Meus amigos(as), leitores(as), conhecidos(as),
colegas e gentes em geral da calçada digital deste feicebuquioceano.
2016 se despede pela compulsória e abre as
portas para um inexperiente 2017. Ele chega, como toda criança, com promessas
tão belas que de jamais poder cumprir – o que não deixa de ser uma grande
promessa.
Decerto, somos meninos e meninas crescidos, mesmo
quando nossa vida é apenas uma agulha dispensável nesse palheiro de
controversas atitudes e discursos retóricos, ensaiados e repetidos todos os
anos, todos os anos, todososanos.
Aprendi: a passagem do Ano-Novo é apenas uma
vírgula no calendário. E, como todas as vírgulas, umas incompreendidas.
Alguns abusam de seu uso, enquanto outros as ignoram, no mesmo
instante que aqueles, entre os quais me incluo, por não saber o que fazer com
elas, têm a ciência de que, na dúvida, melhor esquecê-las.
Esqueço assim que essa noite é diferente, pois não é, mesmo com a
faixa impensável colada no peito. Logo mais o céu será tarjado em cores de
apocalipse, num colorido de festa popular, paga em troca de altos tributos e ao
som de música de qualidade magérrima. Sim, são fogos do bem, felizmente, quando
poderiam ser fogos em Aleppo, destruindo esperanças e vidas.
Comemoro, então, ser testemunha do hoje, ainda por aqui, na
esperança caduca de poder abrir a minha janela amanhã. Farei o meu possível.
Tenho tanto para fazer amanhã...
Em minha cabeça, juro que nem sei, a descrença fora arrebatada por
planos e ideias de futuro glorioso, correndo junto aos ponteiros do relógio.
Num outro instante, senti falta de muita gente, mas todos de uma só vez,
democraticamente, sem hierarquias, hegemonias ou pretensões. Gente querida e
saudosa. Gente que faz falta e que, de uma forma ou de outra, figura – às vezes
protagoniza – a minha história.
Tive a felicidade de viver muita coisa, de errar muito – e acertar
às vezes –, de não estar em dia com minha idade. Olho para o mundo em minha
volta e percebo a finitude de tudo, menos dos sentimentos, pelo menos daqueles
verdadeiros, mais sólidos do que aquelas promessas.
No exercício de perder, assisti a algumas perdas irreparáveis.
Tenho saudades que me chegam a doer no fundo dos olhos, mas que, como as águas
do Velho Chico, não chegam. Não as digo aqui, porque não há transcrição
possível.
Mas apesar de tudo, a esperança, como aquela bactéria incômoda,
não me deixa e provoca todo tipo de alucinação. Viver, viver... até quando?
Pouco importa. A esperança está ali, do lado de fora da minha janela. E eu, debruçado
no seu peitoril, esqueço que ouço a mulher que grita “Hoje a farsa vai acabar”
e curto o balançar das folhas distantes a anunciar, como ventríloquo, que o que
é bom está para começar agora...
Agora, faz-se a hora, e temos a chance de tentar mais uma vez. É
só isso. Mais uma vez. Tentar! Que venha mais uma nova manhã... e que seja leve.
Muita sabedoria.
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