RIO (Fonte: Agência O GLOBO) - O escritor gaúcho Moacyr Scliar, 73 anos, morreu na madrugada deste domingo no Hospital de Clínicas em Porto Alegre, por falência múltipla de órgãos devido às consequências de um acidente vascular cerebral (AVC).
Scliar havia sofrido um AVC na madrugada de 16 de janeiro enquanto se recuperava de uma cirurgia no intestino. De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, o escritor morreu à 1h, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ele deve ser velado neste domingo na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a partir das 14h. O sepultamento será na segunda-feira, em cerimônia reservada a familiares e amigos.
Moacyr Jaime Scliar nasceu em 23 de março de 1937, em Porto Alegre. Era casado com Judith, com quem teve um filho, Roberto. Seu primeiro livro, publicado em 1962, foi "Histórias de médico em formação", contos baseados em sua experiência como estudante. Em 1968, publicou "O carnaval dos animais", de contos, que considerava de fato sua primeira obra.
Sobre Moacyr Scliar:
Scliar publicou mais de setenta livros entre crônicas, contos, ensaios, romances e literatura infanto-juvenil. Seu estilo leve e irônico lhe garantiu um público bastante amplo de leitores, e em 2003 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, recebido grande quantidade de prêmios literários como o Jabuti (1988, 1993 e 2009), o da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) (1989) e o da Casa de las Americas (1989).
Suas obras frequentemente abordam a imigração judaica no Brasil, mas também tratam de temas como o socialismo, a medicina (área de sua formação), a vida de classe média e vários outros assuntos. O autor já teve obras suas traduzidas para doze idiomas.
Entre suas obras mais importantes estão os seus contos e os romances O ciclo das águas, A estranha nação de Rafael Mendes, O exército de um homem só e O centauro no jardim, este último incluído na lista dos 100 melhores livros de temática judaica dos últimos 200 anos, feita pelo National Yiddish Book Center nos Estados Unidos.
"Acredito, sim, em inspiração, não como uma coisa que vem de fora, que "baixa" no escritor, mas simplesmente como o resultado de uma peculiar introspecção que permite ao escritor acessar histórias que já se encontram em embrião no seu próprio inconsciente e que costumam aparecer sob outras formas — o sonho, por exemplo. Mas só inspiração não é suficiente". (Scliar)