domingo, 3 de novembro de 2013

"Interior", do Grupo Bagaceira de Teatro (2.11)


Ontem, na Casa da Esquina, assisti à "Interior", com o Grupo Bagaceira de Teatro, projeto aprovado no edital de manutenção de grupos e companhias teatrais da Petrobras. A peça já passou pela assistência de algumas cidades interioranas, onde realizaram as pesquisas que culminaram com o espetáculo, dentre elas: Itarema, Tauá, Icó e Beberibe.
Na peça, o público é convidado a integrar uma roda de cadeiras na calçada (em forma de arquibancada), o que muito me atrai. A princípio, duas velhinhas, duas campesinas, interpretadas com muita competência pelas jovens Samya de Lavor e Tatiana Amorim, em figurinos (trajes e máscaras/caretas) impagáveis, assinados pelo também diretor Yuri Yamamoto, se encontram e põem-se num diálogo que, por vezes, parece não existir, assemelhando-se à lembrança, a algo surreal. Depois, concretiza-se o encontro concreto onde se criticam, ralham, brigam, trocam figurinhas e retratos antigos que dizem de um passado artístico, dum imaginário cultural encontrado nas buscas do Grupo.
Nas "calçadas", o público enredado na trama é servido de bolinho, ouve rádio ("Gavião Calçudo", sucesso de Pixinguinha e Cícero de Almeida) e ouve as historinhas de vovós, bisavós, tataravós e outras parasempre vós de nunca morrerem. Era Dia de Finados, então, a temática caiu muito bem. Eu, pelo menos, fui acometido da saudade da dona Zilma e da dona Alice (esta, inclusive, era tão do contra, que "decidira" nascer no dia dos finados, veja só).
O diálogo, ao final, corria ligeiro, embolado como cantoria de cordel, texto muito bem escrito por Rafael Martins, que também faz uma ponta em "Interior", até a apoteose de músicas do grupo "Acasos das Dramistas", de Beberibe, interpretadas ao final, com o também envolvimento do público.
O Grupo está de parabéns e aconselho demais "Interior", que será apresentado nos sábados e domingos de novembro, às 19h (foram pontuais), na Casa da Esquina (rua João Lobo Filho, 62 - por trás do Hospital Antônio Prudente), com preço de R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia).


Dica para o público: Não aconselho sentarem nos extremos das arquibancadas, a perda da visibilidade e da proximidade das atrizes/personagens compromete a sua introspecção.

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