Alguém disse que começamos a envelhecer quando paramos de criticar a geração mais velha e passamos a falar mal da mais nova. (Algum engraçadinho poderia dizer que começamos a ficar velhos mesmo é quando passamos a esquecer os autores das citações que usamos o tempo todo...)
Meu pai dizia que educação era no tempo dele, mesmo que poucos pudessem frequentar uma escola. E ele mesmo, tendo conseguido fazer apenas até a 5.ª Série primária, alardeava entre os amigos que educação mesmo era naquele tempo.
Como fanático por Orlando Silva vivia a criticar os cantores mais novos. A Jovem-Guarda, então, era apenas um bando de cabeludos que não tinha voz alguma.
— Orlando, sim, esse cantava! Hoje o sujeito deixa crescer o cabelo e passa dez minutos gritando “Debaixo dos caracóis, dos teus cabelos” (cantarolava com voz anasalada, imitando Roberto Carlos) e diz que é cantor!
Apurando bem o ouvido, nos bancos da Praça do Ferreira ou ao pé do alambrado do PV, sempre escutamos alguém dizer: “Futebol, sim, era naquele tempo! Mozart, Gildo, Croinha... Hoje qualquer um é craque”.
Um pessimista de plantão diria que esse “meu tempo” geralmente se refere a uma juventude perdida, bom tempo de esperanças e sonhos, para compensar um presente sombrio de decadência física e/ou mental.
Outro, mais otimista, rebateria que nosso tempo é o de hoje, o que (bem ou mal) estamos vivendo ainda. Mas pensando bem, e sendo justo, não se escreve mais crônicas de jornais como antigamente.
— No meu tempo era outra coisa! Caio Cid... Milton Dias!
PEDRO SALGUEIRO é cearense de Tamboril, nos Inhamuns, mas nasceu numa época em que o interior era tranquilo, acolhedor e próspero. E naquele tempo, sim, adorava passar férias por lá. Hoje está mais violento do que na capital.
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