Nada nem ninguém me deu mais alegrias e tristezas nesta minha vida que o meu querido Leão do Pici, meu glorioso Tricolor de Aço! Meu amado Fortaleza Esporte Clube.
Comecei a me encantar pelas três cores através de um tio: Jurandir. Na época, eram poucos os tricolores no Interior do Estado. Poucos mas vibrantes, apaixonados.
Fieis!
Minhas lembranças mais antigas me entraram pelos ouvidos, nas ondas do rádio vibrei e sofri com Lulinha, Louro, Pedro Basílio, Ozires e Roner; Chinezinho, Lucinho e Amilton Melo; Haroldo, Marciano e Geraldino Sarava. Não alcancei o Quadrado de Ouro completo, não soube de Zé Carlos. Amilton Rocha já se havia ido pro Recife. Moésio Gomes encarnava o sangue vermelho, azul e branco (depois fiquei sabendo da história de Mozart, nosso ídolo eterno, e sua genialidade, que meu amigo Saraiva Jr. está contando em saborosa biografia).
Vindo estudar na capital e sendo aficcionado por futebol, vivia debaixo das velhas mangueiras do Pici, vendo treinos, acompanhando os craques, sonhando em entrar para o juvenil. Até que os estudos me tomaram quase todo o tempo de jovem sonhador, arrimo de família; mas sempre sonhou um tempo pra correr atrás de meu time. Tivesse ele bem ou ruim das pernas.
E meu amor cresceu mais e mais no pior período, aquele em que passamos sete anos sem um título estadual, cinco anos sem um mísero turno. Sete anos de paixão, pois nunca vimos estádios vazios. A esperança fazia parte desse calvário.
Os anos 1990 terminam e veio vindo o prenúncio de muita glória. Títulos atrás de títulos, organização, união e mais títulos: Foram nada mais, nada menos do que nove campeonatos estaduais em onze disputados, dois acessos à Primeira Divisão do Campeonato Nacional.
E eis que agora parece que voltamos novamente ao fundo do poço. Desclassificados na primeira fase da Terceira Divisão Nacional, quase rebaixados na inconstante Copa do Nordeste, o time praticamente desmontado, prenúncio de antecipação das eleições pra diretoria. Enfim, nosso Leão encontra-se demolido, sorumbático.
Mas engana-se quem aposta que estamos mortos.
É nessas horas mais difíceis que nossas garras são afiadas, nossos pelos se eriçam, nossos dentes crescem. Senhores diretores, deixem seus orgulhos e velhas intrigas de lado, se unam (nos unamos, pois!) pra alimentarmos nosso Leão. Fixemos os olhos no próximo ano, este nada mais há a fazer. Nada, dele só nos restam as duras lições. Que não devem ser regadas a ódio nem vaidades.
Essa é hora de saber quem é verdadeiramente tricolor.
Aos torcedores uma missão muito simples: desentoquem suas camisas da gaveta, levantem a cabeça e partamos pra luta.
Ano que vem é ano de tentar o Penta.
Tricolores! Não deixemos que nosso querido Fortaleza Esporte Clube se transforme num Santa Cruz/PE, num Juventude/RS, num Paissandu/PA, gloriosos times que chegaram ao fundo do abismo, talvez sem volta.
Portanto: Salve, LEÃO! Salvemos o Leão.
PEDRO SALGUEIRO é escritor, publicou os livros de contos O Peso do Morto (1995), O Espantalho (1996), Brincar com Armas (2000), Dos Valores do Inimigo (2005) e Inimigos (2007), além de Fortaleza Voadora (2007), de crônicas.
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