Hoje,
uma data especial na família: Bodas de Ouro de meus pais, José Pedro Alves da
Costa e Zenaide Mendonça Alves da Costa.
Ele,
filho do mestre-carpinteiro Raymundo e d. Alice. Um sargento do Exército quando
veio do Recife para morar no Ceará, num sobrado da Pe. Mororó, pertencente à
sua tia Francisquinha e tio Benjamim.
Ela,
filha do Zeca, dono do bar “O Mendonça” da praça dos Voluntários, e de d. Zilma.
Professora e recém-graduada em odontologia, foi, provavelmente, uma das
primeiras mulheres formadas no curso pela Universidade Federal do Ceará.
Conheceram-se
num baile no clube General Sampaio e, conversa aqui e acolá, iniciaram o
namoro, casando-se em 3 de dezembro de 1964, numa espécie de cerimônia coletiva por meio do tio de minha mãe, o pe. Sinval de São Luiz do Curu.
A
primeira casa foi alugada na Vila São José, caiada pelas mãos de meu pai, até
que precisaram vender, poucos meses depois, o que tinham para viver em Cáceres,
Mato Grosso, fronteira com a Bolívia, por conta da transferência de papai.
No
Mato Grosso, alugaram um quarto de uma residência compartilhada por outros casais, próxima ao quartel.
Foi ali que nasceram as minhas irmãs, que receberiam respectivamente os nomes
das avós paterna e materna, Alice (1965) e Zilma (1966). Minha mãe sempre
lembrava ter sido levada para a maternidade na garupa da bicicleta “Galo”, uma
marca da Bolívia, de meu pai.
Depois,
papai foi transferido para Natal, onde quase nasci (1967), pois minha mãe,
grávida, queria porque queria que o próximo filho fosse cearense, tomando um
ônibus para Fortaleza. Daí, no desejo de ser cearense, quase nasci na estrada,
após um sufoco e uma correria danada nesse ônibus, chegando às pressas num
hospital, azul e quase morto, motivo pelo qual recebi de meus tios um apelido: “Pedro
Ligeiro” (nasci no dia de São Pedro, assim como meu pai, que, por força da
necessidade profissional, não pôde estar presente nesse dia).
Meus
demais irmãos, José - nome do pai de minha mãe (1970), Luiz Antônio (1971) e
Maria Thereza (1973) nasceram em Fortaleza.
Juntos,
acompanhamos nosso pai em outras transferências, morando numa quitinete no Rio
de Janeiro (RJ) e em Feira de Santana (BA), no Centro, nos instalando em
Fortaleza, no Monte Castelo, de onde não mais sairíamos, em 1978 (eles, a
partir deste ano de 2014, passaram a residir na Aldeota).
Desde
então, quando não no exercício de seus ofícios, se dedicaram exclusivamente às
causas humanísticas, num viver coletivo, voltados mais para fora da família do
que à introspectiva individualidade de todo o mundo.
Nossa
casa sempre foi de todos, compartilhada, abrigando pessoas em necessidade e
conflitos. Mesa imensa, repleta de comida e pratos para quem carecia do mínimo
de afeto e de atenção.
Também
foram assim as mesas de família, sempre barulhentas, conversadeiras, animadas
pelos pratos criados às madrugadas por minha mãe e pelas piadas do seu Deca, meu pai, que também aproveitava esses encontros para
ministrar ensinamentos de vida, contar de suas experiências e histórias
gostosas e divertidas, sempre assessorado pela memória prodigiosa de d. Zena que, de vez em quando corrigia numa sinceridade quase infantil alguns detalhes escorregados
com certo exagero novelesco pelo marido.
Meus
pais, para nós, foram sempre exemplos de coragem, determinação, de gratuidade,
altruísmo, de fé, integridade e compreensão. Não eram de cenografia, não faziam
gênero. Realizavam muito mais do pregavam, não se detendo à fácil e atrativa fala
sofismática e hipócrita, que vemos distribuída por aí nos ouvidos mais ignaros.
Por
se darem demais ao mundo, e ao tentar acolher e reerguer aqueles vitimados
pelas suas sequelas, não construíram castelos nem muralhas visíveis aos olhos
cobiçosos e gananciosos dos egoístas. O grande reino desta vida para eles sempre
esteve e está em seu coração, repleto de bondade, de humildade, esperança e de
amor.
Meus
pais, que a vida possa um dia retribuir com justiça tudo o que semearam e que
nos ensinaram.
Nós,
seus filhos, genros, noras, familiares e amigos, os amamos e agradecemos pela
oportunidade dessa existência e vidas tão queridas.
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