Apenas
em torno de uma mulher que ama pode surgir uma família.
(F.
Von Schlegel)
Esta
semana fui ver fábrica comandada por uma mulher de fibra e talento. Fica no
lado oeste da praça Presidente F. D. Roosevelt, no Jardim América. Roosevelt,
como se sabe, foi presidente dos Estados Unidos até quase o final da Segunda
Guerra. A ele foi prestada essa homenagem pela cidade. Aqui, no Pici, por
acordo entre o oscilante mando de Vargas e a América do Norte, foi montada base
de apoio – por ser próximo da África e da Europa – na travessia pelo céus do
Atlântico Sul e reabastecimento das tropas contra os integrantes do Eixo,
composto por Alemanha e Itália. Isto sem falar do Japão, pois situado no outro
lado do mundo, a Ásia.
Essa
digressão singela é apenas para dizer da alegria ao ver a coroação do esforço
de Maria Soares Leitão, mulher, amiga e confidente de Juarez Leitão. Juarez
teve livrarias, foi vereador e professor reconhecido de História Geral. Por
fim, o casal montou uma fábrica de fardamentos profissionais e escolares. Na
verdade, “montou” é licença poética. À frente de tudo está essa mulher
destemida, bem vestida, no albor da sua maturidade e amor visível por aquilo
que sabe fazer.
É encanto
ver a sala de demonstração ou, como falam os anglicistas, o show-room. Centenas de modelos com pluralidade de cores e estilos.
Cada peça, seja camisa, calça, jaleco, paletó, avental, macacão e outros que
tais, tem corte perfeito, costuras retas e curvas com esmero. Tudo contém o
toque pessoal da estilista que Maria Leitão se tornou. E é.
Ela
traduz, em palavras adequadas, traçados, talhes, costuras e pespontos com
sensibilidade e alegria. Quiçá o convívio com o inquieto bardo inoculou-se em seus
gestos. Por trás de suas dioptrias emolduradas por óculos, ela vai dissertando sobre
o fardamento escolar e a roupa profissional. As fardas exibem a imagem e o
cuidado que empresas têm, respectivamente, com seus alunos e colaboradores.
Não sem
razão, Maria Leitão é hoje empresária de sucesso para a dimensão que definiu. Parece
artesania mecanizada com costureiras em filas simétricas, sob claras luzes a
produzir beleza a influir no amor próprio daquelas pessoas que as vestirão.
Ainda
não falei com o Juarez sobre as impressões que ora estão sendo escritas na
pressa semanal de entregar o texto ao jornal. Agora, entendo, as confissões –
não as de Santo Agostinho – que o poeta, professor, biógrafo e contador de
“causos” me fez ao ter o seu coração renovado por bisturis, pontes e pontos.
Era a consagração do liame que o atava, sem sufocar, à companheira de décadas concebendo
família equilibrada e o aceitava, com ou sem versos, seus horários peculiares
de sono e vigília. Maria cuida até dos
sucos e da goma para as tapiocas publicitadas por infiltrado em convescotes do
Juarez com amigos palradores.
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