Publicado originalmente no jornal Rascunho,
edição de janeiro/2021.
A escrita literária nunca resulta só do
impulso, da inspiração. Precisa também de processos racionais, de técnicas,
enfim, de uma elaboração consciente. O escritor que se apressa em publicar, sem
lapidar ou pensar exaustivamente o seu texto, corre o risco de apresentar para
o seu eventual leitor material de pouca ou nenhuma qualidade.
Não se faz
literatura só com os sentimentos, com as emoções, mas sobretudo com a
linguagem, com a palavra bem pensada, com muita elaboração textual. Todo
escritor, por outro lado, precisa ter como base a obra de outros escritores.
Ser influenciado por um bom autor, pelo menos no início da carreira, é
positivo. Depois é preciso encontrar uma dicção própria.
Para o jovem que
pretende se enveredar pela ficção, por exemplo, ler Graciliano Ramos poderá ser
muito proveitoso. Graciliano é um autor de estilo conciso, de frase enxuta, sem
derramamentos. Também será extremamente benéfica a leitura de Machado de Assis,
autor de estilo clássico, límpido, comunicativo.
Outro autor de
prosa enxuta, elíptica, é o contista paranaense Dalton Trevisan. É muito
importante para quem escreve ter boas ou consagradas referências literárias. E
sempre estar lendo certos autores contemporâneos ou mesmo relendo seus autores
preferidos.
Por fim, a questão
do prazer da escrita. Além de lidar com a materialidade da língua, de se
expressar através das palavras, há ainda, para o ficcionista, o imaginário, a
fantasia com que ele trabalha. Manejar palavras é algo de fato trabalhoso, mas
que dá muito prazer ao ficcionista. Assim como é prazeroso mobilizar a
fantasia, coabitar os mesmos ambientes de seus personagens, entrar na pele de
cada uma das figuras que ele cria em suas ficções.
Nenhum comentário:
Postar um comentário