Fica uma saudade doendo na memória, daquele velho ônibus que pegávamos no tempo de colégio, de sufoco na saída apressada do trabalho para ir ainda à casa da namorada, da “pinada” quase perfeita das duas paradas puladas depois, pernas trôpegas de volta... Sinto uma saudade medonha do Vila Sarita, do Santa Maria desbravando o Monte Castelo (só hoje existe a miniatura sem graça), mas linha nenhuma me deu mais alegria, prazer e saudade que o Jardim América/via Itaoca... (vez por outra ainda o avisto ziguezagueando Montese adentro... Sem volta definida!). Quantos poemas e ficções dariam nossas sofridas e aventurescas linhas de ônibus, atuais e antigas... Queria ter o talento dos poetas Ruy Vasconcelos ou Carlos Nóbrega para com minúcia ir fazendo nossa odisseia suburbana de Aldeota e Parangaba, de Mucuripes e Antônio Bezerra, de João XXIII e Autran Nunes, entre outros expressos mais. Ou como bem fez o Poeta de Meia Tigela saudando, em lamento (leia a seguir), o recente final da linha Paranjana (da qual só vi igual aventura pegando um Grande Circular às 6 da tarde). De lambuja ainda recolheu pérolas que pululam pela internet sobre o triste fato.
Hino do Paranjana
(Poeta de Meia Tigela)
Antônio Bezerra, Parangaba e Lagoa
Só não Siqueira, nem a Messejana
Vá com glórias, com pressa quase voa
Nosso Querido e lotado Paranjana!
[Refrão]
Paranjaaaana, Paranjaaana
És lotado, és cheio de glória
Paranjaaaana, Paranjaaana
Minha herpes é tua memória!
Mesmo que um dia batessem minha carteira
Adorava entrar em ti, no Papicu
Mas agora tu foste embora
Tô atrasado e sem rumo
Seis da tarde era teu Paraíso
Venturoso, cheio de odor
Ostentas a beleza do aperto
E o suor do povo trabalhador
Alvo da molecagem
A notícia do fim das linhas Paranjana 1 e 2 rendeu muitas piadas no Twitter. Vários internautas aproveitaram para soltar “pérolas” nos #paranjanafacts:
1) “A maioria do meus anticorpos consegui no Paranjana.”
2) “Foi uma coisa de outro mundo... Foi a primeira vez que eu levitei...”
3) “Os 300 de Esparta foram até Termophilas em um só Paranjana.”
4) “Quando conseguia assento no Paranjana nem me sentava... Me ajoelhava para agradecer a graça alcançada...”
5) “O Paranjana foi praticamente a primeira rede social de Fortaleza... Todo mundo se conhecia ali...”
6) “As três maiores mentiras da Humanidade: “Nem Deus afunda o Titanic.”, “O 3º Reich durará mil anos.” E “Eu peguei um Paranjana vazio.”
7) “Cliquei em #paranjanafacts e apareceu Twitter is over capacity. Mera coincidência?”
8) “Ao ver o número 41 se aproximando, o passageiro já vai se alongando...”
9) “Uma vez eu peguei o Paranjana tão lotado que o motorista ia em pé e o trocador vinha atrás de mototáxi.”
10) “Felicidade é estar sentado na última cadeira e o motorista acelerar na subidinha da ponte do rio Cocó, só pra te fazer voar...”
11) “Paranjana 1 e 2, os únicos conversíveis que andei – andava só com os pés e as mãos dentro do ônibus, pendurado na porta...”
12) “Capitão Nascimento perdeu a moral no Paranjana. Seu famoso ‘Pede pra sair’ não surtiu efeito algum!”
13) “Definição da palavra ilusão: “Pegar o Paranjana no terminal da Lagoa pra descer na Parangaba.”
14) “Depois da Ortobom, o slogan só vale pro Paranjana: “1/3 da sua vida você passa sobre ele”.”
15) “Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço?! Até Newton foi derrubado pelo Paranjana.”
16) “Velocidade Máxima só não foi filmado no Paranjana porque se não o filme teria umas oito horas de duração.”
17) “Depois que conheci o Paranjana, nunca mais comi sardinha em lata... São como irmãs pra mim!”
18) “Capitão Nascimento falou na parada do ônibus: “Não vai subir ninguém, hein!”. De nada adiantou, todos correram para entrar no Paranjana.”
Gostaria de informar que, ao contrário do alegado por Pedro Salgueiro em sua (sua?) crônica, não sou autor de verso nenhum para o Paranjana nem coletei as frases (realmente inteligentes) do twitter. Apenas encaminhei para o autor de Inimigos um email já em circulação pela internet, e nada mais. E nada mais.
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