segunda-feira, 4 de abril de 2016

"As Brumas do Mestre GJ", de Pedro Salgueiro para O POVO.


Mestre Geraldo Jesuino, que já era mestre consagrado nas mil e uma artes (e manhas) da nossa cultura cabeça-chata, que da cadeia de produção de um livro domina só-tudo-e-um-pouquinho-mais, artista plástico e gráfico talentosíssimo, agora resolveu botar as unhas de fora (mas apenas para os incautos, que nem desconfiavam que o quadrinista magricelo de bigode miúdo e pernas de cambito escondesse dentro de si um prosador de mão cheia, desses com uma imaginação privilegiada, que vem acompanhada de um estilo finérrimo, algo assim tão supimpa que mistura uns traços de português quase clássico com pitadas de experimentalismo; tudo com um conhecimento tal que causa certo espanto em quem o lê assim desavisadamente); resolveu, pois, o Mestre Gê-Jota, mostrar-nos sua produção ficcional singular, pacientemente lapidada. Retirou da gaveta, depois de muita insistência dos amigos e admiradores de seus múltiplos talentos, estas inesquecíveis histórias.
Uma estreia literária verdadeiramente de Mestre, dessas que envergonham muitos “gastadores de tinta e papel” que pululam por aí, com seus narizes empinados, encastelados (com suas vetustas arrogâncias) em seus falsos castelos e pseudoacademias. Depois de uma publicação como Brumas, muita gente metida a besta pensará cem vezes antes de desovar qualquer livrete mal alinhavado pelas mil e duas gráficas com pretensão de editoras que infestam a nossa sonsa loirinha desmilinguida pelo sol; mas também servirá de incentivo aos diversos escrevinhadores que burilam em silêncio suas obras: tais persistentes escritores perceberão – com a leitura desse livro maduro de Geraldo Jesuino da Costa – que não são necessários 50, 60 ou 70 tomos para se fazer um verdadeiro escritor, muitas vezes um ou dois ótimos volumes já bastam.
Mas torcemos – seus velhos e novos leitores – que venham mais e mais dessas maravilhosas histórias.
Não só torcemos: Exigimos!

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