O que
seria da literatura sem o temperamento da vida?
Coisas
Engraçadas de não se Rir, novo livro de Raymundo Netto, traça a
sensação de conversas casuais entre amigos à mesa de um bar, onde as “causas”
mais absurdas brotam espontaneamente, como uma licença poética para o excesso
de aversão ao mundo “normal”.
Acreditem,
essa obra é muito mais comum do que gostaríamos de admitir, principalmente por tratar
também de sexualidade e relacionamentos amorosos, campos em que as
possibilidades são muito maiores do que as limitações impostas pela sociedade e
suas instituições. Aliás, são justamente essas as questões que dominam a
totalidade do livro, dividido em 48 textos curtos, transitando facilmente entre
crônica e conto, também situados na tragicomédia.
Os
deleites e desgostos de vínculos que vão do casamento monogâmico ao
relacionamento aberto mostram que não há nada na vida e no sexo, mas que este
seja um elemento determinante na vida humana e em nenhum processo de
subjetivação. Seja o poeta que ressignifica sua obra para amar pela primeira
vez ou o gênero que nutre um desejo secreto pela sogra, como personagens que
viajam pelas páginas do livro apenas permeadas por desejos e sentimentos
reprimidos, fantasias, fetiches, é isso que os moralistas condenam nos outros,
mas não renegam para si.
O que
torna esta coletânea de textos ainda mais prazerosa é pensar que, para a
maioria das pessoas, é mais cômodo pensar que práticas morais “desviantes” são
apenas marginalizadas, restritas a espaços consagrados para os exercícios “perversos”.
O livro é
de fato engraçado, mas de uma graça constrangedora. Não para rir. Coisas Engraçadas
de não se Rir pode ser adquirido diretamente com o autor e tem ilustrações
de Guabiras.
Vale a
pena conferir.
Para adquirir o livro:
livrodoray@gmail.com (e-mail do autor e
chave-PIX para pagamento e envio do endereço para entrega)
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