Alguém já lhe disse, ou, certamente, um dia irá
lhe dizer: “você não pode deixar seu emprego”, “não pode sair da sua casa,
deixar seus filhos”, “não pode amar outra ou aquela pessoa”, “não pode
abandonar a sua carreira”, “não pode se vestir assim ou assado ou gostar dessa
cor”, “não pode dizer o que quiser”, “não pode ser diferente”, “não pode...é
para o seu bem... NÃO PODE!”
E se alguém que não lhe conhece dissesse,
ao contrário, que VOCÊ PODE, sim, que tem direito a escolher ser e fazer o que
quiser? E se você, de fato, acreditasse nisso: eu posso ser, fazer, dizer, viver
como eu quiser? EU POSSO ESCOLHER! Já pensou quão poderoso você seria? “EU
POSSO!”.
Entretanto, para chegar lá, terá que
imprimir na mente duas certezas. A primeira: toda escolha traz consequência(s).
Embora seja livre para escolher, não estará livre das consequências dessas escolhas.
O pacote é completo: escolha + consequência(s). No instante do escolher, e isso
pode levar segundos a anos – o tempo e a idade pouco importam –, avalie bem o
que vem a reboque, pois isso FAZ PARTE da sua escolha. Não sabia disso? Então,
provavelmente, escolheu da forma errada e logo cairá em arrependimento, com mágoas,
curtindo a angústia de um abandonado, culpando o mundo pelo seu fracasso e
sofrimento.
A questão é: você sabe o que quer e até
como quer. No mínimo, tem a certeza do que não quer. Não aguenta mais viver do
jeito que está, fazer as mesmas coisas, anular-se. Tudo lhe parece sem sentido.
Não há emoção, nem paixões. No entanto, cabe a pergunta: está preparado para essa
travessia de mudança? Lembre-se de que algumas delas não têm volta. E mesmo quando
parece ser possível retornar, na verdade, volta-se a outro lugar, apenas
semelhante, um reflexo incômodo e distorcido da realidade pretérita.
Você que está sentado aí, na cômoda
cadeira da cozinha, na sala de espera do dentista, naquela hora de escape do
trabalho, no conforto da rotina que permite que sufoque – nem sabe o porquê – as
suas aspirações mais íntimas e inconfessáveis, teria coragem de se levantar
agora, neste momento, e mudar toda a sua vida? Sair da casa dos pais e morar
sozinho(a), abrir mão de bens e se mandar para outro país, pedir separação
àquela pessoa quase estranha que vive com você, deixar a faculdade ou o emprego
tedioso (mas de salário certo), tentar outra profissão – talvez aquela que lhe parece
financeiramente inviável, mas que o(a) provoca –, correr atrás daquela(e)
mulher/homem que deixou escapar e cuja saudade o(a) tortura...? Você
enfrentaria o medo – um de nossos piores inimigos – e os riscos dessa escolha, mesmo
sabendo que isso pode transformar radicalmente o seu destino? Que as pessoas ao
seu lado, principalmente as mais próximas, sofrerão? Que poucas o(a)
compreenderão e continuarão com você? Sim, pois existe uma fôrma, uma espécie
de regulamento social tácito a determinar a normalidade, aquilo que lhe faz ser
aceitável no mundo. E essa FÔRMA sobrevive porque promete – muitas vezes não
cumpre – segurança, conforto, inclusão e a esperança. Aliás, essa é uma de suas
primeiras escolhas: ser do jeito que as pessoas querem ou ser do jeito que você
gostaria e quer ser.
Daí a segunda certeza é a de que o seu
poder não lhe promete ou garante nada, muito menos a felicidade. O caminho
escolhido, certamente, será mais difícil e doloroso (mas uma dor que dói
diferente), trilhado em quase – ou na absoluta – solidão, mas será O SEU CAMINHO,
o grande encontro de você com o seu eu, proporcionando-lhe a segurança apenas
de quem você é, do tanto que pode fazer e realizar, ampliando os seus
horizontes e desapegos. Esse caminho é você, que lançou às favas essa ilusória
segurança, em troca do combustível que nos fez e nos faz, com a delícia das
incertezas e impossibilidades, evoluídos, únicos e humanos: a nossa LIBERDADE.
Muito bom parabéns neto
ResponderExcluirVocê é um presente para nossa literatura. Abraços
ResponderExcluirAiiiii, que lindo! Uma boa reflexão para o fim de semana 🤗
ResponderExcluirQue lindo presente, amigo! Sábias palavras, obrigada!😘
ResponderExcluirAí está, literalmente, um grande incentivo pra chutar o pau da barraca! rsrsrs
ResponderExcluirSaudade é a coragem que faltou! Belo texto Neto!
ResponderExcluirGrande texto amigo, isso reflete muito a realidade da nossa vida.
ResponderExcluirComo são saudáveis e desafiadoras nossas escolhas... Parabéns pelo texto, Raymundo! É aquela leitura necessária em tempos de desatinos e lado A versus lado B!
ResponderExcluirBelíssimas e sábias palavras
ResponderExcluirPalavras Sublimes, filosóficas,poéticas, contemporâneas, atuais, e profundas, parabéns amigo Raymundo Netto
ResponderExcluirAcredito que, na maioria das vezes, somos nós mesmos que travamos a nossa vida. É claro que podemos! Grande abraço. Sou fã dos seus textos.
ResponderExcluirMedo do novo só assusta a quem não aprendeu a voar. SOMOS! PERTENCEMOS! PODEMOS! ...gratidão...sou fã dessas obras, pois elas tem sido o açoite e a mão que afaga ...compartilhando mais uma vez! Parabéns ☀🌛
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