sábado, 3 de abril de 2010

Para o poeta Thiago de Mello (2006)

Thiago de Mello
IX Bienal Internacional do Livro do Ceará

Hoje eu conheci a poesia!
Sim, minha amiga, ela vinha caminhando lenta, pequena, cabelos encanecidos, lábios grossos e um olhar embaciado.
Ela, completamente branca como a nuvem que se banha ao sol, gesticulava grave no ar em dedos finos, nodosos, seguros.
Falava num cantar ritmado sobre a beleza da vida, do amor e de amar.
Falava de gente: a matéria-prima do pecado e a fronteira rente da salvação!

A poesia gotejava, vagarosa, de uma folha verde de grossas nervuras num dia de chuva;
Fixava curiosa com olhos amendoados a descoberta de um ciclope;
Borbulhava tensa no confrontamento que singra nas vaidades de rios;
Desencrespava os negros cabelos e se mostrava firme na face grácil de mulheres em vestes molhadas, esculpidas na doçura da incerteza e na certeza da dúvida.

Gargalhava na sabedoria daqueles que ignoram;
Perseverava, cria e lutava com a delicadeza da simplicidade infrequente dos grandes cavaleiros. Grandes? Existe isso?
Sim, minha cara, hoje eu conhecia a poesia...
Com todo o respeito postava-se em pé, suas palavras ecoavam na flanância forjada na trilha perdida dos anos.
Cada golpe no peito tangia os espíritos belicosos, desabrochava versos no coração.
Visionária, a poesia descortinava o poeta, além de tudo, o legente.

É, querida amiga, hoje eu finalmente descobri, após anos de abstinência, que poesia rima com utopia!
Texto de Raymundo Netto para Ana Miranda, em 8 de junho de 2006, após assistir a uma palestra do poeta que estará, ao lado de Carlos Heitor Cony, na 9ª Bienal Internacional do Livro do Ceará (9 a 18 de abril de 2010)

Um comentário:

  1. Olá! Gostaria de saber quem é o autor desta pintura de Poeta Thiago de Melo. Desde já agradeço.

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