O
amor que corre dencanto dobrado em limalhas de pensamento regurgita
à tua face de lamento, quando num momento te vestes num sorriso.
Como em margens seguras do sonho impreciso que me
te tens às mãos, figura nos chãos debaixos pés uma canção de amor em teu juízo.
Por onde passas és redemoinho. Tua liberdade
furiosa, sei, a ninguém pertence. Arrastas e vences o que te importas no
caminho e assopras com as pernas as poeiras do teu tempo.
Forte e frágil és sombra de vento. És nubem, és
contento, quando deságua de chuva irisa-se em luar. É teu corpo onírica
paisagem, tua pele enluarada mingua como a noite a gozar.
Por onde ondeia és maraberto, verde e silente de
amaresiar...
Engolindo toda a vida em ti descoberta. Devorando-te
pensamentos. Te devorando, Dvorak. Sorris e teus sorrisos são as chaves e
achaques.
Por onde teus olhos passam, constelações como em
pálpebras declinam. No alvorecer, no arvorescer, noite coroa dia; dia entorna
noite e se animam.
Na casta cobiça de construir peça a peça o mosaico
de tua alma canora, segredo-lhe meu silêncio. Tu me ouves muda, não o abraças,
não o choras.
As palavras são forjadas uma a uma pela língua
mais branca, na frase cuidadosamente pró-ferida, na cautela exaurida que a tudo
sublima, na neblina que acompanha a mais prenhe solidão.
Preciso de ti... ah, como te preciso... precisamente
ou não.
E o horror da confissão me vem como uma dentada,
minha alma dilacerada, parto de tudo na vida, o meu bálsamo e a minha dor.
E tu sempre distante, entre risos e risadas, como as
frias estrelas a fingir luz e calor.
A minha penitência decora as paredes do meu
coração onde sulco teu nome, em gravação, com cinzéis de saudade.
Não é, porém, meu nome que vejo em teus olhos nem
de a felicidade. Pois, como no poema, repouso em tua janela, tu és meu in
verso, és ela: a minha condenação.
Encontrei-te por dentro em teu corpo desabotoado e
na mais linda aflição, de repente, me tomastes ao teu lado.
E eu que não te amava, agora até teu era, e lancei
para o céu a tarda espera das alegrias em troca da grande novidade de ver-te nua
todos os dias.
Teus olhos de chama que acastanham meu desejo, teu
batom na cama a negar-me o teu beijo e no latejo da tua mão na minha, vermelha
e quente, a sentença incontinente de teu coração feraz: que enquanto de longe
pareces deus, de perto, meu amor, és muito, muito mais.
bem diferente. não atentei para você escrevendo assim antes.
ResponderExcluirVocê é atenta e está certíssima. Não mesmo. rsrs Foi uma experiência por motivos fúteis: o texto do trio amoroso ficou extenso e não coube para publicação na coluna do jornal, daí, no sábado, tive que fazer algo emergencial e "dei um jeito"
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