Ontem, na Casa da Esquina,
assisti à "Interior", com o Grupo Bagaceira de Teatro, projeto
aprovado no edital de manutenção de grupos e companhias teatrais da Petrobras.
A peça já passou pela assistência de algumas cidades interioranas, onde
realizaram as pesquisas que culminaram com o espetáculo, dentre elas: Itarema,
Tauá, Icó e Beberibe.
Na peça, o público é convidado a
integrar uma roda de cadeiras na calçada (em forma de arquibancada), o que
muito me atrai. A princípio, duas velhinhas, duas campesinas, interpretadas com
muita competência pelas jovens Samya de Lavor e Tatiana Amorim, em figurinos (trajes
e máscaras/caretas) impagáveis, assinados pelo também diretor Yuri Yamamoto, se
encontram e põem-se num diálogo que, por vezes, parece não existir,
assemelhando-se à lembrança, a algo surreal. Depois, concretiza-se o encontro
concreto onde se criticam, ralham, brigam, trocam figurinhas e retratos antigos
que dizem de um passado artístico, dum imaginário cultural encontrado nas
buscas do Grupo.
Nas "calçadas", o
público enredado na trama é servido de bolinho, ouve rádio ("Gavião
Calçudo", sucesso de Pixinguinha e Cícero de Almeida) e ouve as
historinhas de vovós, bisavós, tataravós e outras parasempre vós de nunca
morrerem. Era Dia de Finados, então, a temática caiu muito bem. Eu, pelo menos,
fui acometido da saudade da dona Zilma e da dona Alice (esta, inclusive, era
tão do contra, que "decidira" nascer no dia dos finados, veja só).
O diálogo, ao final, corria
ligeiro, embolado como cantoria de cordel, texto muito bem escrito por Rafael
Martins, que também faz uma ponta em "Interior", até a apoteose de
músicas do grupo "Acasos das Dramistas", de Beberibe, interpretadas
ao final, com o também envolvimento do público.
O Grupo está de parabéns e
aconselho demais "Interior", que será apresentado nos sábados e
domingos de novembro, às 19h (foram pontuais), na Casa da Esquina (rua João
Lobo Filho, 62 - por trás do Hospital Antônio Prudente), com preço de R$ 20,00
(inteira) e R$ 10,00 (meia).
Dica para
o público: Não aconselho sentarem nos extremos das arquibancadas, a perda da
visibilidade e da proximidade das atrizes/personagens compromete a sua
introspecção.
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