Quando o segundo herdeiro
estava prestes a nascer eu trabalhava nos Diários Associados e levava a coisa
em tom de troça: vaticinava tal ente vir ao mundo no dia do rádio e que o nome
seria, se homem, Assis Chateaubriand ou Napoleão Pimentel, este, um
telegrafista (morse, teletipo e telex) que vivia numa carraspana eterna; acaso,
mulher, Neide Maia ou Tereza Moura, a então presidenta do sindicato da classe.
O rebento nasceu, acertadamente, no dia 21 de setembro, que também é consagrado
à árvore. Os nomes, claro, não passavam de brincadeira, na pia batismal e
balcão cartorial o pimpolho recebeu mesmo foi o carimbo dos avós: Antonio e
João. Estava sacramentada minha condição de radialista por excelência. Competia
apenas com o Hélio Franco, o caixa da Perrenove, sua filha aniversariava
igualmente neste dia. E quando dos célebres piqueniques da colônia de Iparana
brindávamos a coincidência fazendo inveja aos demais antenados hertzianos.
Hoje posso dizer que fui
mais além, deixei o Hélio na rabeira. Não é que o dito cujo Antonio João, anos
depois, botou no mundo outro cristão macho ou cidadão varonil justamente no dia
dedicado ao comunicador? E de lambugem repetiu a homenagem avoenga. Ainda bem
que com o aposto Filho, e não Júnior, que hoje em dia usa-se entre o prenome e
o sobrenome, o que é um perigo, mormente quando o projeto de doutor se
materializa jogador de futebol.
Porém acho que este tal
galho genealógico vai ser é maquinista, motorneiro ou condutor. Quem sabe
engenheiro da estrada ou goleiro do Ferrim. Porque... vai gostar de trem assim
na gare da Central! De brinquedo tem tudo que é modelo. Quebrados. Livrinhos,
desenhos e as garatujas que ele mesmo comete. Atualmente anda fascinado com as
aventuras de Thomas & Friends. O que me instiga escrever e ilustrar uma
historinha sobre a Maria Fumaça, rapariga velha cansada, a ele dedicada, com
toda propriedade. Vou por o projeto nos trilhos. Talvez corra melhor que o
Tubarão da Barra. E seja uma coisa duradoura como o legendário Waldemar
Caracas.
Isto posto, sentir-me-ei
realizado. Podendo modificar a já batida sentença engendrada para o homo
sapiens e, doravante, radialista consumado, apregoarei de modo definitivo:
gerar um filho, plantar uma árvore e gravar um disco. A versão do Millôr
Fernandes é bem mais verdadeira, se bem que cruel: Criticar um livro, desmatar
uma floresta e por um filho no olho da rua.
Pois bem, toda essa
lenga-lenga é para, além de parabenizar filho e neto, dar um grande abraço em
todos os radialistas. E lembrar de alguns que já estão fora do ar como Zé
Domingos, João Ramos, Wilson Machado, Neide Maia, Blanchard Girão, Carlos
Paiva, Manuelito Eduardo, Raimundo Sapo, Armando Vasconcelos, Almir Pedreira,
Isis Martins, Idelvar Magalhães, Ulisses Silva, Tarcísio Tavares, Cirênio
Cordeiro, Juarez Silveira, José Limaverde, Laura Santos, José Humberto,
Lindberg Pirajá, Toinho Mendes, Vander Sílvio... os quais conheci pessoalmente
e privei da amizade. Um deles, José Domingos Alcântara, padrinho do
aniversariante Antonio João, pai.
Nenhum comentário:
Postar um comentário