Nilto Maciel é o escritor
cearense mais dedicado à literatura que eu conheço: convive com ela –
intimamente – 24 horas por dia (e digo isso porque mesmo à noite, enquanto
dorme, ele continua produzindo fiapos de enredos que passará para o papel na
manhã seguinte, ou quando desperta assustado pelo sonho – ou pesadelo – em
plena madrugada).
Dedicou sua vida inteira aos
livros, passou de leitor voraz a escrevinhador de sua própria obra ainda muito
jovem, mas sempre deixando tempo para a editoração e divulgação de outros
escritores, seja através de antologias, revistas literárias e, mais
recentemente, sites e blogs na internet. Foi coeditor da revista O Saco ainda na década de 1970, mais
recentemente capitaneou (heroicamente e por quase duas décadas) a revista Literatura e, atualmente, se dedica ao
seu movimentado blog "Literatura sem Fronteiras" (http: literaturasemfronteiras.blogspot.com.br).
Sua cabeça criativa, inquieta, trabalha, pois, incessantemente, até mesmo
enquanto se alimenta, conversa ao telefone, assiste à televisão (vários de seus
contos tiveram origem em acontecimentos banais vistos em noticiários, ouvidos
em diálogos de filmes assistidos pela metade altas horas da noite, até em anúncios
e propagandas).
Produziu romances, poemas,
crônicas, críticas literárias, diários, memórias etc., mas foi ao gênero conto
que ele dedicou mais tempo, força e talento. Ninguém escreveu mais histórias
curtas do que ele aqui no Ceará. Já ultrapassa as 300 narrativas, todas com
qualidades comprovadas, como atestam os inúmeros prêmios e a vasta fortuna
crítica
Em breve lançará (pela editora
cearense Armazém da Cultura) A fina areia
das dunas, que é seu décimo livro de contos, feito somente alcançado, em
nossa terra, por Eduardo Campos e Caio Porfírio Carneiro. Nesta nova coletânea
a unidade não se encontra na temática (que é bem variada), nem no enfoque
narrativo (inquieto que é, troca de posição a todo instante: às vezes demonstra
a onisciência de um manipulador de marionetes, noutras desce quase à posição
insegura de leitor comum), mas numa constante ironia, que anda de mãos dadas
com uma insólita visão do mundo (pois, mesmo em seus contos mais realistas, ele
sempre nos acena com sugestões fantásticas, muitas vezes surreais).
***
E neste ano de 2014 – às vésperas
de completar seus 70 anos de vida – fazem exatos 40 anos da estreia, com o
livro de contos Itinerário, de Nilto
Maciel na literatura. Mas o longo tempo de ofício, as dificuldades de publicação
pelas quais passam escritores novos e veteranos, a escassez de leitores, enfim,
a falta de estímulo em geral para um escritor continuar produzindo não o
fizeram desanimar: continua firme e forte publicando um livro atrás do outro, e
são raros os dias em que não tenha uma boa ideia para um conto, crônica, poema
ou mesmo romance novos.
Desejo – desejamos, nós seus
leitores, companheiros de letras e amigos – muitos anos de vida e,
principalmente, muitos e muitos outros livros; que você continue a nos brindar
com seu talento literário e com seu exemplo de perseverança, dedicação e
ousadia.
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