terça-feira, 20 de setembro de 2011

"Ler ou Não Ler", artigo de Adisia Sá para OPINIÃO de O POVO



Ao preparar uma palestra sobre “Mercado jornalístico regional, em foco o Nordeste”- proferida no Recife (PE) - não nego: tomei um susto.
Embora vivendo no ramo há mais de 50 anos e debatendo o tema em congressos e encontros, os dados que colhi me assustaram. 
O Ceará tem uma população de 8.185.286 pessoas (dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística); espalhada em 184 municípios, com Fortaleza à frente com 3.655.259 de habitantes. Em termos de ensino, o quadro é o seguinte: Ensino superior: seis universidades; um instituto federal e 40 faculdades (Capital e Interior). Municípios que possuem faculdades: Aracati (1) Juazeiro do Norte (3) Crato (1), Milagres (1), Icó (1), Maranguape (1), Quixadá (1) e Sobral (3) e Fortaleza, 25 (Dados: Anuário do Ceará 2011). Ensino Fundamental: 96.534; Médio: 338.729 (Dados: Secretaria de Educação Básica do Estado).
Comparemos esses dados com o número de veículos de comunicação existentes no Estado: três jornais em Fortaleza); no Interior nove (Sobral tem quatro); na Região Metropolitana, dez. Em termos de tiragem creio que os três jornais de Fortaleza não chegam a lançar 80 mil exemplares diários.
Confrontemos, então, os veículos de comunicação existentes na Capital e no Interior, com a população alfabetizada do Estado.
O que procuro demonstrar com isto? Que somos um povo que não lê jornais. Em termos de livrarias o quadro não é menos lamentável. Talvez em Fortaleza não tenhamos meia dúzia de livrarias e sim casas que vendem, grosseiramente falando, livros, não literatura, filosofia, ciências.
Também poderia falar nas vendas em dependências de faculdades, mas o número é irrisório em comparação com a clientela universitária. Em síntese: somos um povo que não lê. Daí porque é lamentável e triste a “conversa” das pessoas (entre si), notadamente os jovens. 
O tema é uma provocação. Eu o assumo.

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