segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

"Desejo Secreto", de Raymundo Netto para O POVO



Susanabela nem não acreditava, senão o homem do noticiário insistia: “Papai Noel estará neste domingo no shopping, aquele mesmo pertinho de você!”
Por trás dos olhos arregalados soluçava a duvidar do aparelho de TV: “Ele? Aqui?”
Trazia, no pouco mais de trinta anos, uma beleza sofrida e esquiva. Após ser largada por Genésio, o único e infeliz amor de sua existência, que a trocou  justamente pela irmã, a caçula, decidira largar de vez a sua cidadezinha de sempre e buscar sustento em casa de família na capital, à custa da necessidade, rotinando as únicas prendas de sua vida: varrer, lavar, passar e cozinhar.
Fazia apenas alguns meses. Morava num quartinho reversível dos fundos, ao lado da área de serviço, por trás do tanque. Sem família, sem amigos, sem ninguém, abria mão até dos finais de semana, simplesmente por não ter, ou saber, o que fazer fora dali. Não besta, a patroa a explorava carinhosamente, rasgando-a de cínicos elogios toda vez que a surpreendia passando as roupas no perfeito domingo, de costas para o café da manhã bem-posto, inda quentinho, na mesa de vista para o céu mais azul e livre deste mundo.
Mas naquele domingo, não. A patroa acordou de cara emburrada, estranhando a empolgação da empregada no enfeito em tamancos, e o nada de café nem de janela azul.
“É namorado, não é? Olhe, tome cuidado com os rapazes daqui, Susanabela. Só querem mesmo é tirar uma casquinha... E você, me desculpe, é uma tonta!”
“É hôme não, dona Rubi. Deus me alivre. É mais que isso... é um sonho!”
Não ouvia, pois estava cheia de seus próprios sons. A patroa resmungava: “Serviço bom como este aqui vai ser difícil conseguir outro, visse?”
Susanabela quase abria os portões do shopping. Desfiava conversa com o segurança, os zeladores e taxistas. Mais ansiosa que caldeira de trem, numa felicidade estranhamente sincera, perguntava: "Vocês não vão falar com o Papai Noé, não?"
Riam-se. Entre eles, apontavam para ela, meneavam a cabeça: “Não pode ser desse mundo.”
Com pouco, a fila se esticou de crianças e de pais sonolentos de boa vontade. Ao fim, chegava ele, o tal Noel, passando por ela num acolchoado encarnado e luminoso sem dar-lhe a mínima atenção, rumo ao seu trono. Ela, a primeira da fila, postava-se passiva e trêmula, enquanto as ajudantes do velhote lhe perguntavam pelos filhos: Não os tinha.
Daí, o canastrão, desconfortavelmente sentado na poltrona decorada, pôs-se ao papel, lançando um afônico Hou-hou-hou e chamando Susanabela: “E então, minha filha, o que você quer de seu Papai Noel?” Era o que faltava. Susana livrou-se dos tamancos, saltou em seu colo, beijou o blush de seu rosto e, num abraço caloroso e fatal, sussurrou-lhe ao ouvido: “O senhor se alembra quando eu pedi uma irmãzinha? Agora quero que você morra ela.... Morra ela, pra mim, Papai Noé, por favor!” 


segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

"Enlutada", de Raymundo Netto para O POVO



Safira seguia a passo vago ao lado do caixão do marido. Olhava Edmundo de cima abaixo, de baixo para acima, como se a qualquer momento fosse de sua providência acertar o véu, recompor um detalhe, apertar os cadarços, ajeitar-lhe as mãos pesadas no peito mudo. Como se ele, dali a pouco, pudesse lhe pedir qualquer coisa, qualquer uma. Ela o faria, certamente, o faria como sempre.
No mesmo passo, desviava a atenção dos olhos úmidos para as paredes nuas, às imagens de um Cristo triste e rendido a esvair-se em sangue, enquanto a mocinha da funerária, que interrompia o silêncio com irritantes saltos ligeiros, trazia os copos descartáveis e o café para as visitas:
"Não tem ninguém, senhora?"
"Ninguém, por quê?"
O casal se bastava em si, nem filhos, orgulhavam-se, lembrou. Foram morar longe: "Família só serve para dar pitaco!" O amor lhes era tudo. Era o teto, o chão e o cobertor do casal. O que poderia faltar diante do amor de duas almas tão sinceras?
Durante algumas horas, apenas uns poucos, menos de dez, colegas do trabalho, passariam por ali. Alguns deles, cerrados em óculos escuríssimos, mal emitiriam palavras, apenas grunhiam. Poderia ser qualquer coisa, de "lamento" a "ainda bem". Perguntariam:
"Como foi que aconteceu? Tão jovem..."
"Não sei. Ele estava tão bem, feliz, e de repente... Foi-se."
Não demorariam. Teriam outros compromissos, qualquer um, senão ficariam, mas ligasse — se tivesse deles sequer algum número. Entretanto, trariam a mais bela e única coroa de flores. Nela, uma cor clichê: "Saudades".
Ficaria por horas novamente só, imutável, sentada numa incômoda poltrona de viúva a rememorar o sorriso elevado que ora jazia ali, sepultado em algum lugar daquele cadáver, objeto repulsivo a caminho dos vermes que conduzem à desintegração terrena.
Por vezes, tomava coragem, levantava-se e parava diante do corpo do marido. Espalmava a mão na testa lânguida e uma ânsia lhe tomava o corpo em arrepios lancinantes. Como seria possível amá-lo assim? Como poderia guardar na lembrança aquele homem? "Morto!" Punha-se em soluços de agonia. O peito arfava em espasmos sucessivos e ela tremia, esfregando as mãos na saia: "Que nojo! Nojo! Nojo!"
Mais tarde da noite apareceu da penumbra outra mulher. Chegou ao portal do salão e estacou. Vestia o negro na corrente de profundo abatimento. Olharam-se. Não se conheciam decerto, mas era como se se soubessem. Aproximou-se, margeou o esquife, como chegasse aos pés de um precipício, e deitou a mão levemente na perna esquerda do falecido. Com breve, seu olhar transmudou de grave a enlouquecido, desesperado. Deitava em lágrimas convulsas, num choro pesaroso e inconsolável de encontrar eco nas demais cabinas mortuárias. Mais um pouco, até seria possível invejar Edmundo na sua condição de morto.
Safira assistia passiva, comovida e atônita. Por um momento, não se sentia mais só. Na verdade, não sentia nem o próprio corpo, nem a mesma dor.
Aproximou-se da outra, tocou-lhe os dedos e pronunciou-lhe um beijo na testa. Voltou à poltrona, tomou a bolsa e, num suspiro profundo e sem olhar para trás, se foi, enquanto a enlutada subia, ainda trêmula, no caixão de Edmundo, aninhando a face saudosa sobre o seu peito e, como uma jura imortal, morreu com ele.


domingo, 18 de novembro de 2018

"Redenção", de Raymundo Netto para O POVO



Gedeão incomodava-se. Passasse à calçada, a vizinhança logo lhe apontava olhos censurosos. Era um desgraçado, sabiam mais do que ele próprio. Sabiam sempre mais, de não entender como não haveria de saber nada. Pois sim, a sua mulher o traía às ventas e ele nada! Como poderia?
Já havia de telefonemas anônimos. Bilhetes de solidária maldade lhe chegavam. Os colegas e mesmo os familiares mais próximos, com vexame, insinuavam desconfianças... Era de tão claro, mas Gedeão parecia receber tudo com a naturalidade de um Jó, incompreensível ao geral pensamento humano e, ademais, masculino.
Diante da porta da casa, torcendo a chave, a curiosidade de uma rua despontava aos ouvidos: haveria ali outro alguém? seria daquele dia a desforra? falaria à sonsa da mulher as verdades? surraria aquela vagabunda? acabaria dali, de vez, a pouca vergonha?
O silêncio frustrante de um nada acontecia.
Naquele dia, entretanto, após minutos, saía ela, a esposa jovem e imperdoavelmente linda, pela mesma calçada, acompanhada de estranho. A lágrima descia única e atrevida à face, a luzir do suor vertido no calor da hora. O homem ao lado nem não tinha cor. Fosse outra, dignaria vaia, mas ela, não, era diferente. Temiam-na.
No vento de sua passagem, correram todos à janela da casa. Gedeão, magro ao paletó, cruzava os dedos nos cabelos da cabeça reclinada. “O desespero corroía o peito”, pensavam todos a suspirarem dós da sua inocência. Homem estudado, embora simples e apaixonado, trouxera aquela moça inda adolescente, virgem parecia, do interior, mal sabendo as palavras de boca. Deu-lhe nome, casa, comida. E agora, era de pagar esse preço. Por tanto a enganar olhos e ouvidos, a vadia aproveitou-se.
Como tudo na vida, menos na morte, o tempo passou. Gedeão, acolhido com disfarce generoso pela vizinhança, encontrou breve outra mulher. Esta, filha única da vizinha, a mais cruel algoz de sua outrora companheira. Via na filha a redenção daquele corno, pois nela o exemplo quase litúrgico de virtude e fidelidade.
Gedeão casara assim em festa de rua. Nunca mais que ficara só. A sogra, entretanto, não deixava o casal esquecer a outra. Sempre a relembrar de suas imperfeições e a ostentar a compensação na excelente escolha a remir o seu passado.
Foi-se a novidade. Gedeão atravessava a calçada, incomodado. Era de um encabulo só. Olhos demais, palavras demais, amigos demais e algo mais lhe pedia a vida. A esposa já percebia. Acolhendo-o em seus braços, buscava chegar à sua dor, lhe preencher o vazio de seu coração choroso.
E foi numa noite que Gedeão abriu, com sorriso, a porta da alcova, e apresentou à mulher um homem sem cor, e ela, compreensiva em seu sublime e devoto amor, abriu os braços, como numa cruz, para o seu mundo.

domingo, 4 de novembro de 2018

"A Voz de meu Pai", de Raymundo Netto para O POVO



José Pedro, o Deca (29.6.1939 - 25.10.2018)

“Vejo meu pai como um artista. Saber viver é uma arte. De todas, a mais difícil! Ele era semianalfabeto, nascido numa cidadezinha que nunca eu ouvira falar e, mesmo assim, conseguiu um emprego seguro, casou-se e teve nove filhos, criando e educando a todos. Em seu emprego, era querido e respeitado tanto pelos chefes como pelos subalternos. Quando ia ao Quartel era recebido como uma celebridade. Até o general o tratava com cortesia – chamava-o de mestre Raymundo – e sempre se oferecia para ajudar-lhe quando precisasse. Hoje, quando penso como papai conseguia conquistar todas essas pessoas, independentemente de patente ou de nível social, percebo que tinha muita sabedoria.”
Há apenas 12 anos, o meu pai, José Pedro, passou a me visitar quase que diariamente pelas manhãs. Ele, mais acostumado a dar do que a pedir, chegava humilde, quase litúrgico, em gestos e palavras. Trazia debaixo do braço um caderno velho de apontamentos onde montava uma espécie de autobiografia. Precisava de minha ajuda para “ver se estava tudo certinho”. Minha missão, quase a de um escrivão: sentar ao seu lado, digitar o que escrevera e melhorar aqui e acolá, sem alterar o texto, a sua “voz”, tornando-o bem compreensível ao expressar o que acontecera e o seu sentimento a respeito. Então, enquanto eu digitava, lia em voz alta. Ele, ao lado, acompanhava. Explicava-me, quando achava necessário, as entrelinhas daquela história, confirmando-a com lamento, certa timidez ou mesmo se divertindo muito.
O menino, que nascera no Dia de São Pedro, na rua das Neves, s/n, em Casa Amarela, no Recife, falava sobre a infância, as escolas, as aventuras e travessuras, a juventude no Largo da Paz, os carnavais, os primeiros amores, o trabalho – desde os 13 anos –, a vinda a Fortaleza, o casamento, a família, as dificuldades financeiras, as escolhas, as renúncias, a sua vida religiosa, entre outras delícias.
Naqueles dias, visivelmente emocionado ao passar a limpo aquelas memórias, quase toda passagem do texto gerava uma nova história, uma vida que mais parecia ter 100 anos (tinha 67). Eu questionava, pedia-lhe para repetir aquilo, tentava situar historicamente, enquanto na minha cabeça tudo se transformava em imagens de filme antigo, um drama humano, que, aparentemente, poderia ser a história de qualquer um, mas não o era para aquele homem.
No trecho acima, em que descreve o pai – quando pequeno, por perceber que a maioria das pessoas gostava mais das mães, decidiu gostar mais do seu pai –, ele, sem o perceber, retratou-se como nós, filhos, o vemos. Sim, aquele “artista” era ele mesmo. Daí, ao final, outro trecho: “A maior lição que recebi, e esta, veio do exemplo de meu pai, é procurar ser o pai que ele foi, fazendo tudo pelos filhos.” E o fez, assim como pelos seus netos, enquanto pôde. As lições que nos deixou comprovam isso.
Até que na manhãzinha de 25 de outubro de 2018, ele descansou desse mundo, deixando agora as suas memórias, como as folhas de outono, ao vento, espalhadas entre as nossas e as de outras tantas pessoas que nos chegam e sorriem ao falar o seu nome, a nos provar que a vida não cabe no tempo, apenas se alimenta dele, assim como aquilo que insufla o corpo, quando muito, transborda dele, resistindo ao esquecimento e nos acolhendo naqueles momentos em que achamos não existir nada mais na estrada que valha uma vida.


Meu pai, eu e minha mãe (Zenaide), em um dia dos pais

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

"O Tiro (voto) que não sai pela Culatra", de Raymundo Netto para O POVO



Interrompemos a nossa programação literária normal para o pronunciamento de um autor, eleitor e trabalhador brasileiro: Minhas amigas e meus amigos, no momento dramático, atípico e histórico pelo qual passamos, como seria possível debruçar-me sobre a ficção quando a realidade me parece ainda mais fantástica e absurdamente irreal?
Votei pela primeira vez aos 21 anos. Até lá, não poderia votar, não porque não o quisesse, mas por que em meu país, em 1964, houve um golpe de estado. Depois veio a ditadura civil (a elite econômica, os poderosos que tiveram vantagens com o regime implantado no país) e militar, a repressão, as perseguições aos intelectuais, aos artistas, aos veículos de comunicação de oposição (os favoráveis ao golpe, ao contrário, enriqueceram), aos movimentos sociais, a censura, a perda dos direitos civis, a tortura, os assassinatos, o medo, o terror e, por fim, o silêncio.
Algumas pessoas, covardemente, decidiram cuidar da sua própria vida e pronto. Não reclamariam, deixariam que o governo fizesse o que bem entendesse. Outros sabiam de familiares e amigos desaparecidos – alguns  até hoje – ou torturados com elevado nível de barbaridade.
Hoje, 30 anos depois, vejo "emergir o monstro da lagoa". O pior, o mais desqualificado e despreparado candidato ao maior posto executivo do país fala claramente, sem vergonhas ou temor, de ser a favor da tortura e do assassinato de seres humanos. De não aceitar a democracia e não respeitar voto. De ser contra os direitos trabalhistas e desfavorável a trabalhadores, principalmente as mulheres, privilegiando empresários inescrupulosos. Que prega um discurso repleto de violência, de homofobia, de racismo, de misoginia e preconceito, enquanto é associado à corrupção (afirma ter recebido propina por meio de seu partido, assume a sonegação de impostos) e, misteriosamente, agora, nos aparece em uma campanha milionária de disparos em massa bancada por empresas divulgadoras de Fake News. E com que objetivo? Por amor a esse país? E afinal, a quem esse candidato fascista, que nada fala de educação e de cultura, realmente representa? Os nomes que se aliam ao dele são os de pessoas tão oportunistas e de caráter tão duvidoso quanto o próprio, também radicais, extremistas e autoritários. Pergunto: será que teremos que passar por isso de novo e desta vez entregando a nossa democracia e o nosso país de bandeja?
Não defendo o PT. Sou contra a ditadura, seja de direita ou de esquerda. Não sou ligado a nenhum partido, mas como artista, brasileiro e trabalhador, sou favorável à democracia, à ampla liberdade de expressão, à pluralidade de ideias, à diversidade, à maior igualdade social, à justiça e aos direitos humanos, à solidariedade, à educação acima de tudo, à cultura para união dos povos e à disseminação do amor, da gentileza, da paz e da liberdade.
Assim, HOJE, não vejo alternativa a não ser votar em HADDAD, um democrata, independentemente de seu partido. Ex-ministro da Educação, que ali deixou um legado impressionante de aumento de orçamento, expansão e interiorização do ensino superior e ampliação do número de matrículas escolares. Daí, peço a você, leitor(a), que reflita, dispa-se de seu ódio e antipetismo. Acredite que com Haddad, esse tiro (voto) não sairá pela culatra.




sexta-feira, 12 de outubro de 2018

"O Brasil do futuro depende do que fizermos HOJE!", por Raymundo Netto



Esse é o hoje o meu presente a todas as crianças deste Brasil
O candidato mais despreparado à presidência, que durante cerca de 30 anos não teve nenhuma utilidade nem repercussão, a não ser pelas tolices e bizarrices que diz, se beneficiando e defendendo a vida inteira aquilo que chama de "velha política", hoje, num movimento oportunista de SUICÍDIO ELEITORAL, serve de VOZ a muitos que tinham vergonha ou dúvidas do mau-caratismo do seu PRÓPRIO discurso e sentimento: gente que prefere ver o pobre cativo e dependente (na miséria, obrigado a aceitar esmolas); que se acha superior (inclusive na cor), que venceu pelo trabalho e/ou pelo estudo (quando teve melhores oportunidades, família bem constituída, condições financeiras e “peixadas”); que emprega mulheres, mas tem raiva de pagar o que paga para elas porque as acha inferiores ou porque (“droga!”) ainda engravidam; que paga os direitos trabalhistas porque é o jeito, mas explora e assedia (moral e até sexualmente) seus empregados sempre que pode (se pudesse, em troca do trabalho, continuaria, e “como favor”, dando comida, sabonete, pasta de dentes, absorventes e a dormida naquele quartinho ao lado da despensa); que não gosta de dividir assento com negros (não acredita que houve escravidão), índios (que acha o cúmulo “dar terra” a esses “preguiçosos”), gays (que se aprende a ser gay na escola, lendo folhetos, e que pode se curar, se apanhar, talvez até a morte) ou pobres (aliás, acha que pobre tem que andar é de ônibus, para deixar o trânsito melhor para ele); que não admite outras crenças (inclusive religiões) que não sejam a sua; que acha que filho de pobre tem é que virar encanador, eletricista, gari ou pedreiro, pois “ser doutor” é apenas para quem tem dinheiro para pagar boa escola; que sonega impostos do jeito que pode, pois não se interessa em "estar pagando" escolas e hospitais públicos "que nem usa"; que acha que a solução para violência é “na bala”; que o problema da Reforma Agrária se resolve é distribuindo fuzil para jagunço de latifundiário; que acha que o artista tem que parar de vagabundear e arranjar trabalho sério; que não se interessa que, ainda hoje, existam bairros tão próximos de sua agradável morada, onde pessoas não tenham luz, água encanada, saneamento básico, escola com professores, postos com médicos e/ou remédios, além de viverem imersos em violência, insegurança em um mar de drogas e facções, pois vive bem, noutra realidade, e o que importa é que essa É A SUA REALIDADE (por que a "Fortaleza Apavorada" só grita quando atinge bairro elegante?) etc. 
Não são todos, felizmente, assim como sabemos, claro, que nem todo eleitor do outro candidato, o que defende ideias democráticas, é santo. Mas HOJE podemos ter certeza que a máscara do BRASIL está caindo. Vivemos (e somos), sim, em um país preconceituoso, machista, misógino, elitista, desigual, injusto, egoísta, entreguista, anticristão (defender a tortura, como isso é possível, meu Deus?) e antidemocrata. Como nós poderíamos ser um país desenvolvido, admirado pelo mundo, carregando esse pensamento perverso, retrógrado e desumano?
Com o argumento (ou falta de) fácil de “PT Nunca Mais”, alguns desses eleitores cansados do mundo (outros são por crueldade e vilania mesmo) decidiram pular no abismo em forma de SUICÍDIO nas urnas (poderia ser qualquer um), acreditando em promessas “messiânicas” arranhadas de verde-amarelo (historicamente, todos os grandes fascistas e ditadores têm discursos nacionalistas e patrióticos para justificar e legitimar a sua tirania) e que podem conduzir o processo democrático brasileiro a um retrocesso imensurável.
Se você acredita não ser como essa gente que eu falei, se não pensa como eles, vamos refletir sobre isso? 
Não percamos a esperança, não votemos no desespero, não nos acovardemos, tenhamos FÉ (não dizem que somos um país religioso?) e vamos tentar de novo.
Eu acredito na vitória do POVO BRASILEIRO e por um país onde nossas CRIANÇAS possam ter orgulho e esperança na vida e não na bala: VOTO EM HADDAD!



domingo, 7 de outubro de 2018

"O Infiel", de Raymundo Netto para O POVO



Era noiva. Uma eterna noiva, poderia se dizer, e mesmo assim não causaria espanto. Porém, na sua idade e com a visível opulência de seus atrativos, anunciar a mais intransponível castidade de moça jamais tocada e bulida, impressionava.
Cândida trabalhava como doméstica desde adolescente, quando conheceu e enamorou-se perdidamente por Jacobeu, um jovem trabalhador, também de família humilde, evangélico fervoroso, mais assíduo à igreja do que cão sem dono.
No começo, conversavam a valer, sendo natural a intimidade vir com o tempo. Entretanto, o casal já cumpria uma quase eternidade, e ela estranhava a dedicação obsessiva do rapaz em permanecê-la “intacta e pura”. Justificava a religião: “Só me caso com mulher virgem, direita. Deus não quer assim?” Daí, ela se culpava e se envergonhava pela indignidade de seus desejos. E estimava ainda mais os cuidados daquele homem que, na promessa de matrimônio, resistia aos seus próprios ímpetos. O certo é que até esse jurado casamento era duro de chegar.
Às noites, muitas delas, ele a deixava em casa, após um amasso frouxo e ligeiro. Ela reclamava: “Queria mais...” Ele alertava: “Cuidado. Não se deixe dominar pela tentação da carne. Só me caso com mulher virgem!”
Na pracinha, porém, os rapazes a assediavam. Flertavam, acusavam as coxas e as nádegas salientes, enviavam mensagens pelo celular, chamavam-na de “carinha de anjo”. As amigas percebiam a popularidade de Cândida. Relatavam as suas experiências, as mais picantes, de corar a uma cafetina, e, em troca, cobravam-lhe intimidades. Inocente, respondia: “Não sei. Só namorei com ele...” Frustradas, sentenciavam: “Está perdendo tempo. Não sabe o que é bom!”
Outra noite, voltando com o namorado de uma confraternização, ela lançou: “Queria conhecer um motel!” O namorado empalideceu: “A casa do pecado!” “Do amor, meu bem, do amor. Tudo depende de como a gente vê e do que a gente faz. Vamos mais eu, só uma vez...” Pego de surpresa, Jacobeu entrou no primeiro que viu. Animada, ela pegou a chave, abriu a porta, apertou todos os botões que encontrou pela frente e anunciou o banho “para ficar bem gostosa”. De fato, nem precisava se esforçar, apareceu na penumbra do quarto frio, enrolada em toalha de mãos, escandalosamente sensual, encontrando-o ainda vestido, apático e assistindo à TV. Ia deitar-se ao seu lado quando ele, visivelmente irritado, a interpelou: “Satisfeita agora? Sabe, você está ouvindo demais as suas amigas. Elas não têm nada na cabeça e dá nisso. Pergunta se elas esperam se casar com homem sério. Pergunta!”
Contando, ninguém acreditava, nem a própria Cândida. Assim, no dia seguinte, desabafou com as amigas. De cara, alertaram: “Sua boba, ele só pode estar lhe traindo. Deve ter outra mulher, uma dessas sem-vergonhas que fazem de um tudo... Assim é bom, né?”
Chegou o Carnaval. Ela queria ir ao baile na pracinha. Ele não poderia. Lamentava: “Minha mãe precisa de mim, meu bem. E a mãe é sagrada. Sagrada!”
Com a pulga atrás da orelha e a chaleira apitando faz tempo deu uma de doida: desligou o telefone e, mais tarde, foi de surpresa à casa de Jacobeu. Atendeu a sacra mãe: “Saiu desde ontem, pensei que estava com você.” Indignada e certa da traição do noivo, resolveu ir à folia e a forra, Deus a perdoasse: “Se ele pode, porque eu não?” Era o fim. Entretanto, qual não foi a sua surpresa ao ver o Jacobeu ali, fantasiado, não como pierrô, mas à colombina, embaixo de plumas e glitter colorido, correndo em frenesi atrás de uma serpentina cor de rosa.



segunda-feira, 24 de setembro de 2018

"Ciúmes", de Raymundo Netto para O POVO



“Eu também amo a sua mulher!”, afirmou Padilha, o seu melhor amigo, numa sinceridade brutal, quase desumana. Honório, mais ébrio do que uma adega, duvidou dos próprios ouvidos, recusando a crer naquela despropositada revelação. Silenciado, largou o copo no balcão e partiu para casa, encontrando a esposa a esperá-lo na sala, acolhendo-o como uma Pietá. Jogando a cabeça tonta em seu regaço, compartilhou o acontecido. “Que cretino... e na minha cara, Madalena! Ele está pensando que sou o quê?” Ela sussurrou ao seu ouvido: “Calma, paizinho. O que importa é quem eu amo: você. Só você.” Então, sovado por beijos da amada, foi deitar. Porém, Honório teve pesadelos: “Madalena não... Ela não! É minha. Só!”. Pela manhã, ainda doía-lhe o juízo. “Como pôde, minha filha? Nós éramos tão amigos. Ele vivia aqui em casa. Olha no que deu.” Ela nada dizia. Pegou-lhe a mão e a beijou, suave e apaixonada. “Esqueceria”. Mas ele não se esqueceu. Pelo contrário. Daquele dia em diante, entranhado de ciúmes, determinou-se a perseguir o seu rival, que, de fato, nem se esforçava para sê-lo.
Nos bares e no trabalho, Honório encontrava amigos em comum e não perdia a oportunidade de contar a desfaçatez “daquele sujeito”. Eles diziam não acreditar e se mostravam solidários: “Sentir uma pontinha disso ou daquilo vá lá, mas confessar assim, na cara do marido, é uma insanidade.” O certo é que, depois, cada qual com seu motivo, vez ou outra lhe segredava: “Vi a Madalena hoje. Estava com o safado do Padilha.” Ele enlouquecia e ligava dali mesmo para tomar satisfações com a esposa, à sombra de um meio-sorriso do alcaguete. Ela, a princípio, calmamente, dizia ter sido um acaso. “Ele também estava lá e mal nos cumprimentamos. Ele nos respeita, amor.” Honório, ferido, não se convencia: “Não quero saber de você em tititi com esse ordinário. Com qualquer um, mas com ele nunca, ouviu bem?” Isso aconteceria outras vezes. Assim, quando a mulher saía de casa e não lhe dizia o destino, ligava anonimamente para a secretária dele e perguntava: “O Padilha está? Tem certeza? Vai passar a tarde aí?” Mas se ele ali não estivesse, era batata: “Foi ao encontro dela... cachorro!” Começou a exigir que a mulher só saísse após lhe contar e bem contado aonde iria. Ela, já bastante incomodada, mas sem querer piorar a situação, dizia, e ele logo questionava: “E ele vai estar lá? Tem chance de ele estar lá?”
Também na cama, quando não se saía bem, explodia: “É o Padilha. Deve ser praga. Quando penso que aquelezinho pode estar agora se imaginando com você, tocando em você, isso me acaba, minha filha... eu não presto!”
Nas ocasiões sociais, dominado pela sua neurose galopante, se Honório o visse chegar, segurava, a ponto de machucar, a mão de Madalena. Chegasse perto, ele a arrastava. E se ele ousasse apenas olhar para ela, de imediato, ouvia: “O que foi? Não vê que esta senhora está acompanhada?”
Madalena não cabia mais de tanta vergonha e humilhações. Não queria mais sair de casa, não ia às compras, deixou de trabalhar, trancava-se no quarto, desgostosa até de olhar pela janela, pois decerto ouviria: “É ele que está aí fora? Se eu o vir, o quebro de pau!”
Após meses de angústia, enfraquecida, definhou a olhos vistos e, sem ter nem para quê, morreu!
No velório, mais do que tristeza, percebia-se uma ansiedade do viúvo. Estranhamente, perguntava a todos o tempo inteiro: “E o Padilha, ele não vem? Ele já chegou? Cadê o Padilha?” Adiou por horas a missa e o enterro da mulher na esperança da iminente e aguardada chegada do suposto amante que, por fim, não veio.
Do cemitério mesmo, sem dar ouvidos ao conselho dos amigos, correu à casa de Padilha. Bateu-lhe à porta desesperadamente. Quando ele o atendeu, surpreso, ouviu de Honório: “Padilha, você está bem? Não está doente, sentindo-se mal?” “Não... eu estou ótimo, claro. Por quê?” “Por quê? Cara, e que diabo de amor é esse seu, hein?”
E caiu num pranto inconsolável, esparramando-se em soluços no ombro do cúmplice amoroso.


domingo, 23 de setembro de 2018

Rádio Nova Brasil FM 106,5: Música brasileira de qualidade!


Agora em Fortaleza, Nova Brasil FM 106.5, 100% música nacional, repertório escolhido a dedo (e bom ouvido). Mais um motivo para você ficar coladinho no seu rádio, no carro, em casa, no escritório, na hora daquela caminhada... Abra as portas de seu coração e SE LIGUE na FM 106,5 que é NOVA BRASIL!

Rádio AlmanaCULTURA: "Assinado Eu", de Tiê




Para assistir ao vídeo:



Já faz um tempo que eu queria te escrever um som
Passado o passado, acho que eu mesma esqueci o tom
Mas sinto que eu te devo sempre alguma explicação.
Parece inaceitável a minha decisão. Eu sei.

Da primeira vez quem sugeriu, eu sei, eu sei, fui eu.
Da segunda quem fingiu que não estava ali também fui eu.
Mas em toda a história, é nossa obrigação
Saber seguir em frente, Seja lá qual direção.
Eu sei.

Tanta afinidade assim, eu sei que só pode ser bom.
Mas se é contrário, é ruim, pesado e eu não acho bom.
Eu fico esperando o dia que você me aceite como amiga,
Ainda vou te convencer. Eu sei.

E te peço, me perdoa, me desculpa que eu não fui sua namorada,
Pois fiquei atordoada, faltou o ar, faltou o ar.
Me despeço dessa história e concluo: a gente segue a direção
Que o nosso próprio coração mandar, E foi pra lá, e foi pra lá.



quarta-feira, 19 de setembro de 2018

"Tardes no Observatório: Histórias de Fortaleza" (20.9)



Tardes no Observatório: Histórias de Fortaleza
Narrativas sobre a cidade e memórias compartilhadas.
Roda de Conversa: “Fortaleza em Quadrinhos”

Convidados:
Eduardo Pereira
Diretor da Biblioteca Municipal Dolor Barreira
Daniel Brandão
Quadrinista, ilustrador, arte-educador e empresário
Raymundo Netto
Quadrinista, designer, escritor e produtor cultural

Convidados Debatedores:
Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult)
Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (SecultFOR)
Coordenadoria Especial de Políticas Públicas de Juventude

Quando: 20 de setembro de 2018, das 14 às 17h
Onde: Observatório de Fortaleza (Prefeitura Municipal de Fortaleza)
(rua Major Facundo, 584, Praça do Ferreira)

O que é o Observatório de Fortaleza:
É o ponto estratégico de uma rede de conhecimento voltado à produção, difusão e acesso à informação sobre políticas públicas, gerando confluência de ideias, promoção de diálogos e intercâmbio de experiências com a sociedade. Ele busca influenciar as transformações sociais, políticas, econômicas, culturais e científicas, qualificando a governança municipal e contribuindo para tornar Fortaleza uma cidade mais acessível, justa, acolhedora e criativa.

sábado, 15 de setembro de 2018

"Oswald do Barro Barroso: desventuras e desencaminhos", apresentação de Raymundo Netto para "Menino Amarelo", de Oswald Barroso



Mundo, mundo, vasto mundo, ah, se ele se chamasse Raimundo e tivesse nome de flor. Mas, não. Ele era feito de barro, do barroso resto da criação do mundo, mundo que trazia em seu nome, como um rei, “Rei Mundo”, e que assistia, moleque e nu, cercado de passarinhos, tijubinas e calangos, o curso melancólico de um descuidado berço Pajeú.
Alheio a esse ainda estranho mundo, nosso herói, um menino amarelo, magro e empombado, fincava seu universo em uma casinha de motor de puxar água, fortaleza pessoal da solidão, na qual planejava seu futuro e contava a memória de seu caminho, moldando sonhos de barro em caixas de fósforos, com pedaços de palito de picolé e hastes de flores. Um mundo de encantamento, o seu teatro da vida, que aqui entra em cena nesta enfeitada e descartesiana publicação. Aliás, aos 5 anos, foi aqui, no palco do José de Alencar, que Mundinho estreava no teatro.
Sim, era o que todos já sabiam: ele tinha pressa! Queria vir a este mundo, vasto e perverso mundo, e por promessa nasceria e seria Raimundo e “feito um pequeno deus, entre ritos, risos e batalhas, criou-se”: dona Albinha, “Nâna êite mim”, “Nâna êite mim”.
Em Menino Amarelo: as desventuras de um rei desencaminhado, o pentalógico Oswald Barroso debulha a história do menino Raimundo Flor – qualquer semelhança é mera coincidência –, retratando, assim mesmo, feito um grande álbum de retratos, suas histórias e as histórias de seus ancestrais, mesmo os mais longevos e dantescos, de sua família, de seus amigos, de seus amores, de seus lugares e impressões, de suas saudades e dores, como se a puxar, sossegado pelo cordão, um caminhão de madeira com molas de flandre, em um caminho de terra, com gosto de terra, da nossa terra.
O menino, filho de dona Alba, uma genealogista inata, e de seu Antônio, que assegurava: “Se me perguntassem (quem ousaria?)/ qual o maior poeta  do mundo/ o que sofreu na carne a dor da poesia/ responderia apenas: infelizmente, eu!”
Neto de dona Alda e de seu Luiz, de dona Nenén e de seu Theodorico, o Tidico, como era chamado, e que partiu ao som da canção de rádio, como despedida, cortando o seu coração de menino: “Eu sei que em breve, muito em breve morrerei, por esse mal que me tortura o coração. Já não suporto mais viver sem teu amor e vim me despedir nessa canção.”
Antes mesmo do Moacyr das 7 mortes, Raimundo Flor havia de conhecer a morte na pele bovina de Flor do Campo, depois pelo cachorro Fly e, por fim, pela irmã, a pequena Diana, perda irreparável de dona Alba, primeiro e eterno amor do menino. Um garoto que descobria o mundo pela janela de trem, que precisou até tirar quebrante de mau-olhado, que tinha medo do mar aberto, da força das ondas, das pancadas d’água nos paredões de quebra-mar, que tinha medo dos medos. Que detonava bala em penico, eternamente assombrado pela figura de um boi holandês, com argola de ferro no focinho, preso, esmurrando o chão e cavando a terra em fúria. Um pequeno cabo eleitoral de um pai candidato a nunca eleito. Menino que se deliciava doente com maçã, marmelada e guaraná com biscoito ou com a novidade da merenda na escola: o sanduíche de pão com doce de goiabada! Que aguardava em casa na fila do banho “talco, pente, sabonete, toalha, sapato, tamborete”. Que subia na caixa d’água a pensar no desconcerto do mundo, lançando letras ao sol, saudoso a rememorar: os passeios no zoológico da Cidade da Criança, a sorveteria da Loja de Variedades, as vitrines do centro, as matinês do Cine Rex, o cordão das Coca-Colas, o bloco dos bombeiros e das Marietas, o maracatu, o corso de automóveis no carnaval, os circos montados na praça da Faculdade de Direito, a Procissão dos Passos, os bondes, os cata-ventos, o acendedor de lampiões em noites sem luar, o sereno dos teatros, a Noite de Violas com o Cego Aderaldo na Casa de Juvenal Galeno, a festa de São Sebastião no Ipu, as retretas da praça da Lagoinha, a irradiadora do padre Caubi, o Grupo de Pajens de São Luís, o Grupo de Escoteiros da Aldeota, as sessões do Clube de Cinema do Ibeu, as histórias contadas na beirada de rede pela Non, índia do Ipu, cria de sua avó Alda, dos quintais repletos de frutas (manga espada, atas, goiabas, seriguela, maracujás) e tantas e tantas outras suas, mas poderiam ser também nossas, lembranças e aventuras retratadas com detalhes de quem talha a cinzel esse Ceará de curumins e curuminhas.
Entretanto, na obra não há só doçura e encontros, mas amarguras e desencaminhos. Ela, aquela mulher, a cigana, um dia diria a seu pai: “Esse menino fará uma grande figura, terá grandes aventuras, mas muitas penas.” Foi ou não foi, Raimundo Flor?
É quando o caminho de uma Rural desgovernada se encontra com o sonho de nosso beque central, camisa nº 3 do Fortaleza – embora seu coração fora Ferrim –, e o desperta para o “Risco Vermelho” que se inicia.
Menino Amarelo é uma surpresa alada, um mergulho profundo no coração, uma punhalada de saudades, uma torrente de emoção. É um voltar para casa paterna, deitar-se no colo seguro, é a reunião à mesa da família, sem a incerteza de um futuro, pois ele... já chegou!

Raymundo Netto
Escritor, editor, amigo e admirador de Raimundo Oswald Barroso

A partir da semana de 17 de setembro, a obra poderá ser encontrada nas Livraria  Arte & Ciência (no Benfica, av. 13 de Maio, 2400, e no Centro, na rua Major Facundo, 594), na Letra L (na av. 13 de Maio, 2383, Benfica, quarteirão da Reitoria da UFC) e na Livraria Lamarca (av. da Universidade, 2475, Benfica)