segunda-feira, 19 de outubro de 2015

"Ocupação da SecultFOR, a saga continua!", por Raymundo Netto



Domingo, dia 18 de outubro, às 17h, deu-se o início da Assembleia Extraordinária convocada pelos meios mais alternativos e democráticos possíveis para que os segmentos artísticos e culturais, ora representados, dessem a devida resposta à não-proposta recebida da encastelada prefeitura de Fortaleza, cujo fosso piranhoso é banhado pelo sufocado riacho Pajeú.
A Prefeitura em sua não-proposta nos assegura que nada pode fazer a respeito de aumentar o valor superestimado do seu Edital de um milhão de reais, que deverá ser distribuído para fomentar 13 (treze) linguagens artísticas, após três anos de seca e de aridez de ações e de abundantes promessas. Mas, em toda sua benevolência, garantiria que se todos os manifestantes se retirassem da ocupação do prédio da SecultFOR, ele, prefeito, daria entrada em processo junto à Câmara de Vereadores com o objetivo de que o tal Edital de Artes se reverta em lei, havendo então a possibilidade de esticar um pouquinho a baladeira numa próxima vez, provavelmente mais próxima de sua frágil candidatura à reeleição. Ora essa, se até o Cid Gomes, seu padrinho, padroeiro e incubador, afirmou a respeito da cria que “não se viabilizará [a reeleição] se não intensificar as ações em Fortaleza”... Entretanto, o jovem aquarista, tinha que dar o mau conselho, orientando que RC consolide alianças com vários partidos, até os de menor expressão, para tentar chegar à reeleição. Errou, Cid. O voto vem do povo. Não se deve administrar para partidos, não se deve buscar acordões, conchavos, coletar moeda podre em recursos de campanha, mas o gestor público deve trabalhar para o povo, em prol do povo, da qualidade de vida do povo, da construção de uma sociedade mais justa, mais livre, menos desigual, mais humana.
Roberto Cláudio diz não ter um centavo a mais para investir em cultura, mas é sobejante o investimento em publicidade, enchendo a nossa cabeça com aquela grudenta musiquinha que diz que quando o trabalho é pra valer, todo mundo gosta, todo mundo vê. Pois o que todo mundo vê hoje é um grande e imenso nada. E essa recusa não se dirige apenas aos artistas e produtores culturais locais, mas a todo cidadão consciente que se vê privado de seu direito fundamental à cultura.
Os representantes da categoria artística alojados pacífica e temporariamente na SecultFOR mantém um comportamento digno de cidadãos que são, mas diante da truculência comum à nossa boçal tradição executiva, legislativa e judiciária, temem a reação abusiva da milícia colonial, vulgo “polícia”, ao que devemos estar atentos: NÃO ADMITIMOS REPRESSÃO!
Ontem, meus amigos, após três horas de discussão e de encaminhamento de propostas da assembleia lotada e diante de mais de 1.100 assinaturas de cidadãos fortalezenses artistas ou não favoráveis ao movimento, ainda é desestimulador saber pela coluna de Eliomar de Lima, em O POVO, que esse mesmo prefeito que nos nega em silêncio o que é de nosso direito, alegremente anuncia um festejado réveillon em 2015 com a presença de Luan Santana (entre os 10 Top Shows mais caros do Brasil) e do Zé Ramalho. Sem esquecer que os 15 minutos de queimação de fogos na praia de Iracema (custa cerca de 1 milhão de reais) dava para tirar muitos meninos e meninas das ruas, colocando-os, quem sabe, para brilhar num palco de dignidade.
Assim não dá para defender você, SecultFOR... Melhora!

Nenhum comentário:

Postar um comentário