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Ainda em fevereiro de 2007, a jornalista
Camila Vieira assinou a matéria “Fio da Imaginação”, que apresentava os novos
cronistas de segunda, convidados pela editora Regina Ribeiro para o caderno
Vida & Arte do jornal O POVO: eu, Jorge Pieiro, Pedro Salgueiro e Fabiano
dos Santos. Iniciava: “Aguçar o olhar e dar fio a imaginação. Eis os dois
maiores exercícios de qualquer cronista que pretende flanar pela cidade,
segundo o escritor cearense Raymundo Netto.”
Foi daí que na segunda-feira, 5 de março
de 2007, despontava na página 6 do caderno “A moça do zepelim prateado”, minha
primeira contribuição há oito anos passados e presentes. Nela, contei com Rachel
de Queiroz, não a escritora em carne e osso, mas em bronze de estátua da praça
dos Leões, a conversarmos em uma urbanita manhã de chuva sobre o exercício
fabril e febril da crônica.
O texto fechava o caderno, última
página, quando na primeira se clamava em letras garrafais: “Sim, nós amamos o Chico!”,
anunciando a chicofilia e o show “Carioca”. Nas outras páginas, via-se dom Airton
Monte, cronista heroico do periódico, discorrendo sobre uma revolucionária
teoria de Alano Freitas sobre relações entre homens e mulheres, enquanto o José
Simão, esculhambador geral da República, pingava o seu colírio alucinógeno
sobre o papa. O caderno, além de falar ainda mais sobre o Chico, indicava a estreia
da novela Paraíso Tropical, e, no
meio desse Paraíso, debulhava conflitos no Centro Cultural Dragão do Mar e o almejado
retorno das aulas da Escola de Audiovisual da Prefeitura de Fortaleza.
Durante anos, acompanhei jornais e
noticiários, perambulava pela cidade e lia autores cearenses, enquanto conhecia
outros, já que apenas recentemente (em 2005, quando publiquei “Um Conto no
Passado: cadeiras na calçada”, meu primeiro livro) me havia sido apresentado de
perto o cenário literário local.
Estava entusiasmado com o movimento das
coisas, com os inúmeros lançamentos que participei, o novo círculo de amizades,
a publicação de revistas literárias, as conversas interessantes em bares,
praças e sebos, as promessas do porvir, a experimentação de outros gêneros, a
militância de empolgação quase estudantil.
Nesse meio tempo, nas crônicas de
segunda, eu me permitia encontrar com esses autores que lia. Alguns estavam mortos,
é verdade, mas não menos vivos que os demais. E esses encontros me eram tão sinceros,
a proporcionar um aprendizado incomum. Na cabeça doente de escrevinhador, não
havia dúvida da realidade de tais encontros. Estive mesmo com eles! Após a
publicação de cada uma dessas crônicas, não me sentia mais o mesmo. Era
fabuloso andar de ônibus com o rabugento Alencar falando mal de crônicas ou da
estátua de Iracema na lagoa de Messejana; assistir à luta do poeta José Alcides
Pinto com um dragão que veio de Sobral para destruir Fortaleza; conhecer a casa
de Milton Dias após receber dele uma carta; acompanhar um enterro ao lado de um
inconveniente Quintino Cunha; discutir sobre o exercício do direito com Clóvis
Beviláqua; papear com Airton Monte em corpo de barata; encontrar-me num
milharal de papel crepom com um espantalho que era a cara do Francisco
Carvalho; ao lado de Lustosa da Costa acolher um transloucado e saudoso major
Facundo quando ele decidiu sair de sua sepultura; conhecer, por meio do Audifax
Rios e Ciro Colares, a Academia do Beco; tomar café com o Zé Pereira da Luz em meio
a nuvens do céu; reunir-me com a Ana Miranda e seus amigos no fundo da sopeira
da sua avó, entre outros tantos e tantos momentos, aparentemente absurdos, inesquecíveis.
São esses encontros que insuflam as “Crônicas
Absurdas de Segunda”, uma declaração desajeitada e coletiva de amor à república
do nosso Ceará-Moleque: Fortaleza!
Serviço
Crônicas
Absurdas de Segunda
lustrações de Capa e Miolo: Valber
Benevides
Ilustrações originais das edições em jornais: Carlus Campos e Guabiras
Apresentação e Introdução do livro (respectivamente):
Ana Miranda e Sânzio de Azevedo
Posfácio: Pedro Salgueiro
Apresentação do autor (lançamento): Fabiano dos
Santos, secretário adjunto da Cultura do Estado do Ceará.
Data e horário: 11 de abril
(sábado), a partir das 17 horas.
Local: Espaço O POVO de Cultura & Arte
(av. Aguanambi, 282 - anexo ao jornal O POVO) - estacionamento
gratuito ao lado do jornal.
Preço especial de Lançamento: R$
30,00
E, em seguida, às 19h, show com a cantora Teti.
EM BREVE, após a semana de lançamento, na Livraria
Virtual da FDR: www.livraria.fdr.com.br