segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Ata do Concurso de Redação Enem: chego junto, chego a 1.000!, da Fundação Demócrito Rocha e Seduc/CE


Ata de Análise e Seleção Etapa Estadual
Concurso Redação Enem: chego Junto; chego a 1.000
- Fundação Demócrito Rocha e
Secretaria da Educação do Estado do Ceará -

Aos 14 dias de outubro de 2017, às 20h, na sede da Fundação Demócrito Rocha, a Comissão de Análise e Seleção do Concurso Redação Enem: chego Junto; chego a 1.000, composta por 3 (três) profissionais especialistas, conforme exigido em 5.5 do Regulamento do Concurso Redação Enem: chego junto, chego a 1.000!, reuniu-se para determinar, após a leitura individual das 23 (vinte e três) redações vencedoras da Etapa Regional, as três vencedoras da Etapa Estadual.

Na Comissão:
·         Francisco Vicente de Paula Júnior – presidente da Comissão –, doutor em Língua Portuguesa pela Universidade Federal da Paraíba, mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Ceará e especialista em Educação pela Universidade Estadual do Ceará. Professor universitário, de cursos preparatórios ao Enem, criador do site Redaself e assessor pedagógico do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (UnB).
·             Márcio Rogério Carvalho Silva, graduado com licenciatura em Letras pela Universidade Estadual do Ceará e especialidade em Gestão Escolar pela Faculdade da Aldeia de Carapicuíba. Professor de Redação e de Laboratório de Redação e integrante do projeto Academia Enem.
·        Marcos Melo, professor de Redação e Língua Portuguesa há 18 anos. Responsável pelo Laboratório de Redação do Colégio Luciano Feijão, em Sobral, Ceará. Corretor de Redação nos vestibulares realizados na região norte do estado do Ceará, além de elaborador de propostas de Redação e corretor de monografias acadêmicas.

O tema “Ciberativismo: a luta popular na internet” foi o sorteado, como exigido em 3.5, pela equipe da Seduc, entre os 5 (cinco) propostos em 4.1 do Regulamento, publicados em formato de inforreportagem no jornal O POVO e disponibilizados no Portal Aluno OnLine da Seduc.
As redações inseridas no Portal Aluno Online que versavam sobre os demais temas indicados em Regulamento, porém não sorteados, como “Idosos no Brasil”, “Igualdade de Gênero”, “Lixo no Brasil” e “Sistema Penitenciário Brasileiro”, tiveram suas redações corrigidas, por intermédio do sistema, entretanto, não participaram das etapas que culminaram no resultado ora apresentado.
A Comissão recebeu da coordenação do Concurso as 23 (vinte e três) redações indicadas como ganhadoras da Etapa Regional, que, por sua vez, são resultados de seleção anterior da Etapa Escola, na qual foram selecionadas, entre todas as participantes, 336 (trezentos e trinta e seis redações), sendo estas as consideradas vencedoras desta primeira etapa (relação nos enviada pela Seduc).

São os(as) autores(as) vencedores(as) da Etapa Regional:
Crede 1: José William Barros Monteiro Filho (EEEP Professora Alda Façanha)
Crede 2: Mikaele Pereira de Sousa (EEFM Anastácio Alves Braga)
Crede 3: Luiz Rodrigues de Oliveira Neto (EEM Liceu de Itarema Valdo de Vasconcelos Rios)
Crede 4: Wesley da Silva Lima (EEEP Monsenhor Expedito da Silveira de Sousa)
Crede 5: Maria dos Prazeres Gomes Mesquita (EEM Maria Marina Soares)
Crede 6: Francisco Roney Sousa Paiva (EEEP Francisca Maura Martins)
Crede 7: Luiz Jean de Paiva Arcêncio (EEM Júlia Catunda)
Crede 8: Bruno de Melo do Nascimento (EEM Maria Amélia Perdigão Sampaio)
Crede 9: Luana Bernardo Bezerra da Silva (EEEP José Maria Falcão)
Crede 10: Ingrid Barbosa Lima (EEM João Barbosa Lima)
Crede 11: Sara Holanda Bezerra Desidério (EEM Deputado Joaquim de Figueiredo Correia)
Crede 12: Caio Oliveira Cavalcante (EEEP Dr. José Alves da Silveira)
Crede 13: Maria Iane Ferreira Lima (EEEP Maria Altair Américo Saboia)          
Crede 14: Felipe Alencar Barros (EEEP Prof. José Augusto Torres)
Crede 15: Francisco Alex Oliveira Paulo (EEEP Monsenhor Odorico de Andrade)
Crede 16: Eveline Soares de Araújo (EEEP Alfredo Nunes de Melo)
Crede 17: César Augusto Moura de Carvalho (EEEP Deputado José Valfrido Monteiro)
Crede 18: Fhelype Norões de Sousa (EEEP Governador Virgílio Távora)
Crede 19: Maria Luiza França de Souza (EEFM São Pedro)
Crede 20: Meirislany Thalya dos Santos Neves (EEEP Irmã Ana Zélia da Fonseca)
Sefor 1: Débora Soares Pompeu (Colégio da Polícia Militar do Ceará – Gen. Edgard Facó)
Sefor 2: Eduardo Amorim de Moura (EEEP Maria José Medeiros)
Sefor 3: Islânya Souza Gomes (Liceu Estadual Professor Domingos Brasileiro)

Todos os 23 (vinte e três) textos elencados pelas Credes em sua Etapa Regional foram lidos, em separado, pelos 3 (três) integrantes da Comissão, norteados pelos critérios de seleção e avaliação utilizados em todas as etapas, originados nas cinco competências exigidas no julgamento das redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), conforme exigido no item 5 do Regulamento, a saber:
  • a) Domínio da norma padrão da língua portuguesa (0 – 200 pontos);
  • b) Compreensão da proposta de redação (0 – 200 pontos);
  • c) Seleção e organização das informações (0 – 200 pontos);
  • d) Demonstração de conhecimento da língua necessária para argumentação do texto (0 – 200 pontos);
  • e) Elaboração de uma proposta de solução para os problemas abordados, respeitando os valores e considerando as diversidades socioculturais. (0 – 200 pontos).
Em sua leitura individual, cada um dos integrantes da Comissão as analisou e as pontuou, selecionando os seus 3 (três) primeiros classificados.
Juntamente com essa seleção, expuseram comentários de sua análise individual, conforme podemos constatar, a seguir:

Prof. Márcio Rogério (Fortaleza)
1º. Luiz Rodrigues de Oliveira Neto (Crede 3): Nota 1.000;
2º. Meirislany Thalya dos Santos Nevez (Crede 20): Nota 960;
3º. Eduardo Amorim de Moura (Sefor 2): Nota 960.

Prof. Marcos Melo (Sobral)
1º. Sara Holanda Bezerra Desidério (Crede 11): Nota 1.000;
2º. Ingrid Barbosa Lima (Crede 10): Nota 960; 
3º. Francisco Roney Sousa Paiva (Crede 6): Nota 960;

Prof. Vicente Jr. (Presidente da Comissão)
1º. Luiz Rodrigues de Oliveira Neto (Crede 3): Nota 1.000;
2º. Sara Holanda Bezerra Desidério (Crede 11): Nota 960;
3º. Ingrid Barbosa Lima (Crede 10): Nota 960; 

Ao final, a partir da reunião das 3 (três) seleções de cada um dos integrantes, a Comissão teve que decidir entre sete alunos, pois, como percebemos, três deles figuram na seleção de mais de um integrante da Comissão por mais de uma vez, o que assegura a qualidade das redações produzidas e do consenso em relação a ela.
No encontro presencial de fechamento, levando em consideração a pontuação mais alta, a do Luiz (em duas seleções) e a média da Sara (entre as duas classificações), e pelo fato de, na pontuação de 960, a Ingrid ter sido igualmente apontada em duas classificações, a Comissão decidiu e selecionou as, então apontadas, 3 (três) melhores redações, as vencedoras da Etapa Estadual do Concurso de Redação Enem: chego junto, chego a 1.000!, da Fundação Demócrito Rocha e Secretaria da Educação do Estado do Ceará. São elas:

·                Luiz Rodrigues de Oliveira Neto
EEM Liceu de Itarema Valdo de Vasconcelos Rios (CREDE 3) – 
Nota 1.000
·                Sara Holanda Bezerra Desidério
EEM Deputado Joaquim de Figueiredo Correia (CREDE 11) –
Nota 1.000
·                Ingrid Barbosa Lima
Escola de Ensino Médio João Barbosa Lima (CREDE 10) –
Nota 960   

Nada mais tendo a declarar, a Comissão finalizou os trabalhos, colocando-se à disposição para dirimir qualquer dúvida a respeito da referida seleção.

Fortaleza, 14 de outubro de 2017


Prof. Dr. Francisco Vicente de Paula Júnior(UVA/UFPB)
Presidente da Comissão de Análise e Seleção



"Encontro com a Consciência", de Arievaldo Viana, no Bazar das Letras do Sesc (31.10)


Lançamento
Encontro com a Consciência
cordel de Arievaldo Viana
- programação comemorativa dos 50 anos do autor –
Mediação (bate-papo): Rouxinol do Rinaré
Data e Horário: 31 de outubro (terça), a partir das 19h
Local: Projeto Bazar das Letras
(Teatro Sesc Emiliano Queiroz – av. Duque de Caxias,
1701, Centro – Inf: 3452.9090)

PROGRAMAÇÃO GRATUITA

Sobre o autor/ilustrador: Nascido em 1967, no Ceará, o escritor, ilustrador e pesquisador Arievaldo Vianna chega aos 50 anos com a invejável marca de 31 livros publicados, por diversas editoras, e cerca de 150 folhetos de cordel já impressos em sucessivas reedições. Premiado em concursos literários, quatro vezes selecionado pelo MEC, por meio do Programa Nacional da Biblioteca na Escola (PNBE), percorreu todo o Brasil realizando palestras, recitais, oficinas de cordel e xilogravura, dentro do projeto Acorda Cordel na Sala de Aula, por ele criado em 2001.
Arievaldo, um dos maiores nomes brasileiros da literatura de cordel na atualidade, atuou também como consultor e redator de uma série de programas da TV Brasil (“Salto para o futuro”, do canal Futura), sobre o uso do Cordel no ambiente escolar. Teve vários livros selecionados para o catálogo da Feira Internacional do Livro Infanto-Juvenil de Bologna (Itália), e algumas de suas obras conquistaram o selo “Altamente Recomendável” da FNLIJ.


Selo comemorativo dos 50 anos de Arievaldo Viana
(autor: mestre Jô Oliveira)






sábado, 28 de outubro de 2017

"Se essa Rua fosse Minha...", de Raymundo Netto para O POVO


Alguém já lhe disse, ou, certamente, um dia irá lhe dizer: “você não pode deixar seu emprego”, “não pode sair da sua casa, deixar seus filhos”, “não pode amar outra ou aquela pessoa”, “não pode abandonar a sua carreira”, “não pode se vestir assim ou assado ou gostar dessa cor”, “não pode dizer o que quiser”, “não pode ser diferente”, “não pode...é para o seu bem... NÃO PODE!”
E se alguém que não lhe conhece dissesse, ao contrário, que VOCÊ PODE, sim, que tem direito a escolher ser e fazer o que quiser? E se você, de fato, acreditasse nisso: eu posso ser, fazer, dizer, viver como eu quiser? EU POSSO ESCOLHER! Já pensou quão poderoso você seria? “EU POSSO!”.
Entretanto, para chegar lá, terá que imprimir na mente duas certezas. A primeira: toda escolha traz consequência(s). Embora seja livre para escolher, não estará livre das consequências dessas escolhas. O pacote é completo: escolha + consequência(s). No instante do escolher, e isso pode levar segundos a anos – o tempo e a idade pouco importam –, avalie bem o que vem a reboque, pois isso FAZ PARTE da sua escolha. Não sabia disso? Então, provavelmente, escolheu da forma errada e logo cairá em arrependimento, com mágoas, curtindo a angústia de um abandonado, culpando o mundo pelo seu fracasso e sofrimento.
A questão é: você sabe o que quer e até como quer. No mínimo, tem a certeza do que não quer. Não aguenta mais viver do jeito que está, fazer as mesmas coisas, anular-se. Tudo lhe parece sem sentido. Não há emoção, nem paixões. No entanto, cabe a pergunta: está preparado para essa travessia de mudança? Lembre-se de que algumas delas não têm volta. E mesmo quando parece ser possível retornar, na verdade, volta-se a outro lugar, apenas semelhante, um reflexo incômodo e distorcido da realidade pretérita.
Você que está sentado aí, na cômoda cadeira da cozinha, na sala de espera do dentista, naquela hora de escape do trabalho, no conforto da rotina que permite que sufoque – nem sabe o porquê – as suas aspirações mais íntimas e inconfessáveis, teria coragem de se levantar agora, neste momento, e mudar toda a sua vida? Sair da casa dos pais e morar sozinho(a), abrir mão de bens e se mandar para outro país, pedir separação àquela pessoa quase estranha que vive com você, deixar a faculdade ou o emprego tedioso (mas de salário certo), tentar outra profissão – talvez aquela que lhe parece financeiramente inviável, mas que o(a) provoca –, correr atrás daquela(e) mulher/homem que deixou escapar e cuja saudade o(a) tortura...? Você enfrentaria o medo – um de nossos piores inimigos – e os riscos dessa escolha, mesmo sabendo que isso pode transformar radicalmente o seu destino? Que as pessoas ao seu lado, principalmente as mais próximas, sofrerão? Que poucas o(a) compreenderão e continuarão com você? Sim, pois existe uma fôrma, uma espécie de regulamento social tácito a determinar a normalidade, aquilo que lhe faz ser aceitável no mundo. E essa FÔRMA sobrevive porque promete – muitas vezes não cumpre – segurança, conforto, inclusão e a esperança. Aliás, essa é uma de suas primeiras escolhas: ser do jeito que as pessoas querem ou ser do jeito que você gostaria e quer ser.
Daí a segunda certeza é a de que o seu poder não lhe promete ou garante nada, muito menos a felicidade. O caminho escolhido, certamente, será mais difícil e doloroso (mas uma dor que dói diferente), trilhado em quase – ou na absoluta – solidão, mas será O SEU CAMINHO, o grande encontro de você com o seu eu, proporcionando-lhe a segurança apenas de quem você é, do tanto que pode fazer e realizar, ampliando os seus horizontes e desapegos. Esse caminho é você, que lançou às favas essa ilusória segurança, em troca do combustível que nos fez e nos faz, com a delícia das incertezas e impossibilidades, evoluídos, únicos e humanos: a nossa LIBERDADE.


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Lançamento-Homenagem "Para Mamíferos/Audifax Rios" no Clube do Bode (28.10)

Lançamento
Para Mamíferos #4
Revista de literatura e artes
Homenagem a Audifax Rios (1946-2015)

Data e horário: 28 de outubro de 2017 (sábado), a partir das 14h
Local: Flórida Bar/Clube do Bode
Apresentação (microfone aberto): editores e amigos de Audifax Rios
Investimento: R$ 20,00

A revista Para Mamíferos, cuja equipe de editores deste quarto número é composta por Jesus Irajacy, Pedro Salgueiro, Fernando Siqueira, Glauco Sobreira, Poeta de Meia Tigela e Nerilson Moreira, após algum tempo de hibernação, volta a cruzar os verdes mares pasmacentos e cearenses. E volta por cima, em uma transatlântica capa do multimegaplus artista das bandas de Santana: Audifax Rios, escritor, ilustrador, pintor, cenógrafo, publicitário e o diabo a quatro que quisesse ser, pois fazia da palha um balaio.
Esta edição traz, em celebração ao seu legado e à sua vida, um breve dossiê biográfico, assinado por Raymundo Netto. Daí a escolha inevitável de trazê-lo de volta ao Clube do Bode, nas tardes caprinas de sábado do Flórida Bar, com o apoio do livreiro mais célebre da cidade, Sérgio Braga, pai de chiqueiro-mor do referido Clube.
A revista imprime também a participação de Sânzio de Azevedo, maior pesquisador da literatura produzida no Ceará, revelando os bastidores documentais sombrios da renomada Padaria Espiritual; contos de Pedro Salgueiro, Luís Marcos e Joca Reiners Terron; poemas de Pedro Henrique Saraiva Leão, Raisa Christina, Carlos Vazconcelos, Natália Maia e Alejandra Pizarnik (em tradução pelo Poeta de Meia Tigela); artigos sobre Descartes Gadelha, por Jesus Irajacy, sobre os 100 anos de Dentro do Passado, de Otacílio de Azevedo, por Raymundo Netto, e sobre a “Turma da Barão de Aracati”, por Fernando Siqueira; ensaio fotográfico de Regino Pinho, mandalas de Leontino Eugênio e, na tradicional seção “Como Você Nunca Viu”, Régis Frota.
Como vê, a revista está imperdível! Venha você também passar uma tarde saborosa com AUDIFAX RIOS, os Mamíferos e o Clube do Bode.
Divulgue e traga seus amigos. Contamos com todos.


Mais Informações sobre a revista: irajacy@yahoo.com.br



"Sobre Crônicas Absurdas de Segunda", por Rita Brígido


Mas já há um ano
que te vi.. aqui,
finalista do
Jabuti???
Meu Deus!!!
O Tempo
é um engano!!!
Já faz mesmo um ano???
Um ano que a gente
esteve bem à frente
na Literatura,
nas asas da Cultura,
vivendo 'crônicas absurdas
de segunda.'
Cegas, mudas, surdas
criaturas
para essa história de que
o prêmio não vingou!!!
Vingou, sim!!!
Para nós, vingou!!!
E vingou a todos nós!!!
Vingou-nos da
Literatura Cearense
inserida no descaso!!!
Não casou...
mas tá de caso
com o Prêmio Nacional!!!
Não seria uma crônica absurda
se, na segunda,
sim, em uma segunda chance,
o enlace seja o lance
com mais do que
um exitoso final...
e decretado, claro,
feriado estadual!!!


terça-feira, 24 de outubro de 2017

Lançamento de "Todo Dia é Dia de Sophia", quadrinhos de Sophia Bandeira e Nathália Pimentel (28.10)



Lançamento
Data e Horário: 28 de outubro de 2017, a partir das 9h
Local: Passeio Público

Sobre a obra:
Quando criança, minhas primeiras leituras, vieram em forma de quadrinhos. E sabia: todo dia era dia de quadrinhos.
Hoje, chega-me às mãos, Todo dia é dia de Sophia, uma short HQ ilustrada e quadrinizada por Nathália Pimentel, a partir de uma seleção de breves histórias baseadas nas experiências vividas e percepções de Sophia Bandeira, uma menininha, que, colecionadas pela mãe, a poeta Milena Bandeira, nos apresentam temas como família, gênero, comunicação, preconceito, desigualdade, bullying, além de pequenas frustrações e inseguranças próprias da idade, ora socializadas ao leitor de forma lúdica. Ele(a), o(a) leitor(a), surpreendentemente perceberá que, mesmo na maturidade, não poderá dizer que detém respostas precisas aos seus questionamentos, estando, como ela, diante de uma sociedade incompreensível e conflitante.
Sim, exercitando a sua forma de pensar e ver o mundo, na busca de respostas não tão simples assim, Sophia, assim como as crianças de forma geral, tem o poder da ludicidade. Tudo aparenta fazer parte de um jogo, de uma brincadeira. Por isso, a educação, que tem – ou deveria ter – o compromisso com a formação dos valores da criança, independentemente se meninos ou meninas, tem papel fundamental no uso de atividades lúdicas para a formação de seu caráter e personalidade.
Platão, em sua A República, já aconselhava a educação pelo brincar, pela busca do prazer, e não pela violência e/ou imposição, para nós, a forma mais prática e desastrosa de se fomentar um espelho dessa sociedade atual: parida, perdida e sem amor. Aristóteles, seu discípulo, também afirmava que, ao brincar, a criança entra em processo de cartase, de “purificação da alma”, por conta da relevante descarga de sentimentos e de emoções, consequência, simplesmente, da caetânica “vivência de coisas belas”. Ou seja, essa arte até nos parece ser coisa de criança, de brincadeira, mas é atividade séria que pode mudar o destino de quem se envolve com ela.
Acho que a Sophia, em sua filoSOPHIA, mais brasileira do que grega, poderia e deveria difundir seus quadrinhos na escola, aos colegas, como parte dessa brincadeira gráfica, abraçando em ciranda a sua visão de mundo, provocando os colegas e os pais delas, porque o pensar não tem partido, mas é, sem dúvida, um desafio. Repetir modelos impostos, pensamentos cristalizados, sim, é o caminho mais curto para a desigualdade, a injustiça e o individualismo. Quisera fôssemos eternamente crianças.
Parabéns Sophia, Milena, Khalil e Natália por esta obra.

Raymundo Netto





segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Rádio AlmanaCULTURA: "Depois", de Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Antônio Carlos



Para ouvir a música e assistir ao vídeo:



Depois de sonhar tantos anos,
De fazer tantos planos,
De um futuro pra nós,
Depois de tantos desenganos,
Nós nos abandonamos como tantos casais.
Quero que você seja feliz.
Hei de ser feliz também.

Depois de varar madrugada,
Esperando por nada,
De arrastar-me no chão,
Em vão,
Tu viraste-me as costas.
Não me deu as respostas
Que eu preciso escutar.
Quero que você seja melhor.
Hei de ser melhor também.

Nós dois
Já tivemos momentos,
Mas passou nosso tempo,
Não podemos negar:
Foi bom.
Nós fizemos história
Pra ficar na memória
E nos acompanhar.
Quero que você viva sem mim.
Eu vou conseguir também.

Depois de aceitarmos os fatos,
Vou trocar seus retratos pelos de um outro alguém.
Meu bem,
Vamos ter liberdade
Para amar à vontade
Sem trair mais ninguém.
Quero que você seja feliz.
Hei de ser feliz também.
Depois...


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

"Criança: o ontem e o hoje", de João Soares Neto


“A mim me salvaram as crianças. De tanto escrever para elas, simplifiquei-me”.
Monteiro Lobato
Era uma vez um menino nascido ao meio-dia de uma sexta-feira. O mundo estava em guerra. Não por tal razão chorava. Havia saído a fórceps do útero de mãe primípara, por obra e graça de parteira diplomada. Seu pai só tinha 20 anos, era ciumento e não deixou a jovem mulher ser assistida por médico. Paparicado por jovens tias maternas, pois o casal estava com pressa de povoar o mundo. Depois dele, não veio o dilúvio, mas oito crianças.
Uma das tias sugeriu e os seus pais aceitaram, iniciá-lo, aos quatro anos, nos estudos em escola experimental americana. Ia só. Quem o acompanhava, ficava longe. Infelizmente, durou pouco. Matricularam-no em ginásio formal. Um dia, não lembra a razão, foi o último a sair do recreio para a sala de aula. De repente, o diretor puxou-lhe a orelha, ralhando. Conseguiu um telefone do próprio ginásio e ligou para o pai contando o fato. Disse: não estudaria mais ali. Dito e feito.
Dezenas de anos passados, ele, já com netos em idade escolar, tenta aproximação de formas diferentes. Meio sem jeito, desde o tempo de pai. Criara (seria o prenúncio de um ficcionista?), dois personagens, a Rosinha e o Paulinho, crianças-exemplos. As filhas procuravam conhecê-los. Ele driblava com evasivas: moram um pouco distante daqui, viajaram, estão de férias etc. Rosinha e Paulinho eram bons filhos, estudiosos e serviram de modelo invisível para as ainda crédulas filhotas.
Agora, conta um pouco do “seu-sem-jeito” como avô. Há anos combinou com uma filha: levaria as crianças dela para a escola. Tentava maior aproximação. Entravam no carro ainda bocejando. Ele, o avô, colocara no toca CD músicas infantis e ia, desafinando, solfejando com eles. A festa durou pouco mais de uma semana. Um dia, perguntou se fazia diferença ir apanhá-los manhã cedo ou outra pessoa servia. Triste, ouviu: tanto faz.
Domingo desses, combinou com outra filha, ir apanhar o seu primogênito para levá-lo a uma feira de numismática. O neto, rosto cheio de protetor solar e saco com lata de moedas repetidas. Sentados no banco da frente, cintos de segurança atados, foram conversando ao Parque da Liberdade, no Centro, a “Cidade das Crianças”, concepção pedagógica da professora Zilda Martins Rodrigues.
Lá, pessoas maduras fazem o escambo e a venda de moedas. Sentou-se em uma banca. O neto, em outra. Fez as suas barganhas e, ao final, o neto queria vender, a qualquer preço, as moedas repetidas. Arrazoou: você não está precisando de dinheiro. Comprou novas moedas para o neto, inclusive, cédula de dólar com a cara do Mickey, só circulante no mundo da fantasia e no dos numismatas.
Depois, foram almoçar. Antes, o neto pediu para tomar sorvete. Concordou, claro. Do almoço provou pouco, mas bebeu duas latas do excêntrico guaraná Jesus, hoje marca da Coca-Cola. Mais um sorvete e tomou o caminho de volta. Papos, risos e abraços. Ficaram combinados, voltariam à feira.


sábado, 7 de outubro de 2017

"Laika: Caroço Sputnik", de Raymundo Netto para O POVO


Há 60 anos, em 4 de outubro, na onda de Guerra Fria, o satélite soviético Sputnik I marcaria o início da corrida espacial, deixando a potência estadunidense impotente diante da incalculada e atroz humilhação. Não bastasse, um mês depois, novamente a U.R.S.S. promoveria o cazaque lançamento ao espaço de um novo satélite, o Sputnik II. A novidade maior seria que a bordo deste estaria acomodado o primeiro ser vivo a orbitar a Terra. Para o orgulho feminino, e por um restritivo detalhe anatômico, o ser não seria “ele”, mas “ela”, a cadela Laika, de apenas 3 anos. Ou seja, ela não falava, porém, já latia.
Na época, dada como morta em circunstâncias que iriam além das divisas atmosféricas e, portanto, da jurisprudência mundial, o destino da heroína e mártir socialista se tornou motivo de diversas conjecturas e teorias. Eu, no entanto, não acredito em nenhuma delas e explico por que.
Há alguns anos, fotografando as ruínas ferruginosas do mercado da carne da Aerolândia – hoje completamente restaurado –, assisti a uma cena insólita: parecia um cão descendo de paraquedas. Seria possível? Seguindo meu instinto de jornalista diplomado em Ministério, corri até a base aérea para saber o que era aquilo.
No descampado, o vi sobre as patas, mangas arregaçadas, a recolher as longas linhas de náilon e o velame. Apresentou-se: era ela mesma, a Laika, em pessoa... ou melhor, em cachorro. Incrível. E todos pensando que ela, há tempos, teria virado “hot dog”!
Latindo fluentemente em português, não demorou a demonstrar a garganta seca e a perguntar, numa sinceridade quase gentílica, “onde poderia encontrar wodka”. Ofereci-me a levá-la ao Benfica. Não bebo. Então, quando me pedem por álcool, ou levo para a farmácia ou ao Benfica.
No caminho, por meio de fórmulas complicadas, que fingi entender para não parecer mais burro, a pequena vira-lata – insistia na tese de que pertencia a uma linhagem pouco convencional de husky siberiano, mas... – me explicava: devido ao tempo relativo, ela, que, teoricamente, deveria ter mais de 60 anos, gozava de uma jovialidade impressionante. Falou também existir uma Sociedade Sideral Protetora de Animais e que foram alguns de seus integrantes que a mantiveram viva quando a equipe russa a largou de mão... Ouvindo tudo aquilo, eu que desconfiava, agora tinha a absoluta certeza: “as vodcas do Benfica não prestam!”
Contou-me mais. Com tempo de sobra, além de encher o bucho com gelatina russa, leu de trás para frente obras de  Фёдор Миха́йлович Достое́вский e de Анто́н Па́влович Че́хов, “gênios”, sendo agora também uma contista: “Aliás, a nossa literatura é a melhor do mundo”. Pior é que é: Gogol, Tólstoi, Pushkin, Maiakoviski...       
Assim, escreveu também diversos livros. Algumas teriam feito bruto sucesso em Fobos, uma das luas de Marte, que, historicamente, vivia em conflito com o planeta vermelho.
Nostálgica, a cãosmonauta falava de seu exílio, da saudade das noites de lua em Moscou, da boêmia em São Petersburgo, até chegar às alucinações da experiência da proximidade com a morte e do seu encontro com Deus, num arrependimento legítimo de um Raskólnikov: Estive, praticamente, nos braços Dele, mais do que qualquer outro ser... mais até do que o Papa!”
Diante de outras divagações e da tediosa mansidão canina, que percebia ir mais longe do que se foi, arrisquei a obviedade: “Desculpe-me, Kaka, mas a pergunta é inevitável: a Terra é mesmo azul?”
Sorrindo com graça e humildade, lambeu o dorso de minha mão e perguntou: “Ora, Raymundo, você esquece que os cães enxergam em preto e branco?”