sábado, 19 de janeiro de 2013

"Centenário de Rubem Braga", por Affonso Romano de Sant'Anna, para a Rádio Metrópole (RJ)



Nesses dias os jornais deram amplo espaço à celebração do centenário de nascimento de Rubem Braga. Não sei se ele chegou a morar na Bahia. Consta que além do Rio, trabalhou em jornais de Belo Horizonte, São Paulo, Recife e Porto Alegre. Mas, em compensação, foi colega de pensão de Jorge Amado em São Paulo e fez um livro ilustrado por Caribé sobre o Espirito Santo.
Os jornais estão cheios de estorinhas sobre ele, contadas por amigos e admiradores. A cobertura onde morava ficava a poucos metros da minha, aqui em Ipanema. Um dia ele até me enviou uma foto do meu apartamento tal qual ele o via pelo espelho de seu quarto.
Hoje há entre nós, além da eternidade, o Complexo Rubem Braga - uma torre de dez andares que é a tão aguardada estação do metrô.
Fomos colegas no Conselho Editorial da Francisco Alves nos anos 70. Naquele Conselho só me lembro de ele ter indicado um livro sobre como tratar passarinhos. Sobre passarinhos conversávamos e ele me ensinou como alimentar os bem-te-vis na minha cobertura. Em compensação quando sugeri que o Jiro Takanashi, da Ática, publicasse crônicas de Rubem, Jiro pegou logo a ideia e criou a coleção “Gostar de ler” que faz a cabeça de varias gerações.
Estivemos juntos em congressos, em concursos literários, e claro, na casa de Tônia Carrero. E eu que sendo professor tinha que ler teses de alunos e certos livros chatos, invejava-o por ter me dito que só lia o que gostava. Suas amizades políticas valeram-lhe ser embaixador no Marrocos e adido comercial no Chile. Nada mais anti-Rubem Braga.
Há até uma inacreditável foto dele de fraque e cartola como embaixador. Tinha um ar bonachão e, metendo-se em política, foi preso; e sendo o cantor dos quintais e praias, foi correspondente de guerra tanto da Revolução de 30 no Brasil quanto da Segunda Guerra Mundial, na Itália.
Entre os estudiosos de Rubem destaco dois: Ana Karla Dubiela [grifo nosso], lá em Fortaleza e Marco Antonio Carvalho que morreu sem poder receber o prêmio Jabuti pela bela biografia de Rubem, que recomendo enfaticamente.


Um comentário: