No
dia 7 de janeiro é celebrado
o Dia do Leitor. E essa data foi escolhida em referência a um(a)
leitor(a) muito especial, o(a) leitor(a) do jornal O POVO, pois trata-se da
data de fundação do jornal mais antigo em exercício no Ceará.
Há 97 anos, em um sobradinho na praça
dos Leões – General Tibúrcio, 158 –, o telegrafista, dentista, professor e
jornalista Demócrito Rocha, ao lado de sua mecenas Adalgisa Cordeiro e de uma
grande turma de amigos(as) e colaboradores(as), como Tancredo Morais, Adília de
Albuquerque Morais, Suzana de Alencar Guimarães, Rachel de Queiroz (Rita de
Queluz), Paulo Sarasate, Filgueiras Lima, Jáder de Carvalho, Beni Carvalho,
Otávio Lobo, entre tantos outros, iniciaria uma história longeva que mudaria o
Jornalismo feito no estado do Ceará.
Nos planos de Demócrito, o seu jornal viria
à luz em 5 de janeiro, aniversário de Albanisa, sua primeira filha, na época
uma menininha de 12 anos. Mas o tempo, sempre muito vaidoso, encarregou-se de
escolher uma data exclusiva.
Naquele sábado à tarde, na praça dos
Leões, com bancos e meio-fio tomados por ansiosos e pequenos gazeteiros, uma campainha
estridente anunciava o jornal que saía quentinho da velha impressora “Alauzet” de
segunda mão.
À porta, o mestre Louro a limpar as
mãos ainda sujas da graxa da máquina soluçante recebia uma tapinha nas costas
de um envaidecido Demócrito, a trazer à luz solar e à brisa da praia de Iracema
o primeiro número daquele impresso de 16 páginas, cujo título soaria para ele
como uma canção ao mesmo tempo de amor e de guerra: O POVO!
Como vizinhos, o Palácio da Luz e a
igreja do Rosário, sedes de outros poderes, viam com certa hesitação o
surgimento daquela “criança”, pois o seu “pai” há poucos meses havia sido
vítima de uma emboscada enredada pelo próprio governador e executada com
capricho por 12 policiais na praça ao lado, a do Ferreira, o eterno coração da
cidade e palco fundamental da história e da passagem do baiano Demócrito por
Fortaleza. Mexeram com ele, um homem valente, e desde então armado, mas por
conta disso e devido a problemas que acreditava ter causado ao jornal O
Ceará, no qual trabalhava anteriormente, precisava ele de uma tribuna onde
pudesse dizer o que quisesse, sem temer a hostilidades de quem quer que fosse:
“O povo precisa de mais gritos que o estimulem, de mais vozes que lhe falem ao
sentimento. Eis por que surgimos...” (editorial da primeira edição de O POVO).
No ano seguinte, 1929, criaria como
suplemento literário do jornal a revista Maracajá, órgão modernista
cearense encabeçado por Demócrito e que promoveria os modernistas cearenses
para todo o país, sendo a redação de O POVO a sede da corrente no Ceará – a “Tribu
Cearense da Antropofagia”.
Quando da criação do jornal, Demócrito
teria 40 anos incompletos, mas desde a publicação da revista Ceará
Illustrado (1924-1925) e durante o seu exercício como diretor literário em O
Ceará (1925-1927), era cercado por jovens adolescentes, rapazes e moças,
que iniciou no Jornalismo e na Literatura, duas de suas grandes paixões. Assim,
receberia anos mais tarde, na fileira de seus repórteres, o futuro jurista
Paulo Bonavides, ainda em bermudas, após uma seleção. Aliás, podemos afirmar
que os grandes nomes do Jornalismo, das Artes, da Cultura, da Política
cearense, em algum momento de sua vida, passaram pelos corredores do O POVO,
assim como sabemos de muitos que aprenderam a ler por meio do jornal ou que trazem
lembranças de pais e avós em serões familiares, nos quais o jornal reuniria e
contaria do mundo àquelas famílias.
97 anos e O POVO continua a sua atuação
de fiscalizar os poderes públicos na defesa dos interesses da população e em
prol da cidadania, na busca do equilíbrio político e no fortalecimento das
instituições e liberdades democráticas.
O povo é quem diz: jornal é O POVO!
Olá, Dom Netto! Vou fazer coro com esse povo: 97 anos não são 97 dias. Já temos maturidade suficiente para publicar:#SEMANISTIA.
ResponderExcluirSEM ANISTIA!!!!
Excluir