sexta-feira, 14 de abril de 2017

"Nilto Maciel", perfil biográfico do autor, por Raymundo Netto, para a coleção "Terra Bárbara"


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Não sou escritor por querer. Fui feito assim, desse jeito, como há abestados desse mesmo feitio: músicos, pintores, dançarinos, atores. Deus me quis escritor. Eu bem poderia ter sido apenas um advogado, um funcionário público, um açougueiro.
(“Confissão Pública”, Nilto Maciel, em 7 de março de 2014)

Nilto Maciel é, certamente, um dos mais fecundos, criativos e enigmáticos escritores que o Brasil já produziu. Publicou 8 romances, 8 coletâneas de contos, 8 novelas (Vasto Abismo reúne 7), 1 seleção de poemas, 3 de crônicas, 2 de artigos, resenhas e notas literárias e 2 de ensaios, além da colaboração em diversas revistas, jornais, sites, blogues e antologias, inclusive no exterior, traduzidas para o espanhol, italiano, francês e esperanto. E tanto mais faria se a vida não lhe fosse ainda tão curta.
Beirando os 70 anos, entusiasmava-se com a “nova fase”, descobria-se, explorava os recursos tecnológicos sem abandonar o método analógico e até radical de viver a sua literatura, coisa que fez incessantemente e quase em gritante silêncio – que o digam os seus diários – durante uma carreira de cerca de 40 anos respirando, urdindo e conduzindo palavras.
Embora não se tornasse um nome midiático, teria prestígio e reconhecimento de autor nacional por escritores e críticos dos mais diversos rincões brasileiros, o que pode ser constatado em A Arquitetura Verbal de Nilto Maciel, fortuna crítica organizada ao lado do amigo e poeta “risonho e carinhoso” João Carlos Taveira.
Em 2013, em meio a publicações diversas, pediu a um amigo em comum, o também escritor Pedro Salgueiro, que me sondasse para escrever a sua biografia. Como se adivinhasse, determinava-se a registrar em publicações as suas memórias, seus artigos, sua produção literária, o que pode ser facilmente comprovado pelo número e natureza das obras publicadas – a maioria por conta própria – nos dois últimos anos de existência física, principalmente em Menos Vivi do que Fiei Palavras (2012), Como me Tornei Imortal (2013) e Quintal dos Dias (2013). Não esquecendo as correções e alterações que faria em suas em suas primeiras produções por meio da publicação de Contos Reunidos I e II.
Entretanto, não conseguindo resposta, um dia, em uma de nossas conversas de sala, ao me oferecer outra Coca-Cola, diretamente me perguntou se eu o faria, e propôs “negócio”. Afinal, “ninguém conhecia a sua vida. Ninguém.” A seu modo, respondi: “Nilto, não seria melhor esperar a sua obra completa?” Ele desconversou, lançou alguma piada mordaz, de costume, acomodou-se em sua cadeira de balanço – a perna esquerda fletida e abraçada pelas mãos entrançadas –, coçou o nariz com o indicador nervoso e concluiu: “Pense nisso.” Meses mais tarde, publicaria Quintal dos Dias, uma espécie de autobiografia, como o Menos Vivi do que Fiei Palavras, na realidade, apenas recortes dos cadernos que compunham o seu diário íntimo ou pessoal, um hábito que cultivava desde a sua adolescência.
Desse modo, caros leitores, amigos ou não de Nilto Maciel, vai-se assim esse perfil biográfico muito breve e afetivo, revolvendo em especial as suas, mas também as minhas lembranças, na tentativa de apresentá-los fielmente ao sedutor personagem do homem das letras, longe de qualquer pretensão maior que não seja apenas a de provocar a quem se perceba capacitado e competente ao estudo, pesquisa e publicação de sua obra, campo vário, fértil e inexplorado.
Ao final, deixo uma trilha cronológica biobibliográfica que o próprio autor – porque os espelhos sempre nos distorcem ou enganam – teve dificuldade de traçar corretamente.
Que a literatura lhe seja justa e o silêncio, breve.

O Autor

Tahyba, 2017.



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