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A revista de arte Mangues & Letras seleciona textos e imagens para seu próximo
número.
Data máxima de envio: 24 de junho de 2014:
O que pode ser enviado:
poemas curtos
microcontos
haicais
fotografias de arte
fotografias de instalações
desenhos
imagens de zine
pinturas inacabadas
Endereço eletrônico para envio (Tânia Lima, editora):
poemastulipas@yahoo.com.br
Endereço eletrônico de acesso ao último número da revista Mangues & Letras
http://www.cchla.ufrn.br/publicacoes/revistas/mangues_letras/#/0
Dizer Plural e Olhar Singular ou In-Verso
- apresentação da revista Mangues
& Letras, por Tânia Lima -
Enquanto
ação de palavras, o poema é canto e transformação do pensar humano. “Poesia é
um modo de conhecimento”, como observa Ortega y Gasset. A poesia sobrevive, não
de informações, mas nasce, talvez, da ação que se manifesta da alma. Poesia é
mais antiga que a prosa. Como semelhantemente diz Jorge Luís Borges: “Parece
que o homem canta antes de falar”. O poeta quando canta, mesmo sem saber,
sugere o social da alma. Sobre as asas da imaginação, há coisas que são
intocáveis na ação do dizer, porque, em verdade, poesia é a primeira ação do
dizer. Na origem do dizer, a poesia renasce. O poema não tem existência no
real. Quando a obra nasce, a maneira de vê do poeta "trans-forma" a
norma. A arte do dizer está intencionada com a poesia por ser a arte de nomear
as coisas sagradas. O dizer é a raspa do ser; o nomear vocifera cada palavra a
ser dita. O dizer pode esperar um pouco, mas o nomear é ação urgente. A
filosofia é casa de poesia. Parmênides, a exemplo, foi um dos primeiros
pensadores a expor suas ideias filosóficas em versos. Sem filosofia o poema é
incompleto; sem poesia o filósofo é inacabado. Poesia e filosofia revelam a
incompletude de tudo e o infinito pleno do nada. A filosofia é a teoria da
poesia, pensando de acordo com Schlegel. Atrás da ação do poema, mora o poeta
amigo da phýsis. “O que o verso é
aqui para o poeta é para o filósofo o pensar dialético” [Nietzsche]. É na
arte que o artista encontra-se com a dubiedade refletida na existência. A arte
é um tipo de citação primordial para o criador de metáforas. Nos poemas, estão
os achados verbais de um cotidiano que é espantoso. A fragmentação é uma das
mais antigas artes do mundo. O fragmento é semente do literário. Se olharmos
bem para poeta, encontraremos a sombra da existência e vice-versa: “A peça de
teatro não foi um meio eficaz que Sartre encontrou para explicar pontos
teóricos de sua filosofia?”, conforme nos lembra Silviano Santiago. Sem poesia
não há teoria. Um poeta não é apenas sensação e raciocínio, mas luz do
imaginário.
À
luz do tempo, a revista Mangues &
Letras nasceu sem data precisa entre as estradas de ferro do Ceará, os
mangues de Pernambuco e as dunas verdes do Rio Grande do Norte. De lá pra cá, o
sonho-ideia ganhou corpo e outras vozes vieram se juntar a nós. Sendo assim,
nos lançamos na intenção, aqui, de semestralmente aglutinar breves olhares,
divulgar poemas curtos em diálogo com as vozes experimentais da arte de rua. A
fotografia da capa [da edição que se encontra on-line] é de Leda Freitas, que
traz aquele sabor das rapaduras de Pindoretama (CE). Neste primeiro número,
fizemos uma espécie de pequena homenagem aos poetas da Geração 70. Tendo em
mente que o papel desta revista é repertoriar as margens das palavras em seu
estado dicionário; é viajar pelas escolas de homens e palavras em um itinerário
semiótico que atravessa a todo fazedor de versos. Este é um espaço onde se
comunga a arte contemporânea. Artistas e poetas aqui reunidos expõem seu papel
no mundo. Ao leitor virtual, resta estranhar e entranhar os labirintos do
universo cibernético em consonância com as imagens de um portal que se "des-dobra"
em risos e rizomas.
Grata pelas informações.
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