Tive
a feliz surpresa de ser um
dos convidados para a estreia da primeira Festa Literária de Ibiapaba, a
FLIIB, tendo como palco e cenário a antiga Aldeia Ibiapaba, depois Vila Viçosa
Real da América, até ser denominada Viçosa do Ceará, uma das mais belas,
aprazíveis e poéticas pretensões de moradia humana em nosso estado cearense.
Entre os dias 20 e 22 de novembro,
dava-nos a impressão de que a sua população dobrara em número, acompanhando-a durante
todo o dia enfileirada ou em grupos, entre artistas, livreiros, leitores, indígenas
– principalmente os tremembés de Almofala –, professores e alunos das escolas privadas,
públicas municipais e do IFCE-Tianguá tomando, com as bênçãos de Nossa Senhora
da Assunção, a praça Clóvis Beviláqua – ele ali também nos assistia a meditar –,
os quiosques e o teatro Pedro II nas mais diversas atividades GRATUITAS: rodas
de leitura, serenata em calçada, feira de livros, cordéis e quadrinhos,
bate-papo com escritores, oficinas, lançamentos de livros, cine-debate, contação
de histórias, saraus, declamações, shows musicais, biblioteca móvel, percurso
sentimental pela cidade e outras iguarias culturais refletidas nas cores de um
casario antigo, não apenas cenográfico, como em Fortaleza, mas real, que além
de encantar a festa e deixar tudo mais belo, ainda nos contava histórias,
tradições e memórias.
Com o tema “Entre Montanhas e Palavras:
a Ibiapaba em Prosa e Verso”, se deu por promoção da Secretaria de Turismo e
Cultura do Município, com apoio do Governo Federal, via Política Nacional Aldir
Blanc, e com outros importantes apoiadores, como a Câmara Cearense do Livro,
BNB, Sesc, Bece, Secult, SEBP, IFCE etc. Tudo devidamente orquestrado pelo
competente secretário historiador Gilton Barreto – que me outorgou, há alguns
anos e guardada com carinho, a Comenda General Tibúrcio –, com a grata e
acertada aprovação do prefeito Eurico Fontenele Arruda. Na curadoria,
escritores: Renato Pessoa e Léo Mackellene.
Tive o privilégio de ser convidado para
dividir uma mesa com a premiadíssima escritora Marília Lovatel, não podendo eu
deixar de aproveitar a oportunidade e lançar luz ao nome do saudoso prof. Juca
Fontenele, autor das “Viçosalianas” que me apresentaram a essa “Eldorado
cabeça-chata”. Também ali, passei raspando quase como oração nas paredes do
casarão de 175 anos do querido farmacêutico Felizardo de Pinho Pessoa, cujo
filho, o Césinha, memorialista sentimentalíssimo, ainda tive o prazer de
encontrar.
Tomei excelentes cafés em frente à
praça General Tibúrcio, jantei no restaurante Silvestre, visitei a Casa de
Licores do seu Alfredo Miranda, agora Museu Orgânico do Sesc, e, no local onde
antes funcionava a tradicional Sorveteria Bem-Me-Quer, soube mais a respeito da
renomada cachaça Viçosa Real, da família de Clóvis Mapurunga, artesanalmente fermentada
e destilada em alambiques de cobre e maturadas em barris de madeiras nobres.
Para quem aprecia destilados, é uma experiência imperdível.
Saí de Viçosa maravilhado, certo de que
essa foi a maior, a mais original e a melhor festa literária que tivemos em
2025. Não há dúvida de que todo o deslumbre ofertado espontaneamente por essa
cidade-tesouro-patrimônio contribuiu para nos proporcionar esse efeito mágico mais
que necessário para não deixar que nos esqueçamos do nosso propósito como
agentes de cultura, guardiões de nossa história e memória, multiplicadores de
nossas identidades para as atuais e futuras gerações.
Parabéns, FLIIB e a todos e a todas que
a sonharam e presentearam o Ceará com o seu legado. Que venham a segunda, a
terceira, a quarta...










