Nicolas BehrO primeiro fim de semana da Bienal Internacional do Livro do Ceará recebeu um bom público para visitar os stands de livros que tomam três pavilhões do Centro de Convenções e assistir palestras com nomes como os poetas Thiago de Mello e Nicolas Behr, além do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro.
O primeiro, em sua segunda participação no evento, lançou livro no Café Literário, ao passo que o brasiliense ministrou palestra com o tema Toda poesia é marginal?. O ponto alto do terceiro dia foi a fala do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, que participou da mesa Integração Cultural, como parte do seminário Cultura, Democracia e Socialismo na América Latina e Caribe. Professor do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Viveiros de Castro questionou o atual corrente discurso sobre o protagonismo do Brasil novo cenário da política internacional e, mais especificamente, na América Latina: "O que eu posso falar sobre integração cultural a não ser dizer que concordo com ela", brincou, logo no início de sua fala para depois questionar a forma mais normal de integração do país na região: "O Brasil tem vocação imperialista", disse ao constatar o papel fundamental da Petrobras nessa chamada "integração".
O espaço reservado às editoras e escritores independentes no Pavilhão G reúne literaturas de diferentes estilos, que vão da iluminação cristã à escuridão fantasmagórica, passando pela poesia cearense e a Academia Feminina de Letras do Ceará.
Diversidade: A missionária Emanuelle Cardoso, 24 anos, passou o dia oferecendo os produtos da "família internacional", Aurora Produções. Entre DVDs e CDs com a temática religiosa, o maior destaque foi para o calendário Segredos para o sucesso com mensagens para cada dia do ano. A frase de ontem: "Uma vida sem dificuldades produziria pessoas fracas e inexperientes. Se não houvesse verdadeiros desafios, as pessoas não valorizariam o sucesso". É o caso o técnico em processamento de dados e escritor, Rochett Tavares, 34 anos, está lançando Criaturas em um pequeno stand na área reservada para editoras e autores independentes, localizada no Pavilhão G. Aos 12 anos, disse para a mãe que não iria fazer a tarefa de casa, uma redação. A sábia mãe pôs uma jarra de leite, bebida odiada pelo garoto, e uma chinela do lado de Rochett. "A cada não que eu dizia, era uma chinelada e um copo de leite. Não passei do terceiro. Hoje sou escritor", lembra. O livro de "horror fantástico", como faz questão de especificar, reúne oito contos com temáticas que passam por seres conhecidos da mitologia do gênero: "Aqui não tem vampiro que briga no sol e lobisomem fofinho", afirma. Liberado do trabalho para estar presente aos 10 dias do evento literário, Rochett já havia vendido 10 livros até o começo da tarde de ontem, numa prova de que sua teoria do conto está atraindo leitores: "O conto funciona como a programação da TV, se você não ta gostando passa pra outro". Em meio a citações de Edgar Allan Poe, HP Lovecraft e às mitologias egípcia, grega e judaico-cristã, a escuridão surge como o grande motivador de sua literatura: "Quando você olha pra escuridão, você sente que alguém está lhe observando".
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