênero. Deixou incompleta a pesquisa Notícia da Literatura Cearense, recorte entre o período do Clã até os dias atuais.
O romance O Cabra que Virou Bode (1991) foi transposto para a tela pelo cineasta Clébio Ribeiro, em 1993.
Os Guerreiros de Monte-Mor, com 2ª edição pelo Armazém da Cultura (a primeira é da editora Contexto, de São Paulo), foi um dos contemplados no Edital do Programa Nacional Biblioteca Escolar.
Publicou ainda, coletânea de crônicas, Menos Vivi do que Fiei Palavras (Penalux, 2012), e de artigos e resenhas, como Gregotins de Desaprendiz (Bestiário, 2013) e Sôbolas Manhãs (Bestiário, 2014), e um autobiográfico/memórias, Quintal dos Dias (Bestiário, 2013).
Tem contos e poemas publicados em esperanto, espanhol, italiano e francês.



segunda-feira, 26 de maio de 2014

"Moreira Campos", no ano do Centenário


Um pouco mais de Moreira Campos, com Carolina Campos, Neuma Cavalcante e Odalice de Castro e Silva, sob a condução da jornalista Letícia Amaral .

Recomendo.

Para assistir ao vídeo, acesse:

https://www.youtube.com/watch?v=TtgnZpvXxA4

"Os Princípios do Modernismo no Ceará: esquecimento crônico", de Raymundo Netto


Clique na imagem para ampliar!

Hoje (24 de maio), no Programa "Autores & ideias", da FM Assembleia, especial comemorativo dos 100 anos de Moreira Campos, dentre as falas, uma me chamou atenção, a que se refere à ligação de Moreira Campos com o início do Modernismo literário no Ceará. E por quê? Porque já ouvi de muitas pessoas a afirmação de que o início do movimento modernista no Ceará se deu na década de 1940 com o grupo Clã, do qual Moreira faria parte.
Entretanto, o que poucos sabem, é que o modernismo cearense teve sua primeira manifestação, na verdade, com Mário da Silveira (1899-1921), autor do poema "Laus Purissimae", composto entre 1920 a 1921, ou seja, antes mesmo da Semana de Arte Moderna, a de 1922. Ainda em 1922, Jáder de Carvalho e Edigar de Alencar, na coletânea Os Novos do Ceará no Primeiro Centenário da Independência, também apresentavam poemas com características modernas.
O jornalista Gilberto Câmara, pai do nosso querido musicólogo Christiano Câmara, acolheu em sua casa (a mesma em que ainda reside Christiano), em 1925, Guilherme de Almeida, que aqui veio para palestrar no Theatro José de Alencar sobre o movimento modernista do qual fazia parte e era um dos mais ferrenhos defensor.
O certo é que no ano de 1927 seria publicado o livro O Canto Novo da Raça, de Jáder de Carvalho, Franklin Nascimento, Sidney Netto e Mozart Firmeza (irmão do Estrigas), considerado o MARCO INAUGURAL DO MODERNISMO NO CEARÁ, afirmação do crítico, ensaísta e poeta Sânzio de Azevedo, o maior pesquisador e historiador da nossa Literatura Cearense.
Não é à toa que Assis Brasil, em sua pesquisa, indica que: "O Ceará é um dos primeiros estados a tomar conhecimento da Semana de Arte Moderna de 1922, deflagrada em São Paulo."
Em 1928 e 1929, o jornal O POVO, de Demócrito Rocha, assumiria o papel de veículo de difusão do modernismo cearense, trazendo em suas páginas vários autores modernos, como Mário de Andrade (do Norte), Filgueiras Lima, Heitor Marçal, Martins D'Alvarez, Antônio Garrido (pseudônimo do próprio Demócrito Rocha), Rachel de Queiroz e alguns dos demais autores já citados anteriormente. Culminou esse processo com a elaboração e divulgação para todo o país do suplemento Maracajá (1929). Mas essa é outra história.
Apesar de a produtora e apresentadora Lílian Martins ter afirmado durante o programa, em uma fala posterior, a correta posição do grupo Clã, ou seja, a de CONSOLIDAÇÃO do Modernismo no Ceará, achei por bem lançar esse alerta, pois percebo que muitos ainda insistem em divulgar esse equívoco, da mesma forma que muitos ainda apontam, desprezando a vasta literatura existente a respeito, a Padaria Espiritual como um movimento modernista, que é outro absurdo.
Tive o privilégio de ser editor da 2ª edição de O Canto Novo da Raça, com ilustrações de Audifax Rios e a apresentação de Sânzio de Azevedo, pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 84 anos depois do lançamento da primeira edição, assim como um dos editores da segunda edição de O Modernismo na Poesia Cearense: primeiros tempos, de Sânzio de Azevedo, pelas Edições Demócrito Rocha (EDR). Aconselho a leitura de ambos, assim como aconselho que assistam à reprise do Programa "Autores & ideias", na terça-feira, dia 27 de maio, às 20h, com a participação de Sânzio de Azevedo, Odalice de Castro, Neuma Cavalcante, Geraldo Jesuíno, Leite Jr, Pedro Salgueiro, Carolina Campos e Paulo Linhares (representando a curadoria da Bienal Internacional do Livro). 
O programa, como sempre, está ótimo.

"Sonhos", de Akira Kurosawa, no "Psicanálise & Arte em Sessão, na Livraria Cultura (30.05)


Clique na imagem para ampliar!

Realização 
Grupo de Estudos em Psicanálise de Fortaleza

Apoio
Livraria Cultura

sábado, 24 de maio de 2014

Machado de Assis Genérico, para leitores ruins, ganha UM MILHÃO DE REAIS!


Na semana, participei, no programa "Debates do POVO", na rádio O POVO CBN, apresentado por Ruy Lima , com a direção da queridíssima Maryllenne Freitas, ao lado do jornalista Cliff Villar e da profa. Maria da Luz Veras Mourão, da escola pública de Messajana, debatendo sobre o projeto, aprovado (surpreendentemente) pelo Ministério da Cultura, no valor captado de um pouco mais de UM MILHÃO DE REAIS, para elaboração de um texto "facilitado" de duas obras clássicas da literatura brasileira: O Alienista, de Machado de Assis, e A Pata da Gazela, do José de Alencar.
A proponente, a profa. Patrícia Secco, se propõe a trocar palavras do texto original para que os alunos não "rejeitem a obra". Ela acredita que Machado endossaria tal ato, pois queria ser lido e conhecido do público (numa visão de autor de porta de editora, disponível a escrever sobre qualquer coisa, desde que possa ostentar o título de "escritor publicado"). Para mim, o fato de ela dizer que "entende por que os jovens não gostam de Machado" já demonstra uma total insensibilidade à arte da escrita.
Acredita ela, pelo menos é o que diz, que faz isso para que o gari, a lavadeira, o garçom queiram e consigam ler Machado. A visão social da senhora Secco quase me faz chorar... de raiva! Com tantas obras escritas (os periódicos dizem que ela tem mais de 200 obras infantojuvenis publicadas), o que acho uma cifra exagerada, ela troca a palavra "sagacidade" por "esperteza" ou "boticário" por "farmacêutico", simplesmente por achar que o jovem não sabe o que isso significa, e que, dessa forma, ele se entusiasmará a ler. Veio-me à cabeça, imaginar um dia que a escola seria o local ideal para educar, para que o aluno fosse estimulado a ler e ampliar seu repertório vocabular. Em pouco, as famosas "cousas" de Machado se transformarão, pelas mãos de outro especialista, em "troços", para facilitar a leitura. Ou quem sabe a Capitu poderia dar um beijinho no ombro, ou o Brás Cuba poderia se transformar num vampiro romântico, ou deva sonhar com a criação de um site de relacionamentos, uma espécie de facebook, ao invés de emplastros. Aliás, o que diabos é emplastro, mesmo? Vamos facilitar esse negócio?
Pois é, a educação brasileira, há muito tempo, vem adotando a mania de "facilitar", assim como facilitou o curso superior, o mestrado e o doutorado, gerando um bocado de gente cabeça oca* com titulação inútil, presas a um LATTES bizarro, sistema injusto e teatral, que "se passa", mas que determina uma série de empurra-empurra (ou jogo de carniça) nos departamentos de sisudos estabelecimentos de ensino. Ou seja, onde deveríamos estar construindo uma escola que se aproxime de Machado, o tiramos de seu tempo, lhe roubamos as palavras (lembrando que a literatura não é apenas conteúdo e que nela não importa apenas O QUE se diz, mas COMO se diz, que é o que difere um "escritor" de um "ser alfabetizado").
Pior ainda é imaginar que o Estado promove isso, que mais de 600 mil livros com texto de Machado Genérico será distribuído para o Brasil e para fora dele. Daqui a 50 anos, certamente, quem saberá qual o texto correto do autor (detalhe: no livro da Secca, na capa, não consta que a obra seja adaptação, facilitação ou obra frankenstein).
Enfim, para fomentar o debate, deixo a seguir o link do site Letra&livros, do amigo Vladimir Araujo, que faz ponderações muito sensatas sobre a temática. Sugiro a leitura:


http://www.letraselivros.com.br/livros/artigos/3451-a-desconstrucao-de-machado

(*) Felizmente ainda são muitos, não o bastante, os bacharéis, mestres e/ou doutores que honram o título conquistado com empenho, esforço, dedicação e criatividade. Eu mesmo tenho o privilégio de conhecer alguns que podem bater no peito por não ter vendido a alma, bem baratinha, para arranjar um negocinho desses. 


sexta-feira, 23 de maio de 2014

"Uma História das Copas do Mundo: futebol e sociedade", de Airton de Farias


Clique na imagem para ampliar!

Encontro do autor e ilustrador com os leitores no
Armazém da Cultura
DIA 24 DE MAIO, sábado, às 10h, com transmissão ao vivo pela internet.

Venda do livro a
PREÇO PROMOCIONAL!



quinta-feira, 22 de maio de 2014

Rádio AlmanaCULTURA: "Your Song", de Mr. Elton John


Para assistir o vídeo, ouvir a música, acesse:

https://www.youtube.com/watch?v=RwzdVHTNpXs

Para terminar a noite que não finda,
Um sol de lua amarelinda
Margeando um pensamento de convexidade
a campear com eternidade
A luz remota da estrela que não fala, mas também não cala.


terça-feira, 20 de maio de 2014

Curso a Distância e Seminário Promoção da Equidade no SUS (ambos GRATUITOS)


Fundação Demócrito Rocha realiza Curso a Distância e Seminário
abertos a todos e GRATUITOs
com o tema Promoção da Equidade no SUS


SERVIÇOS
1. Curso a Distância "Promoção da Equidade no SUS"
Período de veiculação dos fascículos no O POVO: 21 de maio a 6 de agosto
Período das videoaulas na TV O POVO: 25 de maio a 10 de agosto pelos canais 48 (TV Aberta) e 23 (Multiplay)
Prova on-line: 11 de agosto a 11 de setembro
Inscrição gratuita: 
www.fdr.com.br/equidadenosus
Informações: (85) 3255 6153 ou 0800 280 2210 

2. Seminário "Promoção da Equidade no SUS"
Quando: 23 de maio (sexta-feira), das 14h às 18 horas
Onde: Centro de Eventos do Ceará
Inscrição gratuita: 
www.equidadenosus.com.br
Informações: (85) 3255 6185

Mais Informações a seguir:

A Fundação Demócrito Rocha (FDR), em parceria com a Universidade Aberta do Nordeste (Uane), realiza o projeto Promoção da Equidade no SUS, que conta com curso a distância e seminário presencial. Para participar, é preciso fazer inscrição on-line e acompanhar a publicação de 12 fascículos pelo jornal O POVO, sempre às quartas-feiras, a partir do dia 21 de maio. Complementando a formação, será realizado seminário no próximo dia 23 de maio, sexta-feira, no Centro de Eventos do Ceará.
A implementação de Políticas de Promoção da Equidade em Saúde, preconizada pelo Ministério da Saúde, objetiva diminuir as vulnerabilidades a que grupos populacionais estão mais expostos e que resultam de determinantes sociais da saúde, como níveis de escolaridade e renda, condições de habitação, acesso à água e saneamento, conflitos interculturais e preconceitos relacionados a racismo e homofobia.
“A equidade no SUS institucionaliza modos de pensar, fazer e cuidar da saúde. É por ela que se qualifica a igualdade da assistência, construindo práticas de enfrentamento e superação das iniquidades sociais, além do respeito às diferenças e às diversidades culturais, étnicas, de gênero, raça, cor, entre outras que nos atravessam a vida”, resume Neusa Goya, doutoranda em Saúde Coletiva e coordenadora de conteúdo do curso "Promoção da Equidade no SUS".
O projeto propõe formação e difusão de conhecimentos em saúde para fortalecer a implementação de intervenções que promovam o reconhecimento de iniquidades e seu enfrentamento, sobretudo nas práticas da Atenção Básica em Saúde.
O médico Luiz Odorico Monteiro, ex-secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde (MS) e atual representante do Ministério do Programa "Mais Médicos" do Estado do Ceará, ressalta a atuação dos Agentes Comunitários de Saúde: “É fundamental a Política Nacional de Educação Popular em Saúde, instrumento que busca a horizontalidade dos saberes técnico-científicos e populares, levando em conta atores importantes, como os Agentes Comunitários de Saúde, que precisam estar aptos a reconhecer as iniquidades relacionadas às populações vulneráveis, para enfatizar um diálogo com a comunidade”.
Segundo o presidente do Conselho das Secretarias Municipais da Saúde do Ceará, Wilames Freire, muitas comunidades sofrem com problemas persistentes de saúde por falta de informações básicas de cuidado: “A realização do Projeto de Promoção da Equidade no SUS pode ser considerado um pontapé importante no apoio aos gestores e suas equipes no desempenho de suas funções e pronto atendimento à população da forma adequada, já que o aperfeiçoamento do SUS dependerá de novo pacto na distribuição da receita e na redefinição das responsabilidades entre os entes federados, bem como na formação profissional das equipes de saúde nos seus diversos níveis”, destaca.  

O curso a distânciacom carga horária de 120 horas/aula, emitirá CERTIFICADO pela parceria com a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Estadual do Ceará (Uece). O resultado da prova on-line, disponível entre os dias 11 de agosto e 11 de setembro, definirá se o cursista receberá certificado de extensão universitária, caso o aluno obtenha nota maior ou igual a seis.
A veiculação dos fascículos, no jornal O POVO, será iniciada nesta quarta-feira, dia 21 de maio, e prosseguirá semanalmente até o dia 6 de agosto. Além dos fascículos impressos, os cursistas terão à disposição tutoria on-line, videoaulas, por meio da TV O POVO, aos domingos, e Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).
O conteúdo, o perfil dos autores dos fascículos, o calendário de atividades e a ficha de inscrição para participar do curso estão disponíveis na página www.fdr.com.br/equidadenosus

Seminário – o encontro presencial será nesta sexta-feira, 23 de maio, no Centro de Eventos do Ceará, das 14h às 18 horas.
Joaquín Molina, representante da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), e André Bonifácio, secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, são presenças confirmadas. 
Além das palestras, o encontro contará com apresentações de capoeira, maracatu, quadrilha junina infantil e oficinas de fanzine para a criançada.  No encerramento, haverá pocket show do MC Edi Rockdo grupo Racionais MC’s. 
Os participantes do seminário também terão direito a certificado on-line e as inscrições para o curso poderão ser realizadas, durante o seminário.


sábado, 17 de maio de 2014

"O Verso do Espelho", crônica de Raymundo Netto para O POVO (17.5)


Almoçava sozinho no L’Escale, o melhor lugar para almoçar na cidade, claro, depois da casa da sua mãe, quando chegou-me, ante a mesa, um rapaz a estender-me as duas mãos: “Raymundo Netto, leio sempre de você no jornal. Sou seu fã!”
Brinquei com piada velha: "Ah, então é você? "“Ora, devem lhe dizer isso sempre...” Não, isso nunca aconteceu comigo antes, e digo isto sem folclore. Tem a minha mãe a garantir não haver no Ceará, quiçá no Brasil e nas redondezas do universo, escritor melhor do que eu, embora nunca me leia nada e assine o jornal concorrente. Sabe como é mãe: “Não li e já gostei”.
Sem cerimônia, puxou a cadeira. Sacou guardanapo, caneta e pediu autógrafo. Senti-me o próprio Moacir Franco ou Odair José, de uns 15 anos, em pleno revival. Tirei do cinto de utilidades um Cadeiras na Calçada e o dediquei. Ele abraçou o livro: “Essa edição eu não tinha!” Para não esfriar de todo o meu prato, prenunciada a tardança, pedi: falasse algo de si. Não queria. Preferia expor a sua compreensão dos meus textos, compreensão essa largamente estendida. Tudo lhe era suposto, acreditado, evocado e tão ampliado em sua imaginação, de fazer percebê-la bem mais generosa que a minha. “Eu entendi o que você quis dizer quando...” e ria, ria bastante dessas “coisas de não se rir”.
Fato: Eu não queria dizer exatamente aquilo. Poderia. Talvez gostasse até do dizer além, ou não. Escrever é exercício de desconfiança em si mesmo, uma constante autocrítica. O pensamento dando voltas em nossa cabeça até desmanchar-se em letras a unharem o papel. As palavras não se permitem domesticar. São livres e, acima de tudo, libertadoras. A nossa segurança única é o ancorar do ponto final, o fechar da porteira. Demais, ser escritor, em tese, é quase nada. Escrever pode ser, mas ler é muito mais.
Droga, aquele cara era bom! Passou-me pelo lado cafajeste de todos nós a ideia de sugerir a sua inspirada leitura antes de pôr o selo de envio à redação, mas assim nem tinha graça. Acabei por perguntar se escrevia. “Quem me dera... Não tenho esse talento.” Pelo jeito, nem eu. Tento. Um dia aprendo ou tomarei o túnel do esquecimento, em fila epopeica com alguns melhores do que eu, com o consolo do igual deslembramento de minhas falhas, das atrapalhadas histórias nem sempre alegres, ou tristes mesmo, às minhas janelas.
Como era o seu nome? “Raimundo. Entretanto, Raimundo de pobre com ‘i’ mesmo”. Pobre, dizia, mas fazia questão: pagaria-me a conta, mais salgada que o prato, garanto. Não satisfeito, ofereceu-me carona, “podia dizer para onde”, sabia da minha inaptidão ao guidom, dentre outras que citou zombando a valer — nunca de supor minha tragédia tão divertida. Não aceitei. Deus me livre de ele saber até onde eu morava. Jamais!
Porém, tomou-me, não tive como evitar, o número do meu celular. Pensei se ligaria, a cada crônica publicada, a me ferir os brios com tudo aquilo de nunca escrito. Ao mesmo tempo, registrado também o seu número, poderia não atendê-lo, e engendrar, a cada ligação, toda a sua literatura presumida. 
Nós dois, Raymundo e Raimundo, passaríamos a ser ficção de nós mesmos, como duas faces de espelho num jornal, a tentar nos encontrar no pasmo eterno de nosso próprio reflexo.


quarta-feira, 14 de maio de 2014

Sobre "Maria Andanças", Infantojuvenil de Rejane Nascimento de Sousa (Editora Premius)


Clique na imagem para ampliar!

Na semana passada recebi das mãos de Rejane Nascimento de Sousa a sua última produção: Maria Andanças.
No dia seguinte, sentei-me na minha cadeira de balanço de minha kitnetto e pus a caminhar as andanças dessa menina, a Maria, filha de um casal de pesquisadores siderais, dona do cãozinho Futuro e moradora de Porvir, cidadezinha de pessoas agradáveis de Zênite, um jovem planeta ainda não descoberto por nós, mas só pela Rejane.
Com Maria, descobri que as crianças do planetoca, quando fazem aniversário, têm, por hábito, plantar um número de mudas correspondente a seus anos de vida, um movimento quase ritualístico, acompanhado pelo seu avô Joaquim que, muito sábio, após ouvir da neta a declaração de que destruir as árvores seria como queimar histórias, ele responderia a grande lição para todos nós desse planetinha de cá: "Não basta repetir, é preciso sentir cada uma dessas palavras!"
Pois é nessa plantação que encontra Pedro, um garoto de sorriso metálico que lhe dará um presente inesquecível e que poderá mudar o futuro de Zênite.
Nessa mistura de passados e futuros, na qual vemos ficção científica e contos de fadas, Rejane também mescla, numa linguagem gostosa de criança, questões ambientais com a promoção do gosto e do prazer pela leitura, numa história que nos fala sobre o amor pelos livros e pelas histórias que eles contêm.
Adorei conhecer a Maria e Pedro, pelos traços de Maurício Costa Santos, e penso que irei enviá-los sideralmente para conhecer meus sobrinhos, também Maria e Pedro, que vivem em Roraima, que bem poderia virar um Porvir do futuro...
Caso queiram conhecê-los, é só acessar e pedir logo o seu Maria Andanças pelo site da Premius:

http://www.netserv19.com/ecommerce_site/produto_125833_1599_Maria-Andancas-Autora-Rejane-Nascimento

Sobre a Autora:

Rejane Nascimento de Sousa é graduada em Letras pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) e trabalha como revisora da editora Premius. Já tem publicados outros títulos: Luís Andarilho (2011), pela Escala Educacional, Aconteceu em Agridoce e Sorriso e a Verdade (2012), pela Hedra.

Lançamento para Pais e Filhos!: "O Menino que Amava Futebol", livro-imagem de Glauco Sobreira


Clique na imagem para ampliar!

Lançamento para Pais e Filhos!
O Menino que Amava Futebol
Livro-imagem com aquarelas de Glauco Sobreira

Bate-papo com o autor, música, sessão de autógrafos, pipoca...
Venha, traga seus filhos e conheça essa história de paixão e bola!

Data: 17 de Maio (sábado), às 17h
Local: Espaço O POVO de Cultura & Arte
Editora: Edições Demócrito Rocha
Investimento cultural: R$ 39,90.

Sobre o Autor:
Médico, ilustrou diversos livros infantis. Pesquisa e produz artes visuais, tendo participado de exposições. É coeditor da revista de artes e literatura Para Mamíferos.

O Estacionamento Central, ao lado do jornal O POVO, dispõe de vagas GRATUITAS (número limitado) para o público.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Resenha de "Criaturas", por Anallies Borges, graduada em Letras Português/Literatura, professora e atriz, para o site Intocados


Criaturas, livro de Rochett Tavares, lançado pela La Barca Editora, vencedor do Prêmio Otacílio de Azevedo (reedição), promovido em 2010 pelo Governo do Estado do Ceará, traz como proposta a narrativa de contos de horror que nos fazem imergir no universo do desconhecido, levando-nos a um estado de perturbação não só pela forma surpreendente com que cada enredo se apresenta, mas também pelo fascínio de desvendarmos os mistérios que se esgueiram de nós em cada frase escrita.
O livro apresenta como título a proposta do que será compartilhado no decorrer de seus oito contos, ou seja, um convite a mergulhar num universo das histórias de horror, apresentando-nos não só o lado sujo das criaturas “amaldiçoadas” por um aspecto sobrenatural sombrio, mas também o incômodo que é perceber que se pode sentir tal asco por seres humanos cada vez mais desumanizados e transformados por seus atos obscuros em Criaturas.
Nascido na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em 1975, Rochett Tavares tem sua estreia como escritor com a obra Criaturas, a qual se apresenta como o resultado de um interesse que surgiu ainda na sua infância: aventuras fantásticas. O que era um passatempo tornou-se uma necessidade de expor através de seus próprios escritos a influência dos diversos escritores de fantasia que teve no decorrer de sua trajetória de leitor, mas na presente obra a que me proponho resenhar há, sem dúvida, a forte influência e inspiração de H.P. Lovecraft, no que diz respeito, principalmente à construção da narrativa.
Não se trata, portanto, de um romance, mas sim da junção desses contos que, na verdade, se apresentam como capítulos, páginas de um destino que se esconde num lado oculto que, durante dias e noites ao redor do mundo, vai sendo cumprido por vezes com a ajuda do próprio homem, através de sua curiosidade, malícia ou ingenuidade.
As narrativas, na sua maioria, passam-se em locais da Europa ou dos Estados Unidos em épocas ou contextos diferentes. Pode-se perceber, no entanto, que cada conto traz um enfoque à forma de construir a narrativa de horror. A preocupação, portanto, se concentra em: mostrar um cenário obscuro com um enredo que toca o sobrenatural, mas cujas ações humanas tornam-se o verdadeiro horror a ser ressaltado sem eufemismos; vasculhar, através da psique humana, o horror particular vivenciado pelos personagens; apresentar o elemento sobrenatural, desconhecido, como algo que faz parte da realidade e que se cumpre como destino muitas vezes através da colaboração do próprio homem.
Nesse âmbito, pode-se perceber que, em muitos contos, são abordados seres escusos (sobrenaturais ou não), que dominam a escuridão das ruas, os recônditos dos bairros, sempre havendo uma mescla de mistério em que, por mais que enxerguemos claramente a presença do elemento fantástico em alguns contos, em outros, os desfechos nos apresentam como um enigma a ser decifrado ou complementado pela nossa leitura.
O foco narrativo varia, podendo ser de narrador em primeira pessoa a narrador-observador onisciente. Em “Retrato de Família”, cujo narrador é personagem há uma visão parcial do que está sendo narrado, quase como uma evocação de imagens, lembranças que se misturam num fluxo de consciência, em que aos poucos são reveladas respostas ou lembranças reticentes. O horror se apresenta como o grande conflito do narrador-personagem que participa da Segunda Guerra Mundial, perdendo sua visão romantizada da vida e mergulhando no absurdo frio de uma guerra até aquele momento totalmente sem sentido.
“A comporta de saída escancara-se na praia, abandonando os infelizes à frente, à mercê de uma implacável salva. Como fardos de feno arremessados num celeiro, o que outrora eram jovens cheios de vida hoje amontoam-se uns sobre os outros, deixando...
A água gélida espeta meu corpo como pequenas lanças, envolvendo membros antes vigorosos com um torpor convidativo.” (Criaturas, p. 17-18)

As cenas do conflito que ocorre nas praias de Normandia no Dia D da Grande Guerra são descritas de forma detalhada, misturadas à visão de angústia do personagem em encontrar-se em tal situação desesperadora para ele. Trata-se inicialmente de um horror psicológico que, todavia, também será tocado pela presença do sobrenatural num conflito que ultrapassa a compreensão do que é realidade.
Já no segundo conto da obra, “Visita ao Necrotério”, que se passa na França, a narrativa em terceira pessoa nos conduz à mente perturbada de Maurice Lacroix, um investigador de polícia, que tenta descobrir o autor de uma série de crimes que se assemelham a outros cometidos décadas antes. Tal personagem se lança a desvendar a mente do psicopata que procura, mas o leitor é surpreendido pela dúvida que sonda o horror particular do personagem que, por vezes, se surpreende com a riqueza de detalhes que ele adivinha, quase como lembranças do crime que investiga. A luta trágica do personagem se estabelece pela tentativa de manter a sanidade em meio à investigação, ao mesmo tempo em que vivencia e se surpreende ao se defrontar com o desconhecido em sua mente.
“Enquanto vasculha as entranhas do cadáver, Maurice Lacroix é assaltado por emoções desconhecidas. O roçar de seus dedos na matéria estática e gélida do cadáver provoca ondas de um calor espasmódico, como se a carne morta da jovem desconhecida à sua mercê transmitisse-lhe os impulsos próprios às carícias feitas em um objeto vivo...” (Idem, p.82) 

Em outros contos, como em “Bom Garoto”, o foco narrativo também em terceira pessoa, apesar de onisciente, opta por levar o leitor a desvendar o enigma quase em parceria com os personagens. Por sinal, tal episódio traz um momento em que a crueldade da “criatura humana” é posta em xeque, assim como nos surpreende perceber que os seres inumanos podem expressar atitudes mais humanas do que nós.
A obra guia o leitor a um mundo desconhecido, cuja narrativa, por vezes propositadamente reticente, conduz a leitura para um nível da curiosidade, quase como instigando o interlocutor a complementar tais “lendas” com testemunhos seus. Mesmo quando o foco é em terceira pessoa, a narrativa, por seu mistério, nos parece um apanhado de testemunhos, como um quebra-cabeça para que nós possamos desvelar um segredo maior que está oculto, algo que se esgueira pelas sombras da noite. Cada rua, cada beco, cada fato histórico parece ter como pano de fundo a presença constante desses seres sobrenaturais, porém não se exime o homem de sua crueldade em determinadas atitudes que podem influenciar no desfecho desse destino oculto.
O que nos deixa reflexivos é até que ponto as criaturas podem ser mais humanizadas do que o próprio homem em determinados contos, pois elas são, por vezes, levadas pela necessidade que a maldição lhes impõe. Os atos cruéis tornam-se uma luta pela pseudossobrevivência desses seres que estão no limiar de uma pseudoexistência. A morte e a vida são uma tênue linha seguida por eles, que não têm opção e se submetem a perder a identidade humana que um dia tiveram para seguirem essa nova espécie de existência; outras vezes se entregam a essa exigência dessa nova forma de coexistir com o homem, deixando-se levar pelo instinto, mesmo que, para isso, suas ações se tornem dor para outrem.
Contudo, nota-se também que a dor, o egoísmo que guia essas novas formas de “não-vida” pode se apresentar no inconsciente de todo ser humano plenamente vivo, tanto por atos insanos como meramente egoístas, mostrando que o pavor e as tragédias também existem (e, por vezes, primordialmente existem) por conta da própria ação do homem.
A coletânea de contos traz, nesse sentido, esse incômodo ao coração do leitor, que percebe que por trás de toda dor há, nem que seja ínfima, a participação do próprio homem e que as criaturas sobre as quais se pode jogar a responsabilidade de atos considerados maléficos, por vezes são meras observadoras ou se aproveitam do que a ocasião oferece para se manterem “vivas” nessa nova realidade à qual foram imersas por sua maldição.
A obra, portanto, pode ser lida por qualquer pessoa que esteja disposta a imergir nesse submundo de mistérios incontados, que nos são compartilhados para que possamos refletir também sobre nossos próprios atos. Os segredos, os sussurros das personagens sobre o que presenciaram, vivenciaram na escuridão, essas verdades contadas em Criaturas nos fazem refletir sobre nossos valores no dia a dia, percebendo que no espírito está, por vezes, a saída.