sexta-feira, 30 de outubro de 2015

“Todos juntos somos fortes”, por Gabriela Erbetta e Gabriela Aguerre para Publishnews (15.9)

As Gabrielas autoras (divulgação)

Digital tem um grande terreno a conquistar no Brasil, mas tem alguém ensinando os leitores a usar tudo isso? 
A Editora Alpendre surgiu em agosto de 2013 como uma empreitada exclusivamente digital. Desde então, estamos caminhando devagar e com empenho, vendo muito potencial para os e-books no país e tratando os livros digitais com o mesmo cuidado e carinho com que sempre trabalhamos em outros meios e veículos. As possibilidades do mercado, como têm mostrado pesquisas e artigos, efetivamente existem: o acesso à tecnologia é cada vez maior, as crianças sabem cada vez mais usar aparelhos eletrônicos, só no Brasil temos mais de 150 milhões de smartphones e outros 20 e tantos milhões de tablets (sem falar em computadores pessoais), 32% dos consumidores leem mais de um livro ao mesmo tempo, outros 6% estão acostumados a ler em meios de transporte... É um terreno e tanto para o digital e, mesmo assim, talvez ninguém discorde de que já poderíamos ter crescido mais nessa seara.
E então nos ocorre uma pergunta básica: tem alguém ensinando os leitores a usar tudo isso? Tem alguém dizendo para as pessoas que, além do jogo X ou do aplicativo de paquera Y, é possível instalar no celular um app (grátis!) que permite a leitura? Muita, mas muita gente que conhecemos – gente acostumada a ler, bem informada, que faz compras online e já tem tablet e smartphone – ainda fica com cara de nuvem quando falamos em livros digitais. E a questão nem passa pela conversa boboca do “ah, mas gosto do cheiro de livro”. É desconhecimento mesmo. Há quem pense que, para aproveitar esse meio de leitura, precisa de um Kindle ou “daquele aparelho que vende na Cultura” (a gente sempre fala: “o nome é Kobo!”). Pior: existe, e aos montes, quem já viu um PDF malfeito e acha que “putz, a leitura digital é muito desconfortável”.
Estamos falando, aqui, do básico. De educar o público. De atitudes que promovam o digital, que se proponham a apresentar os leitores ao formato, pegar os caras pela mão e mostrar como é bacana, como pode ser prático.
Somos uma editora pequena e 100% digital que ainda está no início do que esperamos ser uma longa jornada. Assim como nós, existem outras empresas do tipo, e é uma alegria sincera saber que surgiu mais uma, e mais uma, e mais uma. Será que não vale nos unirmos – editoras digitais e departamentos digitais das editoras de papel – para promover essas atitudes? Todos juntos somos fortes, como já ensinava aquela música do Chico Buarque há quase 40 anos.
Três ideias rápidas:
·      Uma campanha conjunta das editoras, no Facebook, estimulando a leitura digital. Cada uma faz uns dois ou três memes de incentivo, usa sua própria base de curtidores e replica os posts das outras. (Fizemos uma experiência no ano passado, com memes divertidos que terminavam dizendo “Acredite nos livros digitais”).
·      Promover mais encontros “autor-leitor” para apresentar o digital ao público. Nada de palestras chatas sobre o tema, claro. Mas nossos autores não podem ser nossos melhores porta-vozes se chegarem a um bate-papo e lerem um trecho do livro no celular, no tablet, no e-reader? Que nos perdoem as lojas, mas não basta deixar Kindles e Kobos à disposição dos leitores sem que alguém mostre como podem ser bacanas para a leitura.
·      Por fim: você, que tem uma editora física – mas é esperto e antenado o suficiente para saber que não, o digital não vai acabar com o papel e um meio pode conviver muito pacificamente com o outro, pois há mercado e produtos para ambos –, que tal pensar em, a cada mês, fazer uma promoção com um ou dois títulos na linha “compre um e leve dois”? Compra o físico, ganha o digital. Que seja válida por apenas uns poucos dias. Não pode beneficiar a todos, a começar pelo leitor?


[Nota do editor: nesta coluna, Gabriela Erbetta cedeu espaço para a sua sócia na Editora Alpendre Gabriela Aguerre que assinam conjuntamente este artigo]

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Lançamento de obras de Max Franco, na Saraiva do Iguatemi (29.10)


Lançamento 
"Storytelling e suas Aplicações no Mundo dos Negócios" e
"Palavras Amargas", de Max Franco
Data: 29 de outubro, às 19h
Local: Saraiva MegaStore - Iguatemi
Sobre Palavras Amargas
Em Palavras Amargas, Max brinca com o gênero conto, como uma criança com um aparelho eletrônico novo, ele experimenta os muitos tipos: o conto regionalista, o moderno, o parafrásico, o psicológico, o policial ... e vai mais além, inova a narrativa, ousa e encanta.
Sobre o Autor:
Formado em Letras, é professor de Língua Portuguesa, Língua Italiana, Literatura e Redação, além de Guia de Turismo. Atualmente, atua como Coordenador de viagens pedagógicas do Grupo ATMO Educacional – Campinas e do Colégio Santa Cecília – Fortaleza. Professor convidado do IBFE – Instituto Brasileiro de Formação de Educadores. Consultor de turismo. Consultor Sênior da AYR Consulting Worldwide.
Tem cinco livros publicados:
·           Na corda bamba (2007): romance voltado para o público infanto-juvenil.
·           O confessor (2008): romance adulto;
·           No fio da navalha (2009): romance voltado para o público infanto-juvenil.
·        Palavras aladas (2010): crônicas. Ganhador do Prêmio Literário da Secult-CE na categoria Crônica em 2010.

·           Palavras amargas (2012): Ganhador do Edital de Incentivo às Artes da SME Fortaleza, categoria Contos em 2012.

Mais Informações:
livraria.fdr.com.br

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Para sua Lista de Paradidáticos: "Crônicas Absurdas de Segunda", de Raymundo Netto


Crônicas Absurdas de Segunda
de Raymundo Netto

A obra, ganhadora do Edital de Incentivo às Artes da Secult, com ilustrações de Valber Benevides, e publicada pelas Edições Demócrito Rocha (EDR), traz uma seleção de crônicas do autor publicadas entre 2007 e 2010 no caderno Vida & Arte do jornal O POVO. Nelas, o cronista caminha pela cidade e a reconhece por meio da voz de seus escritores, na maioria cronistas, como: José de Alencar, Rachel de Queiroz, Airton Monte, Nilto Maciel, Mário Gomes, José Alcides Pinto, Ana Miranda, Pedro Salgueiro, Francisco Carvalho, Narcélio Limaverde, Nirez, Oswald Barroso, Demócrito Rocha, Ramos Cotoco, Jorge Pieiro, Sânzio de Azevedo, Estrigas, Nice, Antônio Sales, Quintino Cunha, Audifax Rios, Ciro Colares e mais uma seleção de personagens inesquecíveis e imprescindíveis de Fortaleza.
É a única obra em que além do leitor/aluno ter a oportunidade de esmiuçar o gênero crônica, ainda poderá conhecer autores e artistas cearenses (alguns vivos outros mortos), saber mais de sua biografia e obra, além de passear pela cidade de Fortaleza, suas belezas e seus problemas.
Leia o que Ana Miranda, Sânzio de Azevedo e Pedro Salgueiro falam sobre a obra por meio dos links:
Coloque o livro em sua lista de paradidáticos e
presenteie seus alunos com essa oportunidade.





sábado, 24 de outubro de 2015

"O Dono do Poder: Ocupação da SecultFOR!", de Raymundo Netto


Qual o significado dos sete dias do movimento de Ocupação da sede da Secretaria de Cultura de Fortaleza? Para alguns, ato arbitrário, drástico, irresponsável. Para outros, a mais legítima apropriação de “todo poder que emana do povo”, ou seja, sem nenhum penduricalho metaeufórico, o povo ocupando o seu devido lugar!
A Constituição brasileira garante e EXIGE a nossa participação, por meio de representantes ou não, na consecução dos objetivos fundamentais da República: (1) construir uma sociedade livre, justa e solidária; (2) garantir o desenvolvimento nacional; (3) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; (4) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Ora, viemos de uma longa trajetória – não gostaria de usar aqui o termo “cultura” – de carneirinhos, de gado que espera a ruminar a hora do abate, de injustos escambos, troca de nossas riquezas por espelhinhos – mesmo assim não nos enxergávamos –, bugigangas e migalhas. Por isso, alguns mais passadistas, ou mesmo aqueles eternos “amigos do rei”, se incomodam por qualquer comportamento reivindicatório, qualquer protesto que suba a mesa, qualquer dedo erguido em riste, qualquer reclamação que se faça em prol do coletivo. Para eles, infelizmente, ainda muitos, apenas o individualismo prospera, numa rede incontável de vantagens pessoais, da falta de vergonha pelo costumeiro beija-mão em temerosas e obscuras transações.
A questão é dinheiro? É aumentar o valor do edital? Sim, é também, dentre muitas outras coisas, entre elas (1) fortalecermos as instituições e definirmos  políticas públicas (como a de editais) que assegurem o direito constitucional à cultura, (2) protegermos e promovermos o patrimônio e a diversidade étnica, artística e cultural; (3) ampliarmos o acesso à produção e fruição da cultura; (4) inserirmos a cultura em modelos sustentáveis de desenvolvimento socioeconômico e (5) estabelecermos um sistema público e participativo de gestão, acompanhamento e avaliação das políticas culturais. E quem nos orienta isso? Deus? Freud? Marx? Não, mas o Plano Nacional de Cultura, um documento que, como dezenas de outros, já passou do tempo de sair do papel para o encantado e dormente mundo real.
A cultura no Ceará sempre foi relegada a últimos planos, vista como luxo, coisa supérflua, mero entretenimento – e os artistas como gente desocupada, louca, preguiçosa –, quando na realidade não podemos pensar em desenvolvimento sem pensar em cultura, pois não há liberdade, dignidade, identidade nem espírito sem o seu reconhecimento, sem a sua promoção.
Em seu artigo 215, a Constituição nos sussurra, enquanto dormimos, que “o Estado garantirá A TODOS o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.”
O Estado pode até cochilar, se perder no sacolejar das pernas da Ivete Sangalo, mas nós, artistas, produtores culturais e cidadãos da sociedade civil, não. Temos que nos esforçar para estarmos juntos, para nos mobilizar seja da forma que for, presencial ou não, em prol da causa da cultura (ainda) praticada e recolhida nos baús cearenses. Essa cultura que é tratada, de forma geral, como obséquio, com todo o desrespeito necessário para sua extinção. Aliás, lamentamos haver alguns que acreditem que “artista bom é artista morto”.  Vivo, não vale um milhão; Morto, glórias e lágrimas em palanques! Repito: direito só é direito quando conquistado. Não precisamos de favor de senhor ninguém. Quem integra as instâncias culturais nos devem todos ouvidos e manga arregaçada. As pastas institucionais são DO POVO. Os partidos que se lixem e que viva e deixe viver a cultura!




terça-feira, 20 de outubro de 2015

Lançamento de "Duas Odes: Quatorze Fragmentos", de Dimas Carvalho (24 de outubro)


Lançamento (informal) Duas Odes: Quatorze Fragmentos
Data: 24 de outubro, a partir das 11h, durante o almoço e enquanto houver gente
Local: Flórida Bar (rua D. Joaquim, ao lado da Livraria Livro Técnico)
Apresentação: Juarez Leitão
Investimento: R$ 20,00
Apoio: Clube do Bode

Sobre a Obra, por Raymundo Netto:
Meu livro de cabeceira de hoje é o recém-publicado, e ainda não lançado, Duas Odes: Quatorze Fragmentos, de Dimas Carvalho.
O autor, que tem uma longa (começou cedo) e exitosa trajetória, é professor de Teoria Literária na Universidade do Vale do Acaraú, que aliás é seu torrão natal, e autor de diversas obras, 14 ao todo, entre poesia, conto, novela, literatura infantil e crítica literária.
Bastante conhecido no meio, foi contemplado diversas vezes com prêmios no estado do Ceará e no Recife.
Em Duas Odes... a poesia nos chega sofisticada, densa, extensa e profunda, por muitas vezes melancólica e clássica, com a “tristeza de uma lua minguante”. Não por acaso. Acompanhando o poeta, alguns nomes em epígrafes ou em versos nos indicam a qualidade de sua leitura e influências: Ovídio, Holderlin, Heine, Camões (sempre), T.S. Eliot, Rilke, Pessoa, entre outros.
Lendo o livro, é impossível também não perceber do autor a sua clara intenção em abrir os pórticos do Olimpo e nos transportar ao berço das primeiras manifestações poéticas da cultura ocidental: a antiguidade greco-romana.
“Paraíso a que chego percorrendo
Tua divina estrada radiosa
E em que resido (quando escrevendo)

Coroado de louros e de rosas”

Em cantos, quase se não em hinos, ponteados de muito subjetivismo, o poeta se apresenta a tanger uma lira sonora e harmoniosa em sela de corcel alado. Desposa ninfas, puxa orelhas de sátiros, copula com Atena e com a poesia, a bebericar néctares nos cabarés de Hades com Ulisses, a dar ossinhos de frangos a Cérbero ou a incorporar o profeta cego de Tebas:
 “O olho que não vê, vê mais distante
Do que o olho que vê só o visível
Eu, que fui amado e fui amante,
Sei que a vida é a seara do impossível

O preço de enxergar mais adiante
É navegar nas brumas do impossível”

Assim, como “água salobra do poço cinzento da minha infância perdida”, ou “ao sorriso da pedra que dorme e sonha o seu sonho eterno e sem imagens”, o autor revela um estado de alma em angústia, desencanto e agonia, afirmando que sempre buscou a sombra, “porque enxerga melhor no escuro”:
“Os deuses são cruéis, a vida é breve
E vai caindo sobre mim a neve
Dos tempos que passaram preteridos

Ouço sinos distantes, que, batendo,
Vão narrando o que foi acontecendo
Na trilha dos meus passos esquecidos.”

Num exercício exitoso de construções e estéticas variadas, põe na mesa de papel imagens e personagens mitológicas – ele, excelente contista que é, sabe o valor desse fantástico arsenal, ainda tão atual – num tabuleiro rico de cores, soluços, gemidos, iniciais alegóricas e também de exaltação, sempre mais nas estrelas, no mar e nas nuvens do que no chão terreno e rude, a sonhar com “a mulher distante vestida de vento”
Camões, seu ídolo de tantas falas, a clamar: “As armas e os Barões assinalados/ que da Ocidental praia Lusitana/ Por mares nunca de antes navegados/Passaram ainda além da Taprobana”, recebe do bardo da Acaraú grega o eco: “Submerso em mim mesmo, atravessei/Oceanos, desertos, tempestades/Vi impérios ruírem, fins de tarde/E outras melancolias que nem sei...
Poeta, apesar de acreditar que “viver é coisa de pardais extintos”, desejo longa vida a sua Duas Odes: Quatorze Fragmentos. Que não seja mais “uma âncora profunda esquecida nos mares gelados do Norte”.

Ave, Dimas!

Curso Literatura Infantil: o livro, o mercado e o escritor, com Tino Freitas (27, 28 e 29 de outubro)


Clique na imagem para ampliar!

Ministrante: Tino Freitas
Investimento: R$ 350,00 (ou em até 2 vezes em cheque ou cartão)
Informações: tinofreitas@gmail.com

Sobre Tino Freitas:

Jornalista, músico, produtor cultural, escritor de livros infantis, é  também mediador de leitura do projeto Roedores de Livros que, desde 2006, desperta o prazer em ler junto a crianças no entorno de Brasília- DF. Natural de Fortaleza- CE, em 1999 armou sua rede nas asas da capital federal e entre um balanço e outro foi descobrindo e apaixonando-se por trabalhar com crianças. Possui três livros publicados: Brasília de A a Z, com ilustrações de Kleber Sales, Controle remoto e Cadê o juízo do menino?, ambos com ilustrações de Mariana Massarani, este último selecionado como um dos 30 Melhores Livros Infantis do Ano pela revista Crescer em 2010. Em suas apresentações públicas em escolas, feiras do livro, praças, shoppings centers e teatros, Tino se cerca de livros, músicas próprias, contos populares e brinquedos cantados encantando crianças e adultos num grande encontro com a fantasia.


Seminário Entre Livros e Leitores - 21 e 22 de outubro, no Espaço O POVO de Cultura & Arte



O seminário Entre Livros e Leitores, estratégia do Espaço O POVO de Cultura & Arte, com a temática "As Novas Formas de Ler", com inscrições GRATUITAS e vagas LIMITADAS, acontecerá nos dias 21 e 22 de outubro, a partir das 17h. Estão todos convidados. Inscreva-se já!

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

"Ocupação da SecultFOR, a saga continua!", por Raymundo Netto



Domingo, dia 18 de outubro, às 17h, deu-se o início da Assembleia Extraordinária convocada pelos meios mais alternativos e democráticos possíveis para que os segmentos artísticos e culturais, ora representados, dessem a devida resposta à não-proposta recebida da encastelada prefeitura de Fortaleza, cujo fosso piranhoso é banhado pelo sufocado riacho Pajeú.
A Prefeitura em sua não-proposta nos assegura que nada pode fazer a respeito de aumentar o valor superestimado do seu Edital de um milhão de reais, que deverá ser distribuído para fomentar 13 (treze) linguagens artísticas, após três anos de seca e de aridez de ações e de abundantes promessas. Mas, em toda sua benevolência, garantiria que se todos os manifestantes se retirassem da ocupação do prédio da SecultFOR, ele, prefeito, daria entrada em processo junto à Câmara de Vereadores com o objetivo de que o tal Edital de Artes se reverta em lei, havendo então a possibilidade de esticar um pouquinho a baladeira numa próxima vez, provavelmente mais próxima de sua frágil candidatura à reeleição. Ora essa, se até o Cid Gomes, seu padrinho, padroeiro e incubador, afirmou a respeito da cria que “não se viabilizará [a reeleição] se não intensificar as ações em Fortaleza”... Entretanto, o jovem aquarista, tinha que dar o mau conselho, orientando que RC consolide alianças com vários partidos, até os de menor expressão, para tentar chegar à reeleição. Errou, Cid. O voto vem do povo. Não se deve administrar para partidos, não se deve buscar acordões, conchavos, coletar moeda podre em recursos de campanha, mas o gestor público deve trabalhar para o povo, em prol do povo, da qualidade de vida do povo, da construção de uma sociedade mais justa, mais livre, menos desigual, mais humana.
Roberto Cláudio diz não ter um centavo a mais para investir em cultura, mas é sobejante o investimento em publicidade, enchendo a nossa cabeça com aquela grudenta musiquinha que diz que quando o trabalho é pra valer, todo mundo gosta, todo mundo vê. Pois o que todo mundo vê hoje é um grande e imenso nada. E essa recusa não se dirige apenas aos artistas e produtores culturais locais, mas a todo cidadão consciente que se vê privado de seu direito fundamental à cultura.
Os representantes da categoria artística alojados pacífica e temporariamente na SecultFOR mantém um comportamento digno de cidadãos que são, mas diante da truculência comum à nossa boçal tradição executiva, legislativa e judiciária, temem a reação abusiva da milícia colonial, vulgo “polícia”, ao que devemos estar atentos: NÃO ADMITIMOS REPRESSÃO!
Ontem, meus amigos, após três horas de discussão e de encaminhamento de propostas da assembleia lotada e diante de mais de 1.100 assinaturas de cidadãos fortalezenses artistas ou não favoráveis ao movimento, ainda é desestimulador saber pela coluna de Eliomar de Lima, em O POVO, que esse mesmo prefeito que nos nega em silêncio o que é de nosso direito, alegremente anuncia um festejado réveillon em 2015 com a presença de Luan Santana (entre os 10 Top Shows mais caros do Brasil) e do Zé Ramalho. Sem esquecer que os 15 minutos de queimação de fogos na praia de Iracema (custa cerca de 1 milhão de reais) dava para tirar muitos meninos e meninas das ruas, colocando-os, quem sabe, para brilhar num palco de dignidade.
Assim não dá para defender você, SecultFOR... Melhora!

domingo, 18 de outubro de 2015

"Ocupação SecultFOR: solidariedade!", por Raymundo Netto


Quando a mesa cresce, a cultura desaparece”, já dizia há tempos Augusto Pontes.
A mesa continua a crescer nos bastidores políticos, onde toda manipulação é bem-vinda ao preço do poder, da falsa democracia, da falta de bem querer ao povo que se diz representar.
A cultura, em 1988, com a “Constituição Cidadã”, e me refiro a ela apenas enquanto marco legal, pois que isso deveria ser uma verdade atávica, nos foi assegurada como direito fundamental. Desde então, seria de se esperar uma maior motivação para a construção de políticas públicas para a cultura por meio do Estado com ampla participação da sociedade civil, incluindo, naturalmente, os artistas das diversas expressões culturais e todos aqueles segmentos direta ou indiretamente envolvidos.
É vulgar o discurso de que no Ceará não se tem cultura. Esse discurso é mais do que falso e devemos tomar cuidado com ele, ou melhor, erradicá-lo! O Ceará tem sim cultura, ainda, mas nos faltam plateia, por diversos motivos, e essas políticas públicas que incluam a formação (inclusive dessa plateia), o fomento, a difusão e a fruição de seus bens e serviços.
Recursos nunca se tem. Motivos tem-se demais. Qualquer motivo é motivo para não se investir em cultura. Hoje, é a crise, não apenas a econômica, mas a moral, da falta de ética, do partidarismo selvagem, da gula do poder. Ademais, os políticos, curiosamente sempre depois de eleitos, consideram cultura um luxo, coisa supérflua.
Já em entretenimento, pães e circos (que me desculpem aqui os grandes artistas circenses), principalmente no que se refere às “atrações” do mundo, tipo axé-music, bandas de forró de plástico, bandas de rock ou estrelas ditas nacionais, entre outros, as secretarias de turismo encontram bons recursos, aliás, recursos generosos. E qual a justificativa desses infelizes? “É o que o povo gosta. É o que reúne gente (leia-se “eleitores”!”)
O tenor espanhol Plácido Domingo, em única apresentação – com dispensa de licitação – para um grupo fechado (quase particular) de amigos do rei (apenas 3 mil convidados), dentre eles, Roberto Cláudio, o prefeito de Fortaleza, recebeu um cachê que correspondeu à quase totalidade do valor destinado a todas as linguagens artísticas no edital da SecultFOR em 2011, último do gênero até hoje, ou seja: três milhões e trezentos mil reais do bolso do contribuinte. Nessas horas não se fala em crise nem em déficit de recursos. O governador o quer e pronto: jurídico, planejamento, financeiro, todos trabalham para que aconteça e deixem o gestor em extrema feliCIDade. O que deve ter acontecido também quando o gestor assistiu ao Nemo e, num instante epifânico, desejou transformar a praia de Iracema num berço caríssimo de peixes-palhaços, como deve entender o nosso povo.
No ano passado, jornais do Brasil, incluindo a Folha de S. Paulo, anunciavam que Fortaleza teve os shows mais caros do país em seu reveillón, no valor de cerca de DOIS MILHÕES de reais, em apenas nove apresentações, dentre elas: Gusttavo Lima (600 mil), Paula Fernandes (484 mil) e Paralamas do Sucesso (460 mil).
Agora, em 2015, após todos esses anos sem nenhuma grande contribuição à cultura, a SecultFOR apresenta uma proposta de edital – que eu, particularmente, e muitos artistas, acreditam ser um importante instrumento de fomento e custeio à produção cultural – no valor pífio de UM MILHÃO de reais, pensando ela contemplar todas as linguagens artísticas, o que gerou uma revolta generalizada da classe artística do estado, fruto de um desleixo crônico, uma barriga vazia de anos e anos de espera.
Essa revolta se transformou na maior e talvez a mais relevante, certamente a mais legítima, programação artística que a SecultFOR já proporcionou nessa gestão, e de graça, sem gastar um tostãozinho, por meio dos manifestantes e com amplo apoio popular: A Ocupação da SecultFOR.
Não há negociação, não há prefeito, não há diálogo, não há coisa nenhuma nessa nossa oligárquica terra de coronéis, e certamente, a população vitimada pela falta da educação, por um sistema de saúde indigno e pelo excesso de violência ainda continuarão a não entender como a cultura pode contribuir para a construção de um mundo melhor. Entendendo nós que o Poder Público, mais arrogante do que soberano, vai usar da ferramenta da não-cultura para manter esse povo na sua mais absoluta e eterna escuridão. Já dizia Nelson Werneck Sodré, em sua A luta pela cultura: “Uma cultura só pode afirmar suas bases nacionais quando livre, e só é livre quando cada um não conhecer restrições ou ameaça ao seu modo de pensar e ao direito de expressá-lo, de realizá-lo artisticamente. Cultura natural e democracia, assim, são problemas conjugados. E há imensas tarefas à nossa frente, como, só para citar uma, a da integração de enormes parcelas da população na vida nacional, de que estão distanciadas enquanto mantidas na miséria e na ignorância, sua consequência inevitável.”
Assim, prefeito Roberto Cláudio, converse com o seu povo, melhore o discurso e colabore na construção da democracia e plante a árvore (sei que não gosta muito delas, mas...) frutífera da cultura, elemento básico e indispensável na manutenção da nossa identidade, da nossa memória, da nossa dignidade. E, secretário Magela Lima, tão exigente e combativo à favor da cultura em seus tempos de redação, por gentileza, assenhore-se desse espírito, represente o seu papel de gestor PÚBLICO, e lute por essa conquista. Nós, povo de Fortaleza, agradecemos, mas, antes, EXIGIMOS. #solidariedadeocupaçãosecultFOR!.



terça-feira, 13 de outubro de 2015

"As Duras Penas", de Audifax Rios

Publicado originalmente em 23 de janeiro de 2015

Nunca pensei que o sumiço de uma caneta causasse tão grande vexame, mexesse com tanta gente, gerasse desconfiança, provocasse conclusões precipitadas, motivasse tristeza e trouxesse a velha alegria de volta. Depois do episódio maligno, tudo divino no quartel de Quirino. Deu-se que o cabrito Erle, ao arriscar um ponto na rifa do sacristão, esqueceu a esferográfica Parker a qual dormiu em palácio sob a guarda do camelô da liturgia. E o dono de tal preciosidade passou a noite inteira em claro a contar bodinhos.
Tal peça fazia parte de um estojo ocupado ainda por uma caneta-tinteiro com bomba de borracha e uma lapiseira. Tudo da marca Parker 51, o que havia de melhor e mais luxuoso no mercado. Depois é que veio a série 61 e a grife predominou até a chegada da Mont Blanc. Abaixo delas, Sheaffer e Compactor, que, diga-se, não faziam vergonha.
No meu tempo de ginásio dois objetos da moda nivelavam a posição econômica e social: relógios e canetas. Os relógios caros ostentavam as marcas Mido, Cartier, Rolex, Omega, Pateck-Philliphe. Intermediários: Technos, Mondaine, Classic. E na rabada da fila classificatória, o mais peba de todos: Roscoff, sinônimo de ilegitimidade. Já dizia o Zé Lisboa, disk-jockey da Rádio Iracema, “relógio que atrasa, não adianta, é Roscoff”. Maldavam até ser fabricado no Juazeiro do meu Padim. E ainda haviam os japoneses Seiko e Orient invadindo um mercado nitidamente suíço. Tinham mostrador digital à prova d’água e de choque e aportaram quando do naufrágio de um navio que encharcou o mercado.
Pois bem, com as canetas acontecia o mesmo. As últimas da lista de valor traziam as marcas Skater, Cross e Rotary. Antes do advento das canetas-tinteiro eram comuns as penas de aço que se mergulhavam nos frascos (azul lavável, permanente, azul-preto, preto e ainda vermelho e verde) da conhecida marca Quink ou, uma mais ordinária, Jacaré. Eram usadas nas repartições públicas, escolas, redações de jornais, escritórios de contabilidade, gabinetes de advogados ou pedantes intelectuais. Sim, e também pelos maestros das filarmônicas nas feituras de partituras, verdadeiras obras de arte. Naquele tempo praticava-se a caligrafia vertical, não mais com cálamos de bambu ou penas de pato, uma mão na roda. O talhe entre o bico e o orifício onde ficava a tinta, quando flexionado dava a real largura das hastes das letras e das notas musicais. Caracteres capitulares e monogramas; sustenidos e bemóis, claves e colcheias.
No cartório do meu pai havia um tinteiro de chumbo, presente do padre-poeta Antonio Thomaz ao tabelião. Tinha o formato de um pássaro pousado sobre um folha onde se escondia o depósito de tinta. A curvatura da folha era o espaço para o repouso da pena de cabo trabalhado com fitilhos coloridos bordando gregas e as iniciais ASR de Antonio Sales Rios, artesanato de presidiário. Achava que tais valores engrandeciam a caligrafia rebuscada do notário assentada nos imensos livros de registros e, por extensão, as filigranadas letras dos escreventes Antonio Enéas, Batista Lafayette, José Abranches e o mano Dion.
Minha primeira caneta-tinteiro foi uma Skater marron com listras em laranja, imitação de um modelo popular da Parker. Em Sobral, mandei gravar meu complicado nome sobre seu corpo, o que, pra variar, saiu errado. Era o ano de 1958 e cursávamos a primeira série ginasial. E entre os colegas havia um aluno muito habilidoso que ganhava um dinheirinho consertando canetas quebradas, enguiçadas, entupidas. Estênio Lima ou Chicão do Guterres, o nome desse um. Dos mais velhos da turma, o bamba em álgebra, hipocondríaco de constante lenço no pescoço e caixeiro da loja de tecidos do tio Mozart Cavalcante. Onde demorava um tempão para fechar, na escuridão, as seis portas de madeira, cada qual com inúmeras trancas, taramelas e cunhas. Além de vedar com molambos a brecha do chão para evitar um possível incêndio provocado por alguma bagana de cigarro perdida. Ah, sim, o Chicão era agnóstico, muito raro naqueles tempos de fervorosa religiosidade.
Minha irmã primogênita e professora de desenho e trabalhos manuais esnobava com duas canetas folheadas a ouro, adquiridas por uma bagatela junto a uma amiga viúva, Dona Abigail. Objetos testemunhas maiores de seu casamento com o abastado proprietário José Leopércio. Acredito que tais canetas só hajam escrito, em toda a vida, os nomes dos dois pombinhos nos registros paroquiais e cartoriais do matrimônio de conveniência, os nubentes em vias de cair as penas descoloridas.
E para acabar com a farra da garatuja chegou a devastadora esferográfica Bic escrita fina com esfera de tungstênio, arrastando concorrentes similares sem medo de perder espaço. Vieram para ficar. Perdia-se a própria ou levava-se a do outro sem prejuízo para ambos. A coisa mais prática que inventaram depois da calça jeans, a camiseta de malha e a sandália japonesa. Leve, barata, durável, descartável. Como deviam ser as fantasias que deitavam no papel ou no papiro. Desde que Campollion descobriu a pedra de Roseta.

domingo, 4 de outubro de 2015

"Eu também vou reclamar: Gol contra de Neymar!"


As pessoas de forma geral acreditam que as grandes cifras (e bote grandes nisso) apontadas dia a dia nas manchetes jornalescas da corrupção são as culpadas pelo crescente empobrecimento da caixinha do governo, e por tabela, do nosso país, atingindo em cheio a população mais carente de recursos, que abriga aqueles que mais precisam dos serviços proporcionados, quando o são, pelo Estado. Não há dúvida de que ela, a corrupção e a sua parente coxinha, a impunidade (uma forte característica de nosso ainda colonial Brasil), contribuem para pintar esse cenário de (des)desenvolvimento.
Mas o que muita gente ainda não sabe é que muito mais NOS escapa pelo ralo em forma de SONEGAÇÃO, que não é outra coisa senão CORRUPÇÃO, mas uma corrupção que alguns, até próximos de nós, disfarçam que não é, e outros tantos até a justificam e, mais, há ainda aqueles que admiram o sonegador e o reverenciam como pessoas inteligentes, “espertas” e bem-sucedidas.
Há até aqueles que se acham certinhos, pessoas “ficha-limpa” em consciência, mas não disfarçam na hora de comprar produtos roubados, sem nota fiscal, pela vantagem da compra, além daquelas que compram CDs e DVDs piratas, fingindo não saber que estão prejudicando todos aqueles profissionais de diversos segmentos da área cultural e ainda ALIMENTANDO os narcotraficantes, negócio que encontra na venda “inocente” dessa pirataria a sustentação do seu outro negócio, o de destruir vidas.
Agora nós vemos o jogador Neymar, ainda jovem, adorado por muitos, idolatrados por mais uns poucos, geralmente denominado de “herói” pela mídia estúpida do país, carinha carimbada em comerciais de TV, sendo acusado de sonegação, além de outras negociatas por meio de suas empresas particulares, tendo sido bloqueado judicialmente R$ 189 milhões de sua continha.
Esse dinheiro sonegado que garante uma boa vida para ele, sob ricos holofotes do sucesso, asseguram o destino inverso, desigual, injusto e cativo para um grupo IMENSO de crianças e jovens que o admiram, sem saber que por existir muitas pessoas, sonegadores como ele, além de outros corruptos de plantão, não têm direito assegurado à educação, saúde, segurança, justiça... Gol contra, Neymar!
Algumas das grandes fortunas do país realizam verdadeiras acrobacias em suas declarações de IR para reduzirem os valores recolhidos para o Estado e, mesmo cientes do peso da carga tributária brasileira, não podemos aceitar que isso aconteça, pois quando alguém deixa de pagar a sua parte, outros terão que fazê-lo. E se ninguém o fizer, nossos serviços públicos ficarão cada vez mais sucateados e ineficientes, não apenas pela falta de recolhimento, mas pela associação com outras grandes crises, de ética, da moral  e da gestão pública.
Pense nisso e faça a sua parte, repense aqueles amigos que o presenteiam com lembrancinhas de calçada de churrascaria ou que lhe indicam aquele profissional que pode lhe vender recibos para a sua declaração de Imposto de Renda. Lembre-se: não existe corrupção pequena!


sábado, 3 de outubro de 2015

"Alô, Alô, Marciano!", crônica de despedida de Raymundo Netto para O POVO


Foto: Kiko Silva

Alô, alô, Marciano Lopes, aqui quem fala é da Terra. Sou o Raymundo, aquele que quando o encontrava nas ruas do Centro ou no Bar do Pedim parava para compartilhar as dores comuns à desmemória coletiva desta cidade, talvez a sua amante mais fervorosa e completamente infiel.
Você, com sua voz arranhada de vitrola, não era dado a simpatias, avaro em sorrisos e gestos. Gostava de se dizer jornalista, entretanto, mal contava das histórias sobre os feitos do passado – e tinha muitos nas diversas folhas cearenses –, a não ser quando sob pressão e generosa paciência.
Quando lancei meu primeiro livro, em 2005, era seu leitor. Adorava as suas crônicas de menino, aquelas “scenas d’antanho tiradas do baú”, assistindo aos espetáculos das vitrines das lojas chiques, dizendo dos costumes, da beleza dos cinemas, das fotografias amarelecidas e dos reclames. Não sei se ainda lembra, mas fui ao seu antiquário, disse exatamente isso enquanto me apresentava, indiferente ao meu entusiasmo, a diversas peças raras de mobiliário. Entretanto, ao saber que estava ali para convidá-lo para um lançamento de livro, perdeu a inspiração e foi categórico: “Não vou a lançamentos. Livros, tenho os meus. Não dá dinheiro. Maior bobagem escrever livros.”
Eu, que tinha adquirido alguns outros títulos da ABC – editora do admirável ipuense Maurício Xerez –, aproveitei e perguntei se ainda tinha algum exemplar do Royal Briar. Respondeu-me “Não, acabou-se tudo!” Quando, repentino, alargou a vista sempre espremida: “Você não quer publicar meu livro também, não?”
Passaram-se os anos, amigo Marciano, e eu continuei a encontrá-lo ao acaso. Num desses encontros, em meio a belas manecas, me transmitiu um ensinamento: “Não importa apenas que falem sobre a história da cidade, essa história tem que ser verdadeira, pois daqui a alguns anos, quando pesquisarem nos jornais, acreditarão que aquele monte de asneiras é verdade!” Assim, você, que nem gostava muito de aparecer em fotos ou em TV, nem de agradar a ninguém, recebeu meu convite para participar de uma mesa de cronistas da cidade que criei para a Bienal do Livro, em pleno aniversário de Fortaleza.  Porém, negou-se. “Ia não. Fazer o quê lá?” Também se negaram Airton Monte, Christiano Câmara e Nirez. Aceitaram: Narcélio Limaverde, Zenilo Almada e o Ary Bezerra Leite.
Mesmo diante dos descasos para com este amigo, e deixando para lá umas piadinhas ácidas que eram bem de seu feitio, estimulei Albanisa Dummar, editora, a apresentar o seu Royal Briar em concurso de publicação, no qual, para nossa alegria, talvez mais minha do que sua, ele foi contemplado, sendo logo editado e distribuído pelo Armazém da Cultura, assegurando, ainda hoje, mais agora com a sua distância, que os leitores também amantes da “lourinha” possam encontrá-la pintada pelos seus olhos. Eu, final e merecidamente, confesse, após tantos anos, ganhei a edição original (1988) de seu Royal Briar, além da nova (2012) e belíssima edição do Armazém.
Hoje, quando soube de mais essa desfeita, essa partida silenciosa em plena noite dourada, lembrei-me, com amargo gostinho de “nunca mais”, daquelas piadinhas infames, da pergunta nunca respondida sobre a radionovela da Assunção, dos seus rastros que trago na estante. 
Pois é, Marciano, “a crise tá virando zona: cada vez mais down o high society!”