sábado, 26 de dezembro de 2009

Entrevista do Tex Willer Blog com Rouxinol do Rinaré

Entrevista de José Carlos Francisco do Tex Willer Blog, blogue português, com Rouxinol do Rinaré, cordelista cearense.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?

Rouxinol do Rinaré: Nasci a 28 de Setembro (mês de Tex) de 1966, em Rinaré (pequeno lugarejo, com um açude enorme e imensos rochedos que lembram alguns cenários das aventuras de Tex), no sertão central do Ceará (Estado do Nordeste do Brasil). Nas minhas 4 décadas de existência já fiz um pouco de tudo: trabalhei no campo (sou filho de agricultor), na indústria têxtil, vendi livros, fui fotógrafo amador, trabalhei no comércio de frutas (CEASA) e actualmente vivo da minha literatura. Sou poeta cordelista com mais de 70 títulos publicados (entre folhetos e livros) por várias editoras do Brasil, trabalhos que assino com o nome artístico Rouxinol do Rinaré. Minha renda vem dos direitos autorais e das Oficinas de Literatura de Cordel que ministro.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Rouxinol do Rinaré: Meu interesse pela Banda Desenhada nasceu em 1978, quando saí do campo e vim morar na capital do Estado (Fortaleza), com o meu irmão mais velho, recém-casado. Aliás, o meu irmão, Severino Batista, influenciou-me muito na minha formação como leitor. Primeiro com as leituras dos “romances” de cordel e depois com as BD’s.

Quando descobriu Tex?
Rouxinol do Rinaré: Eu já lia outras histórias em quadradinhos, mas Tex conheci em 1984, por meio desse meu irmão que lia um pouco de tudo. Daí foi paixão à primeira vista! Então, como eu não tinha condições de comprar, comecei a trocar por Tex todas as revistas que já possuía… Era um martírio ler o famoso “continua no próximo número”, pois muitas vezes dependia dos outros para saber o final da história.

Por que esta paixão por Tex?
Rouxinol do Rinaré: Dentre outras coisas porque me identifico com a personagem italiana em tudo… Tex (ou Bonelli?) vê o mundo como eu vejo, principalmente no que diz respeito aos valores: não julgo ninguém pela sua condição social nem pela cor de sua pele e fico indignado com os “esquenta-poltronas” (os políticos burocratas e corruptos). Além disso, como não tenho formação acadêmica, costumo dizer que a Literatura de Cordel e a revista Tex foram as minhas faculdades. Levando em conta a pesquisa histórica de Bonelli (quem lê Tex sabe) ninguém se assuste se eu afirmar que toda uma bagagem de “conhecimento geral” adquiri com uma revista Tex em mãos: a disputa por domínio de fronteiras entre o México e os Estados Unidos, as influências e questões da França com o Canadá, a Guerra de Secessão, as histórias das colonizações e o massacre dos povos indígenas, particularidades das culturas árabes, chinesa, grega etc., etc….

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Rouxinol do Rinaré: Tex é um herói mais real, “de carne e osso”, digo, sem super-poderes. Suas indignações, seu senso de justiça, sua coragem e capacidade de solucionar tramas complicadas fascinam-me!

Sendo você um tão conceituado poeta da literatura cordelista, alguma vez escreveu algum cordel inspirado em Tex?
Rouxinol do Rinaré: Sim. Meu cordel “O JUSTICEIRO DO NORTE” tem influência de Tex, principalmente no que diz respeito à ambientação, ou seja, a minha personagem é fictícia, mas o cenário da história é real. Começa no Nordeste e termina na Amazónia (no Norte), com episódios em períodos históricos (bem conhecidos pelos brasileiros) que vão desde as grandes secas, o tempo do cangaço, ao famoso “ciclo da borracha”. A origem da personagem também lembra Tex (o herói que vinga a morte do pai e começa a fugir e fazer justiça mundo afora), mas a inspiração, na verdade, foram alguns cangaceiros famosos, como Antonio Silvino (que inclusive aparece no enredo), que viveram antes de Lampião.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Rouxinol do Rinaré: Minha colecção é modesta, devido à minha condição financeira. Tenho cerca de 600 revistas: as da extinta editora Vecchi, algumas da Rio Gráfica, da Globo (poucas, incluindo as coloridas e o 1º almanaque) e estou tentando comprar todas as especiais da Mythos, sempre que há lançamentos. Todas são importantes, mas orgulho-me de possuir o livro capa dura “O ÍDOLO DE CRISTAL” (inclusive tenho-o repetido para permutar), a edição nº 1 da Vecchi (O Signo da Serpente) e 2 BESTSELLERS da Itália que ganhei de presente do meu amigo italiano Alex Grecchi.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Rouxinol do Rinaré: Quero coleccionar tudo, mas não tenho conseguido muita coisa, além das revistas e livros. Tenho umas blusas personalizadas que mandei pintar e uma estatueta que paguei para um escultor fazer. De material oficial tenho o Chaveiro (que acompanhou a Tex Anual nº 6 do Brasil), alguns pósteres e o bóton (pin) português dos 60 anos de Tex no Festival da Amadora.

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Rouxinol do Rinaré: Resposta difícil esta… Vou destacar 3 histórias: “Navajos em Pé de Guerra”, “A Fabulosa Cidade de Ouro” e “O Grande Rei”. Dos desenhadores gosto de vários, mas destaco Galep, Erio Nicolò, Letteri e Claudio Villa. Já o argumentista maior foi mesmo o velho Bonelli, sem desprezar os demais!

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Rouxinol do Rinaré: Acho que já falei o que me agrada mais na personagem: seu senso de justiça, sua coragem e inteligência. O que me agrada menos é o facto de ele quase não ter tempo para o amor. Coloco-me no lugar dele e, como gosto das mulheres, acho uma falha nesse aspecto do enredo (…risos…).

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Rouxinol do Rinaré: Creio que é um conjunto de detalhes e valores com os quais pessoas diferentes se identificam… Somam-se tudo que já citei antes, ao facto de Bonelli não se deter ao faroeste clássico, ou seja, além do convencional enredo western muitas histórias do Tex acontecem em lugares diferentes e se reportam a épocas diferentes, com as situações das mais diversas: civilizações e mundos perdidos, seitas de fanáticos, magia e terror, espionagem, aventuras em alto mar, enredo com uma pitada de ciência (especialmente quando aparece o Bruxo Mouro) e até extra-terrestres.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Rouxinol do Rinaré: Actualmente sim, mas passei um período meio sem ter oportunidade de contactos. O acesso à Internet facilitou bastante, tanto para contactos com pessoas do universo do Tex, quanto do Cordel.

Como vê o futuro do Ranger?
Rouxinol do Rinaré: Nosso herói ainda vai encantar muitas e muitas gerações de leitores… VIDA LONGA PARA TEX!

Para concluir, poderia nos brindar com um poema dedicado a Tex?
Rouxinol do Rinaré: Claro que sim, e com prazer. Segue:

UMA LENDA DO OESTE

No oeste há uma lenda
Que ultrapassa fronteira
Um mito que se confunde
Com história verdadeira
Um herói que sua saga
Vai de fogueira em fogueira…

O sol com o olhar de fogo
Impiedoso, escaldante,
Aquece as rochas do Canyon
Por onde desafiante
Vai passando um cavaleiro
De porte impressionante!

A cavalgar um corcel
Belo, possante e ligeiro,
Impõe respeito e poder
O porte do cavaleiro
Com dois revólveres nos coldres
Parecendo um pistoleiro.

Era um herói solitário
Quando a saga começou
E como fora-da-lei
No oeste cavalgou
Mas fora um mal entendido
Que mais tarde superou…

Humilhações, injustiças,
Nosso herói não admite.
Em defesa do mais fraco
Supera qualquer limite:
Transpõe desertos e vales
No cavalo Dinamite.

Cavalgando por desertos,
Da morte vendo a miragem,
Por vales e pradarias
Com destemor e coragem,
Nosso herói tem vida intensa
No velho oeste selvagem!

Seu travesseiro é a sela,
Entre as feras faz pernoite.
Amigo do homem honrado,
Mas pro patife é açoite.
Respeitado entre os navajos
Como o chefe “Águia da Noite”.

Quem é esse cavaleiro
Que o perigo ousa enfrentar?
Não me pergunte, ouça o vento
O seu nome sussurrar:
Willer… Tex Willer,
Um justiceiro sem par!

Prezado pard Rouxinol do Rinaré, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
Rouxinol do Rinaré: Eu é que agradeço, pelo privilégio de participar deste tão conceituado BLOGUE
Abaixo o endereço original do Tex Willer Blog:
http://www.texwillerblog.com/wordpress/

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