“A
mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou o
presente irão com certeza perder o futuro.” (JFK)
Hoje,
22 de novembro, é data forte na história recente da humanidade. Há 50 anos,
John Fitzgerald Kennedy- JFK, presidente dos Estados Unidos, morria assassinado
na cidade de Dallas, Texas, vítima de um isolado atirador ou de complô, até
hoje não bem esclarecido.
O
menino “Jack”, seu apelido de família, era o segundo filho de Joseph Kennedy, empresário
descendente de irlandeses, poderoso e, segundo muitos, sem escrúpulos. Joseph ganhou
dinheiro de forma não republicana, como muitos ainda o fazem hoje no Brasil e
no mundo. Achega-se a políticos, apoia-os generosamente, e, posteriormente,
cobra, com denodo e ágio, o que doou. Joseph Kennedy chegou a ser, em uma das contrapartidas
aos seus favores, embaixador dos Estados Unidos na Inglaterra. Quis que o filho
JFK chegasse a Presidente. Assim aconteceu, mas as tragédias que se seguiram
consumiram quase toda a sua família.
Joseph
criou os filhos para o sucesso, mas a vida é caprichosa. O seu primeiro filho, também
Joseph, morreu prematuramente na Segunda Guerra e coube, a John, educado com
rigor e aprumo, com distinção na Harvard
University, a honra de ser o primeiro escolhido, embora fosse tímido, mas
brilhante. “Jack” também esteve na Segunda Guerra e dela saiu como herói da
marinha por ter salvado colegas em um naufrágio. Assim, tempos depois, ingressa
na política, elege-se deputado federal, senador e, em 1960, concorre com
Richard Nixon à presidência. Sai vitorioso, ao lado da bela e elegante esposa,
Jacqueline Bouvier, Jackie, descendente de franceses, que dava “finesse” ao
casal. Segundo alguns historiadores, a vitória apertada foi discutível do ponto
de vista ético.
Eleito,
proclamou, na posse, um discurso histórico, feito a muitas mãos. Acercou-se de
secretários (ministros, no Brasil) de alto nível e começou a governar. É bom
lembrar, de passagem, que o mundo vivia a Guerra Fria, os EEUU brigavam com a
URSS pela hegemonia espacial e a entrada dos soldados americanos no Vietnã foi
respaldada por JFK. Além disso, Fidel
Castro, que derrubara Fulgêncio Batista, o velho ditador de Cuba e amigo da
América, assume ser comunista e recebe total apoio russo, inclusive com a
entrega de mísseis apontados para os Estados Unidos. Asilados cubanos nos EEUU,
especialmente Flórida e de outros estados, em abril de 1961, tentam, com
discreto apoio de JFK, uma invasão (Baía dos Porcos) atabalhoada para aniquilar
Fidel e são derrotados. JFK fica silente. A tensão aumenta, mas o governo
americano fica quieto, apesar de impor embargo econômico total – e ainda
vigente – sobre Cuba, a pequena ilha, calo eterno do gigante americano. Quase
houve uma guerra nuclear.
Por outro lado, JFK e Jacqueline deixaram que
se criasse o mito do casal perfeito, ressurgindo a lenda do castelo do Rei Arthur
(século VI), conhecido pela peça “Camelot”, baseado no livro de Geoffre de Monmouth.
JFK admitia que seu governo fosse uma espécie de Távola Redonda, com muitos Cavaleiros.
Assim, a Casa Branca, tornou-se requintada e receptiva, fazendo convites a chefes
de Estado, intelectuais, celebridades, escritores, poetas, personalidades e artistas.
Acreditem, até a grupo de jovens líderes/estudantes universitários brasileiros -
que estava cumprindo estudo na mesma universidade que ele cursara - e do qual
eu fazia parte, foi convidado e bem recebido. Conversamos com ele, nos jardins
internos, local onde recebia os chefes de Estado. Isto é, entretanto, mero e
irrelevante detalhe.
O fato
é que a reconhecida e proclamada virilidade de JFK foi despertada por muitas
beldades, destacando-se Marilyn Monroe que teve a audácia de cantar, de forma adocicada,
os parabéns no aniversário do Presidente, em festa palaciana, na presença da
primeira dama, a cuidar de dois filhos pequeninos. Marilyn morreria logo
depois, sem “causa mortis” esclarecida.
Assim,
chegamos a novembro 1963. A administração de JFK, louvada pela maioria, sofria
oposição dos republicanos e de parte da imprensa. Já em campanha para a
reeleição, o casal sorridente e belo, chega ao Estado do Texas. O Texas fora
tomado, narra a História, em batalha no século XIX, do território do México e,
regularizado, posteriormente, por um ridículo acordo financeiro entre os dois
países.
Na
bela e trágica manhã/tarde de 22 de novembro de 1963, ensolarado e ameno
outono, em carro aberto, desfilava em Dallas, o casal “Camelot”, elegante e
radiante, acompanhado pelo governador Connaly e Nelly, sua mulher, era aplaudido
pela multidão, cercado por carros e motocicletas com policiais e dois agentes
dentro do veículo. JFK foi morto, na Praça Dealy, com tiros certeiros de fuzil,
provavelmente por Lee Oswald.
Hoje,
50 anos depois, centenas de teses, estudos e biografias – autorizadas e não
autorizadas, filmes de ação e documentários, levantam dúvidas sobre o fato,
sequer esclarecido pela Comissão Warren, sobrenome do então presidente da
Suprema Corte americana, equivalente ao Supremo Tribunal Federal. O relatório
foi apenas conveniente e nada profundo. A maioria dos americanos acredita,
ainda hoje, em conspiração. Máfia? Cuba? URSS? Texanos? Adversários/ L.
Johnson?
Faço-me
longo, mas não poderia deixar de me repetir, pois já escrevi – e escreverei – sobre JFK. Ele, aos nos receber, risonho e jovial, disse: “Quantos de vocês
serão candidatos a presidente do Brasil?”. E a conversa foi bem além disso,
apesar do protocolo.
Finalizo:
Charlei Bartlett, jornalista americano, ganhador do Prêmio Pulizter, a maior
honraria da imprensa, escreveu, ainda em fins de 1963: “Nós tivemos um herói
como amigo. A coragem dele era incomum. Tinha ele um senso de humor incrível,
uma inteligência penetrante marcada pela curiosidade e, em geral, uma
incomparável galhardia. Ele era o que possuíamos de melhor... e, vamos com o
passar dos anos recontar a história, com um pouco de assombro”. Foi o que
tentei.
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