“Os leitores
são os meus vampiros”.
Ítalo Calvino
Semana passada, escrevi sobre a baixa
remuneração dos professores e a consequência disso no fraco aprendizado do
brasileiro. Hoje, vou repassar para vocês as informações que a Câmara
Brasileira do Livro, a Fundação de Pesquisas Econômicas, o Ibope Inteligência,
o Instituto Pró-Livro e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros tornaram
públicas na edição do dia 02 deste junho do Caderno Eu&Fim de Semana, do Valor.
Foram lançados 51.819
livros em 2016, menos 1,16% do que os 52.427 publicados em 2015. De qualquer
forma, são 427,2 milhões de exemplares. O total das vendas desses exemplares
corresponde a 5,27 bilhões de reais. É um número razoável, não fosse a quantidade de brasileiros aptos a comprar
um livro e não o fazem. Desses 5,27 bilhões foram gastos 1, 40 bilhões de reais
em aquisição pela administração pública federal, estadual e municipal.
Nesse trabalho está dito
que 56% dos brasileiros admitem ser leitores. Indagados se gosta gostam de ler,
as respostas foram: 30% gostam muito, 4% não sabem ler, 23% não gostam de ler e
43% admitem que gostam um pouco. Indagados se compraram um livro nos últimos
três meses, 26% afirmam ter adquirido. Enquanto isso, 74% disseram que não.
O que parece ir ficando
claro é o provável desapego da maioria dos brasileiros pelo hábito da leitura,
pois 30% nunca compraram um livro sequer. Por outro lado, neutralizando o fato,
31% afirmam que compraram um livro nos últimos três meses, enquanto 6% dizem
que o fizeram nos últimos seis meses.
Os que leem são
influenciados pelos fatores a seguir: assunto(30%), dicas de terceiros(11%)
autor(12 %), título (11%), capa(11%), dicas de professores(7%), críticas ou
resenhas(5%), publicidade(2%), editora(2%), redes sociais(1%), outro(1%) e 8%
não sabem ou não responderam.
Sei que ler números não
é prazeroso para muita gente. Todavia, os que compram livros, influenciados
pelos fatores acima, necessariamente, não
concluem as suas leituras, mas isso não foi levantado pelos que compõem o
mercado editorial brasileiro que está em crise. Comprar não significa ler.
O que me alegrou foi o
fato do Nordeste possuir 26,2 milhões de leitores que são comparados por 25% da
população. No Sul, ao contrário, só há 13,7 milhões de leitores. O Sudeste fica com 48,3 milhões de leitores,
enquanto o Centro-Oeste conta apenas 8 milhões de leitores, o mesmo número que a
região Norte. Como se vê, apesar de não termos grandes editoras, ficamos em
segundo lugar, leitores, perdendo apenas para a região Sudeste.
De tudo o que foi
enumerado e dito, conclui-se que estamos um passo atrás dos leitores europeus.
Ora direis, eles têm tradição em leitura. Por essa razão é que devemos tentar
ultrapassá-los. Em outra fonte, fica claro que a Bíblia é, bem longe dos
demais, o livro mais lido ou consultado do planeta Terra apesar dos cristãos
não serem, longe, a maioria, dos habitantes.
Vou ficando por aqui.
Não poderia deixar de dizer, mais uma vez, que esta semana é crucial para o
Brasil, o país das crises ininterruptas. Os brasileiros estão todos ressabiados
e crentes que um milagre aconteça. Afinal, Deus é brasileiro e o Papa é
“hermano” argentino.
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