sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

"Baioque", de Chico Buarque


Quando menino (o filme é de 1972) eu ouvi "Baioque" pela primeira vez. Não lembro o motivo dela ter me chamado mais atenção do que qualquer outra na época, mas depois, bem depois, passei a procurá-la  e "lê-la" com um interesse diferente.
Era já a poesia de alguma forma apunhalando-me e esculhambando a minha vida...
Para assistir ao trecho de "Quando o Carnaval Chegar", de Cacá Diegues, acesse:



Quando eu canto, que se cuide
Quem não for meu irmão
O meu canto, punhalada
Não conhece perdão
Quando eu rio

Quando rio, rio seco
Como é seco o sertão, meu sorriso
É uma fenda escavada no chão
Quando eu choro

Quando choro, é uma enchente
Surpreendendo o verão
É o inverno, de repente
Inundando o sertão
Quando eu amo

Quando amo, eu devoro
Todo o meu coração eu odeio
Eu adoro numa mesma oração
Quando eu canto

Mamy, não quero seguir definhando sol a sol
Me leva daqui, eu quero partir
Requebrando um rock and roll
Nem quero saber como se dança o baião
Eu quero ligar, eu quero um lugar
Ao sol de Ipanema, cinema e televisão

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