quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Leitura de Cinema: "Gravidade" (30.10)



Ontem tive a oportunidade de assistir à película norte-americana "Gravidade". Tinha receio do filme ser muito enfadonho, afinal, a história se passa no espaço orbital da Terra, onde a vida nem a graça são possíveis.
Nele, a atriz Sandra Bullock interpreta a dra. Ryan Stone, uma mulher apática, em missão de conserto do Hubble com uma equipe composta, dentre outros, por Matt Kowalski (interpretado pelo inexpressivo George Clooney de sempre. Anteriormente, fora pensado em Robert Downey Jr, mas...). Durante a operação uma imprevista "chuva de destroços", consequência da destruição de satélites por um míssil, claro, russo, destrói também o telescópio, além de estações espaciais de apoio e os coloca num perdido e silencioso espaço sideral. Os momentos seguintes, com ajuda de muitos jogos e alternância de planos de câmera, são de angústia, de quase asfixiar-se com a dra. Ryan. A partir daí, a NASA se cala, e o deus "às cegas" Houston sai de cena. O experiente (personagem, não o ator) Matt consegue encontrar a Ryan. Então, a reboca, a acolhe e, aos poucos vai nos mostrando dela a vida vazia, sempre a dirigir a esmo, em extrema solidão e silêncio, e a perda da filha num acidente banal. Sem marido, sem namorado, sem família. Nada. Nem saudade, pois, claro, saudade é coisa para quem tem alma.
O roteiro e a direção do filme é do mexicano Alfonso Cuarón (diretor de alguns filmes, dentre os quais, "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban").
O enredo, apenas descrito, nos parece simples, mas o roteiro e a narrativa fazem o serviço que vale à pena - aliás, na arte é sempre o "como" que faz a diferença. Ah, aos românticos: não há nada de historinhas adocicadas ali. Nada mesmo. Ainda bem.
O contraponto da grandeza da conquista humana e de sua fragilidade diante do todo e do imprevisível são marcantes. Há uma metáfora que acompanha com muita gravidade o filme desde o princípio, além de momentos quase contínuos de grande tensão e desesperança. Algo que no reporta à escolha de viver ou não, seguida pelo momento uterino até o (re)nascimento, a presença de nossos "anjos", o consolo da vida e da morte, o prêmio para aqueles que resistem e optam pela vida, mesmo quando tudo nos empurra para o fosso negro do esquecimento e abandono de nosso eu. A cena final nos remete a isso: reaprender a caminhar. Sempre necessário. Mesmo sem Coca-Cola e amendoins achocolatados, mesmo sem sorrisos e com muito silêncio. Pipocas!

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