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Num dia de chuva, como de hoje, há
algum pouco tempo, tive em minhas mãos um livro. Não me é um livro qualquer,
por vários motivos sensíveis, dentre os quais enumerarei apenas aqueles de
interesse de todos e/ou de qualquer um. Seu nome: Os Fantásticos Livros Voadores de Modesto Máximo (Ed. Rocco, 2012),
do escritor, ilustrador e cineasta William
Joyce.
Ah, você já ouviu falar? Viu o filme
que, dentre vários outros prêmios, ganhou o Oscar de Melhor Curta-Metragem de
Animação?
Pois é, mesmo assim: leia o livro, leia
o livro, leia... Assim também o fiz.
A narrativa é curta, composta por
frases ágeis e diretas, ilustrada pelo próprio autor e por Joe Bluhm. A obra é dedicada
à memória da filha de Joyce, Mary Katheryne, morta pouco antes de escrevê-la. A
tradução para o português é da, também escritora, ilustradora, Elvira Vigna, da qual, em breve
destacarei alguns outros trabalhos que tive a felicidade de ler e acompanhar.
Aliás, o antitético nome "Modesto Máximo" foi atribuído por Elvira,
já que no original o protagonista chama-se "Morris Lessmore".
Sim, a história nos apresenta um rapaz,
o Modesto Máximo, de terninho, bengala e chapéu palheta, de movimentos
chaplinianos, a escrever, todos os dias, o livro de sua vida, até que um
furacão o arranca de seu quarto — mora em um hotel —, destrói seus inúmeros livros, rasgando as suas páginas, embaralhando
todas as suas letras e palavras, inutilizando-os, restando com ele apenas o próprio
livro, só que, agora, em branco. Numa cena alusiva ao "Mágico de Oz",
mas sem Doroty ou caminhos amarelos, chega a outro mundo, cinzento, onde encontra
uma moça, carregada por livros-pássaros, a cruzar os céus, então coloridos — aliás, quem colore o mundo e as pessoas é a presença de livros —, até chegar numa casa encantada, uma espécie de biblioteca — só
que dos sonhos, claro —, habitada por livros vivos, que logo
se tornam seus amigos e companheiros, ficando perdido entre eles, dançando,
dormindo, acordando, cuidando, conservando, restaurando ou simplesmente lendo,
compartilhando leituras, ou reescrevendo a sua história, durante muito tempo: "Modesto
tentava manter os livros em algum tipo de ordem, mas eles sempre se misturavam.
As tragédias, precisando de alegria, iam visitar as comédias. As enciclopédias,
exaustas de tantos fatos, relaxavam com os quadrinhos e os livros de ficção. No
fim, até que a bagunça fazia sentido."
Poética, a grande aventura de vida de
Modesto passa pelo livro e por tudo que há em sua volta ou em tudo que a sua
leitura e o seu mundo podem proporcionar. Existem pessoas e sentimentos que se
encontram por meio deles e com eles, ou que por eles, ou com eles também se afastam, mas nunca
mais serão as mesma, levando-os para sempre dentro do coração.
"A história de cada um é
importante!", como diz o Máximo, em sua modéstia, e devemos lê-la com
muito carinho, empatia e amor, caso contrário, de nada nos servirá essa leitura
nem essa vida.
Fica a dica!
Para acessar a animação d'Os Fantásticos Livros Voadores...
acesse o link:
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