Uns choraram feito crianças (um merecido choro), afinal tinham perdido um amigo daqueles que não se encontra em calçada alta.
Outros reclamaram de Deus, por ter levado tão cedo uma alma tão boa, ensaiaram pequenas blasfêmias.
Alguns, ainda, ficaram taciturnos pelos cantos, emburrados pelos cantos, reclamando pelos cantos, lamentando pelos cantos, calados...
Eu, por minha vez, preferi fingir que ele ainda tá por aí: trabalhando, em sua mesa impecável de rapaz velho cheio de manias e humores, na Justiça Federal da Aldeota, ou bisbilhotando as coisas de seu querido (e um de seus poucos defeitos) Ceará Sporting Club, ou indo de vez em quando ao “sebo” do Geraldo na 24 de Maio procurar um livro que emprestou para um amigo (e que se esqueceu de lhe devolver), ou mesmo deitado em sua rede na varanda em frente ao “tanque”, olhando calmamente a Rozi aguar os flamboyants do jardim.
Tanto é verdade que guardo ainda em minha agenda seus dois números de telefone, seu livro rabiscado com uma dúvida para lhe perguntar, e vez por outra releio seus últimos e-mails.
E (prometo, amigo!) qualquer dia desses respondo aquele em que você me confiava um conto falando de como tem gente estranha nesse nosso mundinho.
Ou talvez apenas telefone para deplorarmos o baixo nível técnico de nosso futebol.
Ou, quem sabe, não apareça mesmo por aí para bater um papo com você e o Bivar.
P.S.: Lúcio Flávio Holanda Chaves escreveu um livro sobre o Ceará Sporting Club, Um Retrato Branco e Preto, assim como organizou a revista comemorativa dos 95 do alvinegro de Porangabussu; já o artista plástico Eurico Bivar deixou um legado também no teatro. Os dois foram mestres nessa difícil arte de fazer amigos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário