Camponês
Um
grito surge nos limites dos campos
e
é de ti que brotam os frutos...
das
enxadas velhas
cravadas
numa terra cansada
à
espera do teu cansaço
procuram
entre portas
o
sonhar do povo,
o
grito calado
que
a terra emana
na
divisão do pão
tuas
mãos sangram os campos
e
é de ti que brotam os frutos
BC Neto
Exposição Pacifistas &
Guerreiros: a poética plástica em BC Neto (GRATUITA)
Data: até
o dia 22 de maio, das 8 às 17 horas
Local:
Centro Cultural do Parlamento Cearense (edifício anexo à Assembleia Legislativa
do Estado do Ceará – rua Barbosa de Freitas, s/n, esquina com a av. Pontes
Vieira)
Público-alvo:
artistas visuais e literários, pesquisadores de artes e cultura, alunos das
escolas públicas e privadas, militantes, arte-educadores e interessados em
geral
Informações: (85) 3277-2500
Sobre a Exposição:
AUDIFAX RIOS,
numa última ação como “curador-abraçante”, assim apresenta em sua “A Procissão
dos Lutadores” a Exposição Pacifistas
& Guerreiros: a poética plástica em BC Neto, em cartaz no Centro
Cultural do Parlamento Cearense (edifício anexo à Assembleia Legislativa do
Estado do Ceará – rua Barbosa de Freitas, s/n, esquina com a av. Pontes Vieira):
“O incansável BC Neto está de volta,
berrando mais alto ainda. Em formas e cores; trocou letras por tintas e invoca
pacíficos guerreiros para sua missão: a reconstrução do mundo, a transformação
social a partir do homem. Nesta etapa da batalha leva, como escudos, imagens consagradas.
São estandartes de campanha onde ressaltam as figuras de Cristo e Conselheiro;
Ghandi e Guevara; Martí e Mandela. Gloriosos vultos eleitos pela história e
trabalhadores anônimos esquecidos na memória dos homens. Madre Teresa, Beato
Lourenço, Francisco de Assis, Marighella, Chico Xavier, Dom Helder, Tiradentes,
John Lennon... e o lábaro mais drapejante, talhado com pinceladas mais
consistentes, ele próprio, Cândido Bezerra da Costa Neto [o BC], alvoroçado e
eterno guerrilheiro do saber.”
A Exposição, cuja curadoria é do artista
visual Carlos Macedo, apoiada pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, já
esteve presente no Centro Cultural de Horizonte, Centro Cultural Dorian Sampaio
(Maracanaú) e no Instituto Federal do Ceará (Campus Cedro) e, desde 16 de
abril, está aberta ao público no CCPC, encerrando-se em 22 de maio.
BC Neto conta que a ideia da exposição
surgiu da provocação de amigos artistas visuais, como
Descartes Gadelha, Audifax Rios e Carlos Macedo: “O trabalho na universidade,
na educação superior, na educação popular passou a me consumir e me tornei
menos presente nas artes visuais e nos movimentos culturais”, relatou em
entrevista, recordando de movimentos que se tornariam históricos no Ceará e que
contaram com a sua participação. Entre eles, o Massafeira Livre, e a criação
dos grupos Siriará e Nação Cariri.
A Exposição é um cenário da
vida e obra do poeta, pintor, educador e militante político e cultural BC Neto,
por meio de telas, livros, poemas, apresentações, banners ilustrados e outras
curiosidades, umas bem inusitadas.
Aliás, o visitante também
poderá contemplar quadros com as ilustrações originais de seus livros, de
autoria de grandes artistas como Audifax Rios, Itamar do
Mar, Luiz Karimai e Tarcísio Garcia.
Estive lá e achei tudo muito
interessante e enriquecedor. Recomendo!
Sobre o poeta, pintor e educador BC Neto:
Nascido no Cedro, Ceará, em 18 de janeiro
de 1952, Cândido B.C. Neto, desde menino gostava de desenhar e curtir as cores.
Com o tempo, foi aos poucos se envolvendo com a arte, recebendo o apoio de Eusélio
Oliveira e José Julião.
Iniciou sua vida como educador nas
comunidades de base, expandindo seu trabalho em vários estados brasileiros e no
exterior, alcançando inclusive a África (Cabo Verde) e Cuba.
Coordenou e participou de quase todos os
programas de educação de jovens e adultos nas últimas décadas, sendo para ele outorgada
a Medalha Paulo Freire (2003), honraria conferida a personalidades e entidades que
se destacaram nos esforços da universalização da alfabetização e educação de
jovens e adultos no país.
É
membro fundador do Clube dos Poetas Cearenses (1970), foi redator de artes do
jornal Tribuna do Ceará (1973/75),
coordenador de várias edições do Festival Nordestino de Cantadores de Viola (Cedro),
da I Semana de Artes e Humanidades da Uece, de Ação Cultural na Secult (2008) e
curador do Encontro Mestres do Mundo (MinC/Secult – 2009/10). É membro do Clube
do Bode (desde 2005) e conselheiro do Almanaque De Um Tudo (com editoria de Audifax Rios, até 2015). No Crato, passou
a integrar o Grupo Artístico Por Exemplo, liderado por A. Rosemberg, e do qual
também faziam parte Stênio Diniz, Walderedo Gonçalves e Jackson Bantim. É um
dos fundadores do Grupo Artístico Pretensão (GAP). Também teve incursão pela
arte da escultura. Dentre seus trabalhos, “O Anjo”, talhado em mármore.
Participou de diversas mostras e
exposições coletivas e individuais, dentre elas: III Exposição Universitária de
Artes (1973), Expô da AAEE/74, XXIV Salão de Abril (1974), XXVI Salão de Abril
(1976), Unifor Plástica (1974), Salão de Outubro (1975/Crato), Exposição GAP/BNB
Clube (1975), Feira Livre de Artes da UFC, Exposição de Cartões de Natal do BNB
Clube (1975), Salão de Artes Plásticas IOCE (1978), Mostra 10 + 10 (1978/Ideal
Clube, ao lado de Tarcísio Garcia), Artes ao Sol de Outubro (1983/Crato),
Cacimbas de Areia: pinturas do BC Neto (1994/ Náutico Atlético Cearense).
É autor de A Voz do Silêncio (poesias/1971), Resultado Final (poesias/1981), Via
Sacra Camponesa (1998), Berrem Alto
que o Curral é Grande (2002/ reunião das produções de BC, poemas, ensaios e
fortuna crítica), Versos da Caminhada
Cotidiana (poesias), Sociologia,
Educação e Sociologia da Educação (2004/ganhador do Prêmio da Academia de
Ciências de Cuba), Educação Popular de
Jovens e Adultos: o Brasil no contexto mundial (2008) e também José Martí: cultivar os sentimentos, bilíngue,
este em coautoria com Justo Pereda Rodriguez e Lidia Esther Orraca Ortega, e cuja
a coordenação editorial coube a mim (embora o BC tenha esquecido de mencionar
em seu banner, mas eu, na humildade de um capitão do mato, o perdoo apenas pelo
seu talento e pela amizade), as ilustrações ao Audifax Rios e a diagramação João
Rios.
É professor de Filosofia da Educação,
Metodologia do Trabalho Científico e Educação Popular da Universidade Estadual
do Ceará (Uece), onde também atuou como Pró-Reitor de Extensão e Assuntos
Estudantis. É especialista em Metodologia do Ensino Superior, mestre em Gestão
Pública pela Universidade Internacional de Lisboa, Universidade Federal de
Pernambuco/Universidade Vale do Acaraú. Atuou em diversos comissões e conselhos,
entre os quais o Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural de Fortaleza,
Conselho Diretor da Funece, Comissão de Artes e Humanidades da Uece (1993/94) e
Associação Cearense de Escritores.
BC Neto pelos outros:
Diz
o contemporâneo Rosemberg
Cariri:
“Depois
que ele se formou, se fez professor e poeta, participou de movimentos
artísticos, escreveu páginas memoráveis nas noites da boemia provinciana,
revoltou-se nas passeatas, agitou-se na filosofia, fez exposição das suas
pinturas, publicou livros e varou sertões semeando escolas.”
José Alcides
Pinto, que o considerava um “poeta da participação social”,
diz: “
“[BC
Neto] exercita-se no linguajar coloquial desse povo popular (o nordestino),
vivendo de seu osso, de seu corpo cansado e desnutrido, denunciando a injustiça
dos coronéis rurais/latifundiários e a indiferença das autoridades (anticonstitucionais?)
constituídas. Estas são, realmente, insensíveis às aspirações do povo e sua
miséria. E isso gera no poeta uma revolta que está presente em seus versos.”
BC
Neto encontrou acolhida no coração do então amigo pessoal Patativa do Assaré. Fez a apresentação
de três de suas obras: Aqui tem Coisa,
Inspiração Nordestina, Ispinho e Fulô e com ele realizou o show
“Por Amor ao Chão”, no teatro municipal de Icó. Patativa também lhe dedicou versos,
dentre eles:
I
Sei
que não tenho sabença
Sou
um pobre nafabeto
Mas
vou referença
Sobre
você, BC Neto,
Proque
seus verso moderno
No
meu coração fraterno
Senti
de leve tocá,
Pois
você canta a cidade
Mas
também diz a verdade
Das
nossas coisas de cá.
II
Imbora
seja polida
Sua
bonita linguage
A
mesma retrata a vida
De
nossa gente servage
No
meu verso eu tou notando
Que
você tá me ajudando.
Obrigado,
meu amigo,
Pelo
trabaio distinto
Sentindo
aquilo que eu sinto
Dizendo
aquilo que eu digo.
VI
Canta,
amigo, a nossa gente
Do
nosso meio rurá,
Meio
munto deferente
Do
meio da capitá.
Imensa
alegria tive
Lendo
seu verso sensive
Cantando
a vida sem vida
Deste
povo abandonado
Que
veve e morre apoiado
Numa
esperança perdida.
Carlos Augusto Viana afirma:
“Para Cândido B. C. Neto, a poesia é, acima de
tudo, um compromisso com a condição humana. Por isso mesmo, o que – a partir,
evidentemente, de uma leitura apressada – poderia inscrever-se como
regionalismo, deve, a rigor, ser apreendido tão-somente como pano de fundo, vez
que visa, substancialmente, ao universal, principalmente concentrado na imensa
legião dos que não foram convidados ao banquete industrial. [...] Atrela-se a
tudo isso a dicção inflamada, em voz alta, como se estivesse o poeta em uma
praça urbana ou num acampamento rural; e, por isso mesmo, as palavras
procurassem suprir-lhe a ausência do corpo, representada, então, por
interjeições, exclamações ou interrogações demasiadamente sugestivas.”
BC Neto Contatos e Saber
Mais:
BCneto, acompanho os seus trabalhos. Sou o poeta Cordelista Gerardo Pardal, presidentedo Cecordel, criado em 1987, quando só exitia a ABC da quela vc. era membro, junamente com FS Nascimento, Ribamar Lopes. Pra você ver: existmos há 28 e não gemos uma sede provisória. Na UECE não terá uma salinha para a gente se aninhar? (risos)
ResponderExcluirAun sin la suerte de acompañar a B C Neto en esta, su nueva batalla, me es un placer saber de los resultados de sus árduas luchas... ya le he acompañado en varios de nuestros libros: Sociologia, Educação e Sociologia da Educação (publicado en 2014 en español en Ecuador, al igual que José Martí: cultivar os sentimentos, inicialmente publicado en español y portugués)y Educação Popular de Jovens e Adultos: o Brasil no contexto mundial (del cual fui prologuista).
ResponderExcluirConocer y trabajar con BC siempre es un privilegio. Mis congratulaciones, que aun atrasadas son del todo sinceras. Tu lo sabes amigo B. C!!!
Justo Luis Pereda Rodríguez (PH. D)
Profesor Investigador.
Universidad Nacional de Educación (UNAE)
Ecuador