Para
melhor descrever determinadas situações enquanto cobria a Copa do Mundo da
África do Sul, em 2010, Ruy Lima lançou mão de um artifício muito comum entre
escritores, embora o jornalista recuse o título. Ruy criou, então, a personagem
"Mademoiselle K", que dá nome ao livro. Uma mulher “moderna,
ispilicute, que faz os homens de gato e sapato”. Uma estrangeira que ama o
Brasil e não é de lugar nenhum, no final das contas.
A
presença de M. K. foi tão marcante que, passada a Copa, a personagem acompanhou
Ruy nas reflexões sobre a relação entre homem e mulher, tema recorrente nas
crônicas. “É um exercício de autopiedade de uma pessoa mais idosa com uma nova
geração de mulheres”, diz o autor sobre a criação feminina.
Outro
assunto comum, e um dos mais interessantes na reunião de crônicas, é o
jornalismo. Os bastidores de reportagens importantes assinadas por Ruy, quando
ele ainda era um afoito e jovem repórter freelancer
que tinha de correr atrás dos melhores entrevistados. Tempos em que o telefone
não ajudava muito e a Internet nem passava perto dos sonhos dos jornalistas.
“Assim
eu fiz grandes entrevistas, como com o Ferreira Gullar em Buenos Aires; o Pérez
Esquivel, Prêmio Nobel da Paz; e Octavio Paz, Prêmio Nobel de Literatura, que
entrevistei na Cidade do México alguns anos depois”, cita alguns exemplos. Há
ainda o encontro de Ruy com Elis Regina, as aventuras que ele e sua equipe de
TV passaram no Chile, em 1984, durante o regime ditatorial de Augusto Pinochet.
E
muitas outras histórias, sacadas da memória ou atravessadas pelo olhar atento
do repórter que é, sim, cronista. “De repente sai aí um segundo (livro). Já tô
anotando algumas coisas”, promete.
Raphaelle Batista para O POVO
Lançamento: a partir das 19h no bar Seu Boteco (Av. Dom Luis, 575 - próximo à Praça Portugal)
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