domingo, 25 de julho de 2010

Lançamento de "Mundo, Mundinho: histórias nem sempre imaginárias" (29.07)


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Raimundo Rocha, o mais velho dos novatos escribas cearenses de então, começou a escrever aos 59 anos. Aos sessenta e dois, publicou seu primeiro livro, Os olhos do meu anjo (2008). Uma antologia de contos cujos tramas e enredos são narrados ao sabor de uma conversa de varanda por um contador de histórias primoroso. Seu estilo, apesar de seguir a tradição de Moreira Campos, Graciliano Ramos e Juarez Barroso, brilha por si só, é uma estrela a mais na constelação de nossos melhores contistas. Por vezes reflexivo, por vezes romântico, sempre bem-humorado, sem necessariamente fazer piada, Raimundo Rocha não abre mão de suas origens, seu texto está radicado na nordestinidade cearense. Por meio dos trejeitos e traquejos de sua gente, seus quereres, haveres e saberes, faz o leitor mergulhar nas sendas dos sentimentos humanos.

Agora recebo o convite para o lançamento de Mundo: Mundinho - histórias nem sempre imaginadas. Há algum tempo Raimundo Rocha me entregou seus originais para leitura e anotações antes de encaminhá-los à editora. Queria repetir o feito no primeiro livro. Aceitei com prazer a tarefa; li o livro, mas não cumpri o envio de minhas anotações. Quando o texto me pega de primeira, entrego-me ao deleite da leitura apenas. Nesses casos, para garantir leitura mais cirúrgica, deixo as anotações para um segundo olhar. O tempo, entretanto, me emboscou e raptou-me da segunda leitura do novo livro desse camarada boa praça, um vovozão amado, e um conquistador de novos amigos sem igual. Generoso, não me constrangeu pela minha falta (desculpa-me, amigo!) e ainda me manda carinhoso e-mail com o convite para o lançamento. Obrigado.

O título Mundo: Mundinho remete-nos ao título Grande sertão: veredas, em que do imenso universo do interior mineiro, Guimarães Rosa expressa-lhes as estreitas sendas. Raimundo Rocha reverencia esse clássico da literatura, parodiando-lhe o título. Em vez de sertão há o mundo, em vez de veredas, o Mundinho, ou seja, do Mundo, ele nos apresenta o olhar, a memória, a intensidade de Raimundo, Raimundinho, Mundinho e confirma a sua radicalidade nordestina, cearense, expressa no primeiro livro. Bem como reafirma seu primoroso estilo.

De leitura indispensável, Mundo: Mundinho - histórias nem sempre inventadas areja o cenário literário brasileiro.

Resenha de Kelsen Bravos

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