Vocês sabiam que em Fortaleza, no século XIX, havia mais livrarias do que
existem hoje?
Por incrível que possa parecer, numa cidade analfabeta e com o número
populacional muito inferior ao que hoje apresentamos, tínhamos mais opções de
agências de livros/livrarias na cidade.
Quando me refiro à livraria, não me refiro a papelarias,
mas sim a estabelecimentos comerciais que têm, como seu produto principal,
livros.
E digo mais, aquelas livrarias no passado tinham um
papel cultural importantíssimo na sociedade – mesmo quando, não me iludo,
atendiam em grande parte a uma elite –, pois seu proprietário ou principais
colaboradores também eram leitores, conheciam o gosto de seus clientes – e os reconheciam – e
atuavam quase como mediadores nos processos de leitura da família, dos adultos
às crianças.
Durante muitos anos, novas livrarias surgiriam assim,
em bairros, cumprindo esse papel, orientando e incentivando a leitura, reunindo
escritores e leitores em torno de figuras populares, servindo de núcleos
difusores de cultura.
Com o tempo surgiriam as “megas”, os protótipos
gigantes do consumo, tubarões pirotécnicos a engolir os pequenos negócios e a
deixar em transe as editoras e autores que passavam a sonhar em habitar aquelas
gôndolas e prateleiras dos “mais vendidos”, mesmo quando bastava pagar para
estar lá, independentemente de vender qualquer exemplar.
Assim, da mesma forma que em muitos municípios do
interior cearense não existe sequer uma única livraria, na capital assistimos à
derrocada de alguns exemplares de lojas que atuavam como os tais núcleos.
Pior, essas “megas”, que são muito exigentes, invisibilizaram
muito a nossa produção local. Dos autores e das pouquíssimas editoras
cearenses (cada vez menos), pouco se vê nelas. As coisas acontecem – e quando acontecem – na
base da amizade, de um ou de outro caso de súplica de joelhos ou coisa do tipo "temerosas transações".
Depois do chororô, muitas vezes nem se é prestado conta das vendas e quando
acontece, após a venda efetiva, a editora deve esperar no mínimo 6 meses (o autor,
então, nem se fala). Não gostou não? OK, devolve-se o livro ao reclamante. E
pasmem: isso porque essas livrarias “MORDEM”, sem gastar um tostão, 50% do preço
do exemplar. Imagine!
Daí elas, muito brilhantes e iluminadas, nos mandam e-mails
de promoções e ofertas fantásticas – nem parecem estar em crise e com pedidos
de recuperação judicial –, enquanto não prestam as devidas contas,
principalmente com as pequenas editoras que vão se quebrar antes delas, e ainda nos
fizeram o desserviço de extinguir aquelas pequenas livrarias que, essas, sim,
serviam e reconheciam aos seus clientes.
Em Fortaleza, temos um case: a Livraria Lamarca.
A Lamarca, mesmo de recente instalação (em um dos bairros mais charmosos e intelectuais de Fortaleza, o Benfica) e sendo dirigida por jovens,
surgiu com a proposta de vender livros, claro, mas de servir à comunidade. Como
as livrarias do passado, reconhece os seus frequentadores, reúne autores e
leitores em torno de ações culturais, promove e apoia lançamentos, saraus
poéticos, clubes de leitura, cursos, oficinas e, além do catálogo diversificado
para gostos distintos e de um ambiente agradável e acolhedor – conheci alguns
bem parecidos em Portugal –, também é possível fazer a sua reunião de trabalho e,
por atuar também como restaurante e bar, experimentar de sua culinária (no
almoço, todos os dias, uma opção VEGANA), beber umas cervejas e tomar gostosos
cafés, enquanto apreciamos livros que iremos adquirir ou ouvimos a boa música e a
poesia de nossos autores/compositores locais.
Enfim, a Livraria Lamarca é um local de encontros, de
memórias e de afetos, coisas que uma casa de livros não poderia deixar de ser.
As pessoas, assim como os livros, têm nome, e devem ser tratados como tal.
EU APOIO A LIVRARIA LAMARCA por entender que devemos
enquanto sociedade estimular projetos dessa natureza.
Assim, em DEZEMBRO, que na sua lista de presentes de
Natal e de fim de ano possamos ter
LIVROS. E que esses livros sejam adquiridos na LIVRARIA LAMARCA. Aliás, ela
está com descontos promocionais para este mês na compra de seus livros.
Vamos participar dessa campanha?
CONHEÇA A LIVRARIA LAMARCA!
Mais informações: www.facebook.com/livrarialamarca
Endereço: Av. da Universidade, 2475 - Benfica, Fortaleza - CE, 60020-180
Horário de Funcionamento: 10
às 21h (segunda a sábado)
e-mail:
livrarialamarca@outlook.com
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