Amorto
O amor está morto (e) por aí
Lançada a última pá de cal sobre seu peito dolente
Pregada a tacha ensangre à mão dormente
Em versos sem novidades
Sem cor, com brevidades
Num beijo inconsequente.
O amor está morto, mas vive por aí
Cabeça margeada em receios
Com mãos alheias em seus seios
A falar frivolidades
A dividir ansiedades
A combinar saracoteios.
O amor está morto, sempre esteve,
Pois que em si não se basta
Não se encontra, nem se enfrenta,
Não tenta, se consome, some e sequer vive em lembrança
Nem turva-se à saudade.
O amor está morto, mon coeur em aborto,
Pois que nunca teve-lhe vida que não o travo insosso da partida
E a desfeita alusão à felicidade.
* Vida
ResponderExcluirEu vi a vida nascendo no jarro
A semente eclodiu, olhou na luz
Vida espalhada na base, o barro
Nutrindo a raiz, então me pus
A olhar a natureza tão singela
Passageira vai deixando rasto
Pegadas na areia, mas não revela
A estrada, o caminho é tão vasto
E vi a criança sem lar e teto
A mão que pede olhar infeliz
Sorriso que nunca tem afeto
Vi a família sem vida sem laço
O rio secando a fome num triz
Eu vi a vida nascendo no abraço
SoniaNogueira