A Feira do Livro Infantil de Fortaleza chega a sua segunda edição, fomentando linguagens artísticas e promovendo leitura acessível a todas as condições sociais.
A ideia começou a surgir há pelo menos cinco anos. Uma feira acessível: para pequenas editoras e para leitores de todos os perfis. Um espaço de comércio livreiro menor do que as grandes e, muitas vezes, inalcançáveis bienais, mas pelo qual as editoras não precisassem pagar.
Ao mesmo tempo, um conjunto de estandes com oficinas, programação cultural e livros a preços baixos, para que pais e filhos, estudantes e professores, pudessem sair de lá com pelo menos um livrinho na sacola.
Ano passado, a ideia saiu dos sonhos do escritor Almir Mota e tomou corpo, com o nome Feira do Livro Infantil de Fortaleza. A partir de amanhã, a feira acessível chega a sua segunda edição, celebrando as conquistas da primeira e concentrando esforços para se estabelecer definitivamente no calendário nacional.
"Hoje, nossa palavra de ordem é inclusão social pela leitura. Esse ano, além de permanecer na Praça do Ferreira, o coração da cidade, na qual se chega sem precisar de carro, vamos beneficiar mais de 100 escolas públicas já agendadas, oferecendo transporte, lanche e, o mais importante, livros. Acreditamos que função social é o que deve ser replicado em outras feiras", comemora Almir Mota.
Editoras
Apesar de, em geral, serem patrocinadas por leis de incentivo, as feiras de livros cobram taxas de participação, que cobrem os custos de estandes e locação de material. O diferencial da Feira do Livro Infantil de Fortaleza, nesse caso, é a gratuidade. Com o objetivo de promover o fortalecimento do mercado das pequenas editoras, a feira convida as empresas, que participam sem custo algum.
"Temos uma editora e sabemos o quanto é dispendioso participar de feiras e bienais no País. Decidimos, então, utilizar o patrocínio para garantir a vinda das editoras sem esse ônus. Sabemos que isso é um grande apoio para as pequenas empresas", ressalta o organizador.
Este ano, os visitantes terão contato com mais de 30 editoras, de diversos estados, desde o Rio Grande do Sul até Minas Gerais e ainda a representação de sete dos nove estados da Região Nordeste.
Na primeira edição, o volume de vendas conseguido surpreendeu a muitos comerciantes de fora. "Alguns deles, no último dia, já haviam conseguido cobrir os custos de passagem e de hospedagem e já estavam só lucrando. Voltaram para seus estados com caixas vazias. Isso pra gente é muito gratificante", relembra Julia Barros, também organizadora do evento.
Estudantes
Além de palavra de ordem para a feira, a inclusão social acabou se tornando uma das maiores novidades desse ano. Uma parceria, literalmente, celebrada entre a organização e a Coelce permitiu o desenvolvimento de um projeto de visitação de escolas públicas.
O Visita Cultural Coelce garante transporte, lanche e vale-livros para os alunos da rede pública de ensino, de Fortaleza e da Região Metropolitana.
"Serão 3,2 mil crianças beneficiadas nesse projeto. Virão com transporte pago, terão um lanche, visitarão os estandes e ainda poderão escolher o livro que quiserem, já que, por meio do patrocínio, conseguimos acordar isso com as editoras", explica Julia Barros.
Para as editoras, o Visita Cultural Coelce também foi uma excelente novidade, já que todas elas tiveram uma cota de seus livros comprados previamente, para que se pudesse oferecer os vales-livros aos alunos. Assim, todos já iniciarão a feira com saldo positivo. A abertura, aliás, já acontece às 8 horas de amanhã, recebendo a primeira turma de estudantes.
A seleção das escolas aconteceu a partir de um agendamento prévio. A procura por vagas foi tamanha, que causou alvoroço na Editora Casa da Prosa, sede da organização. "O telefone não parava de tocar. Nossa secretária não conseguia sair de perto da mesa. O prazo encerrou e as diretoras das escolas continuaram ligando!", revela Júlia. Para Almir, a concorrência é um sinal de que a feira segue uma filosofia importante para a condição atual das instituições de ensino.
"Todos sabemos que muitas das escolas que virão para a feira não têm sequer um livro paradidático dentro da sala de aula. Muitas dessas crianças não acessam os livros nas escolas, quem dirá nas suas casas. Os pais não têm o hábito de ler, muito menos de comprar livros. E mesmo que as crianças saibam navegar na internet, elas não leem pelo computador. Então, numa realidade como essa, não se pode falar em mundo digital e fim do livro de papel. Temos mesmo é que garantir esse contato com a leitura e isso desde os pequeninos", defende Almir.
Um dos sinais de sucesso da feira, ainda que tão nova, é a procura de secretários de cultura e de educação de outros municípios, interessados em replicar o formato em suas localidades. "O que as pessoas precisam perceber é que não precisam investir em uma bienal do livro pra ter uma feira em sua cidade. Basta fazer algo menor, mais adequado ao espaço e ao perfil dos moradores", reforça o escritor de infantis.
Programação
Mais do que um conjunto de estandes, a Feira do Livro Infantil de Fortaleza pretende ser um espaço de entretenimento e de formação, trazendo a crianças, pais e professores uma programação cultural, com atrações musicais, convidados e oficinas.
Apesar de já funcionar ao longo de toda manhã de quarta-feira, a abertura oficial acontece a noite, com o show "Voz & Violão", do cantor, compositor e escritor Vitor Ramil. Antes, acontecem lançamentos de livros, contação de histórias e ainda uma apresentação circense com a Cia. Intervalo, que pretende animar a Praça do Ferreira durante o horário do almoço.
Na quinta-feira, são destaques da programação a participação de Jujuba e Ana Nogueira, do Rio de Janeiro, nas contações de histórias; as mini-oficinas de desenho e criação literária, no Espaço Endesa Criança; e a participação de Vitor Ramil no Programa Leituras Favoritas, em que o convidado fala um pouco de suas preferências literárias e dos bastidores de sua produção cultural.
Ainda na quinta-feira haverá muito cordel com o lançamento dos livros "As aventuras de Dom Quixote em versos de Cordel", de Klévisson Viana, e "Batalha de Oliveiros com Ferrabrás - Cordel em quadrinhos", com texto de Leandro Gomes de Barros e adaptação de Klévisson Viana e Eduardo Azevedo.
O encerramento da programação gratuita acontece no sábado, dia 17, com a participação do grupo Carroça de Mamulengos, interpretando suas histórias de teatro e circo.
ABERTURA DA FEIRA
8h - Projeto Visita Cultural Coelce
8h30 - Contação de histórias com o grupo "Era uma vez"
9h20 - Lançamento do Livro "O patinho da galinha", de Izaura Franco
9h30 - Programa Criança e Arte/CCBNB na Feira - Contação de histórias com Jiddu Saldanha (RJ)
10h20 - Lançamento do livro "Totó & Tutu - Amigos de verdade", de Lazaro Leme Filho
11h - Leituras engraçadas, no Espaço Baú de Leitura
12h - Apresentação circense com a Cia. Intervalo – Ecocirco
13h - Projeto Visita Cultural Coelce
14h - Oficina de contação de histórias para educadores, com Marô Barbieri
14h30 - oficina de desenho e criação literária, no Espaço Endesa Criança
15h - Leituras engraçadas, no Espaço Baú de Leitura
15h - Programa Leituras Favoritas, com o escritor Ilan Brenman
15h30 - Lançamento do livro "Papai é meu!", de Ilan Brenman
16h - Lançamentos: "Meu pai é uma figura" e "O ovo amarelinho da galinha do vizinho" de Rosana Mont´Alverne
16h30 - Leituras engraçadas, no Espaço Baú de Leitura
17h - Abertura oficial da II FLIF
18h - Show Voz & Violão (Vitor Ramil)
MAIS INFORMAÇÕES: II Feira do livro Infantil de Fortaleza. De 14 a 17 de setembro. Das 8h às 18h, na Praça do Ferreira. Gratuito. Contato: (85) 3252.3343
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