segunda-feira, 27 de julho de 2015
sábado, 25 de julho de 2015
"Literatura Cearense? Manda vir do Piauí!", de Raymundo Netto para O POVO
Criança, me cantavam sobre a
morte do boi, mandando logo a maninha buscar outro lá do Piauí. Nunca entendi
por que buscar o bicho num lugar tão distante – sempre me deram a entender ser o
Piauí do outro lado do mundo – mas veja como esse mundo dá voltas...
Enquanto aqui, no obscuro arquipélago
federal das letras universitárias, a literatura cearense continua em repetida toada
de grilo “Tem, mas tá faltando”, conseguindo estranha adesão da outrora resistente
congênere estadual, que colocou a disciplina obrigatória como optativa – PÂNICO!
–, do Piauí me chega um boi, ou quase isso, em forma de manchete a invejar:
“Alunos da Universidade Estadual do Piauí, em Parnaíba, lançarão livro sobre
Literatura Piauiense”. Hein? Estranhei. E existe literatura piauiense? Pois por
aqui uma série de desorientados em crise de identidade insistem, até quase
convencer, que não existe uma cearense, o que implica não existir também uma
brasileira, ciente de que o todo só existe por suas partes.
Mas deixando esse tédio de cá de lado, o
certo é que os alunos do curso de letras do Piauí decidiram organizar e
publicar um livro: “uma produção acadêmica para além da síntese
biobibliográfica, mirando na crítica literária e formando um panorama que
abarca boa parte do espectro de nossa literatura”. E dizem mais: “tentamos
resgatar a riqueza literária piauiense que nem sempre é valorizada. [...] Através
da poesia e da prosa, de uma linguagem própria, do jeito simples dos
personagens, do amor, da saudade, do canto da natureza local e de seu espaço
geográfico, vemos surgir a literatura piauiense e alma de um povo.”
Penso que devem ter lido o francês Marc Augé,
aquele que afirma: “o imaginário e a memória
coletivos constituem uma totalidade simbólica em referência a qual um grupo se
define e por meio da qual ele se reproduz de um modo imaginário ao longo das
gerações”. Devem daí compreender o seu berço “enquanto um sistema simbólico
coletivamente compartilhado”, na certeza de que quando brigamos pela nossa
identidade, exigimos o nosso direito de sermos diferentes!
Então, vejo com alegria nas
redes sociais, ou por meio de amigos que escaparam do calabouço escuro
acadêmico, gritarem em nome da literatura baiana, paraibana, pernambucana, brasiliense,
mineira, piauiense... e a cearense.
Pois é, mói, enquanto o boi
não chega, ficamos por aqui, olhando de longe para a torre do Benfica, cercada
por espinhos e dragões, iluminada apenas por “aliterações” e alguns alunos mais
ousados que dizem querer conhecer esse mistério indesvendável que é a
literatura cearense, bela e adormecida, filha do príncipe morto, que deveria
ser ensinada e fomentada nas carteiras de sala de aula, mas não são. Passam sânzios,
batistas, anos e anos e onde se espera encontrar uma LUZ, só nos resta o
silêncio ressentido das TREVAS!
quinta-feira, 23 de julho de 2015
140 anos de Quintino Cunha no Museu do Humor Cearense (24.07)
O Museu do Humor Cearense e o Ponto
de Cultura “Humor no Ponto” resolvem comemorar os 140 anos do poeta Quintino
Cunha, cearense, nascido em Itapajé.
Foi rábula, advogado, jornalista,
escritor e poeta, embora seja mais lembrado no imaginário cearense pela sua
veia de humor, por conta de suas “tiradas” e oratórias.
Para comemorar a data, o Museu do
Humor Cearense promove a Exposição “Acunha, Quintino!”
Na ocasião da abertura haverá uma
roda de conversa sobre a vida de Quintino, com poesias, causos e piadas.
Participarão da conversa o humorista Jader Soares, diretor do Museu, os
escritores Arievaldo Viana e Raymundo Netto. Detalhe: quem estiver presente
pode dar pitaco, contar causo, afinal, será uma festa quintiniana.
A hora é de falarmos da poesia, da
graça e da irreverência de um dos pioneiros do humor cearense. Se aprocheguem!
Serviço
Exposição ACUNHA, QUINTINO!
De 24 de
julho a 24 de agosto de 2015 (de segunda a sábado – das 9 às 19h)
Entrada para a abertura da Exposição (GRATUITA): 24 de julho, às 19h
Local: Museu do Humor Cearense (Av. da Universidade, 2175,
Benfica)
Entrada na Exposição a partir do dia 25
de julho:
Inteira: R$:
10,00
Meia: R$:
5,00
Informações: (85) 3252.3741 | 99991.0460
www.museudohumorcearense.com.br
segunda-feira, 20 de julho de 2015
Sobre a Caravana das Artes e a Programação de Debates em Cultura (dia 21 de julho)
Ceará é o primeiro estado a receber a
Caravana das Artes da Funarte
Em parceria com a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), a Fundação Nacional das Artes (Funarte) realiza na próxima terça-feira, dia 21, em Fortaleza, o primeiro encontro da Caravana das Artes no País. A ação envolve uma série de debates que o Ministério da Cultura (MinC) e a Funarte farão nas 27 unidades da Federação, com o objetivo de coletar contribuições da sociedade civil para a construção da Política Nacional das Artes (PNA). Na capital, serão realizados ao longo dia encontros específicos para levantar e debater propostas de políticas públicas para as artes visuais, dança, circo, literatura, música e teatro.
A abertura do evento
será às 10h, no Teatro Dragão do Mar. A
solenidade de abertura contará com a presença do presidente da Funarte,
Francisco Bosco, do diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, Leonardo
Lessa, de representantes das secretarias estadual e municipal de Cultura e de
outras autoridades locais. O artista plástico Yuri Firmeza foi convidado para
fazer uma palestra sobre os desafios da política para as artes contemporâneas.
Francisco Bosco
explicará como está sendo desenvolvido o processo participativo da elaboração
da PNA, que parte dos estudos e discussões realizados nos últimos 10 anos pelos
Colegiados Setoriais, formados por técnicos do Ministério da Cultura (MinC) e
representantes da sociedade civil. A PNA deverá se constituir em um conjunto de
políticas atualizadas, fundamentadas e duradouras para as artes no país.
No período da tarde,
das 14 às 18h, serão realizadas seis reuniões
separadas com artistas e produtores culturais, para debater propostas para as
seis linguagens artísticas. As discussões serão conduzidas por um grupo de
articuladores escolhidos pelo MinC pela competência e atuação profissional na
articulação e no debate político no campo de suas respectivas linguagens. São
eles: Cacá Machado (música), Jacqueline Medeiros (artes visuais), Júnior
Perim (Circo), Marcelo Bones (Teatro), Rui Moreira (Dança) e Sérgio Cohn
(Literatura).
"Cada
articulador do PNA será responsável por coordenar os encontros, as rodas de
conversa que vão discutir, a partir dos planos setoriais de cada área, as
propostas e necessidades das artes contemporâneas", informou a
articuladora Jacqueline Medeiros, que atua e conhece o cenário cultural
cearense.
Nas próximas edições
da Caravana das Artes, além dois seis articuladores
escolhidos pelo MinC, também estarão presentes seis consultores, que estão
sendo selecionados por meio de edital da Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Em função do grande número de
inscritos, a seleção dos consultores ainda está em processo.
Além das caravanas, a participação da sociedade civil se dará ainda nas contribuições
via internet na plataforma www.culturadigital.br/pna,
nos encontros setoriais e nos seminários temáticos que farão parte da
construção da Política Nacional das Artes.
SERVIÇO:
Caravana das Artes no Ceará
Abertura:10h
Local: Teatro do Centro Dragão do Mar
Reuniões para debater propostas
para as linguagens artísticas - 14h às 18h
Artes Visuais
Local: Cento Cultural
Banco do Nordeste (Rua Conde D'eu, 560, Centro)
Circo
Local: Casa Juvenal
Galeno (na Rua Gen. Sampaio, 1128)
Dança
Local: Vila das Artes
(Rua 24 de Maio, 1221, Centro)
Literatura (http://www.cultura.gov.br/pnll)
Local: Espaço
Estação, na Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel (Rua 24 de Maio, 60,
Centro)
Música
Local: Museu da
Indústria (Rua Dr. João Moreira, 143 – Centro)
Teatro
Local: Teatro Carlos Câmara (Rua
Senador Pompeu, 454 - Centro)
terça-feira, 14 de julho de 2015
Lançamento "Romeu na Estrada", de Rinaldo de Fernandes, no Dragão do Mar (15.07)
Lançamento
Romeu na Estrada, de Rinaldo de Fernandes
Data:
15 de julho de 2015, às 19h
Local:
Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
Sobre a obra: Romeu na Estrada narra, no seu plano principal,
uma noite de viagem de Romeu num ônibus. Nessa viagem o protagonista vai
recordando dos dois grandes amores de sua vida, Sofia e Ângela, e da relação
dele com os familiares, especialmente com o afetuoso e humorado avô, após ter
perdido o pai. Um caso de paixão misterioso, perverso, envolvendo duas pessoas
próximas de Romeu e marcando decisivamente o destino do protagonista, é deixado
para ser revelado no final. Mais uma vez, como em Rita no Pomar, o
aplaudido romance anterior de Rinaldo de Fernandes, finalista do Prêmio São
Paulo de Literatura de 2009, há no desfecho uma peripécia que altera os rumos
da história, surpreendendo o leitor.
Romeu é um professor universitário de Música que mora em São Paulo. Um
membro importante de sua família foi, nos anos 70, no Recife, um implacável
torturador. Um dos capítulos chega a narrar, do ponto de vista do protagonista,
o famoso Atentado dos Guararapes, no qual uma bomba foi detonada no dia em que
chegaria ao Recife o general Costa e Silva. Por causa da bomba, o general foi
obrigado a descer no aeroporto de João Pessoa e seguir por terra para o
Recife.
Embora com esse fundo histórico, Romeu na Estrada é,
antes de tudo, uma dilacerante história de amor. Ou um livro sobre a paixão e
suas penúrias. Ou ainda sobre a solidão e seus desassossegos. E lança as
questões: Toda traição é igual? Há um tipo de traição pior do que a traição
amorosa?
O posfácio de Luciano Rosa, doutor em Letras pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro, ajuda a iluminar elementos importantes deste romance que, se
desenvolvendo a partir de dois núcleos principais, tem uma forma fragmentada e original:
a atraente mas sofrida história de Ângela, paixão da juventude de Romeu,
alternando-se, a partir de certo momento, com a de Sofia, amor da maturidade do
protagonista, configura uma “narrativa em abismo” (“mise en abyme”), ou
seja, uma segunda história posta numa primeira; a história de Ângela espelha,
em certos aspectos aos quais o leitor deve ficar atento para melhor
capturá-los, os sentidos da história de Sofia, numa articulação sutil e
magistral do romancista.
Enfim, um romance denso, muito inteligente, incisivo, poético.
Luciano Rosa escreve no posfácio: “Interpolando penúria e estabilidade
financeira, vida mambembe e solidez profissional, investimentos amorosos e
falências afetivas, aconchego familiar e conluio perverso, a trama alegoriza o
que há de aleatório e imponderável em nossas aventuras e desventuras
particulares”.
Sobre o Autor: Rinaldo de Fernandes é escritor premiado, doutor em Teoria e História Literária pela UNICAMP e
professor de literatura da UFPB. Publicou os livros de contos O perfume
de Roberta (Rio de Janeiro: Garamond, 2005), O professor de
piano (Rio de Janeiro: 7Letras, 2010) e Confidências de um
amante quase idiota (Rio de Janeiro: 7Letras, 2012) e os
romances Rita no pomar (Rio de Janeiro: 7Letras, 2008 –
finalista do Prêmio São Paulo de Literatura e do Prêmio Passo Fundo Zaffari
& Bourbon) e Romeu na estrada (Rio de Janeiro: Garamond,
2014). Organizou as coletâneas O clarim e a oração: cem anos de Os
sertões (São Paulo: Geração Editorial, 2002), Chico
Buarque do Brasil: textos sobre as canções, o teatro e a ficção de um artista
brasileiro (Rio de Janeiro: Garamond/Fundação Biblioteca Nacional,
2004), Contos cruéis: as narrativas mais violentas da literatura
brasileira contemporânea (São Paulo: Geração Editorial, 2006), Quartas
histórias: contos baseados em narrativas de Guimarães Rosa (Rio de
Janeiro: Garamond, 2006), Capitu mandou flores: contos para Machado de
Assis nos cem anos de sua morte (São Paulo: Geração Editorial,
2008), 50 versões de amor e prazer (São Paulo: Geração
Editorial, 2012) e Chico Buarque: o poeta das mulheres, dos desvalidos
e dos perseguidos – ensaios sobre a mulher, o pobre e a repressão militar nas
canções de Chico (São Paulo: LeYa, 2013). Já participou de antologias
de contos como Futuro presente: dezoito ficções sobre o futuro (Rio
de Janeiro: Record, 2009 – org. Nelson de Oliveira), 90-00: cuentos brasileños
contemporáneos(Lima: PetroPeru/Ediciones Cope, 2009 – org. Maria Alzira
Brum Lemos e Nelson de Oliveira), Tempo bom (São Paulo:
Iluminuras, 2010 – org. Sidney Rocha e Cristhiano Aguiar), entre outras. Seu
conto “Beleza”, concorrendo com cerca de 1.200 textos de todo o país, obteve o
primeiro lugar no Prêmio Nacional de Contos do Paraná (2006), um dos mais
tradicionais de nossa literatura. Entre os ensaístas e pesquisadores que já
abordaram a sua ficção, podem ser destacados Silviano Santiago, Silvia
Marianecci (Itália) e Regina Zilberman. Atualmente é colunista do jornal de
literatura Rascunho, de Curitiba, e do Correio das Artes,
de João Pessoa.
domingo, 5 de julho de 2015
Resenha de Raymundo Netto para "Brincando com Poesia", de Dimas Carvalho
“Para que afinal serve a poesia? Para transformar
em alegria a tristeza, para moldar melodias com os sons da natureza, para
conferir beleza ao que chega aos olhos e... para brincar!”
Essa provocação, descrita na quarta capa de Brincando com poesia, de Dimas Carvalho,
ilustrado como em azulejos por Ramon Cavalcante, diz bem a que veio a obra
destinada aos pequenos leitores, os iniciantes no letramento, aliás, é essa a
estreia do poeta e contista na literatura infantil.
Uma dezena de poemas singelos, lúdicos e
elaborados para fazer pensar, numa linguagem simples e ao mesmo tempo
desafiadora, marcada por uma imagética própria da criatividade de criança: “A
tartaruguinha/ Parece uma pedra com pés.”
Ora, a poesia é um gênero quase natural para a
infância. O pensar de criança é colorido, metafórico, livre, ao contrário do
pretensioso pensar daquele que se diz adulto, orgulhoso de ser podado pelos
dogmas dos costumes, da razão engessada, da coisa igual de todos e de todos os
dias iguais.
Com poesia se molda, se brinca, se faz pensar.
Apenas com poesia seria possível imaginar um infinito namoro entre estrelas e
vaga-lumes, a brincadeira de pula-carniça entre números, a história de um
papagaio sabido ou de um sapo saltador, ou mesmo pensar: “A
manhã/Amanheceu/Ontem.//A manhã/Amanhece/Hoje.// A manhã/ Amanhecerá/Amanhã?
Num exercício de indagações, Dimas Carvalho
incentiva a criança-leitora a gostar da palavra, ao som por ela produzido, a
pendurar-se no pescoço dela e a buscar o sentido do mundo em sua própria
imaginação, transformando o seu livro num brinquedo atrativo e encantador,
afinal, os pais e professores devem cultivar a leitura e a audição de poesia,
desenvolvendo a sensibilidade não apenas no que se refere à língua, mas à vida.
Dimas Carvalho nasceu no Acaraú, Ceará, em 1964. Licenciado
em Letras pela Universidade Federal do Ceará, é professor de Teoria da
Literatura na Universidade Vale do Acaraú, em Sobral. Membro da Academia
Sobralense de Estudos e Letras, tem, entre seus títulos em poesia, Poemas (1988), Flauta Ruda, Agreste Avena (1993), Mínimo Plural (1998) e Marquipélogo
(2004). Estreou no gênero conto em 1993 com
Itinerário do
Reino da Barra. Mais
tarde, em 2000, publicou Histórias de Zoologia Humana e, em 2003, Fábulas Perversas (ganhador do Prêmio Ideal Clube de
Literatura e do Prêmio Otacílio de Azevedo de reedição, em 2010, pela
Secretaria da Cultura do Estado do Ceará). Foi contemplado em diversos
prêmios, além dos já anteriormente citados, entre os quais: Prêmio
Literário Cidade do Recife (1996 e 2002), Prêmio Ideal Clube de Literatura
(2001 e 2002) e Prêmio Literário Cidade de Fortaleza (2001, 2003 e 2004). Colaborou
com textos para as revistas Literapia,
Almanaque de Contos Cearenses, Continente Multicultural, Literatura: revista do escritor brasileiro,
Caos Portátil: um almanaque de contos,
Para Mamíferos e da Antologia do Conto Cearense.
Serviço
Brincando
com poesia, de Dimas Carvalho
Ilustrador: Ramon
Cavalcante
Número
de páginas: 24
Formato: 20
x 20,5 cm
Acabamento: Brochura
Publicação: 2013
Investimento:
R$ 23,90
Visite a Livraria Virtual da FDR e
conheça outros títulos: livraria.fdr.com.br
"II Feira Literária Granjense", dias 10 e 11 de julho de 2015
Com o objetivo de promover o encontro do público com autores
locais, regionais e nacionais por meio de palestras, oficinas, debates e
lançamentos de livros, criando uma integração entre pessoas das diversas áreas
de atuação e em todas as faixas etárias pela valorização da literatura
brasileira, a Associação dos Artistas Granjenses (ArtGran), realizará nos dias
10 e 11 de julho (sexta e sábado) a II Feira
Literária Granjense.
Aberto a público GRATUITAMENTE a ação acontecerá nas dependências
da Escola Estadual de Educação Profissionalizante Professor Emmanuel Oliveira
de Arruda Coelho, na cidade de Granja, terra natal de Lívio Barreto, um dos
fundadores da Padaria Espiritual e autor do livro maior do simbolismo no Ceará:
Dolentes.
A abertura será na sexta, às 19h30, com a participação da Cia
Criando Arte, da cidade de Varjota, com a peça “O menino e o espantalho”,
seguida por uma mesa redonda com Luciano
Bonfim, Raymundo Netto, Maílson Furtado e Ana Paula Peixoto que falarão sobre o tema: “Identidade Regional em
Tempos de Globalização: o regionalismo na literatura pós-moderna.”
Na ocasião, Luana
Brito, uma das organizadoras e poeta, lançará Relicário de uma lua.
No sábado, a partir das 8h30, oficinas de fanzine, desenho HQ
e robótica. Também está previsto o encontro de blogueiros e comunicadores
sociais, bem como minicursos sobre filosofia e música nordestina, com Santiago
Figueiredo; Literatura de cordel e sua influência na produção atual, ministrado
por Maílson Furtado; e Geração Beat, cujos palestrantes serão Luana Brito e
Ícaro Félix.
A Feira tem a parceria da Prefeitura de Granja, por meio de
sua Secretaria Municipal de Cultura, e do Instituto José Xavier (IJX).
Para participar das oficinas e minicursos, o interessado(a)
deverá se inscrever gratuitamente na sede do IJX, das 8h às 12 e das 14h às
18h, duranye os dias do evento, ou pelas redes sociais, na página da Feira:
https://www.facebook.com/events/1627944310777253/
Lançamento de "Romãzeira das Fábulas", de Valdemar Neto Terceiro (8.7)
Data: 08 de julho de 2015
Horário: a partir das 19h
Local: Bar e Restaurante D. Chica (av. da Universidade)
Investimento: R$ 30,00
Para degustação:
http://media.wix.com/ugd/79482a_49663331313d444d84146248975d32f9.pdf
Sobre a obra: Ao fabularmos, ou seja, ao contarmos uma
história, o que mais sobe à superfície é a própria história ou o modo como a
contamos? Para um bom narrador, como Valdemar Neto Terceiro, em seu livro Romãzeira das fábulas, os dois elementos
são fundamentais e igualmente importantes, por isso atravessa todas as vinte
narrativas que compõem o livro, versando sobre as nossas maiores inquietações
como a morte e o nada. Matheus Arcaro destaca um fragmento de Valdemar Neto:
“Descubro que vou morrer neste exato momento, seria a maior descoberta humana?
Talvez o que seja mais humano do que morrer é saber desse fato”. O livro,
que tem a capa assinada por Lily Oliveira, é a mais nova obra do catálogo da
Editora Substânsia, que entra no seu segundo ano de existência.
Sobre o autor: Valdemar
Neto Terceiro, de Ipu, Ceará, é escritor e professor
de literatura. Lançou em 2013 Ipumirim
Soberbo, um pequeno versar sobre a terra de seus pais. O autor mantém um
blog em que discute alguns temas relacionadas a arte contemporânea.
Lançamento da antologia "Escritos ao Sol", de Adriano Espínola
A
editora Record e a Livraria da Travessa convidam para o lançamento da antologia
poética Escritos ao Sol, do poeta e escritor cearense Adriano Espínola,
autor de Táxi (1986) e Praia Provisória (2006), entre outros, reunindo
o melhor de sua produção poética.
Para
quem não for ou não estiver no Rio de Janeiro, a obra, no entanto, já pode ser
adquirida por apenas R$ 28,00 (vinte e oito reais) pela Livraria Virtual da
Record:
http://www.record.com.br/livro_comentarios.asp?id_livro=28743
Data:
16 de julho de 2015
Horário:
19h
Local:
Livraria da Travessa (Av. Afrânio de Melo Franco, 290, Leblon)
Sobre
Adriano Espínola:
Professor de Literatura da Universidade Federal do Ceará, lecionou também na Université Stendhal Grenoble III e na Universidade
Federal do Rio de Janeiro. É autor de seis livros de poesia, além de contos e
também ensaios importantes sobre Gregório de Matos e Sousândrade. Táxi foi traduzido para o inglês
por Charles A. Perrone e publicado pela Garland
Publishing (1992), na coleção World
Literature in Translation, com calorosa recepção crítica.
"Festa na Serra", de Ana Miranda para O POVO
Quando
digo por aí que no Ceará temos serras altas, cobertas de Mata Atlântica com
suas típicas bromélias, orquídeas e samambaias, relvas de marias-sem-vergonha,
neblinas densas pela manhã, fios d’água e clima frio, as pessoas se admiram, às
vezes até descrentes. Mesmo eu me maravilhei esses dias, na verdejante,
agradável, calma e fresca serra de Guaramiranga. Não dava para acreditar que
era o mesmo Ceará das praias e coqueiros, ou o dos sertões de caatinga. Parecia
um sonho.
A Rachel
de Queiroz dizia que o nome Guaramiranga, que significa pássaro vermelho, veio
de um sítio fundado por seu bisavô, e ainda no século 19 acabou batizando o
vilarejo, quando tinha só duas ruas que se cruzavam: uma da porteira do sítio
até a igrejinha de Lourdes, no alto; e outra, do Monte-flor para o Macapá. Ali
ela passava suas férias de menina, numa casa alugada pelo pai no alto da
Matriz. Rachel contava que uns jornalistas, professores, artistas, subiam de
Fortaleza e se reuniam com a inteligência local, para programar peças de
teatro, conferências, recitais. No final do ano, todos se juntavam para montar
um “drama”, uma espécie de teatro de revista nascido dos rituais de colheita
dos antigos lavradores.
Moças
vestidas de deusas declamavam, bailavam, cantavam, exaltando o clima, as águas,
as flores e frutas, as riquezas do café e da cana-de-açúcar. A Rachel ainda se
lembrava de uma valsa tocada num desses dramas, chamada Princesinha dos
dólares: “Sou a cana jovial / do café a doce irmã...”
Aquela
serra pertencia a índios, só eles conseguiam viver num lugar tão inacessível;
ali habitavam os Canindé, quando chegaram os missionários, até que as terras
foram desbravadas por fazendeiros dos sertões vizinhos que ocupavam as partes
cada vez mais altas das encostas. Os índios, agora escravos, foram trabalhar
nas plantações e construíram algumas das casas senhoriais que ainda vemos por
lá. Com as grandes secas dos anos setecentos, sertanejos eram empurrados para a
serra em busca de água. Não tardou a surgir em torno de uma capela o povoado de
Conceição, que depois se tornou a freguesia de Nossa Senhora da Conceição. No
século 19 o lugar ficou rico, com as plantações de café e de cana-de-açúcar. E
veio o nome Guaramiranga.
Numa
caminhada pela serra, ali perto de Forquilha, eu avistava alguns pontinhos
vermelhos no meio da mata; eram frutos de café, talvez remanescentes dos tempos
dos grandes plantios cafeeiros. Tudo em Guaramiranga tinha relação com a
lavoura de cana e a de café que se espalhavam pelas encostas. Naqueles pomares,
roçados e canaviais os lavradores descansavam fazendo versos, cantorias. Nas
imensas cozinhas dos sítios as nativas ouviam e cantavam cantigas aprendidas
com senhoras portuguesas ou holandesas.
Dizem que
foi dessas cantigas de cozinha que nasceram os dramas lembrados pela Rachel.
Quando os trabalhadores festejavam a colheita, apresentavam seus poemas em
dramas e reisados. Primeiro entre si, depois para senhores e suas famílias, nos
faxinais dos sítios. Os senhores forneciam as roupas de cena, os cenários, cediam
os lampiões que iluminavam a faxina, convidavam o povo das redondezas, e davam
de graça a cachaça. Contam que no sítio Arábia se apresentavam noitadas de
dramas com mais de cinquenta e três números diferentes. Eles chamavam os
números de “operetas”, que eram diálogos cantados. Os sítios ficavam cheios de
gente em suas roupas domingueiras, comendo e bebendo, divertindo-se com
entusiasmo.
Algum
padre entendeu que aquele júbilo poderia animar as cerimônias da padroeira,
aumentando a arrecadação das quermesses, e incorporou a festividade às festas
de igreja. Assim foi que Guaramiranga criou seu espírito de artes, a partir de
dramas, de mestres do reisado, de músicos e poetas populares, das festas
religiosas, das rezadeiras com suas preces, dos balaieiros que fabricavam peças
minuciosas... Com o fim das atividades cafeeiras, os lavradores se foram
daquelas serras, e a festa de dramas passou a fazer parte do pequeno centro
urbano. Nos domingos à noite. Uma história bucólica, um passado alegre.
Como
Rachel, também tenho as minhas lembranças líricas de infância na serra. Mas era
a de Maranguape, onde meus pais alugavam um sítio para nossas férias. Minha
lembrança é apenas uma névoa, uma ou outra imagem sem história, pois eu era
muito pequenina, tinha apenas dois anos de idade: uma piscina imensa, águas
escuras cobertas de pinceladas de prata, a vegetação por trás, o vulto de uma
casa, um telhado vermelho...
quinta-feira, 2 de julho de 2015
Dedicatória do Poeta de Meia-Tigela
Dedicatória do amigo Poeta de
Meia-Tigela
para Miravilha: liriai o campo dos olhos
Raymundo
Netto?
Dos
FitoManos?
É
meu Hermano:
Tenho-lhe
afeto
Do
seu tamanho!
Cara
correto
Sem
"Não" e "Exceto",
Quase...
espartano!
Raymundo-Américo,
No
mundo-entérico
De
morais pebas,
Acangapebas
Somos:
bandalhos...
Nós,
Espantalhos
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