A
vida se faz mesmo quando não se faz ouvida,
Escorrendo
pelas paredes frias do silêncio
Na
tentativa travosa de ser pensamento.
A
vida se contorce para caber num coração,
Mesmo
quando esse coração já é lamento,
Quando
tange e não vibram as cordas do espírito.
A
vida se apropria da morte
Mesmo
quando nela nada se suporta nem a si.
Quando
o respirar incomoda e a moda
É
a insônia a tomar o assento do sono.
A
vida nada mais é do que uma sequência de vazios
Ornamentada
de espelhos reflexos,
De
brumas a descerem à garganta
E
de um pé que evita o cerrar descuidoso da porta.
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