sábado, 11 de maio de 2024

"Ziraldo no Ceará (COMPLETO)", de Raymundo Netto para O POVO


A última vez que Ziraldo veio ao Ceará participar de uma Bienal aconteceu em 2010, a convite meu, quando estava curador da programação da Bienal Internacional do Livro do Ceará, cujo tema era “O Livro a Leitura e os Sentimentos do Mundo”.

Era abril, o mês do livro e do aniversário da cidade, e eu queria trazer alguns nomes caros à infância brasileira, além de outros que, mesmo não tão badalados naqueles tempos, decerto eram imortais na lembrança dos(as) leitores(as) cearenses de todas as idades, como Carlos Heitor Cony, Affonso Romano de Sant’Anna, Tiago de Mello, Marina Colasanti, Maurício de Souza, Pedro Bandeira, Ana Miranda e Ziraldo. Claro, no quesito literatura infantojuvenil, teríamos os(as) cearenses Horácio Dídimo, Socorro Acioli, Klévisson Viana, Elvira Drummond, Tércia Montenegro, Arlene Holanda, Almir Mota...

Como curador da programação, fiquei responsável em receber os convidados. Naquele dia, iria encontrar o Ziraldo no aeroporto. Disseram-me: “Este não dá trabalho – alguns deram –, pois sempre vem com a esposa ou com o agente dele. Bastava recebê-lo e deixá-lo no hotel.” Assim me disse a produção.

Contudo, não se deu assim. Ziraldo chegou sozinho! Quase correndo, assustado, no meio do povo. Perguntei-lhe pela esposa: “Depois da festa de aniversário que ela deu ontem, eu não sei nem quando ela vai acordar...” E o seu agente?: “Quebrou o dedo do pé.”

Chegamos ao Marina Park Hotel, onde se hospedaria. Apresentei a ele a equipe que estava ali à sua disposição, mas: “Raymundo, eu não fico sozinho!” Perguntou se eu tinha o contato do Mino. Eu tinha. Que eu marcasse um almoço com ele. Teria também uma entrevista agendada, mas não sabia onde, com alunos do jornalismo da UFC – era para a revista Entrevista, sob a coordenação do jornalista Ronaldo Salgado.



Enquanto acertava com o Mino o almoço no restaurante da Beira-Mar, tirei de minha mochila uma encadernação com todos os 10 números da revista da Turma do Pererê, pela Abril (1975), o seu retorno após a primeira “temporada” pela O Cruzeiro.


Ziraldo se emocionou. Disse que aquelas ele não possuía. Autografou ao seu estilo. Lamentou que naquele tempo estava chateado com a editora por conta de divergências. “Cabeça-dura”, preferiu cancelar. Por outro lado, sabia que poderia ter se empenhado mais, ter feito mais: “Ninguém falava ainda em Ecologia nem na valorização da fauna nativa ou da cultura brasileira... Tinha tudo para ser um sucesso maior!” Folheou demoradamente e depois devolveu a minha pequena coleção agora autografada.

De fato, a Turma do Pererê foi a primeira revista em quadrinhos brasileira feita apenas por um só autor, sendo também a primeira HQ a cores publicada no país.

Saímos do hotel para nos encontrarmos com o Mino no restaurante do Faustino, uma excelente vista para o mar. Muito bonito e divertido presenciar o encontro desses dois talentosos cartunistas, ainda mais ciente da importância de Ziraldo no rumo seguido pelo Mino, o pai do “Capitão Rapadura”, o herói que (quase) tudo atura.

Por volta das 15 a 16h, chegou o Ronaldo Salgado acompanhado de um bom grupo de jovens estudantes do 6º semestre do curso de Comunicação.

Pedi que Ziraldo tentasse não se estender muito, pois a mesa dele na Bienal aconteceria no início da noite. Ele me tranquilizou... “Nem gosto muito de falar. Em 15min, eu termino.” Quando sentou-se à mesa, começou a perguntar o nome de um por um dos jovens entrevistadores. Quando o(a) estudante respondia, ele perguntava: “E por que do seu nome?”. Pronto, ali fiquei certo que seria uma longa, muito longa entrevista.




***

 

Após horas de entrevista com aqueles estudantes, chegamos com algum atraso ao antigo Centro de Convenções, sede da Bienal Internacional do Livro. Aliás, foi a última edição da Bienal a acontecer ali. Passamos rapidamente pelo auditório montado para recebê-lo. Como imaginávamos, estava lotado: eram crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos ansiosos em ver de perto o Ziraldo, realmente um ídolo de diversas gerações.





Preparava-me para subir ao palco e chamá-lo quando deu-se um “embaraço devastador”: Ziraldo estava agoniado com uma cutícula de unha: “Eu não vou conseguir falar se eu não tirar isso!” Liguei para a produção: “Pelamordedeus arranjem logo um alicate de unha para esse homem!” Dirigimo-nos à Sala VIP e ali ficamos até ele resolver esse aparente gigantesco imbróglio...



O tema que escolhi para a sua palestra, claro, não poderia ser diferente: “Ler é mais importante do que estudar!”

Ziraldo chegou ao palco ao som de palmas entusiasmadas e afetuosas. Muitos ali o tinham bem de perto, da cabeceira, na voz materna, em momentos de divertidas solidões. Descumprindo qualquer protocolo, falou abertamente com a naturalidade encantatória dos loucos. Distribuía sem pudor as suas impressões do mundo, a sua visão sobre a educação, sobre a leitura e as suas pequenas fascinações.




Ao final, uma fila interminável de pessoas trazia seus livros para autografar. Ele atendeu a todos. Permaneci ao seu lado e, daí, mesmo enquanto autografava, falava comigo. Precisava que eu conseguisse algum lugar com telão para ele assistir ao jogo do Flamengo que aconteceria naquela noite: “Tenho que terminar antes do jogo. Você gosta de futebol? assiste comigo?”



Na verdade, não mesmo. Contudo poderia recorrer novamente ao Mino. Liguei para ele, pedi mais esse favor, e ele aceitou. Disse-me que aguardaria por nós dois no restaurante Dallas, onde poderiam encontrar o tal telão. Como o Mino não dirige, deixaria um motorista para ambos.

Resolvido isso, Ziraldo ainda me falou que soube que estávamos distribuindo R$ 5,00 para que os estudantes comprassem livros na Bienal, a tal “Notinha Legal”: “É um desserviço. Livro com esse valor não presta!” Por coincidência (ou não), uma garota estava com um livro dele na mão e eu perguntei quanto custou. Respondeu toda sorrisos: “Só R$ 5,00. Está em promoção.” Ele baixou a cabeça, desenhou o autógrafo e resmungou: “Por isso é que eu não ganho mais dinheiro. Só R$ 5,00...”

De repente, um homem surgiu por trás da fila e acenou-lhe com um livro, mais um de seus títulos, na mão: “Ziraldo, você gostou da edição? Está bonita, né?” Ziraldo mirou apertando os olhos: “Está... Mas eu não estou lembrado de a gente ter acertado esse não, viu? Vamos ter que conversar...”








A fila parecia não ter fim e ele começou a se aperrear: “E o jogo? Vou perder o jogo?” Sugeri: “Resume o autógrafo. Não desenha.” “É mesmo, né?”, disse. Porém, logo depois, chegou uma mocinha. Perguntou o nome dela: “Marília”. Então, rapidamente ele se pôs a desenhar ondas do mar, um barco, um sol... É, não adiantava, ele amava tudo aquilo. Dava gosto ver a alegria daquelas pessoas abraçando-o, pedindo-me para tirar fotos com ele, mães trazendo filhos que, como ela, descobriram o Ziraldo ainda na infância. A sua presença, nunca tive dúvidas, seria para esse povo cearense um presente impagável.

À noite, conforme acordado, o deixei no Dallas com o Mino e, antes de eu voltar para casa, perguntou se eu poderia ir com ele na manhã do dia seguinte à Revistas & Cia, do Silvyo Amarante, pois estava curioso em conhecer o espaço e queria fazer umas comprinhas... Lembrou-me: “Eu não fico sozinho, Raymundo!”


***

 

O voo do Ziraldo partia por volta do meio-dia e por isso, muito cedo, eu já estava no hotel para pegá-lo e levá-lo à revistaria do Silvyo Amarante.

Durante o percurso, ele ligava para alguém. Contava alguma piada breve sobre “chifre” e outros temas curiosamente do gosto masculino e logo perguntava por que aquela pessoa não havia ido ao aniversário da Márcia, a sua esposa: “Rapaz, liga para Márcia, diz que estava doente, fala qualquer coisa, pois ela estranhou muito a sua ausência. Sério, só faltou você! Liga pra ela, liga!” Até chegarmos à loja do Silvyo – e depois que saímos de lá –, ele deve ter ligado para umas oito pessoas dizendo e pedindo a mesma coisa: “Só faltou você, meu amigo, liga pra ela, liga!”

Entre uma ligação e outra, me perguntava qualquer coisa sobre a cidade, sobre um ou outro artista e se indagava porque não tinha aceito participar de um evento no qual teria sido convidado no passado: “Raymundo, você sabe que eu só aceitei vir porque era no Ceará. Você está me pagando uma pechincha.” Respondi: “É mesmo? E você sabe que você foi, entre todos, o último e o único artista com quem negociei diretamente o cachê?” Deu uma risada: “Vejam só, negociei com a pessoa errada!”

Finalmente, chegamos.

O Silvyo o recebeu com a alegria de sempre. Além de sofisticado colecionador de revistas dos mais diversos gêneros, é inteligentíssimo e tem uma memória privilegiada. Cinéfilo, excelente contador de histórias e piadas, jogador compulsivo de frescobol, nas horas vagas se dá ao exercício de elaborar poemas quase épicos, utilizando palavras que se iniciam com uma única letra, como a obra “Mundografia Moderna”, cujo prefácio é de Chico Anysio, humorista que utilizava os versos do Silvyo em algumas de suas apresentações em teatros ou na TV.



Claro, o Silvyo o conduziria a caminhar pelo fantástico labirinto de estantes e caixas que é a sua “Fortaleza da Solidão”, apresentando não apenas as raríssimas coleções de revistas, miniaturas e estatuetas de personagens de quadrinhos, como também acervos de ilustrações de artistas nacionais e internacionais. Entre eles, o nosso saudoso Al Rio.

Diante de tantos nomes de peso, o Ziraldo não se fez de rogado e, num pedaço de parede, deixou também rabiscado um seu Menino Maluquinho a saudar o grande Silvyo que, aliás, também foi um dos palestrantes convidados naquela Bienal.







Ziraldo, durante o “passeio”, ia pedindo uma coisa e outra, colhendo “flores daquele jardim”. Depois, sentou-se na banqueta do Silvyo, na entrada da loja, atendeu telefonemas, foi fotografado pelos clientes que o reconheceram, contou algumas outras histórias e, depois, tomamos o rumo direto para o aeroporto. Entre as aquisições, as Playboy da Xuxa e da Luiza Brunet: “Vou levar. Acredita que eu nunca vi?”









No aeroporto, o problema era: tinha que comprar qualquer coisa para colocar o grande número de livros e revistas que ele havia ganhado e comprado. Não foi fácil. “O aeroporto de vocês é muito pequenininho...” Mas conseguimos. Quando na hora de guardar tudo na bolsa – “A Márcia não sabe mais o que fazer com tanta bolsa” –, ele perguntou: “E você não escreve? Cadê os seus livros?” Não tinha levado nada. Fiquei de enviar depois. Nunca o fiz. E assim nos despedimos. Cheguei a ligar para ele umas duas vezes, no máximo. As lembranças, praticamente todas, de sua vinda e companhia, estão aqui registradas. Foram apenas dois dias, mas memoráveis. Com a sua derradeira partida, todas essas passagens pintadas há 14 anos me voltam à mente. Tão distantes, que sinto como se fora um filme antigo. Esforço-me para lembrar mais detalhes, todos, porém muitos se perderam irrecuperavelmente, assim como a minha coleção da Turma do Pererê, valiosamente ali autografada, contudo, degustada criminosamente por meus vis cupins.

 

















 

segunda-feira, 1 de abril de 2024

"Luzeiros", de Raymundo Netto para O POVO


Publicado originalmente em Os Acangapebas

 

Estacara a hora, e pensamentos ondeados de recordações saudadejavam de distâncias o horizonte.

Silêncio.

Os búzios urdiam o colorido da imensa solidão apresentada.

Os pés firmes, artelhos tortos, unhas pretas, entranhavam-se na areia ao lamber das águas brumaceiras. À mão em concha, proteção do Sol, o velho pescador sorria em seu peito as fantasias de um menino de um dia, firme, garantir: “eu quero ser é pescador!” E foi. Se foi. Lembrava.

Nas vigílias das noites, o silêncio num manto azul de luzeiros cintilantes, a fogueirinha no mar, a harmônica tristíssima e o marulhar a balouçar-lhe os pés.

Ademanhãzinha, via lá do mais alto mar, os magros coqueiros a silhuetarem acenos aos ventos, como os negrinhos correntes em felizes mantos de areias brancas.

Sentia-se um deus, enquanto jangadeava; em casa, porém, a figura magra dos filhos, a mulher maltratada, a comida quase posta à mesa, o entristecia. Deus morto era o que era!

De enquanto fora do mar, para engolir as mágoas, tornava-as com uma branquinha, senão não dava... Francisco, filho mais velho, sempre de ir buscá-lo no bar: “De novo, pai? Bora, a mãe tá chamando pra janta!” e o carregava nos ombros. Ele, não muito mais do que uma criança, faltava de só chorar a vergonha diante do seu Francisco.

Ah, mas quando de chegada a hora da lida, era todo habilidade de mestre! Entanto, devido às doenças a vir de idade e da má sorte, teve que parar. Desde então, fazia a canivetes jangadinhas de vender aos turistas. Alguns zombavam do infeliz:

– Ah, desse tamanhinho é fácil. Quero ver é fazer jangada de verdade!

– Eu faço, doutô! – orgulhava. – Não duvide, faço, sim, e das boa!

Mas não havia de venda quase nada; bom de prosa, tempo gasto no leriado nas rodas de rapazes e moças, era de sua volta à noite da vila umas poucas migalhas e muitas, quase todas, jangadinhas.

Francisco crescera na dificuldade e, mesmo tanto, um dia chegou ao pai: queria ser pescador! De susto o velho logo se inquietou. Enfim, haveria de voltar em braços jovens de filho ao mar, donde nunca de haver saído na vida. Pôs-se a trabalhar a empenho:

– Olhe, meu filho, escute: quem faz um cesto, tendo tempo e cipó, faz um cento! – ria-se, remoçado. O filho iria ao mar!

Naquele dia Francisco partiu. Partiu e voltou não. E mais nada. O mestre enlouqueceu. Todos os dias, tomava as areias madrugueiras a divisar o vasto vazio de nada e coisa alguma. Silêncio.

A sua mulher, por outro lado, inda servia a mesa. Rezava. Estranhava-lhe os modos do marido. Acostumara-se, ora. Quantas noites cruzadas ao claro? Quantas de silêncio?

Mais dias e, então, Francisco voltou. Havia um acontecido. Nem importa qual: voltou!

Depois, por se esquecendo, pediu ao pai, a bênção de nova chance. Queria mesmo era ser pescador bom como ele; não se dobrar a oceano algum, adestrar-lhe as vagas e saber-lhe os cicios e segredos; queria, pois seu querer era tão mais forte quanto ele.

O velho pescador alucinou. Apertou o arrugamento da testa e coçou, sob o chapéu de palha, pés de confusão. Ondas quebravam no dorso das pedras desabrolhadas ao veludo frio do mar. A folgada sucessão de águas reconstruía memórias. Poesia gritava aos seus ouvidos em voz rouca dos corais, e foi assim que respondeu.






 

segunda-feira, 18 de março de 2024

"Hotel São Pedro: estertores finais", de Raymundo Netto para O POVO

O polêmico infortúnio do Hotel São Pedro (ou Iracema Plaza), edificação em forma de navio, que singra a região desde 1951, um dos pioneiros do ramo hoteleiro na orla da cidade, entre outras peculiaridades arquitetônicas e turísticas, é apenas mais um capítulo da nossa Fortaleza distraída e ambiciosa. Uma cidade sem passado, sem rosto, sem futuro possível.

Há quem diga, no discurso nostálgico, idealizado e falso: “Antigamente as pessoas respeitavam mais o que era antigo”. Isso é uma disparatada ilusão e, para não romantizar mais, outra mentira! Contamos nos dedos as nossas edificações construídas no século XIX. As poucas que restam, e muito poucas – por experiência, em breve, ainda menos –, datam do início do século XX, pois que nossos pais e avós, que Deus os tenham e os perdoem, já gostavam mesmo do “novo”, dos “modismos”. Naquela época, patrimônio era apenas uma palavra horrorosa e sem sentido, a não ser para aquela minúscula e sempre poderosa parcela privilegiada que já nasce em berço de ouro (que depois vira patrimônio e até razão de morte em família) e que sabe bem o valor que um patrimônio (financeiro) tem. Daí, em 2024, quando o exótico e imponente prédio completa 73 anos de existência e divina resistência, nós fazemos com ele o que a sociedade ignorante, consumista e desperdiçadora faz com os nossos idosos: os reconhecem como inúteis, desprezam a sua história, o seu legado, os seus feitos em vida produtiva e passam a desejar que se vão, que morram logo para não dar mais trabalho e ocupar aquele lugar que poderia ser de outro. Afinal, já viveu demais... e o povo gosta mesmo é de plástico, espelhos, silicone e BBB!

Vejamos: há 18 anos – acredite, tempo suficiente – teve início o seu processo de tombamento. O que foi feito desde então? Nada! “Deixa cair! Quero é ver!”

Acontece algo assim também com outro prédio na cidade, que, como não poderia ser diferente, pertence a uma família iletrada, rica de dinheiro e de cultura de TV. O proprietário já afirmou, com toda a sua autoridade (ou boçalidade) política e bancária: “se tombarem, eu o derrubo!” Lembremos da inocente canção: “quem tem mais do que precisa ter, quase sempre se convence que não tem o bastante.”

Coincidentemente, desde o início do processo, o São Pedro ficou à deriva diante do esvaziamento dos últimos moradores e do seu desrespeitoso, gradual e acelerado desmonte. Alia-se a isso, a falta de decisão e de ação do Poder Público (uma legislação que treme feito vara verde) e os conflitos de interesses com a família proprietária, irmanando-o com o “Mara Hope”, outro “encalhe” na nossa deflorada Praia de Iracema, a praia dos amores, que devem estar por vir com os escafandristas do futuro buarqueano.

Nos meus inquietantes sonhos, esses concentradores de renda têm a noção de retribuir à cidade e à sociedade – que bem sabem ser explorada a seu serviço – esses patrimônios. Que as grandes construtoras, curiosamente generosas em doações abundantes e “despretensiosas” durante as campanhas políticas, unidas, usassem desses recursos na solução de casos como esse, quando a engenharia poderia mostrar o seu valor. E que os gestores, com coragem e mais atentos aos clamores sociais (e não políticos, partidários e/ou econômicos) e àquilo que a sociedade precisa, mesmo quando não entende ou não sabe, abraçassem essas causas, articulassem parcerias estratégicas e inteligentes, tomassem a frente de campanhas de mobilização de recursos para cumprir e fazer valer o idílico “pertencimento”. E que o nosso “Titanic de tijolos”, que há quem diga “Nem Deus derruba”, não se choque com o vil iceberg “da força da grana que ergue e destrói coisas belas.”


(*) texto adaptado do anterior de 2021, mas como nada mudou...

 



 

domingo, 17 de março de 2024

"Coleção ESTALOS!", da Avoante Editora e Reboot Comics Store


Um, dois, três, quatro... ESTALOS!

Sim, são quatro, até então, as edições da Coleção Estalos!, uma seleção de mini graphic novels (10,5x14,5cm e 26 páginas, P&B), com tamanho e preço que cabem no seu bolso... ou bolsa, mochila ou seja lá qual for o acessório onde você prefira acolher esses pequenos portais de outras dimensões quadrinhísticas.

A Avoante Editora, que, segundo a própria, “nasceu com o desejo de tomar o mundo, formando seu resistente bando e dando voz e canto a cada uma de suas aves, arribando aos céus às asas da criatividade e pintando o firmamento com a penugem de sua terra natal”, traz à frente o roteirista, revisor, editor e professor Luís Carlos Sousa, o comunicador, crítico de cinema e youtuber PH Santos e Érika Sales, proprietária da Reboot Comic Store, revistaria especializada em quadrinhos e produtos geek, além de ser ponto de encontro e promoção de eventos e publicações independentes na área.

A organização e planejamento da Coleção é de Érika Sales, que divide a direção editorial com Luís Carlos Sousa – que também é editor de toda a Coleção –, sendo Márcio Moreira o responsável pelo design do seu projeto.

A Coleção tem por objetivo fomentar a produção independente local, trazendo sempre grandes feras dos quadrinhos cearenses.

Entre os títulos atuais:

ESTALO 001. Anamnese, de Márcio Moreira (roteiro e revisão) e Talles Rodrigues (desenho):

poderia ser “Yellow Submarine”, poderia ser “Another Brick in the Wall”, mas não é, apesar do surrealismo. Um mundo distante geograficamente, mas muito próximo de nossas mentes em ebulição. Nele, alguém pensa que vai morrer. Será? A sua salvação está nas mãos de um ser, uma curandeira mística, que mergulha com ela no espaço da fantasia de si mesmo para combater seus medos e ir em busca da razão de sua angústia.  


ESTALO 002. Complexo de Dédalo, de Johta (roteiro e desenhos). Márcio Moreira foi o revisor e a capa contou com a participação de Rodrigo Matos: um autor independente de quadrinhos gay passa por um bloqueio criativo, justamente quando aparece a oportunidade de sua vida. Juntamente com o gato Kerberus e alucinações (?) íntimas, acompanhamos a luta de superação de conflitos não muito estranhos (o seu “labirinto”) do jovem... hã... protagonista.


ESTALO 003. Licya e o Labirinto, de Márcio Moreira (roteiro) e Débora Santos (desenho). No miolo, a participação flashônica e especial de Nádia Lopes, Talles Rodrigues, Natália Prata, Luís Carlos Sousa, Letícia Bernardo, Davi Ferreira, Johta e Nycolas Di: voltando ao “labirinto”, desta vez com a engraçada adolescente Licya que, diante de um esbarrão acidental com a jovem Kaline, tem que tomar uma decisão aparentemente simples, porém, a leva a antever seu futuro de sucessos ou conquistas que poderão vir ou não por conta dessa escolha. Será que a fofa conseguirá se decidir antes de surtar?


ESTALO 004. Goku e a Flauta Doce, de Deleon Stu (roteiro) e Nycolas Di (desenho): aqui, novamente as escolhas empatando a vida da gente. Nessa divertida história, o personagem-menino tem que escolher entre a flauta doce, com a qual levaria arte ao mundo, e o pequeno Goku, parceiro no objetivo maior de meter a peia em todo o mundo.

 

A Coleção e os seus números podem ser encontrados e adquiridos na Reboot Comic Store, localizada no Shopping Benfica. Claro, eu já tenho a minha...

E melhor: estou sabendo que, em breve, sairá a número cinco. Para não perder nenhum número, conhecer esse ponto de encontro dos quadrinhistas e aficionados por HQs e estar a par das novidades da Avoante Editora, acompanhe:

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